terça-feira, 15 de dezembro de 2015

UM SALTO PARA O FUTURO



Este é o nome que resolvemos dar ao projeto que estamos estudando com alguns especialistas e colaboradores, a fim de que consigamos trazer para o Maranhão, mais precisamente para Alcântara, o Instituto Tecnológico da Aeronáutica-ITA. Isto poderá poderá servir de “âncora” para um moderníssimo parque tecnológico, atraindo ao Maranhão capitais privados para a área de ciência, tecnologia e inovação. No Brasil não há nada parecido, nem na América do Sul. 

Na França temos o Complexo Aeroespacial de Toulouse, segundo maior do mundo. Não por acaso, floresceu no país a Airbus e a Dassault (fabricante dos Mirage), expoentes da aviação mundial e da capacidade tecnológica. No Brasil, o ITA fez surgir a Embraer, terceira empresa mundial na área de produção de aviões.

Estamos sendo muito ambiciosos? Estamos sim. E nos entusiasmamos à medida que nossos estudos avançam, vendo as possibilidades que temos para dar esse salto gigantesco que transformará o Maranhão. Porém, tudo isso depende do êxito em trazermos o ITA para Alcântara! Essa escola será a mola propulsora para que todo esse desenvolvimento possa se transformar em realidade. O ITA garantirá o mais importante em projetos como esse: gente preparada e capaz. Na montagem do projeto, estamos seguindo a orientação do Brigadeiro Maurício Pazini, engenheiro e professor do curso de Engenharia Aeroespacial do ITA.

Mas o que é o ITA, o que tem de especial para ser tão fundamental assim? Nos ensina o Brigadeiro:

“Um ITA (ou seu êmulo) só se sustenta se houver continuidade tecnológica. Vinte turmas do ITA foram necessárias para se criar uma Embraer e, apenas depois disso, o modelo da escola tornou-se autossustentável. Isto está explicado no slide número 4 da apresentação que lhe enviei. Ou seja, a menos que queiramos jogar muito dinheiro fora e deixar o projeto morrer à míngua, há que se prosseguir a obra através da criação de outros institutos de P&D (Pesquisa e Desenvolvimento) e geração de indústrias, preferencialmente não estatais, mas privadas, enxutas e competitivas. Em outras palavras, estamos falando de algo muito maior, um programa de Estado, cujos frutos certamente não veremos com nossos olhos terrenos. Trata-se de plantar para as futuras gerações.

Para ter qualidade, o novo ITA terá que ser pequeno, pois não haverá recursos humanos, financeiros e de infraestrutura para fazê-lo maior dentro do regime democrático (de igualdade de oportunidades). Precisaremos, antes de mais nada, de bons professores. Onde achá-los no Brasil? E no exterior? Contrariamente ao Ciências sem Fronteiras dos recentes governos, Santos Dumont já dizia há um século que era preferível trazer professores do exterior do que para lá enviar alunos...

Segundo, precisaremos de um campus. Se isolado, com toda a infraestrutura para que professores, alunos e funcionários tenham todas as suas necessidades básicas satisfeitas, podendo-se concentrar tão somente nas tarefas de educação e capacitação. Como aconteceu com São José dos Campos.

Terceiro, teremos que divisar direções que respeitem os arranjos produtivos locais, maranhenses, nordestinos e nortistas, ao longo do Equador, de forma a ser o novo Instituto uma singularidade atrativa e que dispute recursos humanos com o próprio ITA.

Quanto aos alunos, não tenho o mínimo temor. Existem muitos jovens brasileiros inteligentes por aí, apenas aguardando as oportunidades. Só teremos que começar bem, pequenos e humildes, crescendo sempre buscando a qualidade e a excelência.

O modelo pedagógico deverá ser baseado no tripé (1) técnicos competentes, (2) cidadãos conscientes e (3) líderes responsáveis. É o que faz o ITA, ministrando o melhor e mais atualizado ensino técnico de Engenharia, uma equilibrada discussão dos valores humanos e cidadãos e os meios para inovar com responsabilidade social e ambiental”.

E em outra carta Pazini no ensina ainda:

“Antes de avançarmos com nossas ideias, mister se faz alinhar os nossos desejos e identificar o que se deseja construir. Creio que, antes de mais nada, necessitamos revisar o que seja o ITA, que poderá servir de modelo, com adaptações para a realidade desejável e praticável no Maranhão, lembrando que a instituição será pública e de acesso franqueado àqueles e àquelas que tiverem mérito para tal. Ou seja, precisamos construir um modelo para o que se deseja implantar.

No arquivo anexo, V. Excelência tem uma apresentação minha recente sobre o ITA, feita para visitantes. No slide número 16 apresento 11 diferenciais do ITA com relação a outras escolas brasileiras públicas. Vale a pena refletirmos sobre esses diferenciais:

1. Escola experimental - por ser regulado do Lei própria e vinculado ao Comando da Aeronáutica, o ITA não precisa estar atrelado às amarras do MEC, tendo autonomia para inovar no ensino da Engenharia;

2. Infraestrutura do campus - no Campo Montenegro os alunos têm todas as suas necessidades satisfeitas. Costumamos dizer que no DCTA temos de tudo, menos cemitério;

3. Alunado diferenciado - os nossos alunos são os melhores do País, aprovados em exames nacionais, desde 1950, com concorrências recentes da ordem de 80 candidatos para cada vaga. Costumamos dizer que o que há de melhor no ITA são os nossos alunos;

4. Bolsa de estudos - os alunos recebem uma bolsa completa e quase gratuita, compreendendo ensino, educação, assistência médica, dentária e alimentação (em qual outro lugar do país isto é oferecido aos alunos?);

5.Corpo docente e de pesquisa - o Corpo Docente é de qualidade, especializado no País e no exterior, em áreas de interesse da Aeronáutica, dedicando-se a ensino, pesquisa, projetos e administração dos negócios do ITA;

6. Sistema de aconselhamento - cada grupo de 10 alunos é alocado para a tutoria de um determinado professor para questões técnicas e pessoais. Ou seja, o relacionamento professor/aluno é bastante individualizado, o que não costuma ocorrer em outras escolas;

7. Assiduidade e pontualidade - exige-se do aluno a presença a no mínimo 90% das atividades e pontualidade na entrega de todos os trabalhos teóricos e práticos;

8. Disciplina consciente - os alunos são educados a serem totalmente responsáveis por suas ações, não havendo fiscalização na execução de provas e trabalhos. Há um clima implícito de confiança até prova em contrário. Os casos de má conduta são bastante raros e monitorados pelos próprios alunos;

9. Ambiente de imersão - por terem tudo ao alcance, os professores são muito exigentes e os alunos são mantidos em pressão coerente com suas capacidades. Tipicamente, menos de 10% dos alunos são reprovados ou desistem do curso, resultado que não se repete nas demais escolas nacionais de Engenharia;

10. Ambiente de CT&I - por estar inserido no DCTA, com os demais Institutos e indústrias à volta, o ambiente é naturalmente tecnológico, ou seja, voltado à pesquisa e inovação, reduzindo a trajetória e os custos da teoria ao produto, processo ou serviço. Donde o sucesso de uma Embraer, por exemplo;

11. Carreira militar voluntária - para os alunos que desejarem, existe a opção pela carreira militar, podendo, hoje, o Oficial-Engenheiro, ascender até o posto de Major-Brigadeiro (3 estrelas) ”.

Com essa ajuda inestimável, o projeto que conceberemos preverá também um parque empresarial de alta tecnologia, como o de Bangalore na Índia. Este contará com escritórios inteligentes adaptados para pequenas e médias empresas, e também um Centro médico que seá um local de grande inovação clínica, para atender exército e aeronáutica de todo o país, como um existente na Alemanha. Além disso, o projeto prevê a firmatura acordos institucionais com Instituto de Estudos Avançados (IEAv), com o ITA, Helibrás, Embraer, CNPq, entre outros.

Os estudos que estamos produzindo são muito mais abrangentes do que descrevo agora, mas é o que cabe dizer nesse momento.

Uma certeza, contudo, nós temos. O Maranhão será um outro estado com esse projeto.