terça-feira, 23 de fevereiro de 2016

NADA DE NOVO



O governo continua errando os seus alvos. E continua tentando domar o PMDB e viver de ilusões. É da natureza desse partido essa divisão interna que muitos de dentro e também de fora tentaram cooptar e não conseguiram. E acredito, não se conseguirá novamente. O governo trabalhou muito para viabilizar a eleição do deputado Leonardo Picciani (PMDB-RJ) para líder do partido na Câmara. O Picciani pai, presidente da Assembleia Legislativa do Rio, também usou todos os seus artifícios para eleger o filho, fazendo com que nove deputados que estavam em ministérios ou como secretários estaduais reassumissem por um dia os seus mandatos, votassem e, acabada a votação, retornaram aos cargos que ocupam. Houve até promessas de concessão de ministério, como o da Aviação Civil, destinado a bancada de Minas Gerais. 

Enfim, o governo jogou pesado e, mesmo assim, ganhou por sete votos de diferença, o que mostra a fragilidade do esforço. Sim, porque os suplentes já voltaram a ser deputados e, feitas as contas, o governo só pode contar com o voto certo de apenas vinte e sete dos sessenta e sete deputados do PMDB. Valeu a pena? Acho que não.

Na verdade o governo não consegue nem mesmo o apoio maciço do PT...

Mas se se disser que Eduardo Cunha está do outro lado, a presidente não resiste e parte para briga, sem avaliar muito bem os resultados.

Pelo que vejo no Congresso, nada mudou, o ambiente vai continuar hostil. Acredito que a presidente só conseguirá tirar o país da situação em que seu primeiro governo colocou o Brasil, se partir para a conciliação com o parlamento e com a sociedade. 

Mas para isso ela terá primeiro que reconhecer o caos em que colocou a economia nacional. Reconhecer que gasta muito mais do que pode tanto com pessoal quanto com custeio, que isso precisa parar, porque senão a dívida pública vai continuar subindo. E continuarão subindo também os juros, o dólar e o desemprego, tudo num afã de financiar a gastança sem sentido nenhum para o desenvolvimento da nação.

Ela precisa cortar o aparelhamento desenfreado do governo pelos militantes do PT. A começar pela Presidência da República, lotada de assessores nem sempre qualificados. Na revista Veja dessa semana, um petista que há mais de vinte anos trabalhava na Casa Civil e era subchefe cansou de alertar sucessivos Ministros da Casa Civil, entre os quais a própria Dilma, que “não cabia mais sequer uma pulga ali”, com o agravante é que eram gente sem qualificação adequada e podiam ter problemas com isso no futuro. Centenas de cargos DAS foram criados e a qualidade foi perdida. 

Porém, ninguém acredita que ela fará isso, temendo a reação do PT, sobre a qual ela não tem controle nenhum. Se isso chegou ao cerne do governo, ao Palácio do Planalto, imaginem nos demais ministérios. Mas, para ter autoridade de propor sacrifícios à nação, é necessário que ela demonstre que os cortes começarão por ela. Como ninguém acredita que ela vai fazer isso, fica muito difícil o apoio dos demais.

Estamos num tremendo impasse que só ela pode romper, mas dificilmente o fará. Essa é a realidade tenebrosa que ameaça a todos, com perda rápida da governabilidade e da credibilidade.

Mudando de assunto, vamos atabalhoadamente e sem estrutura combatendo o Aedes aegypti. Luta inglória, segundo o infectologista Artur Timerman, presidente da Sociedade Brasileira de Dengues e Arboviroses. Segundo o que diz o médico, a ameaça que o mosquito representa será sempre presente, dada a sua capacidade de adaptação e as condições brasileiras de país tropical de clima quente e úmido. Além disso, contribuem para isso a falta de infraestrutura da grande maioria das cidades brasileiras, que são cercadas de depósitos de lixo construídos sem nenhum critério, sem sistemas adequados de drenagem urbana, sem tratamento e sistemas de coleta de esgoto, com imensas deficiências no fornecimento de água potável. Quem sofre mais com isso, claro, são as regiões norte e nordeste, sendo esta última responsável pela notificação do maior número de casos de dengue, microcefalia e demais doenças correlatas.

Para Timerman, só teremos proteção efetiva com a vacina, mas se queixa de não conseguir obter do governo o material e nem a verba necessária para a pesquisa. No nordeste, os cientistas têm que pegar reagentes emprestados para trabalhar e identificar os anticorpos no sangue produzidos pela infecção. Não será possível desenvolver a vacina sem isso.

A estratégia adotada pelo Ministério da Saúde, que consiste em ir atrás do mosquito pode minorar o problema em certas áreas urbanas e até mesmo ter algum efeito local, mas não resolverá o problema, pois até para a notificação não existe um padrão e cada estado faz de um jeito, o que cientificamente não tem valor, por falta de credibilidade.

Como já temos muitos casos de estrangeiros infectados após visitarem o Brasil, é possível que  em breve uma vacina seja desenvolvida no exterior.

É a nossa esperança!

O Brasil, desorganizado desse jeito, dificilmente terá sucesso a curto prazo, embora tenhamos excelentes cientistas.