terça-feira, 14 de maio de 2013

SARNEY SE IMPÕE AO PT


A família Sarney precisa muito ter um de seus membros no senado. Para eles é a coisa mais importante no momento.
As pesquisas não garantem a eleição de Roseana Sarney. Não passando de um terço da intenção de votos e conhecida por quase 100 por cento do eleitorado, ela deixou de encantá-los. Isto justifica a frenética movimentação dos chamados “itinerantes” que antes tinham o objetivo de apoiar Luís Fernando, mas hoje seu foco é Roseana. Se ela já não governava mesmo, agora é que abandonou tudo e só se dedica a própria campanha ao senado. É óbvio que, se puderem manter o governo, ficariam muito satisfeitos, mas existem prioridades e a principal delas agora é o senado. Mesmo porque não há de fato um candidato verdadeiramente competitivo e não existe nenhum outro Sarney em condições de disputar.
Mas não cuidam só da própria candidatura ao senado e não conseguem esconder que tentam repetir o jogo de 2010, incentivando candidaturas ao senado pela oposição. Seu objetivo e sonho é que a oposição tenha dois candidatos e o grupo Sarney apenas ela. Isso lhe garantiria poder de competição.
Dessa maneira, dão  destaque a improváveis candidaturas oposicionistas a quem dedicam grandes espaços nos seus meios de comunicação quase todos os dias.
A oposição já passou por isso e aprendeu a lição. E só deverá tratar desse assunto no ano que vem, assim como ela própria também não se lança agora. Mas querem tornar irreversíveis candidaturas na oposição e quanto menos unirem, melhor.  Mas acontece que o quadro de apoio partidário para a candidatura de Flávio Dino ainda está muito longe de fechar e candidatos ao senado e a vice-governador terão que forçosamente passar pelo crivo e aprovação de todos os partidos da futura coligação. Essa definição a ocorrer agora só seria boa para o grupo Sarney. Para a oposição, afasta partidos importantes da coligação oposicionista.  No ano que vem, com o fechamento das coligações, é que esse assunto deve ser discutido.
Não dá para repetir esse golpe em duas eleições seguidas.
Se ocorrer de ficarem um contra um, a oposição poderá pela primeira vez eleger um senador, o que dará muita estabilidade ao governo da oposição que vem aí.
O atual senador José Sarney tem como único objetivo o poder, todos sabem. Penso que sua aposentadoria é como um pesadelo para ele. Ele sofrerá muito se ficar fora do poder nacional, quando passará a ser mais um. Afinal são muitos anos do exercício de grande poder. É muito difícil para ele e na verdade avalio que seja um grande drama pessoal.
Ademais, ele sabe como é fundamental um Sarney no senado nesse momento de grande instabilidade e mudança. De preferência ele mesmo. E como conhece profundamente o poder e seu uso, ele sabe que não pode jogar todas as fichas em Roseana Sarney (Sarney é Sarney e Roseana é Roseana) e no novo momento eleitoral do Maranhão. Ele sabe que é a cada vez é mais difícil repetir eleições como a de 2010.
O Amapá, estado tem seu domicílio eleitoral, é uma unidade federativa pequena, carente e atrasada. Muito mais fácil de manipular do que o Maranhão, principalmente com esse clima predominante de renovação. Assim, Sarney usa e abusa do governo e do PT onde sabe que Lula nunca lhe faltará. E quem manda no PT é Lula, que tem enorme influência no governo federal. Ninguém se arrisca a contrariá-lo. E Sarney sabe que sempre terá o seu apoio. Lula é sua salvação, tem certeza.
Pois bem, Sarney tem sempre repetido que não vai mais disputar eleições. Mas na realidade está em campanha no Amapá. Muito dessa ariscada decisão vem das dificuldades que Roseana Sarney terá em garantir sua eleição ao Senado no Maranhão, o que não lhe deixa opção. Tem que se arriscar.
Vejamos o que acontece: o programa do PMDB no Amapá foi monopolizado por Sarney, que foi o único a se apresentar e, como sempre, falou que sem ele o Amapá não vai para a frente. O PT nacional ordenou a seção do Amapá que eles não resolvam nada e nem lancem candidato antes da decisão do senador. E o governo, por sua vez, está prometendo ajudar a resolver os problemas do estado, se os Capiberibe votarem  Sarney. E ele desenvolveu e se esforça para manter boas relações com o senador Randolfe do PSOL. Mas, enfim, Sarney só será candidato se não tiver que disputar a eleição com ninguém. Se disputar, pode perder a eleição, que provavelmente será a sua última.
O PT está à disposição dele. Quem manda é Sarney.
Se conseguir o seu intento, estará aqui no segundo turno para ajudar o candidato do governo. E vem com uma aura de invencível e com apelos dramáticos para o eleitor. Já sabemos como é.
Uma peça-chave nessa história é o senador João Capiberibe, muito maltratado por Sarney, traído e cassado por ele. Tem tudo para dar o troco. Basta ter candidato e se dedicar à campanha para isso.
Um ponto negativo é que seu filho encontra grandes dificuldades para governar o estado, já que Sarney não deixa o governador ter apoio do governo federal, embora ele seja filiado ao PSB, da base do governo.
E Sarney manda emissários do governo federal dizerem que, se o apoio ao senador se concretizar, tudo será diferente e apoio não lhe faltará, nunca mais.
Será que o senador Capiberibe vai cair no canto da sereia e contradizer tudo o que falava? Não dá para saber. O futuro nos dirá. Sarney sabe armar bem as coisas para o bem ou para o mal.