sexta-feira, 4 de abril de 2008

Idéia a Rechaçar

Folha de São Paulo: Vice-presidente reacende hipótese, acalentada por ampla e silenciosa base do governo, de permitir terceiro mandato a Lula.

A POPULARIDADE recordista do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a ausência de um nome forte do PT para a sua sucessão atuam como um incentivo para o queremismo. Até 3 de outubro de 2009, quando vai se fechar a janela legal para mudanças nas regras da eleição do ano seguinte, a centelha do terceiro mandato continuará sendo atiçada vez ou outra.

Desta feita coube ao vice-presidente da República alimentar o braseiro que estava esquecido havia quatro meses. "Os brasileiros desejam que Lula fique mais tempo no poder", afirmou José Alencar durante entrevista à rádio Bandeirantes. Disse-o de modo espontâneo, sem que houvesse sido questionado sobre o assunto pelo entrevistador.

Oblíquas e intermitentes, as aparições da idéia de permitir a Lula mais uma reeleição respondem a uma inquietação crescente na base do governo. Os petistas -que ocupam 5.000 postos na máquina federal e controlam largas fatias dos orçamentos da União, de estatais e de fundos de pensão- não têm, ainda, perspectiva de preservar o "statu quo" a partir de 2011.

Nesse contexto, Lula, cada vez mais popular, torna-se um desaguadouro natural de desejos continuístas. Manter a hipótese do terceiro mandato acesa na esperança de que venha a incendiar os ânimos da população é um experimento que não custa nada ao PT. A cúpula do partido e a do governo observam com altíssimo interesse o resultado dos "balões de ensaio" enquanto manifestam repúdio indignado à simples menção do tema.

O que torna inviável a proliferação das chamas, no entanto, é a resposta da população quando exposta à possibilidade do terceiro mandato. Os brasileiros, que garantem a Lula recordes de avaliação positiva, rechaçam, numa proporção ainda maior, de 65%, a hipótese de uma nova reeleição para o presidente.

Ainda que o placar fosse oposto -com o continuísmo endossado por ampla maioria-, seria preciso barrar as tentativas de legalizar o terceiro mandato consecutivo. Se o advento da reeleição no Brasil sacrificou em alguma medida o princípio da alternância no poder, esse custo foi suplantado pelo benefício da continuidade administrativa.

O balanço se inverte, no entanto, quando se pensa num período de 12 anos. Nesse caso, os custos -a propensão ao mandonismo, à erosão dos freios institucionais que tentam equilibrar o peso desproporcional da Presidência no Brasil e a crises políticas violentas advindas da falta de circulação de partidos e lideranças no poder- ficariam proibitivos.

Instituir o terceiro mandato seria uma aventura potencialmente desastrosa no Brasil. Toda tentativa de emplacar essa idéia, mesmo que aparentemente anódina, deve ser combatida.


Comentário do Blog: Essa idéia pode seduzir muitos petistas que ocupam cargos comissionados, além de parte da bancada, e de aliados fisiológicos, como o grupo Sarney. Temem perder empregos, vantagens e privilégios que têm hoje no governo. Um governo muito forte com o povo brasileiro, que está em lua de mel com o seu presidente e têm perdoado tudo de errado que aconteceu nesses anos, blindando-o e ao seu governo.

A idéia não é de difícil execução. A convocação de um plebiscito é por maioria simples na Câmara dos Deputados, portanto, fácil para quem conta com tão grande maioria... O resultado não vira lei automaticamente, mas se houver uma grande adesão à tese, aí sim, com esse respaldo popular, vão tentar mudar a constituição que, atualmente, não permite mais de uma reeleição. Todo governante de bem com as pesquisas se sente tentado, principalmente quando não tem para apresentar um sucessor forte ao governo, que consiga sossegar os que estão se dando bem...

Porém, é um risco tremendo tentar se perpetuar no governo. Essa idéia, que certamente terá amplo apoio publicitário do governo, vai sofrer um grande combate da opinião pública esclarecida e da imprensa e acabará sendo decidida pelo Supremo Tribunal Federal, um grande teste para essa Instituição, que tem 7 Ministros nomeados por Lula, em um total de 11.

E a probabilidade é de encontrar pela frente grandes problemas a resolver na área econômica e na social deixadas pelo atual governo.

O melhor para o país seria respeitar a Constituição. E esperar nova vez de se candidatar, dentro dela.

quinta-feira, 3 de abril de 2008

O Nosso Futuro Comum

Reproduzo abaixo artigo do Professor José Lemos:

O NOSSO FUTURO COMUM

Ao Final de 1987 reuniu-se na Noruega a Comissão Mundial do Meio Ambiente, com a participação de dirigentes dos Países filiados à Organização das Nações Unidas. Naquele conclave foi produzido o Relatório de Brundtland, assim chamado em homenagem à Primeira Ministra Norueguesa Senhora Grö Harlen Brundtland, e tinha como título “O Nosso Futuro Comum”. A partir daquele Relatório, o conceito de Desenvolvimento Sustentável passou a ser mais difundido e a merecer uma maior atenção daqueles que tem responsabilidade sobre a condução das políticas públicas, por quem milita nos movimentos sociais em prol das causas ambientais e também para os Acadêmicos.

Desenvolvimento sustentável seria aquele que viabilizasse no presente melhores padrões de qualidade de vida, sem afetar a base dos recursos naturais, de tal sorte que as gerações futuras possam usufruir um planeta pelo menos igual ao que nós vivemos. Trata-se de concepções de desenvolvimento muito difíceis de serem atingidos no modelo de economia que tem no imediatismo e nos elevados padrões de pobreza atualmente prevalecentes no mundo, alguns dos seus principais óbices. Já mostramos em texto anterior neste espaço que pobreza e devastação dos recursos naturais caminham juntas. Portanto, sem reduzir os níveis atuais de pobreza é impossível pensar em desenvolvimento, e muito menos em desenvolvimento sustentável.

O Relatório de Brundtland apresentou sugestões que deveriam ser seguidas pelos países no sentido de buscarem o desenvolvimento sustentável. Dentre estas sugestões, uma das mais relevantes seria a limitação do crescimento populacional. Esta proposição fundamenta-se no fato de que o tamanho físico do planeta Terra é finito, e na medida em que a população cresce, haverá uma maior pressão sobre todos os seus recursos. Atualmente, a população mundial está em torno de 6,7 bilhões. Toda essa gente levanta todos os dias precisando se alimentar. Em média, cada pessoa necessita de aproximadamente 1000 gramas de alimentos por dia. Por este dado podemos aferir o tamanho do problema: retirar do solo este montante de comida todos os dias para garantir segurança alimentar.

Além disso, cada pessoa necessita, segundo a ONU, de aproximadamente 20 litros de água diariamente para beber, preparar alimentos e para a higiene pessoal. A disponibilidade de água doce no planeta é restrita e mal distribuída. Essa gente produz dejetos e resíduos sólidos diariamente. Esse material precisa de local para acondicionamento de forma segura para não contaminar o ambiente. Ou seja, necessita-se de serviço de saneamento e de locais adequados para acondicionar os resíduos sólidos. No seu Relatório de Desenvolvimento Humano de 2006, a ONU enfatiza as dificuldades decorrentes da falta de acesso ao saneamento e à água potável para as populações. Segundo aquele Relatório, em torno de 2,2 bilhões da população do planeta não dispõe desses serviços. Estas seriam algumas das causas das mortalidades: infantil, de crianças menores de cinco anos e de idosos no mundo.

A sugestão do Relatório de Brundtland é no sentido de que as populações, sobretudo as pobres, sejam expostas a informações e a condições que lhes viabilizem planejarem o tamanho das suas famílias. De outro modo a explosão demográfica exorbitará e com ela a urbanização das populações acontecerá de forma incontrolável. Contudo, o aumento das populações urbanas, não decorre apenas do seu crescimento vegetativo, mas é significativamente incrementado pela migração das populações rurais, empobrecidas, sem acesso à terra, renda e que buscam melhor qualidade de vida nas cidades sem dispor, entretanto, de condições para se estabelecer dignamente nessas áreas urbanas. Consequentemente haverá uma pressão sobre os serviços públicos comprometendo a sua eficiência e qualidade. Assim, além do controle populacional, parte dos problemas das cidades pode ser atenuada com ações de políticas públicas para reduzir o êxodo rural, de onde se depreende que para haver desenvolvimento sustentável, há que se promover desenvolvimento rural. Esta é uma das implicações do Relatório de Brundtland. Os dirigentes insistem em desconhecê-las, por isso o caos social e ambiental nos atemoriza.

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José Lemos é Engenheiro Agrônomo e Professor Associado na Universidade Federal do Ceará. lemos@ufc.br. Autor do Livro “Mapa da Exclusão Social no Brasil: Radiografia de Um País Assimetricamente Pobre”.

Facção vira ''família'' e busca Farc

Deu no Estadão: Na Bolívia, líder do PCC negociou fornecimento de 1 tonelada de cocaína, além de fuzis e explosivos para atentados (Marcelo Godoy)

O primeiro encontro foi em Corumbá (MS). Era uma noite de sábado. Vindos de São Paulo, os emissários foram hospedados na cidade e levados à fronteira com a Bolívia na manhã do dia seguinte. Miguel, filho de Dom Eduardo, homem influente na região de Porto Quijaro, recebeu-os. Assim começou a viagem que tinha como objetivo fazer da facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC) uma organização internacional de tráfico de drogas, fechando um acordo com traficantes bolivianos ligados às Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc). Buscava-se garantir o fornecimento de 1 tonelada de cocaína por mês, além de fuzis e explosivos para atentados.

Naquela manhã de janeiro, o telefone tocou na base de fronteira mantida pela polícia perto de Porto Quijaro. O policial boliviano que recebeu a ligação ouviu um pedido da parte de Dom Eduardo. Ele queria concessão de vistos de permanência de 90 dias na Bolívia para dois homens com quem pretendia fazer negócios. Eram Wagner Roberto Raposo Olzon, o Fusca, emissário enviado pela cúpula do PCC para tratar do acordo em nome da "família", como agora os chefões se referem à facção, e seu ajudante.

O relatório sobre a viagem foi apreendido pelos policiais das Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar (Rota) em poder de Fusca, preso em 28 de fevereiro, na Avenida Guilherme Cotching, na Vila Guilherme, zona norte de São Paulo. São quatro páginas escritas à mão em que o tesoureiro da facção conta detalhadamente a missão na Bolívia. Com o filho de Dom Eduardo, o PCC acertou a entrega de 50 a 70 quilos por mês do cocaína. O preço acertado foi de US$ 2 mil por quilo, mais R$ 1,5 mil de frete para cada "peça" transportada até São Paulo.

Depois desse primeiro acerto, o emissário da cúpula do PCC teve novo encontro. "Na segunda-feira, embarcamos para Santa Cruz (de la Sierra) de avião. Chegando lá, fomos recepcionados pelo Capilo e pelo Velhote", escreve Olzon. Ele esclarece que Capilo "é o careca paraguaio" e relata a chegada de mais um personagem dessa história, o traficante boliviano William, "alguém muito bem estruturado, que faz negócio com muitos dos nossos irmãos".

"Fomos todos para a mansão de William. Lá chegando, partimos para o ?papo reto?, dissemos para ele por que viemos e que viemos representando a família num todo e não viemos para fazer negócio pessoal para ninguém. Deixamos bem claro que, se algum dia alguém veio até eles fazer negócio pela família, foi golpe."

Olzon contou aos bolivianos e paraguaios "os trabalhos que a família desenvolve". Falou da ajuda a parentes de presos, das cestas básicas e do pagamento de advogados. "(Eles) entenderam e mostraram uma grande vontade de participar desse projeto nosso". Então, trataram do preço e das primeiras encomendas. Acertaram que William e Capilo mandariam dez peças (quilos) cada um. A família pagaria US$ 5 mil, com frete incluso. Estavam fechando o negócio quando chegou "um cara, amigo do William". O boliviano pediu licença e foi conversar com a visita. Quando o homem foi embora, William contou aos convidados brasileiros que o visitante "fazia parte das Farc e era técnico em bombas". Os emissários do PCC se interessaram e o boliviano revelou que seu amigo era "capaz de fazer aviões de brinquedo com explosivos, carros-bomba e explosivos pequenos que dá para colocar rapidamente em qualquer lugar com grande poder de explosão". "William nos disse que tem bastante explosivo plástico guardado, então dissemos para ele que isso é muito importante para nós também."

Por fim, Olzon e seu ajudante passaram a conversar com os bolivianos e paraguaios sobre a compra de "ferramentas" (armas). "Eles nos passaram canetas (fuzis) de US$ 4, 5 e 6 mil ." O pagamento dessa mercadoria deveria ser feito na Bolívia, mas o frete ao Brasil seria de graça. Olzon afirma aos seus superiores que William tem capacidade para suprir grandes encomendas e diz que o boliviano negocia com "muitos irmãos", um dos quais recebe 300 quilos e paga em dinheiro os carregamentos. O emissário garante no relatório que "há capacidade para entregar 1 mil (quilos de cocaína) aqui por mês".

O contato entre a família e o cartel da droga boliviano seria feito por meio de um homem conhecido como John, "que é amigo de Bombom". Integrantes da inteligência policial de São Paulo tentam há meses identificar Bombom. Sabe-se que ele e Carlos Antônio da Silva, o Balengo, estão entre os mais importantes integrantes da facção em liberdade. Balengo é responsável por roubos, entre outras operações, e Bombom e Olzon cuidavam da contabilidade e do tráfico. Em sua volta ao Brasil, Olzon escreveu o relatório para a cúpula da família. "Sobre nossa estrutura, estamos providenciando e passaremos via rádio, mas, para o que está chegando, está tranqüilo. Dentro de 30 a 45 dias estaremos prontos para fazer todo o trabalho."

Comentário do blog: A presença de uma organização criminosa como as Farc nas proximidades está despertando a principal organização criminosa do país para uma aliança que poderá tornar essa organização ainda mais perigosa e poderosa. Essa aliança, se acontecer, poderá trazer para o país praticas típicas de organizações terroristas que tanto mal causam à Colômbia.

A Polícia Federal e as polícias dos estados terão que ser fortalecidas com equipamentos e novas tecnologias, aumento de contingentes e novos treinamentos específicos para poderem enfrentar com sucesso essa nova ameaça à população brasileira.

A matéria mostra que os passos dos criminosos estão sendo acompanhados de perto e isso conforta os brasileiros, mas ao mesmo tempo, preocupa que um estado como o Rio de Janeiro não consiga sucesso na luta contra os criminosos cada vez mais desenvoltos no estado e exportando bandidos para as outras unidades da federação, bem como alugando armas aos bandos locais. Uma vitória no Rio mostraria que o nosso sistema de segurança está apto a defender os cidadãos brasileiros em qualquer lugar no país.

Sabemos que depois de dominarem a situação, torna-se muito mais difícil um combate eficiente a esses grupos.

segunda-feira, 31 de março de 2008

Desvendando a Popularidade de Lula

Se prestarmos bastante atenção ao que vem ocorrendo na economia do país, poderemos entender as causas da enorme popularidade do Presidente Lula. Durante o governo, ele encontrou um ambiente muito favorável na economia mundial. A maioria dos países constantemente expandindo sua economia e alguns países emergentes, como China e Índia, experimentando taxas enormes de crescimento econômico contínuo, puxando para cima o comércio mundial, com benefícios para os países exportadores, estando o Brasil entre eles. Com o crescimento da economia, tivemos o crescimento do número de empregos, facilidades de crédito, estabilidade de preços, juros mais baixos, prazos mais longos que, somados aos programas sociais, acrescentaram milhões de brasileiros às faixas de consumo do país.

Isso impulsionou, para cima, a popularidade do presidente, eis que no seu governo esse mesmo contingente pode acessar o mercado, aproveitando as ditas facilidades de crédito e passando a adquirir eletrodomésticos, celulares, computadores etc. E o presidente, dotado de grandes facilidades para se comunicar com eles, sobretudo com os brasileiros das classes C, D e E, multiplicou eventos para usar mais os holofotes da mídia, naturalmente dirigidos aos presidentes, e pôs-se a discursar, não deixando dúvidas aos beneficiários, de quem estava conseguindo tudo isso era ele e o seu governo.

Mesmo com a crise instalada nos Estados Unidos e no sistema financeiro europeu, o mundo não parou e nem entrou em recessão, porque China, Índia e outros países continuam expandindo suas economias e o Brasil vai junto. Não é mais o céu claro, de brigadeiro, do passado recente, mas dá para agüentar.

Infelizmente, limitações da nossa economia, que não foram corrigidas nos tempos de economia mundial totalmente favorável, nos deixam ainda com certas fragilidades. Nosso endividamento é altíssimo, porque os juros praticados internamente são ainda uns dos mais altos do mundo.

Nossa economia é dependente do comercio exterior, mas o quadro pode mudar. O custo Brasil ainda é muito alto, porque a maior parte do dinheiro disponível vai para o pagamento de juros e sobra muito pouco para melhorar a infra-estrutura brasileira como estradas, portos, transporte público, energia. Ademais, a inflação é contida com o estrangulamento do crescimento da economia, retardando, assim, o desenvolvimento.

E também não aproveitamos essa conjuntura favorável para criarmos um projeto para o país, nem um projeto de excelência na educação, que é o que garante o desenvolvimento de maneira continua e sustentável, e também estamos longe de ter superávits fiscais, incluindo o pagamento dos juros para garantir uma estabilidade econômica duradoura. Ao contrario, o governo Lula aumentou os gastos com pessoal e custeio, tornando-nos dependentes de empréstimos para fecharmos as contas.

Mas a mobilidade social em curso no país é muito grande, embora o país continue com taxas baixíssimas de escolaridade e de analfabetismo.

Uma notícia desse final de semana mostra a importância do que está acontecendo. Expunha que o potencial de consumo da classe C é o maior do país. São 86,2 milhões de pessoas incluídas nesta classe, ou seja, 46% da população brasileira. Ela sozinha tem um potencial de consumo de R$ 365 bilhões, com dados do IBGE para 2007. É um pouco mais de um quarto da capacidade de compra de todas as famílias que moram nas cidades, que atingiu R$ 1,4 trilhão.

A classe C tem renda média de R$ 1.062,00 e nenhuma outra classe social, isoladamente, tem maior poder de compra.

As contas nacionais e da estrutura de gastos dos brasileiros medidos pelo IBGE, mostram o seguinte potencial de consumo das outras classes: classe B2- R$ 268,9 bilhões; classe B1- R$ 315,6 bilhões; classe A2- R$ 260,8 bilhões e a classe A1- R$ 80,2 bilhões.

É uma imensa classe média. Só no ano passado, 20 milhões de pessoas passaram a fazer parte desse extrato social. A maioria é egressa das camadas de menor renda, e 60% vem das classes D e E.

Hoje, depois de comprarem eletrodomésticos, celulares, computadores etc, têm como grande sonho de consumo a casa própria. 16% da classe C pretende comprar uma casa neste ano, um recorde!

Em razão da confiança na estabilidade da economia e das garantias de emprego a classe C recuperou a auto-estima.

Por isso, Lula vai nadando a largas braçadas, a despeito de todos os problemas que os aloprados do seu governo vêm causando. Nada o atinge, pois o povão está feliz por tudo o que está obtendo no seu governo.

Além do mais, um grande reforço são os programas sociais, que já chegam a 25% da população do País. Em termos de domicílios, em dois anos, o número de brasileiros que vivem em um domicílio, cujo benefício de algum programa social chegava a pelo menos um dos moradores, cresceu de 39 para 46 milhões. O Maranhão, por conta da pobreza deixada como herança pelos 40 anos do grupo Sarney, é o segundo estado que mais recebe as bolsas, com 40% dos domicílios no programa. Porém, 46% dos domicílios mais pobres do Brasil não recebem benefício algum, diz pesquisa do IBGE divulgada sábado, o que levou o pesquisador do IPEA, Sergei Soares, a dizer: “Ainda não temos uma rede social para os mais pobres neste país”.

Esse quadro de apoio farto a Lula é um prato cheio para os políticos fisiológicos que lotearam o governo e que não deixam o Brasil avançar em assuntos estratégicos, capazes de transformar definitivamente o Brasil, como fez Japão, Coréia do Sul, Irlanda e muitos outros, e como fazem hoje China e Índia.

Por falar em políticos fisiológicos, viram o Sarney apelar em artigo seu, publicado em seu jornal, sobre a descoberta de petróleo no Maranhão, para “finalmente sairmos da pobreza”? Para isso, Sarney, bastaria que você, como presidente, tivesse trazido para cá a siderúrgica e a refinaria, ou deixasse que viesse agora e não mais atrapalhasse e impedisse os que querem trazer, como está fazendo. Apelar agora, como solução, para descobrirmos petróleo é demais!

Espanha inaugura usina movida inteiramente a energia solar

Luz solar é refletida por 900 espelhos que se movimentam como girassóis. 
Tecnologia poderia ser aplicada no nordeste brasileiro, dizem espanhóis. Um projeto gigante, que gera tanto eletricidade quanto resultados positivos para o meio ambiente, foi inaugurado no sul da Espanha: a primeira usina do mundo movida inteiramente pela energia do Sol.

No meio do terreno árido da região, a usina se destaca pela magnitude e imponência. Do chão brotam os raios que convergem no topo da torre de 160 metros, mais alta que um prédio de 50 andares. É radiação solar em estado puro, concentrada em um único ponto. Calor natural que aquece a água que corre para dentro da torre até virar vapor a 400ºC, para mover as turbinas que produzem energia elétrica sem poluir o meio ambiente. 

Novecentos espelhos gigantes se movem lentamente como girassóis. Nem dá para perceber a mudança de posição, mas eles estão sempre alinhados com o Sol para refletir o máximo de luz, direto para a torre de captação.

É a maior usina solar com produção de energia em escala comercial do mundo. Daqui sai eletricidade para abastecer 180 mil casas, uma cidade do tamanho de Sevilha, que fica a 30km. 

A construção ocupa uma área do tamanho de 60 campos de futebol. E custou o equivalente a meio bilhão de reais. Cada centavo saiu da iniciativa privada, um consórcio de empresas espanholas que planeja recuperar o investimento em apenas dois anos. 

“Trocamos o gás, o carvão e o petróleo pelo Sol, que brilha 240 dias por ano na região sul da Espanha. E é de graça”, diz o engenheiro responsável pela produção de energia. 

A segunda usina, ainda maior, já está em construção. Outras sete completarão o projeto da plataforma solar de Sevilha até 2014.

O plano é fornecer eletricidade para todo o sul da Espanha. E o melhor de tudo: evitar que sejam despejadas 600 mil toneladas de dióxido de carbono por ano na atmosfera. 

“É um tecnologia que pode servir a sociedade, em qualquer parte do planeta”, diz o engenheiro. “Inclusive no nordeste do Brasil, onde o que não falta é Sol”. Trata-se da fonte de energia mais antiga do mundo, mas ainda considerada por muita gente um negócio do futuro. Não na Espanha, onde já é, claramente, um sucesso.

Link para a notícia na Globo.com

Comentário do Blog: A matriz energética mundial vai mudar rapidamente por força das pesquisas e das aplicações delas por países desenvolvidos, que vão se conscientizando dos males do aquecimento global e sabem da abundância de capitais para serem aplicados em projetos viáveis de produção de energia limpa, como a eólica e solar.

A notícia informa que os acionistas já vão começar projetos maiores, pois a tecnologia desenvolvida é realmente fantástica e certamente rentável. O Nordeste brasileiro tem excepcionais condições para a produção de energia limpa, tanto eólica quanto solar, e o governo brasileiro não reconhece essa grande oportunidade de desenvolvimento para a região e para o Brasil. Já vendemos o sol do nordeste para os turistas europeus, mas poderemos aproveitar muito mais os nossos recursos naturais e a grande exposição do sol em nossa região.

Estamos perdendo um tempo precioso e vamos ficar sem o domínio das novas tecnologias para produção de energia limpa, e o pior é que temos instituições e engenheiros que podem participar desse desenvolvimento. Vamos acabar tendo que pagar mais caro por elas.


É um país sem prioridades.


domingo, 30 de março de 2008

AMAZÔNIA: Floresta será mantida em troca de serviços ambientais

Um acordo entre o governo da Guiana e um fundo de capitais britânico permitirá, pela primeira vez, o pagamento pelos serviços ambientais de uma floresta em pé na Amazônia. Uma área de 405 mil hectares será mantida como uma provedora de serviços vitais, como regulação de chuvas, armazenagem de carbono e regulação do clima.

O acordo foi anunciado ontem em Nova York e pode abrir o caminho para que mercados financeiros desempenhem um papel-chave na proteção das florestas tropicais do mundo. A iniciativa segue a oferta extraordinária da Guiana, feita no ano passado, de entregar todas as suas florestas a um organismo internacional em troca de auxílio financeiro ao desenvolvimento. A Guiana tem hoje 80% de suas florestas preservadas.

Hylton Murray-Philipson, diretor da empresa Canopy Capital, que fechou o acordo com a reserva de Iwokrama ("refúgio", na língua macuxi), afirmou: "Como é possível que os serviços do Google valham bilhões e os das florestas tropicais do mundo não valham nada?"

O ano passado foi crucial para as florestas tropicais, porque o mundo reconheceu que o desmatamento é a segunda maior causa de emissões de gases de efeito estufa. A Conferência do Clima de Bali concordou em incluir o desmatamento evitado como medida de mitigação do aquecimento global.

"À medida que os níveis de dióxido de carbono na atmosfera crescem, as emissões passam a ter um custo cada vez mais alto e a conservação passará a ter valor real. A comunidade de investidores está começando a acordar para isso", disse Murray-Philipson.

Comentário do Blog: A Veja da semana passada publicou uma extensa matéria sobre a Amazônia, com o título “A verdade sobre a Saúde da Floresta”. A revista dividiu a matéria em 6 capítulos e colocou duas assertivas no início de cada um: “O Senso Comum” e “A Verdade”.

No primeiro capítulo, o assunto é –Por que preservar a floresta- e o senso comum é que a floresta amazônica é o pulmão do planeta e que se ela desaparecer, o aquecimento global vai se acelerar de forma dramática e a verdade é que as pesquisas recentes mostram que o efeito mais visível do desaparecimento da Amazônia seria o desequilíbrio das chuvas no mundo, com conseqüências muito negativas para a humanidade. No segundo, o assunto era o desmatamento, com senso comum de que o governo garantiu que desmatamento está sob controle; e a verdade, que o desmatamento aumentou seu ritmo em 30% nos últimos meses.

No terceiro, o assunto é - a presença do boi, da soja e a madeira- com senso comum de que não faz sentido derrubar a floresta e substituí-la por pastos e lavouras e a verdade, que em certas regiões da Amazônia a agricultura é irreversível. O que falta é respeito à lei. O quarto capítulo é sobre – a lei e suas conseqüências- e o senso comum é de que é proibido derrubar árvores e quem vende madeira é bandido e a verdade é que o desmatamento é regulamentado em diversas regiões, mas os abusos são constantes.

O quinto versa sobre a ameaça do homem- com o senso comum de que a devastação e os conflitos na região são causados pela ganância dos fazendeiros e a verdade é que vários fatores contribuem para o caos, mas muito do estrago é causado pelo próprio governo, principalmente o Incra que leva assentamento de sem terra para o meio da floresta, o que é errado, e não dá nenhum apoio, além de não deixar o Ibama fiscalizar, criando a sensação de impunidade que leva a derrubada total da floresta.

Esses assentamentos já contribuem com 20% do desmatamento total. Somam 1,3 milhão de famílias nessa situação. A revista mostra que, como o Incra considera a reserva legal de 80% como área improdutiva, os fazendeiros com medo da desapropriação são induzidos a derrubar toda a sua reserva legal. E no sexto capítulo fala sobre propostas para o futuro, com o senso comum de que a única forma de salvar a floresta é proibir a exploração econômica por lá e a verdade é que existem bons planos para aliar a exploração econômica à preservação.

Entre as propostas novas, está o sistema de remuneração para tornar vantajoso conservar a floresta em pé, tema do artigo acima. Outra proposta é proibir novos assentamentos na Amazônia. Outra, é o oferecimento de linhas de crédito especificas para a recuperação e a reutilização de terras degradadas. Uma outra proposta, é mudar a legislação e permitir que sejam plantadas espécies exóticas, como o eucalipto, nas propriedades que desmataram além dos 20%. “Reflorestar com árvores exóticas dá retorno econômico e é tecnicamente viável” diz Francisco Graziano, secretário de Meio Ambiente de São Paulo. Outra proposta é a criação de certificados especiais para produtos originários de propriedades que atuam dentro da lei e observam boas práticas ambientais. Pode ajudar a diminuir o desmatamento ilegal.

O que é mais importante é que o debate está começando para valer e devia envolver segmentos importantes da sociedade, principalmente técnicos e pesquisadores nacionais e internacionais para que o país defina uma política de preservação e utilização da floresta que realmente seja exeqüível.

O tema do artigo acima pode ser muito interessante para algumas áreas selecionadas, principalmente porque possibilita recursos financeiros para tornar presente e eficiente a fiscalização na Amazônia.