terça-feira, 4 de novembro de 2008

Monsanto paga US$290 mi por Pioneiras em Biotecnologia no Brasil

Estadão: SÃO PAULO - A norte-americana Monsanto, líder global em biotecnologia para a agricultura, anunciou nesta segunda-feira que pagará 290 milhões de dólares pelas operações das brasileiras Alellyx e CanaVialis, empresas do grupo Votorantim que atuam no desenvolvimento tecnológico de variedades agrícolas, com ênfase em cana-de-açúcar.

O negócio permitirá à multinacional a diversificação de seu portfólio agrícola e também, segundo a empresa, leva em conta o potencial da cana-de-açúcar para a produção de etanol.

"A demanda global por açúcar bruto e por biocombustíveis está começando a crescer em uma velocidade maior que os níveis atuais de produção de cana-de-açúcar, uma cultura essencial para atender essas demandas", disse o vice-presidente executivo de estratégia global da Monsanto, Carl Casale, em um comunicado.

A Alellyx, empresa que atua em desenvolvimento biotecnológico desde 2002, e a CanaVialis, que trabalha com melhorias de variedades de cana-de-açúcar desde 2003, já tinham acordos com a Monsanto, firmados em 2007, para o desenvolvimento de cana resistente ao herbicida glifosato (Roundup Ready) e ao ataque de insetos, com a tecnologia Bt.

"O expertise da Monsanto combinado com os conhecimentos da CanaVialis e Alellyx vão ajudar produtores a aumentar substancialmente a produtividade em um período mais curto de tempo", declarou o diretor-executivo da Votorantim Novos Negócios, Fernando Reinach.

A CanaVialis tem contratos com 46 usinas de cana no Brasil que produzem em uma área de 1,1 milhão de hectares.

Segundo a Monsanto, com o negócio a empresa tem o objetivo de aumentar a produtividade da cana, ao mesmo tempo em que reduz o volume de recursos necessários para o cultivo.

Quando os produtos melhorados geneticamente estiverem sendo utilizados, as empresas prevêem redução dos custos de produção nos canaviais, uma vez que vários agroquímicos deixarão de ser aplicados, tanto para o controle de ervas daninhas como para o controle de insetos.

A cana com tecnologia Bt seria resistente à broca (Diatraea saccharalis), um inseto cuja larva se alimenta da gramínea. Essa é uma das principais pragas da planta, que atualmente é combatida por meios químicos e biológicos. O mesmo gene poderia combater também a cigarrinha, outra "praga" da cultura, insetos esses que tendem a aumentar com a gradativa redução das queimadas da palha, com o avanço da colheita mecânica.

No caso da cana Roundup Ready, ela poderia ser bastante útil nas plantações que irão se desenvolver em áreas de pastagens degradadas. A cana resistente ao herbicida poderia ser eficiente em áreas que têm o capim-braquiária, de difícil combate atualmente. Hoje essa erva é retirada de plantações de cana por meio da capina ou por uma cuidadosa aplicação do herbicida.

A Alellyx é uma empresa pioneira na área de biotecnologia no Brasil. Ela foi fundada por um grupo de biólogos moleculares que haviam trabalhado no sequenciamento genético da bactéria Xylella fastidiosa, causadora da praga do amarelinho nos cítricos, bem como de outros organismos dentro de Projetos Genoma paulistas, brasileiros e internacionais.
(Texto de Roberto Samora; edição de Marcelo Teixeira)

Comentário do Blog: As empresas americanas e os laboratórios ligados a biotecnologia estão tentando obter etanol de outras fontes que não milho. Estão investindo milhões de dólares. Portanto, a vinda da Monsanto para tentar melhorar ainda mais a produção de etanol da cana de açúcar é muito importante. Vai aproveitar as pesquisas que estavam sendo feitas pelas empresas brasileiras incorporadas, preenchendo com capitais privados o que o governo brasileiro não estava fazendo. Como sabemos, faltavam recursos para o desenvolvimento tecnológico do etanol, em termos de acrescentar mais competitividade, para que possa se tornar de fato uma opção energética global.

Linguagem Gestual e Política

A observação das campanhas eleitorais, principalmente no segundo turno, nos dá uma idéia da importância do planejamento na evolução da campanha para chegar ao resultado pretendido.
Tomas Holbrook, estudioso de campanhas pelo mundo, diz, entre outras coisas:


1. Como o valor da informação diminui com o aumento do volume de informações, os eventos que acontecem no início do período de campanha têm um potencial maior de influenciar os eleitores do que os eventos que ocorrem na parte final. "Lei" do rendimento decrescente das informações.
No final da campanha, o eleitor assimila menos informação que no começo. E as revelações, a menos que sejam inéditas e muito sérias, fazem menos efeito.


2. Os partidos na campanha não são fonte de informação. A campanha é centrada no candidato.
Podemos citar aqui o caso do Rio de Janeiro. Gabeira é do PV, mas não foi o partido que fez com que milhões de eleitores votassem nele e sim o jeito novo de fazer a campanha, eticamente, mas sem deixar de criticar, de analisar e de mostrar as incoerências do opositor. Análise da história do adversário e de suas promessas não é baixaria. Desde que falando a verdade e não descambando para a desqualificação e insultos.

O fato de Gabeira não ter locutor e ele próprio apresentar o seu programa conferiu mais credibilidade as suas promessas.

A derrota por meros 55 mil votos em um eleitorado de mais de 4 milhões de votantes deu a ele um novo e importante status. Saiu como vencedor. Entre as causas apontadas que concorreram para sua derrota nas urnas está no feriado de segunda-feira que transformou o final de semana em um feriadão e muita gente aproveitou para viajar com a família, principalmente os moradores da zona sul, que formavam a base maior dos votos em Gabeira. A abstenção gigantesca foi de mais de 1,3 milhão de eleitores. Em São Luís, a abstenção foi a maior entre as capitais, proporcionalmente, e chegou a mais de 130 mil eleitores.

3. Expectativa de quem vai ganhar pode influenciar indecisos na reta final.


As pesquisas eleitorais no Maranhão, com raras exceções, foram um desastre. Teve de tudo. Pelo exagero em alguns casos, pode ter influenciado uma camada de eleitores mais desatentos.
Na campanha, os debates são um caso a parte. E é um elemento muito complexo e repleto de riscos. Às vezes um candidato se sai muito bem, encurrala o oponente, demonstra que tem conhecimento muito maior dos problemas, mas alguma coisa em sua postura, no seu jeito de falar, no seu semblante, pode lhe tirar ou não lhe dar novos votos. O brasileiro tende a querer proteger os mais fracos e pode terminar se solidarizando com aquele que lhe pareceu mais desprotegido. O voto é emocional, não é racional e o eleitor frequentemente escolhe pela emoção.
No caso de São Luís, Duda Mendonça foi muito feliz ao escolher o mote da campanha de Castelo o “Agora Vai” bem combinado com a música fácil de reter. Esse mote relembrava as derrotas do passado, mas induzia o eleitor de que agora era diferente. Castelo, por sua vez, vestiu muito bem o personagem e sempre muito simpático, parecendo feliz, teve êxito.

Trechos da matéria "Um abraço é uma mensagem política" no El País(Espanha) de 28/10/2008 que é muito esclarecedora:


"Nas campanhas eleitorais, as expressões corporais e os gestos constituem aspectos fundamentais. Não se pode esquecer que o ato do voto é, definitivamente, um ato de confiança, e a confiança é um sentimento, é algo que pertence à esfera emocional. Num debate, por exemplo, encontramos posturas, expressões, caras que ultrapassam muitos conhecimentos racionais e institucionais, explica Izurieta.

Mas como conseguir que um candidato projete essa confiança? Além do olhar, são necessários abraços, sorrisos, um choro e uma clara efusão? Depende.


"Os bons treinadores de políticos em campanhas eleitorais conhecem uma das regras básicas da comunicação institucional", prossegue Izurieta. "Antes de mais nada, não se deve mudar a forma de ser dos candidatos. É importante levar em conta que os debates se realizam em cenários antinaturais e incômodos por definição. Pois bem, deve-se procurar que o candidato se sinta cômodo. E para sentir-se cômodo, devem-se desenvolver certas habilidades de cada um. Além disso, existem técnicas para desenvolver esse tipo de carisma diante de um público moderno, que percebe cada vez mais a comunicação da imagem como algo decisivo. Aqui se encontra a importância da comunicação corporal".

“ Por esta razão, nas palavras de García Huete, um personagem da esfera pública deveria estar consciente da necessidade de coerência entre as linguagens verbal e não-verbal. Porque tem de haver coerência? Coloquemos um exemplo. "Se alguém, diante de um auditório, diz que 'vai para a esquerda' e, ao mesmo tempo, levanta a mão direita, a maioria dos que escutam e observam assumirá esta mensagem: esse senhor caminha para a direita". Por isso, é importante que as palavras sejam acompanhadas de gestos coerentes. Começando pelo olhar.

De todas as formas, embora sejam evidentes as diferenças culturais e de gênero, também existem algumas exceções à regras. São as expressões do rosto. Em particular, a manifestação pública de alegria pode constituir a chave do êxito de uma mensagem política. Por quê? "Diz-se que em torno de 60% das emoções e do que sentimos podem ser lidos nos gestos e nas expressões dos rostos", comenta García Huete. "E a gente, por vezes de forma inconsciente, prestará muita atenção nesses aspectos, assim como nos movimentos das mãos".
A conclusão é de que suas chances como candidato aumentam muito se ao seu lado estiverem profissionais competentes que sabem o que estão fazendo e conhecem as reações dos eleitores. Isso se consegue com pesquisas constantes, diárias, medindo tudo o que você faz. Nunca confie apenas em seu instinto!