terça-feira, 11 de junho de 2013

LULA NÃO GOSTARIA


Em 2006, o presidente Lula foi a Imperatriz inaugurar a expansão do Campus da UFMA. Eu fui convidado como governador do estado, assim como o prefeito de Imperatriz, Ildon Marques. Foram muitas as autoridades do estado convidadas, entre deputados e senadores. Certamente para fugir do clima político extremamente adverso da cidade, ninguém da família Sarney apareceu por lá. O PT estava em peso junto com líderes locais do partido na região, muito fortes na cidade à época. A comitiva presidencial era muito grande.

O horário da reunião foi muito ruim. Comício às 13 horas e 30 minutos, sob o sol escaldante da região, não deveria atrair ninguém. Mas era o Lula e o local estava lotado. Gente por toda a parte e uma plateia muito vibrante e participativa. O prefeito Ildon foi o primeiro a falar. Estava mal na município, uma administração parada e o seu maior adversário na cidade era o PT. Ele foi corajoso e tentou falar, enumerando um grande número de projetos do governo federal, como se fossem dele. Lula não gostou nada da usurpação de seus programas, que foram externados sem agradecer ao governo federal e sem - pior ainda - agradecer ao presidente. A vaia não parava e era muito alta.

Eu, pelo protocolo, me sentava ao lado do presidente e ele estava muito impressionado com a rejeição ao prefeito. Virou-se para mim e me  perguntou quem era o prefeito. Eu, me divertindo, disse a ele que o Ildon Marques era do PMDB e prefeito aliado do senador. Lula riu e disse – Puxa, ele está mal! - e em seguida reclamou que na maior parte dos locais para onde iam, os políticos, governadores e prefeitos, proclamavam como suas ações que eram na verdade do governo federal, sem sequer fazer referência a este.

No Maranhão, naquela época, quase não tínhamos ações especiais do governo federal. Só as de uso geral. Eu falei em seguida e, naturalmente, agradeci ao presidente pelo Pronaf, pelas casas populares, etc. Na verdade, o Pronaf e as casas populares foram programas em que fizemos grandes parcerias. Para a nossa concepção de governo, que tinha por base a melhoria dos indicadores sociais, o financiamento direto aos pequenos agricultores era fundamental para aumentar a renda dos mais pobres que viviam na área rural. 

Para dar certo, criamos as Casas da Agricultura Familiar que davam todo o tipo de assistência técnica aos pequenos agricultores. Como uma das primeiras ações, conveniamos com os bancos oficiais de fomento: Nordeste, Brasil e Amazônia. O objetivo maior foi treinar e credenciar os técnicos da Casas de Agricultura para levar o PRONAF até os agricultores, pois estes, muito carentes de educação formal, quase nunca conseguiam financiamentos. 

O resultado é que avançamos do patamar de R$ 25 milhões anuais que o Maranhão conseguia, último do Nordeste, para R$ 400 milhões em financiamentos, segundo do Nordeste. Um benefício extraordinário que explica o grande aumento de renda per capita, o maior percentual de crescimento em todo o país que o Maranhão teve nesse período.

Sobre a parceria para a construção das casas populares, que fizemos milhares, nosso compromisso foi pagar antecipado a parte que caberia ao morador, que assim recebia a casa de graça.
Contei tudo isso para o Lula no discurso e ele não teve do que reclamar, pois agradeci a ele por nos abrir as portas desses programas.

Hoje tudo voltou ao que era antes, nada disso existe mais, e os números voltaram a cair.
Falo assim, porque vejo Roseana Sarney com seus governos itinerantes entregar, como se fosse dela, máquinas e tratores aos prefeitos, todas compradas pelo governo federal, sem a participação do governo estadual. Dilma nem é citada, a não ser que tenha na ocasião alguém do governo federal. Lula não teria gostado nada dessa postura...

E a desastrada gestão dela está novamente desequilibrando as finanças estaduais, voltando ao que encontrei ao assumir o governo em 2002, quando encontrei o estado quebrado, sem recursos para investimento, mesmo tendo vendido o Banco do Estado, a Cemar e a Telma. O trabalho foi tão bem feito que tivemos dinheiro para investir principalmente na área social, que resultou em um grande avanço nos nossos indicadores, como mostram o IBGE e o IPEA. Passei o governo sem dívidas, com quase 400 milhões de reais em caixa. Jackson Lago continuou esse trabalho e, dessa forma, quando Roseana tomou o governo na justiça, encontrou muito dinheiro que prontamente se esmerou em jogar fora, como é do seu feitio.

Agora, a Agencia Moody´s faz um rating emissor atribuído ao Maranhão e diz o seguinte:

“O Maranhão tem uma população de aproximadamente 6,8 milhões de habitantes e é um dos Estados mais pobres do Brasil. O Maranhão contribui com apenas 1% do PIB nacional e o PIB per capita do Estado é equivalente a 32% do nível nacional. 

As receitas próprias representam aproximadamente 42% das receitas operacionais, um nível baixo em comparação com os outros Estados brasileiros classificados. Durante o período de 2008 a 2012, as receitas operacionais cresceram com uma taxa de crescimento anual composta (CAGR) de 9%, e foram ultrapassadas pelas despesas operacionais que cresceram com uma taxa de 13% durante o mesmo período. Isso levou a uma deterioração significativa do resultado de conta corrente bruto do Maranhão de 15,5% em 2008 para 3,7% das receitas operacionais em 2012. 

O desalinhamento do crescimento das receitas e das despesas representa, na visão da Moody's, um dos desafios mais significativos do Maranhão visto que prejudica a capacidade do Estado de cobrir as despesas de capital sem incorrer em dívida adicional”.

A incompetência do governo estadual agora é apontada até internacionalmente. Estamos piores a cada dia.

Pois bem, para encerrar, estão falando que o governo é chamado de itinerante porque ninguém o encontra. Quando se procura, ele não está mais, já foi, está em outro lugar.
E não é só a estrutura do governo. Os instrumentos cirúrgicos dos hospitais inaugurados já não estão lá. Foram para outro município para a próxima inauguração da governadora. É tudo itinerante.

Assim aconteceu em Olho D’Agua das Cunhãs, com o recém-inaugurado hospital na cidade. Para ter a concordância do prefeito para o evento, prometeram um convênio de R$ 100 mil mensais que nunca saiu e nem vai sair. Dentro de pouco tempo estará fechado, pois o prefeito não tem recursos para bancar o funcionamento do hospital. A culpa pelo fechamento vai cair nas costas do prefeito. 

É lamentável, mas esse programa dificilmente ficará de pé...