terça-feira, 18 de dezembro de 2012

PRIORIDADE TOTAL PARA A EDUCAÇÃO


A aversão demonstrada pela governadora Roseana Sarney ao tema da educação é demonstrada no dia a dia dos seus governos. Quando ela saiu do governo para se desincompatibilizar e concorrer ao Senado em abril de 2002, após quase oito anos como chefe do executivo estadual, só havia ensino médio em 59 municípios do estado em um total de 217.
Prova mais clara de descaso não pode haver. Só a falta de interesse pela função mais importante para qualquer governo explica o descalabro. Todo governador que pensa com responsabilidade no desenvolvimento do seu estado sabe que o desenvolvimento só virá, se conseguir oferecer educação de qualidade nas escolas públicas do estado.
Esse é um valor reconhecido mundialmente. E os exemplos disponíveis no mundo são consagradores e irrefutáveis. Não dá para discutir.
Quando um governador assiste impassível às escolas públicas que ele administra tirarem as últimas notas em exames nacionais e o conjunto delas coloca o estado em último lugar, não há dúvidas de que aquele governador não está se importando minimamente com a população do seu estado.
É isso o que acontece aqui.
Educação de qualidade significa jovens preparados para o trabalho e para a vida, que é, por si só, o maior atrativo para a localização de empresas e permite a inovação e o uso de modernas tecnologias. É um horizonte que atrai o progresso, o desenvolvimento e a renda.
O Bird, em recente publicação sobre o Brasil e América Latina, afirma que: “A melhoria de qualidade de vida dos filhos em relação aos dos pais é muito limitada no Brasil e no restante da América Latina. (Imaginem no Maranhão que é o último do Brasil, eu pondero). Não há perspectiva de que os jovens consigam obter resultados pessoais desvinculados dos problemas inerentes à sua origem familiar e econômica. O problema central, destaca o Bird, é a péssima qualidade do ensino publico, que freia o movimento ascendente dessa parcela da população, limitando as suas oportunidades de trabalho e renda.”
Pode ter coisa mais importante para desenvolver o estado e aumentar a renda das pessoas? O Bird na verdade diz o seguinte: se não conseguirmos ter aqui uma educação de qualidade, não sairemos da pobreza, pois hoje a grande maioria das famílias é muito pobre e seus filhos continuarão pobres, sem uma escola pública decente.
O atual período de governo tem como marca o desinteresse com a educação pública. Afinal cinco secretários, alguns sem o menor perfil para o cargo, tiram quaisquer dúvidas. O fechamento de escolas é decorrência.
Esse fato traz consequências como os últimos lugares do ENEM, a menor renda per capita do país, a pobreza e a criminalidade. Afinal, escolaridade média de 5,7 anos não leva ninguém ao paraíso.
Esse será o grande desafio do futuro governador. Cabe a nós da oposição preparar um estudo completo, competente e racional para ser posto em prática desde o primeiro dia de 2015. Temos tempo.
O estado de Minas Gerais tomou há poucos dias uma medida, que ao meu juízo, é fundamental. Uma medida simples e corajosa, capaz de mexer com as causas que levam a apatia com a situação da educação pública. A partir daí, as famílias saberão em que tipo de escola matriculam seus filhos. Só isso é o inicio de uma grande revolução no ensino, pois terá como resultado a conscientização das famílias que pressionará governos, diretores e professores para oferecerem um ensino de melhor qualidade para a população. Todos terão que se mexer. Uma verdadeira revolução do bem.
Os governos finalmente serão cobrados e isso irresistivelmente levará a uma melhoria do ensino público. Virá então o aprimoramento na formação dos professores e a educação será finalmente tratada como prioridade mesmo.
Nova publicação dos resultados do ENEM feita pelo MEC mostra que 57,6% das escolas de ensino médio do Maranhão não teriam nenhum aluno diplomado, levando-se em conta os resultados dessa prova. E o que causa enorme preocupação é que alcançar o limite mínimo de 450 pontos na prova é muito fácil. Eis o que analisam os técnicos:
“Os resultados preocupam também porque, na prática, obter os 450 pontos nas provas objetivas, exigidos para a diplomação, não é uma tarefa de outro mundo no Enem. Um participante que entregasse a prova em branco em 2011 já tinha garantidos 321,8 pontos na avaliação de matemática, mesmo sem ter resolvido uma única questão. Isso ocorre porque o Enem obedece à Teoria da Resposta ao Item (TRI), método respeitado e usado em importantes avaliações internacionais. Segundo a TRI, a nota final do candidato não é obtida a partir da soma das alternativas corretas que ele assinalou no exame. Ao invés disso, cada questão tem um peso relativo, definido por uma "régua do conhecimento", cujo início não coincide com a nota zero: pode ser um valor por volta de 300. Segundo projeções de estudiosos, um estudante que assinale a mesma alternativa ("b", por exemplo) em todas as questões obtém 400 pontos na prova. Por isso, não atingir os 450 pontos é um resultado realmente ruim.”
É a maior prova do abandono e da irresponsabilidade.