A situação atual está tão obscura que fomos obrigados a dar
uma pausa em nosso trabalho para criar as condições favoráveis para a instalação,
em Alcântara, de um novo Instituto Tecnológico da Aeronáutica aqui no Nordeste.
E tivemos que parar, porque o governo federal não funciona mais e a presidente
não se empenha e nem se interessa por outra coisa que não seja escapar do
impeachment. Uma pena, pois já temos o apoio do ministro da Defesa, do Ministro
da Aeronáutica e do Reitor do ITA, ou seja, do pessoal que, se não fossem
partidários da ideia, seria quase impossível pensar nesse projeto.
A fim de avançarmos, porém, é fundamental o apoio da
presidente, dando o sinal verde necessário para que possamos buscar os recursos
em diversos ministérios e outras instituições do governo. Por via das dúvidas,
já falei com pessoas que reputo estratégicas no provável novo governo que,
sucedendo o impeachment, poderão ser muito importantes para o nosso êxito.
Foram informados do nosso sonho e de sua importância para o Maranhão.
O nosso padrinho direto nesse empreendimento é o professor do
ITA, engenheiro e Brigadeiro da Aeronáutica Maurício Pazini, que me enviou
recentemente um livro sobre a vida e a luta do Marechal Casemiro Montenegro
Filho, homem extraordinário, idealizador e principal responsável pela
existência do ITA, do CTA, e da indústria aeronáutica brasileira. A obra foi escrita
por Ozires Silva, outro grande homem, fundador da Embraer e também ex-presidente da Petrobras, da Varig e Ministro de estado da Infraestrutura; e por Décio
Fischetti, especializado em Design e Marketing.
Pazini, ao enviar o livro, teve a extraordinária gentileza de
fazer uma dedicatória generosa: “Ao ilustre deputado José Reinaldo Carneiro
Tavares, para que se inspire na criação de um novo ITA. Abraços, Brigadeiro
Pazini”.
O Marechal Montenegro, quando escolheu São José dos Campos
para sediar o ITA, o fez por achar que aquele local reunia uma conjugação de
fatores absolutamente indispensáveis: ficava às margens da futura rodovia
Presidente Dutra, que liga o Rio de Janeiro a São Paulo; pelas condições
climáticas favoráveis; pela topografia plana e pela facilidade de comunicações.
Além disso, a região possuía relativo afastamento dos grandes centros urbanos
(São Paulo, por exemplo, fica a 86 quilômetros) e estava próxima ao porto de
São Sebastião, provido de desembarque de grande capacidade para a montagem dos
futuros laboratórios do CTA.
São José era, naqueles tempos da década de 1940, uma pequena
cidade de 40 mil habitantes, metade deles vivendo na área rural. A vocação do município
à época, devido ao clima, era favorável ao tratamento da tuberculose, contudo,
em 1946, com a descoberta da penicilina, essa característica deixou de ser um
ponto de destaque.
Dessa forma, o anúncio de que o Ita e o CTA seriam aí
instalados contou com um grande apoio da comunidade, que compreendeu que a
perspectiva da pesquisa e desenvolvimento, no campo da indústria mecânica, da
física, da química, da eletrônica e da engenharia aeronáutica poderiam vir a
revolucionar a cidade e a e o Vale do Paraíba. Antes disso, para terem uma
ideia, essa região era decadente, chegando a ser chamada por Monteiro Lobato de
“as cidades mortas” do Sudoeste de São Paulo.
Com efeito, a Câmara de vereadores de São José dos Campos doou
um terreno de área total de 9.280.000 metros quadrados para o Instituto e então
tudo começou.
Hoje estão instaladas no município importantes empresas como
a Panasonic, Johnson & Johnson, Ericsson, Philips, General Motors (GM),
Petrobras, Monsanto, Embraer entre outras. São José possui importantes centros
de ensino e pesquisa, tais como o Departamento de Ciência e Tecnologia
Aeroespacial (DCTA), o Instituto de Pesquisa Espaciais (INPE), o Instituto de
Estudos Avançados (IEAv), o Instituto de Aeronáutica e Espaço (IAE), a
Universidade do Vale da Paraíba (UNIVAP), o Instituto Tecnológico da
Aeronáutica (ITA), a Faculdade de Tecnologia do Estado de São Paulo (FATEC) e o
Instituto de Pesquisa e Desenvolvimento (IP&D), sendo um importante
tecnopolo de material bélico,
metalúrgico e sede do maior complexo aeroespacial da América Latina.
Hoje a cidade possui mais de 700 mil habitantes e é uma das
regiões mais desenvolvidas do estado de São Paulo.
O nosso ITA maranhense, até por força do maior argumento que temos
para convencer autoridades importantes da justeza em traze-lo para cá - que é a
existência do Centro de Lançamentos de Alcântara (CLA). Não por acaso, tudo o
que Montenegro buscou ao escolher São José dos Campos para o seu ITA está
presente em Alcântara. Tudo. Dessa forma, não dá para discutir o local mais
adequado para o nosso instituto.
Alcântara, hoje uma cidade morta, sem atividade econômica,
encravada em uma região também muito deprimida, poderá no futuro ser uma cidade
dinâmica, com grande atividade em pesquisa, ciência e tecnologia, um polo muito
dinâmico, liderando o desenvolvimento da Baixada maranhense.
E vejam que isto está ao nosso alcance, mas precisamos lutar,
pois nada importante assim é fácil.
E, para finalizar, o governo federal atual marcha para o seu
ocaso. No Congresso, com a saída do PMDB, maior partido da sua base, e a
inevitável dissidência de outros importantes partidos, a sorte parece estar
definitivamente lançada. O governo isolado, consequência de seus gravíssimos
erros, não parece ter mais condições de reverter essa rota. O quadro político está
virando unanimidade, algo muito parecido com o que vimos no impeachment de Collor.
É esperar para ver.