terça-feira, 3 de abril de 2012

FÉRIAS NOVAMENTE

É incrível o que se passa aqui. O estado é o último da federação, não importando se os dados e estatísticas a comparar sejam de educação, saúde, segurança, renda per capita, nível de vida,  pobreza absoluta... Pode ser qualquer um e lá está o Maranhão em último lugar. Mas a governadora não está nem aí, ou não sabe, ou não se importa ou não acredita. Tanto faz. E para espanto de todos, sai de férias pela terceira vez nesse ano, que mal entra no quarto mês.

É impressionante a alienação de Roseana Sarney em relação às condições de vida dos maranhenses, que a cada dia mais se agrava com o desenrolar do seu governo que é caracterizado pela inércia.

E para piorar, seus órgãos de comunicação tentam disfarçar a realidade das férias, divulgando então que ela teria sido convidada pela presidente Dilma para acompanhá-la em viagem aos Estados Unidos, onde a primeira mandatária do país tem marcado um encontro com o presidente Obama em Washington. A viagem da presidente é no dia 9 de Abril, mas Roseana Sarney já debandou. Não parece estranho?

Os políticos brigam para irem de carona no avião presidencial com a presidente, pois assim teriam uma oportunidade de conversar um pouco com ela e tentar encaminhar um assunto de interesse do estado que representam. Isso é praxe em longas viagens presidenciais, como a do dia 9, e geralmente os membros da comitiva são chamados à cabine presidencial do avião para cumprimentarem e conversarem um pouco com a presidente. Governadores geralmente passam muito mais tempo com a presidente e podem, com mais tempo, encaminhar assuntos pendentes ou de grande interesse de seus estados.

Com efeito, seria incomum que a governadora, que tem encontrado dificuldades para marcar audiência com a presidente, não aproveite tal oportunidade. Não lhes parece de fato estranho?

Ou alguma coisa muito forte nos Estados Unidos atrai Roseana, a ponto de esnobar convite tão útil, ou então o convite não incluía a viagem no avião presidencial, o que não é prova,vel, pois governadores quando convidados, tem direito também à companhia na viagem.

Ou Roseana prefere mesmo as férias porque não tem nada a discutir ou apresentar à presidente? Seja o que for, é muito ruim para o estado que é o mais pobre do país e precisa muito do apoio presidencial. Sinceramente, é de cair o queixo...

Enquanto isso, o senador José Sarney não gosta e fica agressivo quando os dados terríveis do nosso estado são divulgados. Se ele pudesse mudar essas estatísticas, sem dúvidas já teria feito. Se fossem dados coletados por entidade estadual, sem dúvidas que haveria uma interpretação própria deles, como muitas vezes já tentaram fazer sem sucesso. Como são dados federais, de instituições quase seculares, que não se abalam por esse tipo de crítica ou reivindicação, eles continuam a ser divulgados, mostrando a realidade brutal e cruel do que resultou de cinquenta anos de domínio total da oligarquia no estado.

Assim sua ira é dirigida aos que divulgam ou debatem esses dados. Ele sabe que a constatação de um Maranhão tão pobre e abandonado, mesmo sendo um estado sem secas, com bons solos e chuvas regulares, com muitos rios perenes, impede o seu sonho maior de ter uma biografia de benfeitor desse estado, um estadista.

Ele deve ficar com inveja da presidente da Argentina, Cristina Kirchner, que manda mudar os dados da inflação a seu bel prazer...

E como se não bastasse, agora vamos falar da tal lei de iniciativa do governo do estado do Maranhão sobre licitações, que é um completo e total absurdo. Substitui a Lei n° 8.666, federal, que foi aprovada face às grandes falcatruas que as leis anteriores permitiam. Foi iniciativa do deputado Luís Roberto Ponte, do Rio Grande do Sul com o objetivo primordial de moralizar as licitações publicas e acabar com os acertos e aditivos sem controle. Luís Roberto Ponte era irmão do saudoso Dom Ponte,  Arcebispo do Maranhão.

É bem da verdade que Roseana não respeitava a Lei n° 8.666. Quase   tudo era feito com despensa de licitação, ao arrepio da lei, sem justificativa legal, com aditivos maiores do que o próprio contrato. Mas era ilegal e ela podia ser responsabilizada com os seus secretários em algum momento.

Então, ela tenta “legalizar” a lambança executada pelo seu governo com o argumento de que sua gestão se apoia, agora,  em lei estadual aprovada pela Assembleia.

Pela nova lei ela pode tudo. Dispensa de licitação deixa de ser por emergência e passa a ser por urgência. Já pensaram? Ela vai considerar tudo como “urgência” e  assim ela acha que pode entregar as obras para seus amigos mais chegados pelos preços que lhe convierem.

Ela já fazia isso antes, mas agora é “legal”. Ela vai poder fazer tantos aditivos quantos quiser, multiplicando os contratos com seus amigos. Vai até poder entregar uma obra sem projeto a uma firma muito amiga e contratá-la para fazer o projeto, executá-lo, fiscalizar a si próprio, fazer o orçamento e receber o pagamento depois de tanto trabalho...

É o fim.

Ninguém segura o Maranhão! 

segunda-feira, 2 de abril de 2012

TRABALHAR É CRIME PARA A OLIGARQUIA

Já estou acostumado com as agressões da oligarquia. Eles pensam que assim calam a oposição, para que possam ter o campo livre para destruir o estado, como tentam fazer sempre em ações que preconizam o benefício próprio. Chamam os seus sicários da pena e então produzem toda baixaria que conseguem imaginar, a fim de caluniar e detratar quem não baixa a cabeça para eles.

Agora me recriminam por trabalhar, como se isso para a oligarquia configurasse um crime, imagino que na visão deles, hediondo. Sei que a ação de trabalhar para eles não é opção é mais fácil, já que sobrevivem de ganhar dinheiro de outras formas...

Acusam-me então de fazer lobby para uma empresa de construção no Ministério dos Transportes, onde exerci o cargo de Ministro. É só no que pensam.

Então vejamos: eu fui ministro dos Transportes até final de 1989, início de 1990. Já se passaram cerca de 22 anos e vários presidentes se sucederam, cada um com uma equipe nova no órgão. Lá praticamente não resta ninguém da minha equipe. Não tenho pai que exerça presidência de Poder, tampouco ministro. Que lobby é esse?

Sou engenheiro formado e apenas exerço minha profissão. A empresa para quem trabalho, pelo que me consta, não tem contratos com o ministério ou a órgãos vinculados a ele, ou qualquer fatura pendente. E mesmo se tivesse, qual seria o meu crime? Só pode ser o de trabalhar...

Então me acusam ainda de ter denúncias de corrupção no ministério. Quais? O único caso que houve foi o da licitação da Ferrovia Norte Sul. Será esse? O ministério não fez a licitação, que foi feita pela Valec. A Valec foi uma sugestão de Eliezer Batista, pai do empresário Eike Batista, e era toda formada por pessoal da Vale à disposição. Todos muitos sérios. Tanto que houve uma CPI do Senado Federal, um inquérito da Policia Federal e do Ministério Público e uma investigação interna do ministério.

Nunca fui acusado de nada, nem podia ser, porque o que aconteceu é que eram 20 lotes e 21 concorrentes sendo que ficaria logicamente de fora aquela que na época não tinha o porte das outras. A empresa que ficaria de fora acusou o resultado com as outras vinte o que não poderia ser de outra forma. O preço de todos era o menor admitido, não havia sobrepreço. De que sou acusado? E porque não fui demitido?

Portanto, não fui acusado de corrupção, pois não havia corrupção. Nem eu, nem ninguém do ministério.

Em seguida, prosseguindo na baixaria, citam como condenação final uma frase dita por Dilson Funaro à Revista Veja e publicada, em que me acusava de “canalha”. Sabem por quê? Verão que o canalha não era eu, que apenas defendi o governo, contrariando-o.

Tínhamos elaborado uma Exposição de Motivos, solicitando verbas para a construção da Ferrovia Norte Sul, que seria assinada por mim, pelo ministro da Fazenda (Funaro) e pelo ministro do Planejamento. Eu e o ministro do Planejamento havíamos assinado e faltava a de Funaro, com quem eu já havia conversado e ele havia concordado em assinar.

Antes de pegar a sua assinatura, saiu a notícia de que o Presidente da República iria demiti-lo, o que causou uma grande tensão. Como tudo já estava negociado, me apressei para obter a assinatura que faltava. Quando cheguei à casa dele, notei que este não pretendia mais assinar e que queria colocar na imprensa que ele estava saindo do governo porque havia se recusado a assinar a E.M. que disponibilizaria a verba para a Norte-Sul.

Aquilo se configurava numa artimanha das mais pífias, pois ele sabia que não era por isso, e sim pelo naufrágio do Plano Cruzado, que ele conduziu mal. Fiz um apelo, convenci-o a assinar e ele me pediu que segurasse a publicação, deixando para fazer a divulgação depois.

Ele me garantiu que não iria explicar que saia do cargo por causa da ferrovia, tão combatida na época, e então me comprometi a segurar a publicação até a sua saída. Mas Funaro não resistiu e, em entrevista coletiva, falou que saia porque havia se recusado a assinar os recursos para a ferrovia.

Dessa forma, não tive dúvidas nenhuma em chamar a imprensa e mostrar a todos a assinatura do ex-ministro no documento, derrubando a sua versão. Tudo isso está na Folha de São Paulo da época é muito fácil provar. Ele então resolveu me agredir, mas o ‘canalha’ não fui eu.

Por fim, eles vêm com a operação Navalha. Aquilo na verdade foi uma vingança, não só contra mim, mas envolvendo muitos integrantes do meu governo, pela derrota de Roseana Sarney em 2006.

Quem leu o inquérito e ouviu as gravações vai ver que quem realmente participa de tudo são vários membros da oligarquia. Existem gravações hilárias de gente da família pedindo dinheiro, mas ninguém da oligarquia foi indiciado.

Entretanto, está tudo aí e muitas dessas coisas foram publicadas na imprensa nacional. Eu fui pesadamente acusado por coisas que não tem a menor sustentação. As pontes estão no lugar certo e muito bem executadas, conforme atestados de órgãos federais que tenho em meu poder. O carro está preso em uma interpretação descabida de gravações de terceiros. Não existe uma única gravação minha diretamente. A licitação que me acusaram de dirigir para a citada empresa em troca do carro já havia sido realizada, quando me prenderam. Estava tudo publicado nos Diários Oficiais, tanto da União quanto do Estado e a empresa acusada nem mesmo participara da licitação. 

Enquanto isso, poderiam me explicar o que Fernando Sarney fazia na Valec? Por que foi acusado e indiciado? Era lobby ou era algum emprego? Só queria entender...