terça-feira, 17 de abril de 2012

ROMANCEANDO O FRACASSO

Foi de uma ridiculez ímpar a entrevista de Roseana Sarney ao final da sua tresloucada viagem aos Estados Unidos como convidada pela presidente Dilma. Juntou os jornalistas que emprega em sua empresa, e deitou a falar abobrinhas. Não tinha mesmo nada a dizer depois da sua desastrada participação na viagem e se dispõe a fazer romance de quinta categoria, cheio de ‘clichês’. Só mesmo falando para seus empregados poderia dizer tanta bobagem sem ser contestada.

A viagem começou de maneira inexplicável para todos. Certamente para ela não, pois esnobou o avião presidencial e a companhia da presidente, onde teria tempo para conseguir o apoio federal para algum projeto de interesse do estado como o combate à pobreza, educação, refinaria, duplicação da BR-135, reconstrução do aeroporto, enfim, qualquer um, se isso tivesse importância para ela.

Mas para surpresa geral, ela embarcou dia 4 de Abril, 5 dias antes de Dilma, e não foi para Washington, sede do Banco Mundial, e do Banco Interamericano de Desenvolvimento, aproveitando para discutir projetos de interesse do estado com essas entidades importantes. Mas isso é trabalho e ela preferiu se divertir. E foi para a capital da diversão, Miami, de onde sumiu e só apareceu no dia 9 em Washington. Além de Miami, há outras cidades inteiramente dedicadas à diversão, como New Orleans, Las Vegas, Lake Tahoe e outras, que são certamente paraísos para quem quer apenas se divertir. Será que Roseana foi a algum desses lugares? Ninguém sabe, pois ela sumiu e não fala desses dias.

Ceará, Pernambuco e Bahia assinaram contratos da ordem de 500 milhões de dólares com o Banco Mundial e outros 2 bilhões de dólares foram divididos entre 5 estados. Apenas uma unidade da federação  nada levou: o Maranhão. Sabem por quê? Porque quando o presidente do Banco Mundial esteve em Fortaleza, no Ceará, em reunião com todos os estados do Nordeste para receber os projetos de combate à pobreza, o único estado da região que não enviou representante e tampouco apresentou projetos foi o Maranhão. Roseana afirmava que o nosso estado não tinha pobreza absoluta e portanto não se apresentou.

Essa era a única participação dos governadores na agenda de viagem e daí para frente, em sede de justificativa do deslocamento, seu jornal começou a divulgar que Roseana discorreu para Dilma e empresários sobre educação e teve participação ativa na viagem presidencial. O único jornal que se referiu a Roseana foi o dela. Nos jornais do sudeste nenhuma linha foi escrita sobre a presença da governadora em qualquer lugar.

Então podemos parar e refletir: o que Roseana falaria sobre educação? Que exemplos teria para dar? Afinal, ela terminou dois anos de mandato deixando 157 municípios sem ensino médio e agora se notabiliza por fechar outras. Ou seriam os “notáveis” resultados de Enem e do Saeb? É muito difícil imaginar o que ela poderia dizer...

Com efeito, ela chegou e deu essa formidável entrevista aos seus jornalistas e foram de arrepiar as tentativas de mostrar a importância da sua presença na comitiva. Inicialmente disse que a presidente a teria distinguido com uma espécie de quota para o programa de bolsas que o governo federal criou para permitir que alunos brasileiros possam concluir seus cursos nas melhores universidades, como o MIT (Massachussets Institute of Technology) e Havard, ambas de Boston.

Roseana encontrou dois maranhenses e quis tirar proveito disso, falando muito deles, como se ela ou o estado tivessem tido qualquer participação nisso, quando todos sabem que não é assim e depende apenas do mérito individual desses alunos, sem importar o estado de origem, pois eles terão que se submeter aos rigorosos testes dessas universidades para serem admitidos.

Depois disse que encontrou um maranhense que é funcionário da prefeitura de Boston e já anunciou que vai fazer um convênio de cooperação técnica com a prefeitura americana para a urbanização de São Luís. Vai ver que ele era o prefeito e ela não sabia. Mas sem ter o que falar, qualquer coisa serve...

Por fim, sem dizer como conseguiu aferir a informação, ela disse que notou nesses cinco dias, em que não diz onde estava, que o povo americano estava descontente com o presidente Obama e que o candidato do partido republicano levaria vantagem nessa disputa. Ela não esteve com Obama, mas se estivesse com ele, certamente que o presidente americano, sabendo da história de Roseana, ficaria tentado a aprender um pouco com ela a receita para vencer as eleições. Seria natural imaginar que ele perguntasse a ela o que ele deveria fazer para ser reeleito. O diálogo poderia ser mais ou menos assim:

Ela do alto da sua experiência ensinaria: “Primeiro você tem que constituir uma oligarquia e fazer favores a todos os seus membros como empregos para a família e cargos de chefia em repartições de grande orçamento. Depois, fazer uma lei especifica para licitações onde qualquer obra poderia ser entregue a amigos se for considerada de urgência. Além disso, nomear ministros nos tribunais superiores e principalmente montar um sistema de comunicação que só divulgasse notícias favoráveis, desprezando as desfavoráveis. Mas principalmente bater muito nos adversários, inventando motivos, se necessário. O importante é bater neles. E não esquecer: é necessário fechar um grande numero de colégios para que o povo não fique muito sabido. Garanto que se isto for feito é quase impossível perder eleições.”

Obama certamente enfartaria com uma conversa dessas.

Fechando o assunto, ela agora fala que vai buscar emprestado R$ 500 milhões de reais para combater a pobreza. Disse que já tem um estudo do IPEA que diz que o foco e causas da pobreza estão nos plantadores de mandioca e nos plantadores de arroz.

Não deve ter entendido que o problema maior é a péssima educação no meio rural e o abandono dos pequenos agricultores, deixados sem nenhum apoio ou assistência técnica. E tudo isso foi agravado em seus governos anteriores, quando ela acabou com a Secretaria de Agricultura e quase liquidou o estado. Para tirar da pobreza é preciso melhorar as condições de vida no meio rural, disponibilizando água tratada, esgoto sanitário, acesso a assistência de saúde, boa educação e assistência à produção. Não é problema da mandioca ou do arroz e sim da penúria e abandono em que vivem.

E para concluir, um passarinho me contou que recente pesquisa qualitativa realizada no estado mostra que a rejeição a Roseana ultrapassa a sua aprovação; que Flávio Dino está 30% acima do segundo colocado para governador; e que a população pensa o seguinte: querem Lula distante de Sarney; negam-se a permitir que a oligarquia dirija a prefeitura da capital e o governo simultaneamente;  quer o fim da oligarquia Sarney e afirma que qualquer político que represente a continuidade dessa oligarquia não terá seu voto.

O povo sabe o que quer!