terça-feira, 19 de novembro de 2013

PALÁCIO DOS LEÕES OU ILHA DA FANTASIA?


Roseana Sarney nunca soube administrar nada. É fato conhecido. E mais do que comprovado pela simples constatação do descontrole no caótico governo que finge comandar. Creio que ninguém duvida disso. Ela só era razoável como marqueteira de si mesma. Era. 

Quando a desordem se instalou no estado, tomado pela insegurança e pela bandidagem, ninguém achava a governadora. Nenhuma palavra, nenhuma ação por parte dela, enquanto a cidade sofria nas mãos dos bandidos. Caos instalado no aparelho policial, tanto na Polícia Militar quanto na Civil. Policiais estão sendo atacados e mortos pelos bandidos. Os dois policiais militares atacados, um deles assassinado, estavam em trailers diferentes, sozinhos. A guarnição policial em um trailer deve ser de três homens, para que possam trabalhar protegidos e com fácil comunicação com patrulhas móveis na área, que permitam imediata mobilização e condições de ação e retaliação. Nada disso existia. Os policiais estavam sozinhos e desamparados e os bandidos vieram por trás. Sem cobertura, se tornaram alvos fáceis, tanto que todos agora se recusam  a trabalhar nos trailers. Com toda a razão. 

E a tendência é piorar. O presidente da Adepol, sindicato dos delegados, Marconi Lima, informou que 390 policiais, entre eles 60 delegados,  estão encaminhando pedidos de aposentadoria. A grande maioria completou 30 anos de serviço e já tem tempo suficiente para o pedido. Eles poderiam continuar na ativa, recebendo um abono de permanência, mas estão preferindo sair por falta de estímulo para  permanecer no trabalho. Entre os 60 delegados, 30 já haviam pedido para sair.  Hoje as delegacias estão caindo aos pedaços literalmente. Não existe ambiente de trabalho na maioria delas.

O presidente da Adepol culpa diretamente o governo pelo nível de insatisfação existente na Polícia Civil, corporação sem investimento, planejamento e tampouco gestão.  

E o que faz o governo? Nada! Ou melhor, diminui os recursos destinados à segurança no orçamento para 2014. 

Já na Polícia Militar, Roseana optou pela prática comum dos clubes de futebol, que, quando não têm resultados positivos, muda o técnico. Assim, para jogar a culpa nos ombros dos comandantes anteriores, tentando mostrar que estão agindo, troca-os por novos. Mas nada indica que mudará alguma coisa, pois não disponibilizaram mais verbas, nem armamentos, tampouco soldados ou  apoio. A profissão de policial é uma das mais árduas e perigosas entre todas. O policial e a polícia precisam de apoio, de treinamento constante, de ajuda psicológica, de regras claras no dia a dia, além de melhores salários. E de ter a profissão valorizada. Sem polícia atuante, o caos toma conta. É o que acontece hoje.

E a governadora Roseana, quando resolve falar, sem ter o que dizer, faz a opção pela bravata e diz que não tem medo de bandido, além de outras bobagens mais. Ela, pensando bem, até pode dizer isso, pois tem duzentos policiais e uma guarda muito grande de segurança pessoal ao seu redor, isso sem falar que se desencastela muito pouco por aí. E os outros, governadora? 

Nem marketing pessoal sabe fazer mais. Ou ela acha que o que disse tranquilizou alguém? Ao contrário do que pensa, causou mais revolta.

Não bastasse isso, a situação da segurança apenas se repete na educação, na saúde, na infraestrutura, na agricultura familiar, no emprego, no desenvolvimento. Na PNAD de 2012, dados oficiais, o horror está espelhado. Quase um milhão de maranhenses (988.931 habitantes) maiores de 15 anos de idade se declaram analfabetos. São 20,8 por cento da população, a maior concentração de analfabetos de todo o país. 

Se juntarmos aos que se classificam como analfabetos funcionais, ou seja, não conseguem ler e interpretar um texto, esse número esbarra em torno de 60 por cento da população, ou quase 4 milhões de pessoas, que no Maranhão estão figurativamente  acorrentadas à baixa renda. E o que faz o governo? Deixa o combate ao analfabetismo sem recursos no orçamento de 2014! E corta 23 milhões do orçamento da educação. Um ataque ao cumprimento da Lei que determina que 25 por cento dos recursos do orçamento sejam aplicados em Educação. Como o orçamento de 2014 é maior do que o de 2013, a Educação deveria ter mais e não menos recursos, como quer a governadora.

Não é mesmo a Ilha da Fantasia?

O Maranhão jamais conseguirá se desenvolver, se não quebrar os elos da corrente que o aprisionam. Essa corrente é política e a lógica interna que a domina é a de que a educação é inimiga dessa dominação. Com efeito, os municípios mais atrasados são onde mais amealham votos. De modo que não se interessam minimamente pela mudança desse quadro. 

Ademais, o estado precisa resolver seus problemas de logística, se quisermos trazer empresas e crescer, atraindo investimentos. Não temos aqui uma infraestrutura de transportes em demanda ao porto com custos competitivos e que, assim, possa atrair empresários para investirem no Maranhão. Não existe aqui uma malha de transporte que possua uma lógica que evite custos maiores do que em outros estados.  São necessários estudos para que possamos ter um plano de logística para ser debatido e aprovado por todos os interessados. A construção dessa malha criaria muitas oportunidades de trabalho. 

Outro campo básico da infraestrutura é o da energia, principalmente a oferta do gás combustível. O nosso porto não tem gás combustível para oferecer e isso impede a sua consolidação como grande indutor do nosso desenvolvimento. É preciso ter em conta que o governo atual permitiu que Eike Batista fizesse o que quisesse com o gás do Maranhão. 

Mas nem tudo está perdido. Poderemos transformar o lixo produzido na ilha de São Luís, cerca de mil toneladas diariamente,  em gás. Hoje  o lixo é um grande problema, pois é depositado em um lixão próximo ao aeroporto sem maiores cuidados, causando, como consequência, perigo na aproximação das aeronaves e evidentemente grandes problemas de poluição, tanto no subsolo, contaminando preciosos lençóis freáticos, quanto com a liberação de gases indesejáveis e altamente poluidores na atmosfera. 

Usinas de Plasma receberiam esse lixo e o transformariam em gás inerte, que é um combustível barato para a indústria. Esse gás seria disponibilizado no distrito industrial próximo ao porto.  Todo o lixo produzido seria entregue à usina, independente de sua origem (domiciliar, industrial, pneus, hospitalar, ou outros) e seria transformado em gás inerte pelo plasma e o gás produzido seria vendido às indústrias a custo compatível e sem subsídios do estado. 

A tecnologia existe e o BNDES poderia financiar a instalação da usina que poderia ser explorada pela Gasmar, como manda a lei. A solução é limpa, evita a poluição dos lixões. É uma solução verde e inteligente. Tudo isso seria precedido de estudos de viabilidade técnica e econômica, sem dúvidas. Mas a usina se paga com alguns anos de funcionamento e seria um investimento lucrativo para a Gasmar, que começaria a ter viabilidade.

Precisamos planejar o Maranhão para sairmos do buraco no qual nos encontramos.

Não podemos mais perder tempo.