terça-feira, 27 de janeiro de 2015

ENERGIA RENOVÁVEL NO MARANHÃO


Sobre gás já falamos bastante. Esperamos muito dos resultados que poderemos usufruir no futuro com esse combustível não poluente. Mas ficaremos só nisso? Claro que não. Nossas possibilidades de gerar energia limpa são amplas e diferenciadas.

Por exemplo, nosso litoral, que é conhecido pelo regime de ventos constantes, como, aliás, ocorre em quase toda a região nordeste do Brasil, tem um grande potencial, a partir da implantação das tecnologias que permitem transformar esses ventos em energia eólica, renovável e limpa. São enormes as nossas chances de obtermos grandes quantidades de energia eólica. O relevo maranhense é suave e não oferece barreiras aos ventos, que sopram fortes interior a dentro por dezenas de quilômetros.

Um ótimo exemplo é o projeto da empresa BioEnergy, localizado no litoral entre Paulino Neves e Tutoia, fora das áreas protegidas de preservação ambiental. Esse projeto, por problemas de financiamento, está parado há mais de um ano.

A ideia foi muito bem concebida pelos empresários que comandam a empresa e vinha sendo executada com muito cuidado, procurando cumprir toda a legislação vigente. O empreendimento prevê gerar 1075 megawatts (mW) distribuídos em 430 torres de 2,5 mW cada, de fabricação chinesa, com investimento da ordem de 4,0 bilhões de reais. O cronograma de funcionamento contemplará 110 aerogeradores em 2015; 130, em 2016 e 190 em 2017.

Para escoar a produção será construída uma linha de transmissão de 500 kV com 240 quilômetros de extensão, interligando o parque eólico à subestação da Eletronorte, Miranda II, em Miranda do Norte. Inicialmente concebido com aerogeradores de 1,7 mW, o projeto foi modificado e hoje é composto por aerogeradores de 2,5 a 3,0 mW. Essa readequação permitiu reduzir a área ocupada por eles em 40 por cento, com diminuição de 107 aerogeradores e aumento de 49 mW de potência instalada no complexo.

Em reunião realizada no último dia 22, tivemos a notícia de que os financiamentos necessários foram equacionados, tendo fundos chineses como principais financiadores. Com efeito, dentro de poucos meses  o projeto iniciará sua execução.

Merece destaque também o fato de que o Maranhão também tem amplas possibilidades de se tornar um importante produtor de energia, considerando o potencial de geração solar que o nosso estado, por sua proximidade com o Equador, possui. Temos um projeto em gestação e o pessoal técnico recrutado para a secretaria, muito experiente, está ultimando a análise para facilitar a atração de empresários para cá. Muitos já têm procurado a secretaria, confirmando nossas potencialidades. Trata-se do programa Maranhão Solar, que norteará direitos e deveres dos empresários e do governo. Afinal, energia solar é também abundante, além de se tratar de energia limpa.

E não paramos por aí: com biomassa e lixo temos outras fontes de energia; utilizando o babaçu e outras oleaginosas poderemos agregar renda a extrativistas e à agricultura familiar; com o aproveitamento do esterco de animais poderemos tornar propriedades rurais autossuficientes em energia para o seu próprio consumo. É um cenário real a ser viabilizado utilizando tecnologias já desenvolvidas pela Embrapa e em uso em diversas propriedades em outros estados do Nordeste, agregando renda a muitas famílias maranhenses.

A questão do lixo em especial merece atenção. O lixo domiciliar, industrial, hospitalar, pneus e outros materiais abandonados se tornou um grande problema para a grande maioria dos municípios do estado. Estes, sem saber como dar tratamento adequado aos resíduos, infringem a lei descartando-os de qualquer maneira em grandes lixões, desconsiderando a Política Nacional dos Resíduos Sólidos, lei federal em vigor que prevê pesadas penalidades para condutas contrárias ao que ela preconiza.

Conflitos se sucedem entre municípios contíguos motivados pela localização desses lixões, pois ninguém que ser vizinho de um deles. A solução para esse problema está sendo estudada pela secretaria, usando a ideia básica de reunir o lixo de várias cidades vizinhas em um local só, para onde convergiria o lixo, a fim de ser transformado em gás inerte para subsidiar a produção de energia elétrica. Esse programa teria uma importância imensa para o ambiente, pois a existência dos lixões que contaminam o ar e os lençóis freáticos seria paulatinamente descontinuada e o lixo produziria energia limpa.

E, finalmente, um projeto que ouço falar desde a minha juventude agora tem tecnologia apropriada e que deixou de ser um sonho: a geração de energia utilizando as correntes das marés. Hoje esse projeto já é uma realidade em muitos países, como França, Escócia, EUA, Reino Unido, País de Gales, e até em Nova York, que já tem turbinas instaladas desde 2002, por exemplo. Já foram desenvolvidos mecanismos, como as turbinas eólicas, mas que trabalham abaixo da superfície do mar e são movidas pelas enormes correntes marítimas geradas pelo movimento constante das marés. Dentro de pouco tempo os custos de geração dessa energia provinda das marés se igualará à eólica, com muito mais tempo de desenvolvimento tecnológico. 

Sabedores das potencialidades do nosso estado, onde as marés apresentam diferenças de até oito metros - uma das maiores do mundo -grandes grupos estão interessados em instalar projetos pilotos e desenvolvimento tecnológico adaptado as nossas condições. Esse tipo de energia também poderá transformar o nosso estado em um grande produtor de energia limpa, contribuindo enormemente para o nosso desenvolvimento industrial e o sonho de elevar o patamar tecnológico do Maranhão, permitindo um desenvolvimento industrial autossustentável.

Desde 2008 estudos patrocinados pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento e pela Vale S/A vêm sendo realizados na Baía de São Marcos, conduzidos sob a coordenação do Professor da Universidade do Rio de Janeiro, Raad Qassim, nascido no Irã. Esses estudos demonstraram um potencial de geração de energia elétrica na faixa de 300-800 mW, a partir de correntes de marés numa das oito zonas promissoras da Baía de São Marcos. Além disso, esses estudos também identificaram as zonas mais apropriadas - ou seja, áreas com energia máxima extraída sem interferência com linhas de navegação e com o ecossistema - para extração de energia das correntes de maré na Baia de São Marcos. Esse tipo de projeto estará maduro tecnologicamente e economicamente por volta de 2018. Mas precisamos começar agora.

O Brasil vem atravessando uma crise sem precedentes no setor de energia que deve demorar. E a solução de emergência encontrada não pode se sustentar a longo prazo, que é a geração de energia por meio de termelétricas. Poluentes e caras, essa solução não pode ser algo definitivo para o país, precisa ser algo apenas emergencial, devido à incompetência e as trapalhadas ocorridas no Ministério de Minas e Energia.

O futuro é das energias limpas e isso é irrecorrível. Nosso estado, com as amplas possibilidades que tem nessa área, precisa se preparar desde agora!

O futuro também pode reservar um bom lugar para o Maranhão. E agora, numa realidade “pós-oligarquia”, temos tudo para acreditar nisso.