Roseana Sarney nunca soube administrar nada. É fato conhecido.
E mais do que comprovado pela simples constatação do descontrole no caótico
governo que finge comandar. Creio que ninguém duvida disso. Ela só era razoável
como marqueteira de si mesma. Era.
Quando a desordem se instalou no estado, tomado pela
insegurança e pela bandidagem, ninguém achava a governadora. Nenhuma palavra,
nenhuma ação por parte dela, enquanto a cidade sofria nas mãos dos bandidos.
Caos instalado no aparelho policial, tanto na Polícia Militar quanto na Civil.
Policiais estão sendo atacados e mortos pelos bandidos. Os dois policiais
militares atacados, um deles assassinado, estavam em trailers diferentes, sozinhos.
A guarnição policial em um trailer deve ser de três homens, para que possam
trabalhar protegidos e com fácil comunicação com patrulhas móveis na área, que
permitam imediata mobilização e condições de ação e retaliação. Nada disso
existia. Os policiais estavam sozinhos e desamparados e os bandidos vieram por
trás. Sem cobertura, se tornaram alvos fáceis, tanto que todos agora se recusam
a trabalhar nos trailers. Com toda a
razão.
E a tendência é piorar. O presidente da Adepol, sindicato dos
delegados, Marconi Lima, informou que 390 policiais, entre eles 60
delegados, estão encaminhando pedidos de
aposentadoria. A grande maioria completou 30 anos de serviço e já tem tempo
suficiente para o pedido. Eles poderiam continuar na ativa, recebendo um abono
de permanência, mas estão preferindo sair por falta de estímulo para permanecer no trabalho. Entre os 60 delegados,
30 já haviam pedido para sair. Hoje as
delegacias estão caindo aos pedaços literalmente. Não existe ambiente de trabalho
na maioria delas.
O presidente da Adepol culpa diretamente o governo pelo nível
de insatisfação existente na Polícia Civil, corporação sem investimento,
planejamento e tampouco gestão.
E o que faz o governo? Nada! Ou melhor, diminui os recursos destinados
à segurança no orçamento para 2014.
Já na Polícia Militar, Roseana optou pela prática comum dos
clubes de futebol, que, quando não têm resultados positivos, muda o técnico.
Assim, para jogar a culpa nos ombros dos comandantes anteriores, tentando
mostrar que estão agindo, troca-os por novos. Mas nada indica que mudará alguma
coisa, pois não disponibilizaram mais verbas, nem armamentos, tampouco soldados
ou apoio. A profissão de policial é uma
das mais árduas e perigosas entre todas. O policial e a polícia precisam de
apoio, de treinamento constante, de ajuda psicológica, de regras claras no dia
a dia, além de melhores salários. E de ter a profissão valorizada. Sem polícia
atuante, o caos toma conta. É o que acontece hoje.
E a governadora Roseana, quando resolve falar, sem ter o que
dizer, faz a opção pela bravata e diz que não tem medo de bandido, além de outras
bobagens mais. Ela, pensando bem, até pode dizer isso, pois tem duzentos
policiais e uma guarda muito grande de segurança pessoal ao seu redor, isso sem
falar que se desencastela muito pouco por aí. E os outros, governadora?
Nem marketing pessoal sabe fazer mais. Ou ela acha que o que
disse tranquilizou alguém? Ao contrário do que pensa, causou mais revolta.
Não bastasse isso, a situação da segurança apenas se repete
na educação, na saúde, na infraestrutura, na agricultura familiar, no emprego,
no desenvolvimento. Na PNAD de 2012, dados oficiais, o horror está espelhado. Quase
um milhão de maranhenses (988.931 habitantes) maiores de 15 anos de idade se
declaram analfabetos. São 20,8 por cento da população, a maior concentração de
analfabetos de todo o país.
Se juntarmos aos que se classificam como analfabetos
funcionais, ou seja, não conseguem ler e interpretar um texto, esse número
esbarra em torno de 60 por cento da população, ou quase 4 milhões de pessoas, que
no Maranhão estão figurativamente
acorrentadas à baixa renda. E o que faz o governo? Deixa o combate ao
analfabetismo sem recursos no orçamento de 2014! E corta 23 milhões do
orçamento da educação. Um ataque ao cumprimento da Lei que determina que 25 por
cento dos recursos do orçamento sejam aplicados em Educação. Como o orçamento
de 2014 é maior do que o de 2013, a Educação deveria ter mais e não menos
recursos, como quer a governadora.
Não é mesmo a Ilha da Fantasia?
O Maranhão jamais conseguirá se desenvolver, se não quebrar
os elos da corrente que o aprisionam. Essa corrente é política e a lógica
interna que a domina é a de que a educação é inimiga dessa dominação. Com
efeito, os municípios mais atrasados são onde mais amealham votos. De modo que não
se interessam minimamente pela mudança desse quadro.
Ademais, o estado precisa resolver seus problemas de
logística, se quisermos trazer empresas e crescer, atraindo investimentos. Não
temos aqui uma infraestrutura de transportes em demanda ao porto com custos
competitivos e que, assim, possa atrair empresários para investirem no Maranhão.
Não existe aqui uma malha de transporte que possua uma lógica que evite custos
maiores do que em outros estados. São
necessários estudos para que possamos ter um plano de logística para ser debatido
e aprovado por todos os interessados. A construção dessa malha criaria muitas
oportunidades de trabalho.
Outro campo básico da infraestrutura é o da energia,
principalmente a oferta do gás combustível. O nosso porto não tem gás combustível
para oferecer e isso impede a sua consolidação como grande indutor do nosso
desenvolvimento. É preciso ter em conta que o governo atual permitiu que Eike
Batista fizesse o que quisesse com o gás do Maranhão.
Mas nem tudo está perdido. Poderemos transformar o lixo
produzido na ilha de São Luís, cerca de mil toneladas diariamente, em gás. Hoje o lixo é um grande problema, pois é depositado
em um lixão próximo ao aeroporto sem maiores cuidados, causando, como
consequência, perigo na aproximação das aeronaves e evidentemente grandes
problemas de poluição, tanto no subsolo, contaminando preciosos lençóis
freáticos, quanto com a liberação de gases indesejáveis e altamente poluidores
na atmosfera.
Usinas de Plasma receberiam esse lixo e o transformariam em
gás inerte, que é um combustível barato para a indústria. Esse gás seria
disponibilizado no distrito industrial próximo ao porto. Todo o lixo produzido seria entregue à usina,
independente de sua origem (domiciliar, industrial, pneus, hospitalar, ou outros)
e seria transformado em gás inerte pelo plasma e o gás produzido seria vendido às
indústrias a custo compatível e sem subsídios do estado.
A tecnologia existe e o BNDES poderia financiar a instalação
da usina que poderia ser explorada pela Gasmar, como manda a lei. A solução é
limpa, evita a poluição dos lixões. É uma solução verde e inteligente. Tudo
isso seria precedido de estudos de viabilidade técnica e econômica, sem
dúvidas. Mas a usina se paga com alguns anos de funcionamento e seria um
investimento lucrativo para a Gasmar, que começaria a ter viabilidade.
Precisamos planejar o Maranhão para sairmos do buraco no qual
nos encontramos.
Não podemos mais perder tempo.
Não podemos mais perder tempo.