terça-feira, 3 de julho de 2012

REFINARIA E POLITICALHA


Tomando emprestado o termo “politicalha” do chefão do Clã Sarney, nada é mais apropriado para caracterizar o lançamento apoteótico da refinaria Premium, “a maior do mundo”, durante a campanha para eleição de governador em 2010 aqui no Maranhão. O evento ajudou sobremaneira a reeleição de Roseana Sarney para o governo e do ministro das Minas e Energia Edson Lobão ao senado, a tal ponto que Roseana conseguiu ter perto de 43 por cento dos votos em São Luís, fato que a ajudou muito a vencer o pleito, embora ela tenha usado de tudo nessa campanha, inclusive uso ilegal de dinheiro público. Para termos ideia, ela nunca tinha passado aqui de 33 por cento.

Eu nunca acreditei na lorota e fui muito criticado pela oligarquia por isso, pois quando o presidente da Petrobras à época, Sergio Gabrielle, em depoimento na Câmara dos Deputados, ao ser inquirido pelo deputado Carlos Brandão sobre a refinaria, se tinha projetos e recursos e também sobre cronograma da obra, inicialmente desconversou, mas depois informou que o foco da empresa era a extração de petróleo e que refinarias não tinham prioridade no momento. Falou ainda que os projetos de qualquer refinaria levam de 4 a 5 anos para serem executados. Dias depois, acompanhando comitiva presidencial até o município de Bacabeira, no local destinado a refinaria e na presença de Sarney, Roseana, Lobão e de todo o grupo, ele lançava uma refinaria que na verdade nunca entrou nas prioridades da empresa.

Daí para frente, foi penoso manter a “chama” da refinaria acesa por Roseana e equipe. Deu-se então grande publicidade a atos banais, tentando passar a ideia de que estavam trabalhando. Depois a Petrobras começou a cortar os recursos para o refino, sempre com a informação de que a do Maranhão estava fora dos cortes. Até que a atual presidente declarou que as refinarias seriam reavaliadas – e não adiadas - exceto a de Pernambuco e uma parte da Comperj no Rio de Janeiro. Finalmente a verdade.

Infelizmente, isso nos mostra que a refinaria era apenas - e não mais que isso - um projeto eleitoreiro conseguido pela oligarquia para eleger Roseana, que estava muito desgastada. Brincou-se com o nosso estado e suas expectativas de crescimento e acabaram as promessas de 400 mil empregos da empresa desse Maranhão que estava exultante de progresso. Roseana nunca mais falou nada do assunto e tampouco reagiu sobre a notícia. Dá a impressão de que ela sempre soube que aquilo não era para valer. O governador do Ceará botou a boca no mundo, mas Roseana Sarney, como tudo que acontece aqui acerca de obras paralisadas do governo federal, não diz nada. A parceria parece ser apenas política.

Agora é colocar a viola no saco e trabalhar. É investir urgente em educação de qualidade, única opção de nos tirar do buraco em que estamos. Entretanto, para um governo que trata a educação a pontapés, é quase impossível. Basta ver a semelhança entre a situação vivida pelo técnico Joel do Flamengo e a secretaria de educação do estado, ambos publicamente demitidos, mas ainda nos cargos porque seus patrões estão muito ocupados com outras coisas. Lastimável!

Para concluir, foi deplorável a ação dos “novos na política” na amalucada intervenção na convenção do PSB, ocorrida recentemente em São Luís. Ao que parece, tudo leva a crer ter sido uma combinação entre o presidente da convenção municipal do PSB e os “novos” para impedir a votação por meio da qual se decidiria o posicionamento  que o partido teria acerca de duas chapas: uma pró-Castelo e a outra pró-Edivaldo, com Roberto Rocha de vice. No episódio, viu-se de tudo. Impediram que o partido tivesse o numero mínimo de credenciados para iniciar a votação. Impediram ainda que o partido decidisse democraticamente, pelo voto de seus filiados, qual o rumo a seguir. Como fizeram isso?

 A convenção foi marcada para as 9 horas da manhã, mas Roberto Rocha, que a presidia, permitiu, depois de muito tumulto e protestos, que o credenciamento dos filiados para votar só começasse à tarde, em um atraso aparentemente sem explicações, mas deliberado dentro de um plano seguido à risca. Logo depois, começaram a chegar dezenas de ônibus repletos de pessoas vindos da convenção de Edivaldo, todos com a ficha amarelinha de filiação do PSB nas mãos e começaram a invadir o local de credenciamento do PSB. Aquilo chamou a atenção, pois o verdadeiro filiado não anda com a ficha na mão, já que seu nome faz parte das listas de filiados do partido. Ademais, para votar é obrigatório que a filiação tenha prazo maior do que 60 dias para evitar fraudes de última hora. Um policial que trabalha comigo viu uma porção de amigos seus, moradores de seu bairro, chegando para votar e, ao perguntar se eram do PSB, eles lhe disseram: “Estávamos recrutados para a convenção do PTC e aí nos pediram para vir para cá após assinarmos essa ficha para votar num tal de Fernando”. O policial perguntou: “Não seria Roberto Rocha?” E recebeu a resposta: “É esse mesmo”. Pediram que fôssemos para o credenciamento e que haveria uma pessoa para dizer o que devíamos fazer. Depois disso, voltaríamos para a convenção do Edivaldo”. E perguntou por fim o que ganharam para fazer aquilo e a resposta foi: “Alguns, como eu, combustível e outros, uma ajuda”.

Essas pessoas, eram centenas, ocuparam a fila do credenciamento e não deixaram que os verdadeiros filiados, aptos a votar, se credenciassem, até que, cansados e enfadados, foram para casa. Com efeito, os “novos”, os renovadores da política maranhense, impediram e interferiram violentamente para que o partido, que sempre foi aliado, escolhesse democraticamente no voto o seu rumo, achando que assim poderiam decidir por uma decisão monocrática o rumo do partido. Esse voto seria do presidente municipal do partido, que era vice da chapa de Edivaldo.

Esse tipo de violência e de vale-tudo na política maranhense era prática de poder da oligarquia. Não fica nada bem e traz prenúncios terríveis para o que pode vir por aí com tal tipo de procedimento. Evitar a democracia é tudo que não precisamos e lutamos para evitar na política do Maranhão.

Foi um péssimo começo dos “novos”, inexplicável.

No mais, ouvir Washington dizer que se junta a Roseana Sarney contra o atraso é piada de muito mau gosto...