terça-feira, 25 de dezembro de 2012

PARTICIPAÇÃO E MUDANÇA



O estado do Ceará era um estado dominado pelos coronéis, até que a sociedade civil decidiu participar ativamente contra essa situação. Inicialmente, estudando a fundo os indicadores socioeconômicos, ou seja, a realidade do estado e seus problemas, o semi-árido incluído, e debatendo programas de desenvolvimento que pudessem indicar oportunidades para elevar de patamar o PIB, a renda per capita, a educação, o IDH, chegando, assim, a um desenvolvimento compatível com as potencialidades do estado.

Como a Federação de Indústrias do Ceará era um feudo dos coronéis que se revezavam no comando do estado, e essas pessoas que resolveram reagir eram jovens empresários e professores universitários, alguns do ramo da indústria e do comércio, resolveram criar uma entidade empresarial comandada por eles e ajudados pelo governador Gonzaga Mota, que havia se afastado dos coronéis. Eles passaram a usar essa entidade para centralizar ali os estudos e programas necessários para mudar o estado.

Eu mesmo, formado em engenharia pela Universidade Federal do Ceará, fiz ali várias palestras, uma como Diretor Geral do DNOS e outras como Superintendente da Sudene e Ministro dos Transportes. No DNOS, mostrei os estudos da transposição de águas do Rio São Francisco, um projeto que se originou na minha administração por determinação do ministro Mário Andreazza. Desse projeto saiu uma obra fundamental para o estado, que foi a Barragem do Castanhão, já realizada, que permitiu regularizar o Rio Jaguaribe, que antes tinha suas preciosas águas indo direto para o oceano, com grandes benefícios não só para o abastecimento de água em diversas cidades, inclusive Fortaleza, como também para a agricultura. Na SUDENE, falei sobre os projetos de desenvolvimento do órgão e as prioridades para o Ceará. Já no Ministério dos Transportes, sobre a infraestrutura de transportes do estado e a priorização das mais importantes.

Dessa entidade saíram governadores, senadores, deputados, secretários de estado e hoje o estado do Ceará é o que é, um dos mais desenvolvidos do Nordeste, graças aos debates e estudos ali propostos e realizados.

No Maranhão não se vê nada disso, pois a sociedade parece contida pelo receio de contrariar o grupo que há cinquenta anos manda no estado, causa direta do atraso e da pobreza aqui existente.

E olhe que a situação do Ceará jamais chegou ao fundo do poço que atingimos. Aqui a sociedade nada discute nem nada propõe. Nem em relação ao mais fundamental dos nossos problemas que é a educação, a pior do Brasil. Isso permite que as coisas não mudem e que cada vez nos afundemos mais na pobreza e na desesperança.

Vejo, porém, uma esperança na nova postura da Fiema, aberta a discussão e ao estudo dos problemas do Maranhão, entre eles a educação. Mesmo porque sem educação de qualidade e boa formação de mão de obra o desenvolvimento fica tolhido e contido, pois com a menor renda per capita do país, os negócios se restringem a uma pequena parte da população.

Está mais do que na hora da sociedade civil se dispor a repetir aqui o que foi feito nos anos 80 no vizinho estado do Ceará e que, desta forma, todo esse quadro desolador de atraso e pobreza possa mudar de vez.

Precisamos de projetos que sejam de Estado e não apenas de governos, que mudam de orientação de quatro em quatro anos. Projetos permanentes, definidos em consenso e debates para serem aplicados por governos sucessivamente, com metas a alcançar.

Vamos nos unir e encarar esse desafio de estudar e debater, para mudar o Maranhão.
Ruim é ficarmos como estamos hoje.

A todos os meus amigos e leitores um Feliz Natal. Que haja alegria em seus lares, paz e muitas felicidades. É o que desejamos eu e minha família a todos os maranhenses.

terça-feira, 18 de dezembro de 2012

PRIORIDADE TOTAL PARA A EDUCAÇÃO


A aversão demonstrada pela governadora Roseana Sarney ao tema da educação é demonstrada no dia a dia dos seus governos. Quando ela saiu do governo para se desincompatibilizar e concorrer ao Senado em abril de 2002, após quase oito anos como chefe do executivo estadual, só havia ensino médio em 59 municípios do estado em um total de 217.
Prova mais clara de descaso não pode haver. Só a falta de interesse pela função mais importante para qualquer governo explica o descalabro. Todo governador que pensa com responsabilidade no desenvolvimento do seu estado sabe que o desenvolvimento só virá, se conseguir oferecer educação de qualidade nas escolas públicas do estado.
Esse é um valor reconhecido mundialmente. E os exemplos disponíveis no mundo são consagradores e irrefutáveis. Não dá para discutir.
Quando um governador assiste impassível às escolas públicas que ele administra tirarem as últimas notas em exames nacionais e o conjunto delas coloca o estado em último lugar, não há dúvidas de que aquele governador não está se importando minimamente com a população do seu estado.
É isso o que acontece aqui.
Educação de qualidade significa jovens preparados para o trabalho e para a vida, que é, por si só, o maior atrativo para a localização de empresas e permite a inovação e o uso de modernas tecnologias. É um horizonte que atrai o progresso, o desenvolvimento e a renda.
O Bird, em recente publicação sobre o Brasil e América Latina, afirma que: “A melhoria de qualidade de vida dos filhos em relação aos dos pais é muito limitada no Brasil e no restante da América Latina. (Imaginem no Maranhão que é o último do Brasil, eu pondero). Não há perspectiva de que os jovens consigam obter resultados pessoais desvinculados dos problemas inerentes à sua origem familiar e econômica. O problema central, destaca o Bird, é a péssima qualidade do ensino publico, que freia o movimento ascendente dessa parcela da população, limitando as suas oportunidades de trabalho e renda.”
Pode ter coisa mais importante para desenvolver o estado e aumentar a renda das pessoas? O Bird na verdade diz o seguinte: se não conseguirmos ter aqui uma educação de qualidade, não sairemos da pobreza, pois hoje a grande maioria das famílias é muito pobre e seus filhos continuarão pobres, sem uma escola pública decente.
O atual período de governo tem como marca o desinteresse com a educação pública. Afinal cinco secretários, alguns sem o menor perfil para o cargo, tiram quaisquer dúvidas. O fechamento de escolas é decorrência.
Esse fato traz consequências como os últimos lugares do ENEM, a menor renda per capita do país, a pobreza e a criminalidade. Afinal, escolaridade média de 5,7 anos não leva ninguém ao paraíso.
Esse será o grande desafio do futuro governador. Cabe a nós da oposição preparar um estudo completo, competente e racional para ser posto em prática desde o primeiro dia de 2015. Temos tempo.
O estado de Minas Gerais tomou há poucos dias uma medida, que ao meu juízo, é fundamental. Uma medida simples e corajosa, capaz de mexer com as causas que levam a apatia com a situação da educação pública. A partir daí, as famílias saberão em que tipo de escola matriculam seus filhos. Só isso é o inicio de uma grande revolução no ensino, pois terá como resultado a conscientização das famílias que pressionará governos, diretores e professores para oferecerem um ensino de melhor qualidade para a população. Todos terão que se mexer. Uma verdadeira revolução do bem.
Os governos finalmente serão cobrados e isso irresistivelmente levará a uma melhoria do ensino público. Virá então o aprimoramento na formação dos professores e a educação será finalmente tratada como prioridade mesmo.
Nova publicação dos resultados do ENEM feita pelo MEC mostra que 57,6% das escolas de ensino médio do Maranhão não teriam nenhum aluno diplomado, levando-se em conta os resultados dessa prova. E o que causa enorme preocupação é que alcançar o limite mínimo de 450 pontos na prova é muito fácil. Eis o que analisam os técnicos:
“Os resultados preocupam também porque, na prática, obter os 450 pontos nas provas objetivas, exigidos para a diplomação, não é uma tarefa de outro mundo no Enem. Um participante que entregasse a prova em branco em 2011 já tinha garantidos 321,8 pontos na avaliação de matemática, mesmo sem ter resolvido uma única questão. Isso ocorre porque o Enem obedece à Teoria da Resposta ao Item (TRI), método respeitado e usado em importantes avaliações internacionais. Segundo a TRI, a nota final do candidato não é obtida a partir da soma das alternativas corretas que ele assinalou no exame. Ao invés disso, cada questão tem um peso relativo, definido por uma "régua do conhecimento", cujo início não coincide com a nota zero: pode ser um valor por volta de 300. Segundo projeções de estudiosos, um estudante que assinale a mesma alternativa ("b", por exemplo) em todas as questões obtém 400 pontos na prova. Por isso, não atingir os 450 pontos é um resultado realmente ruim.”
É a maior prova do abandono e da irresponsabilidade.

terça-feira, 11 de dezembro de 2012

VIAGEM E ESPECULAÇÕES


Sábado passado, mais uma entre várias notas publicadas especulava sobre a inesperada viagem da presidente ao Maranhão, onde havia muito não aparecia. Na seção Painel da Folha de São Paulo foi publicada uma nota, transcrita na íntegra: “Primeira Classe - Além de afagar José Sarney com a Presidência da República e de ter viajado para o Maranhão, comandado por Roseana Sarney, Dilma convidou a governadora para integrar sua comitiva na incursão europeia a partir de amanhã”. O jornal O Estado de São Paulo, de mesma data, mostra que a presidente manobrou para que Sarney, quarto na ordem hierárquica para ocupar a Presidência da República, exercesse a presidência por dois dias com a viagem do vice-presidente e do presidente da Câmara para o exterior na mesma época da viagem da presidente ao exterior.
Essa Presidência interina seria uma “homenagem” de Dilma ao aliado. A matéria também se refere à viagem da presidente ao Maranhão, quando destacou a parceria do Planalto com o Estado e tratou Sarney como uma das “mais destacadas personalidades” maranhenses. Assessores do Planalto, no entanto, negam que a composição seria uma tentativa de fazer um agrado ao senador no momento em que ele poderá ser instado a colocar a derrubada do veto presidencial ao projeto dos royalties do petróleo, conclui o jornal.
 Seria a questão do veto, que, se derrubado pelo Congresso Nacional, configuraria uma grande derrota da presidente, que seria desautorizada pelos congressistas, o motivo da visita? Essa especulação domina a imprensa nacional, já que o presidente do Senado é maranhense e, em tese, parte interessada na votação, pois o veto presidencial ao projeto dos royalties do petróleo, que beneficiou os estados do Rio de Janeiro e Espirito Santo com apoio de São Paulo, prejudicou todos os demais.
O senador altamente paparicado pela presidente na verdade encontra-se em um momento decisivo de sua biografia de politico maranhense. O estado precisa dos recursos dos royalties do petróleo, o que mobiliza todos os governadores do nordeste e do Brasil, com exceção dos três já citados. Tendo a faca e o queijo nas mãos, ficará com o Maranhão ou com a gratidão da Presidente? Vamos acompanhar.
Com efeito, a imprensa sulista explica a intempestiva viagem da Presidente, rápida e sem objetivo definido, sem tratar de nenhum dos grandes problemas do estado, que continuam sem solução e cada vez mais expostos ao país.
O senador José Sarney novamente escreve sobre um Maranhão que poderá ser da maneira que ele descreve, mas necessariamente a partir de 2014, com uma possível derrota de seu grupo politico na eleição para o governo do estado. Hoje está muito longe disso... É de um ufanismo delirante o artigo, a ponto de achar que está tudo maravilhoso e que só alguns maus maranhenses se recusam a não ver o grande progresso e vivem tentando convencer o país que o Maranhão é um estado pobre. Chega a dizer que o estado teve um crescimento do PIB maior que todo mundo, mas não explica porque estávamos em 16o. lugar e agora com todo esse crescimento, ficamos em 17o. lugar, como ele mesmo coloca no seu artigo.
O mais interessante é que eles fazem uma administração caótica e que os institutos federais de pesquisa mostram que somos os últimos na educação, temos a menor renda per capita do país, a nossa capital é a quinta capital brasileira mais violenta, vivemos em eterno racionamento de água, a entrada e saída da ilha é um congestionamento só, perdemos o aeroporto internacional que já tivemos, nossas praias estão todas poluídas, nosso IDH é o pior do país e nós, que lutamos para mudar, é que  prejudicamos o estado por não nos conformarmos com a pobreza e o abandono do estado.
A Fundação Getúlio Vargas publicou semana passada um indicador que mede o desenvolvimento social dos estados, levando em consideração educação, saúde, segurança, que coloca em primeiro do país o DF e o estado de São Paulo e adivinha quem em último? O Maranhão. Atrás de todos os outros. E o governo publicou o SIS (Síntese dos Indicadores Sociais), mostrando que a população brasileira estava em 2011 vulnerável segundo critérios sociais e/ou de renda, mas esse percentual tem fortes variações regionais: chega a 40 por cento no Norte e 40,1 por cento no Nordeste, mas não passa de 11,3 por cento no Sul. O estado recordista negativamente é o Maranhão com, 53 por cento.
O senador não consegue ver defeitos no governo da filha, entretanto, vê muitos defeitos em quem ousa discutir esses assuntos. Se não conhecermos a realidade ou tentarmos escondê-la, como quer o senador, jamais poderemos melhorar.
Pelo contrário, só o estudo criterioso da nossa realidade e dos programas necessários para resolver os nossos problemas nos levará a superar esse quadro terrível de pobreza e desigualdade.
Do governo nada poderá vir de bom, pois, embora os diversos indicadores sejam indiscutíveis, eles não querem reconhecer a terrível situação em que vive a nossa população. Para eles está perfeito e deve ficar como está. Nada de mudar.
Fica mais que evidente que só a oposição poderá mudar o Maranhão e isso poderá vir já em 2014, com a vitória da oposição e mudança desse estado de coisas.
O Maranhão merece mais, muito mais.

terça-feira, 4 de dezembro de 2012

REUNIÃO SEM RESULTADOS


Roseana Sarney se acostumou a promover reuniões com prefeitos, objetivando unicamente demonstrar força política. Faz isso escorada no seu poderoso sistema de comunicação, que existe para mostrar o que nem sempre existe. Como a oposição não tem acesso às emissoras de televisão, fica fácil tentar vender “gato por lebre”.

Mas está cada vez mais difícil para Roseana, que parece viver antecipadamente as dificuldades inerentes e características de um governo que se aproxima do final de mandato. E ainda falta mais da metade dele. 

Pois bem, a reunião preparada com esmero e estardalhaço midiático foi na verdade um retumbante fracasso. A começar pela ausência do principal convidado, o recém-eleito prefeito de São Luís. O jornal da família avisava todos os dias que ele havia sido convidado e que a governadora o esperava para “continuar” a parceria com a prefeitura de São Luís. Esse seria o troféu maior da reunião. Seja lá como for, ele não foi e isto contribuiu para esvaziar a reunião. E fez muito bem.

Na verdade toda a classe política sabia que aquilo estava sendo montado apenas para apresentar Luís Fernando para os novos prefeitos. Toda a montagem foi com essa finalidade. Acontece, no entanto, que os políticos, quando olham o Chefe da Casa Civil, só enxergam Jorge Murad e isso é péssimo para o candidato.

O maior boicote à reunião partiu mesmo foi de parte importante do próprio grupo político da governadora, deixando muito visível o racha e a desunião do grupo, quase sem comando. E isso só tende a piorar. 

O vice-governador certamente ainda não digeriu o que sofreu na aventura da candidatura a prefeito, que assumiu contando com o apoio integral do grupo, mas o que sentiu foi o abandono e o desinteresse da cúpula governamental. Os prefeitos ligados a ele, que o consultaram se deviam ir, foram desestimulados e lá não apareceram.

Gastão Vieira, que está sempre aqui pelo menor motivo, estranhamente não compareceu. Na verdade não quis vir fortalecer a candidatura de Luís Fernando certamente porque também alimenta pretensões de ser o candidato. Lobão, hoje o político mais forte do grupo fora da família Sarney, também não foi, tampouco mandou representante. Estava em recuperação de problemas de saúde e se livrou do mico de ter que ir bater palmas para o candidato oficial do governo. Muitos deputados também por lá não passaram, certamente por terem outras preferências de candidaturas.

E o pior veio da reação dos futuros prefeitos que, enfastiados com tantas aulas de “gestão”, queriam mesmo saber era de convênios e o que estava programado de ajuda financeira e assistência aos municípios. Ficaram tão enfarados que, depois da abertura, o quórum não passou de cinquenta prefeitos sonolentos.

Enfim, mudando de assunto, foi patética a nota do governo, incomodado pelo absoluto sucesso da obra ainda por inaugurar, mas já em uso pela população, do prolongamento da Avenida Litorânea. É uma unanimidade o reconhecimento da cidade pela conclusão da primeira parte da avenida prometida por Castelo. Ela não veio antes e não foi mais extensa devido  à perseguição total do governo Rosean, que não queria deixar Castelo fazer essa obra. Primeiro não permitiu que Castelo usasse os recursos conveniados por Jackson Lago antes de sair. Depois usou todo o seu poder oligárquico para embargar a obra, não permitindo sua execução por Castelo. Assim, o prefeito só conseguiu a liberação no seu último ano de governo na justiça federal. A tremenda perseguição movida contra Castelo em todo o seu período de governo na verdade só prejudicou a população da cidade. Agora diz que não foi ela. Mas não adianta, todo mundo sabe. 

O governo estadual está agindo como se não acreditasse na sua continuidade a partir de 2014. Ou poderiam ter outra explicação os empréstimos bilionários que deixarão o estado em situação financeira muito difícil? Eu fiquei quase cinco anos como governador sem tomar empréstimos. Conseguimos isso com o equilíbrio financeiro das contas estaduais havidas a muito custo e, em decorrência disso, tivemos muitos recursos para investir.

Agora tudo mudou com o estado em busca de financiamento. E o pior: não cumprindo com as suas obrigações constitucionais, pois não paga precatórios a tal ponto que já deve R$ 420 milhões. Só em 2012 o contingente que não foi pago atinge R$ 180 milhões. Estado caloteiro e que vai se desacreditando agindo assim. Para questões dessa natureza, está prevista até intervenção federal no governo.

O que fizeram com tanto dinheiro? O orçamento deste ano vai a R$ 13 bilhões e não tem dinheiro?

E para concluir, estudo publicado na Folha de São Paulo, na sexta-feira passada, realizado pela consultoria britânica EIU (Economist Intelligence Unit) com patrocínio do CLP (Centro de Liderança Pública), revela que a maior parte dos estados brasileiros tem um ambiente de negócios pouco atrativo para investidores de fora. Em média, as 27 unidades da Federação receberam nota de 41,5 (de um total possível de cem) para os 26 indicadores avaliados, distribuídos em 8 categorias. Cinco estados têm um ambiente de negócios considerado bom, 18 estados receberam classificação moderada e apenas três receberam nota baixa. São Maranhão, Piauí e Amapá. E tem mais: o Maranhão e o Amapá pioraram a nota em relação a 2011 respectivamente em menos 3,1 e 3,4. 

E ainda têm coragem de dizer que o Maranhão está “bombando”. Por enquanto, certamente apenas nas notas dos nossos alunos o estão lamentavelmente como as menores do país. 

E a prioridade da refinaria? Dilma nem se deu ao trabalho de ir até lá...

terça-feira, 27 de novembro de 2012

NÃO HÁ PERIGO DE MELHORAR


E na semana passada mais duas notícias terríveis para o Maranhão, embora não se constituam em nenhuma surpresa para aqueles que acompanham mais de perto o que está acontecendo com o estado desde que Roseana Sarney assumiu o governo. O resultado do Enem de 2012 mostra que o estado afunda cada vez mais, com índices terríveis obtidos pelos alunos maranhenses. E o PIB por pessoa traz o que já havíamos antecipado aqui, alertados e baseando-nos no professor José Lemos. O Maranhão, que havia se distanciado dos últimos lugares entre os estados brasileiros nesse importantíssimo indicador econômico-social, regride rapidamente e agora apresenta a menor renda per capita do Brasil, ultrapassado por Alagoas e Piauí. O último!
Frederico Cunha, Coordenador das Contas Nacionais Anuais do IBGE, declarou “O último lugar era do Piauí, agora é do Maranhão”. Que distinção!
Nas provas do Enem, o Maranhão conseguiu a proeza de estar entre os dez últimos lugares do país. E pior ainda: com cinco escolas presentes no ranking, inclusive a que ficou em último lugar. Pode haver pior do que isso? O que dirão agora? Certamente virá uma explicação estapafúrdia, como a própria gestão que fazem...
Roseana contribui fortemente para esse lamentável resultado, pois trata a educação quase como um aborrecimento com que tem de lidar. Não dá prioridade, tampouco apoio. Só nesse período, nomeou cinco secretários nessa área, impedindo qualquer trabalho sério por parte deles, mesmo que bem qualificados, o que normalmente não é verdade. Lembram que ela saiu do governo em 2002 e não havia ensino médio em 157 municípios? O que se pode esperar então?
Mesmo assim, estejamos preparados, porque a governadora não se tocará com nada e nem dará nenhuma explicação para os resultados desastrosos do seu governo. Ela quer tenta passar a impressão para todos que o Maranhão está em um momento mágico de riqueza e desenvolvimento. José Sarney, esse então parece que só recebe informação dela, pois escreveu artigo dizendo que o Maranhão cresce à ritmos chineses, caminhando para ser um dos estados mais ricos do país. Como assim? E não há o que o convença do contrário... E logo ele que tem prestígio enorme e a atenção dos mandatários da nação. Se ao menos admitisse e, em consequência disso, lutasse para resolver, mas não. É intriga da oposição, diz...
Eis os dados da tragédia: Maranhão, último PIB por pessoa, com R$ 6.888, 60; Piauí com R$ 7. 072, 80; Alagoas com R$ 7.874,21, são agora os três últimos. O de maior renda é o DF, com R$ 58.489,46 e a média nacional é R$ 19.766,33. O Maranhão tem renda per capita três vezes menor que a média nacional. Como justificar isso em um estado com o potencial do nosso, muito melhor aquinhoado pela natureza do que os nossos vizinhos?
Mas na política...
O Maranhão puxado pelo agronegócio teve incremento no PIB, embora mantivesse a sua posição relativa na parte de baixo do bloco intermediário. O grande crescimento industrial do estado, apregoado por Roseana Sarney, continua invisível para as contas nacionais embora “muito vivo” nas propagandas governamentais.
O fato é que com a educação que temos no estado não vamos para lugar nenhum, mas poderemos piorar, como agora no PIB per capita. O bordão jocoso do deputado Tiririca “Pior do que está, não fica”, pode ser desmoralizado por aqui...
Mas as notícias ruins não param de ser divulgadas. A ONG Contas Abertas divulgou que o governo do Maranhão foi o sétimo estado que mais piorou a transparência das contas do governo e é menos transparente do que em 2010. Foi um dos nove em que, ao invés de maior transparência, piorou. Todos os outros melhoraram.
Não bastasse isso, temos ainda a escalada da violência: São Luís com 56,1 mortes violentas por 100 mil pessoas, assumindo o posto de quinta cidade mais violenta do país. E vejam que São Paulo com todo esse alarde é a menos violenta do país, com o índice de 13,0 por 100 mil habitantes. O problema é muito grave, a Secretaria está mobilizada, mas o governo não dá o apoio que o problema, gravíssimo, mereceria de qualquer governo atento.
 O fato é que a calamidade pública parece ser marca deste governo. Este é o quadro atual na educação, na pobreza e na renda, na segurança, na ausência de água nas torneiras, no esgoto sem tratamento que polui as praias, no atendimento da saúde e na transparência, nas contas públicas. A cada dia que passa cada um desses setores piora.
Por falar nisso até quando o PAM Diamante vai ficar fechado?

terça-feira, 20 de novembro de 2012

EDUCAÇÃO E CONSCIÊNCIA


A sorte da maioria dos governantes, notadamente aqueles que não se importam com a sorte da população, desde que estas não consigam perceber como estão sendo enganadas, é que grande parte da comunidade é crédula e se orienta por informações que lhes são dadas, sem análise critica por parte delas.

Estou falando da atitude das famílias em relação à educação de seus filhos. Não estou dizendo que as famílias não saibam da importância da educação para o futuro dos seus filhos. Isso elas sabem e muito bem. Mas, então, por que nas pesquisas nunca aparece a educação como prioridade para a população pesquisada? Parece até que elas estão satisfeitas com a educação que é ministrada aos seus filhos.

Isso se dá porque as famílias maranhenses acreditam que cumprem as suas obrigações ao colocarem seus filhos nas escolas públicas mais próximas das suas casas. Tanto têm consciência da grande importância das escolas no futuro deles que, ao ter acesso a uma pesquisa qualitativa anos atrás, após uma prolongada greve de professores durante o governo de Jackson Lago, li que as mães estavam muito zangadas com ele por não resolver logo essa greve e assim permitir que os seus filhos pudessem  novamente ter aulas. 

Elas diziam “Qual vai ser o futuro dos meus filhos sem estudarem? Eles estão sendo muito prejudicados com isso. Isso não pode acontecer”. Assim, não há dúvidas de que a população sabe da importância da educação para o futuro dos seus filhos. Não há dúvidas sobre isso. Eles  sentem que estão fazendo tudo que podem pelo futuro dos filhos ao deixá-los todos os dias no colégio. O que os pais não sabem é se aquela escola está realmente dando àqueles um bom nível de educação que os permita ir em frente.

Como é de quase  100 por cento o número de alunos  que na idade certa estão  matriculados nas escolas, parece que essa grande preocupação com a educação está atendida. Isso parece satisfatório e deixa de ser uma prioridade para as mães já envolvidas com tantos problemas e dificuldades no dia a dia. 

É por isso que governos que não cuidam como deveriam da educação continuam a ter votos e não são pressionados e nem cobrados por isso. 

As famílias, principalmente as mães, deveriam ouvir o que disse a presidente Dilma há poucos dias no lançamento de um programa de alfabetização: “A insuficiência de aprendizado das crianças brasileiras da escola pública está na raiz da desigualdade e da exclusão”.

A presidente, ao fazer esse alerta, está coberta de razões, porque tem acesso aos indicadores que medem o nível de qualidade das escolas públicas brasileiras que ficam nos últimos lugares nas competições internacionais de qualidade. E sabe também que hoje, e cada vez mais, a competição é global e é a inovação e a qualidade da mão de obra, que impulsionará, ou não, uma nação nesse mundo globalizado. 

A frase da presidente define bem o que se passa no país. Acontece que esses indicadores médios do Brasil são muito melhores que os do Maranhão, que são os piores do país. 

Com efeito, dada a inércia governo do Maranhão para melhorar essa situação, estamos destinados a criar empregos no estado para jovens de outras partes do país, contentando-se os maranhenses com empregos de baixa exigência de qualificação e, por consequência, mal remunerados. 

É a desigualdade e a exclusão descritas pela presidente.

Portanto, não há o que comemorar por aqui, enquanto a nossa educação for a pior entre todos os estados.

É necessário que as mães e os pais de família tomem consciência disso e possam se indignar com esse estado de coisas e passem a pressionar os governos e exigir que a educação passe a ser, de verdade, uma grande prioridade nesse estado. Tudo mudaria se ameaçassem não mais votar em quem não conseguisse melhorar esse estado de coisas.

Para que isso possa acontecer, será necessário que os partidos que estão comprometidos verdadeiramente com a mudança passem a se devotar a esse tema e a conscientizar a população. É preciso que as lideranças comprometidas com a mudança abracem essa causa e a levem à população.

A presença das famílias nas escolas, participando de tudo, é mais do que comprovada como muito importante para melhorar a escola. 

O economista Gustavo Ioschpe, estudioso da educação, tem pregado que seria muito importante que as escolas tivessem afixadas em grandes letreiros as notas que os seus alunos tiraram nos exames nacionais. As mães veriam com facilidade se aquela é uma boa escola ou não, tendo acesso fácil à nota que tal estabelecimento conseguiu. Se não fosse boa, sairia à busca de uma escola melhor, que tenha uma nota mais alta, para matricular seus filhos. 

Isso obrigaria o governo a se mexer, assim como a diretora e os professores daquela escola.

Seria um passo gigantesco no sentido da melhora do ensino de nossas escolas públicas.   

terça-feira, 13 de novembro de 2012

EDUCAÇÃO E PROSPERIDADE


O chefe do Clã escreveu um artigo mostrando o que planejam fazer: liquidar com o conceito do novo, vitorioso na eleição recente em São Luís, para impedir que esse conceito seja um grande cabo eleitoral do Flávio Dino em 2014. Como fazer isso? Desqualificando a nova administração de São Luís e, por isso, Edivaldo que se cuide, pois deve apanhar muito, com razão ou não. Não interessa.
Assim, ao final,  vai ser difícil que só “o novo”  ganhe eleições tão cedo por aqui. Vai ser preciso conseguir convencer a população de que tem projetos muito bem elaborados e que está muito preparado para finalmente mudar o Maranhão. Talvez isso acabe sendo melhor para a população, pois exigirá dos candidatos um conhecimento muito melhor dos problemas e necessidades do estado e acabe com muitas fantasias e promessas mirabolantes. Tomara.
O desenvolvimento do Maranhão é inexorável. Nós temos o maior potencial de crescimento da região, uma região que viceja a olhos vistos, mas infelizmente estamos atrás de quase todos os outros estados. Por quê?
Por vários motivos. Se compararmos com outros estados da região, todos eles se libertaram das oligarquias que os aprisionavam politicamente no passado. Só não o Maranhão e Alagoas. Exatamente os mais atrasados, juntos com o mais pobre de todos, o Piauí.
Mas à medida que o Brasil se apercebe do declínio político do grupo dominante, os empresários vão se animando. O governador Jackson Lago mandou fazer uma pesquisa para saber porque os empresários não se animavam a vir para o estado e constatou que a maioria temia esse poder político enorme que impedia até o funcionamento pleno dos outros poderes, além do executivo. Os casos da Bunge, do Armazém Paraíba, entre outros, foram amedrontadores. Isso poderá mudar nos próximos anos com as mudanças políticas que virão. Mas será suficiente para o desenvolvimento? Não será, exatamente porque a educação ministrada no estado é a pior do país, examinando-se os indicadores federais que medem o seu nível. E então os jovens maranhenses ficarão apenas com os empregos de baixa remuneração e qualificação. Terrível assim.
Entre outras mazelas, temos o maior contingente de analfabetos do país. Na PNAD passada, estávamos melhor que Piauí, Paraíba e Alagoas. Nesta última, do atual governo, estamos em último, juntamente com Alagoas. São 1.010.551 analfabetos no Maranhão, 461.698 na área urbana e 548.853 na rural, perfazendo 21,6% da população. Isso influi na evasão escolar, provado que está que filhos de analfabetos largam a escola com muito mais frequência do que os filhos de pais escolarizados. Assim, a média de anos de estudo dos maranhenses é de apenas 5,83, a menor do país, junto com Alagoas. O que é uma tragédia que se soma aos mais de 40 por cento dos alunos que completam a quarta série do ensino fundamental sem saber ler direito e nem interpretar um texto, tampouco expor por escrito as suas ideias - analfabetismo funcional que no Maranhão é o maior do Brasil. Hoje estamos em um beco sem saída, pois a governadora parece não se interessar e nem saber que a educação é reconhecida mundialmente, sem contestação, como a única forma de tirar estados da pobreza, assim como pessoas.
Basta recordar o fato de que no meu governo tive que colocar ensino médio em 157 municípios que Roseana não quis colocar em seus 8 anos de governo. Simplesmente não havia ensino médio nesses locais.
Com efeito, fica fácil entender por que temos a menor taxa de rendimento mensal domiciliar do país – apenas R$ 1.361,00. Lógico, pois a maioria da população não conseguiu completar nem o ensino fundamental. Desta forma, como poderiam ganhar mais? Tristeza maior por saber que o povo maranhense é trabalhador, esforçado e aprende rápido, se tiver como aprender.
E o pior é que não existe nenhum projeto, nenhum estudo, enfim, nada para que esse estado de coisas possa melhorar.
Portanto, é comum que, para preencher  os melhores e mais exigentes postos de trabalho, as empresas, já instaladas aqui, vão em busca de pessoal de outros estados da própria região, melhores preparados, e os maranhenses, repito, ficam, em geral com os empregos de pior  remuneração. E seria pior ainda se o SESI, o Cefet, e outras instituições profissionalizantes não fizessem a sua parte. Uma tragédia.
Mas tudo isso ainda pode piorar, pois agora com o SISU (Sistema de Seleção Unificada) do ENEM, as nossas universidades federais já estão tendo as suas vagas preenchidas por estudantes de outros estados que, ao não conseguirem vagas nas melhores escolas do sul e do sudeste e por tirarem notas melhores dos que os daqui, já que são melhor preparados, ocupam as vagas existentes aqui. E sem compromissos com a nossa terra, quando formados a tendência é voltarem para as suas cidades de origem. E agora, Roseana?
Esse é um fato gravíssimo, mas se o sistema de educação do estado no ensino básico, fundamental e médio não melhorar, o estado não disporá de mão-de-obra qualificada, o que dificultará a atração de empresas para cá.
Pedro Fernandes, o novo secretário da Educação,  é um homem inteligente e preparado, mas só agora é lembrado e certamente não vai contar com o apoio decidido do governo que, além de não ter interesse no assunto, só quer fazer propaganda tentando vender uma imagem totalmente descolada da realidade. Difícil, Pedro. 
Por falar em propaganda, o governo pagou soma elevada para publicar um encarte na revista Valor, encartada no jornal Estado de São Paulo, tentando mostrar um Maranhão de sonho, progresso invejável conduzido pela governadora. Mas como as estatísticas não podem ser mudadas, temos logo no início um quadro demonstrativo do PIB com os seguintes dados, ano a ano, de 2004 a 2009, comparando o crescimento do Maranhão e o Brasil: em 2004 o Maranhão cresceu 9 por cento e o Brasil, 5,7; em 2005, o Maranhão cresceu 7,3 e o Brasil, 3,2; em 2006 o estado cresceu 5,0 e o Brasil, 4; em 2007 o Maranhão cresceu 9,1 e o Brasil, 6,1; em 2008, cresceu 4,4 e o Brasil, 5,2; e em 2009 o Maranhão caiu 1,7 e o Brasil, 0,3.
Não dá para esconder.