terça-feira, 8 de janeiro de 2013

TOTALITARISMO DISFARÇADO



O Sociólogo e Doutor em Geografia Humana e Professor da USP, Demétrio Magnoli, em artigo no jornal Estado de São Paulo da quinta-feira passada, faz a distinção entre políticas de comunicação de estados autoritários e totalitários. Vejam o que ele escreveu e me digam se qualquer semelhança é mera coincidência, no que concerne ao que escreveu e o que se passa aqui no Maranhão.

“Totalitarismo é algo bem diferente de autoritarismo. O segundo se ampara, exclusivamente, na força e se contenta em calar, prender ou eliminar opositores. O primeiro também se ampara na força, mas nutre a pretensão de persuadir a sociedade a acreditar no seu enredo sobre a história - ou seja, numa narrativa que o torna depositário de uma legitimidade transcendental. George Orwell explicou isso: O Estado totalitário é, efetivamente, uma teocracia e sua casta dirigente, a fim de conservar sua posição, deve ser vista como infalível. Mas como, na prática, ninguém é infalível, torna-se frequentemente necessário rearranjar os eventos passados de modo a mostrar que este ou aquele erro não ocorreu ou que este ou aquele triunfo imaginário realmente aconteceu. Eis por que a política do totalitarismo demanda o controle sobre a linguagem empregada pelas pessoas.”O Sociólogo e Doutor em Geografia Humana e Professor da USP, Demétrio Magnoli, em artigo no jornal Estado de São Paulo da quinta-feira passada, faz a distinção entre políticas de comunicação de estados autoritários e totalitários. Vejam o que ele escreveu e me digam se qualquer semelhança é mera coincidência, no que concerne ao que escreveu e o que se passa aqui no Maranhão:
Assim, fica explicada claramente, a tentativa sempre renovada de reescrever biografias, disfarçar verdades, contestar estatísticas e acusar de maus maranhenses aqueles que ousam contestar as suas tentativas de ocultar ou “dourar” verdades que estão a vista de todos.
Fazem isso com o formidável aparato de comunicações que amealharam ao longo do tempo. Principalmente com o domínio absoluto da televisão que, por isso mesmo, é vedada aos que os contestam. É uma terrível ferramenta de dominação, que usa meios totalitários, como os descritos por Magnoli acima.
O governo não se cansa de informar a todos que o Maranhão cresce como nunca e está combatendo a pobreza. Dizem isso e repetem para esconder a verdade, que é o Maranhão afundando na pobreza, injustiça e desigualdade. O professor José Lemos, estudioso do assunto, professor na Universidade Federal do Ceará, maranhense da região da baixada, ex-secretário de Estado da Agricultura no meu governo, escreveu artigo publicado no jornal O Imparcial, em que explica pormenorizadamente o que está acontecendo:
“Começamos pelo desastre do PIB per capita. Em 2010 o Maranhão voltou a ter o mais baixo entre os estados do Brasil. Isto não acontecia desde o ano de 2002. Com base nas Taxas Geométricas Anuais de Crescimento, eu havia antevisto que o Piauí ultrapassaria o Maranhão em 2010. De fato isso aconteceu. Naquele ano o Maranhão teve o menor PIB per capita do Brasil (R$ 6.888,60),  o equivalente a 1,1 salário mínimo daquele ano, a 35% da média brasileira e a 72% da média do Nordeste. . Piauí, que até 2009 tinha o PIB médio mais baixo do Brasil, teve média de R$ 7.072,80 em 2010. Em Alagoas, o PIB per capita  foi de R$ 7.874,21.
Entre 2002 e 2008, o PIB per capita maranhense se elevou a uma taxa média anual de 21,0%. Entre 2008 e 2010, o crescimento do PIB per capita no estado foi de apenas 6,2% ao ano, bem abaixo da inflação no período que foi de mais de 10%.
Mas o que é ruim sempre pode ficar pior. Dos 217 municípios maranhenses, em apenas vinte e três (incluindo a capital), o PIB médio é maior do que esta média. Nesses municípios vivem 1.710.286 pessoas (um milhão na capital). Nos demais 194 municípios, onde sobrevivem 4.859.397 pessoas, o PIB per capita é menor do que a média estadual. Nesses, o valor médio do PIB é de apenas R$ 4.137,93, ou sessenta por cento  (60%) da média estadual, e 68% do salário mínimo. Em 121 desses 194 municípios, cujo PIB per  capita é menor do que a média do estado,  o PIB médio é ainda menor do que a média desse grupo.
Temos, portanto, no Maranhão uma renda baixa e mal distribuída, deixando a maioria da população do estado com renda insignificante. Não é por acaso que proporcionalmente o Maranhão tem o maior contingente de dependentes do Programa “Bolsa Família” do Governo Federal, o que as tornam presas facílimas para comporem os currais eleitorais que fazem a festa daqueles de sempre. Também por isso a atual presidente recebeu a maior votação proporcional entre os estados brasileiros. Um programa que se tornou numa promissora máquina de compra de votos. Com porta de entrada e sem saída.”
Está mais do que na hora de mudar.