terça-feira, 8 de dezembro de 2015

IMPEACHMENT – OU O QUE QUER LULA?



O impeachment já é uma realidade.  Foi admitido pelo presidente da Câmara, deputado Eduardo Cunha e, a partir daí, não depende mais dele para prosseguir. Com a Comissão instalada, e eleitos o presidente e o relator, deverá ser aberto um prazo de dez sessões para a presidente apresentar sua defesa. Depois disso, a comissão delibera e o relatório vai para o plenário, a fim de que seja votado e, consequentemente, aceito ou rejeitado.

Eu estava como deputado na legislatura em que ocorreu o impeachment de Collor de Mello. Naquele caso, o processo inteiro durou cerca de 40 dias e a maioria deliberou pelo impeachment. Com o resultado da votação, Collor foi obrigado a se licenciar da Presidência da República e assumiu o seu vice, Itamar Franco. Ocorre que, antes do julgamento final pelo Senado, ele renunciou. E depois disso, foi absolvido criminalmente pelo Supremo Tribunal Federal.

Em linhas gerais foi isso o que aconteceu e assim deverá ser agora.

Hoje ninguém sabe direito quantos votos tem Dilma ou quantos tem os que são a favor do impeachment. A presidente precisará ter 172 votos para se livrar da ação. Não parece muito, é apenas um terço da Câmara. Collor, à época, só obteve 44 votos e, tal como Dilma, batera, antes, recordes de popularidade. 

Acontece que o processo, que parece ser decidido internamente pelos 513 deputados, na prática, não é assim. Os deputados são pessoas conhecidas e os cidadãos cobram nas ruas, nos aviões, em toda a parte. Quando o processo do impeachment de Collor começou, era uma iniciativa fria, letárgica, Ulysses Guimarães ainda não tinha entrado para valer. Mas no decorrer do processo, o povo tomou posição e aí foram diminuindo os votos de Collor. No final restaram apenas 44 contra o prosseguimento do seu impeachment.

Portanto, nada se pode afirmar ainda, mas o tempo está contra a presidente. O nervosismo do governo mostra como temem o processo. Fernando Henrique Cardoso respondeu por um impeachment quando foi presidente e teve no plenário não 172 votos, mas 344. Não houve o drama que vemos hoje. O nervosismo é devido ao medo – real – de não conseguirem os votos necessários para sepultar o processo. A meu ver o medo é justificável, pois são poucos na Câmara Federal que gostam do governo. O PT sempre viu os partidos aliados como auxiliares. Mesmo o PMDB. Cansou de prometer e não cumprir. Em sua grande maioria, os deputados não se sentem como participantes do poder. Além disso, só dez por cento da população apoia o governo e até o seu partido, o PT, está muito dividido em relação à presidente e ao governo.

Outro dia, só para ilustrar, um ministro do atual governo, um senhor simpático, se sentou nas primeiras cadeiras de um avião esperando a partida. Meio desconhecido, como aliás, é a maioria dos ministros atuais. Contudo, são conhecidos dos deputados que, ao entrarem no avião, o cumprimentavam: “Oi, ministro, tudo bem? E ele respondia: “Tudo, obrigado”. Quando uma senhora sentada próxima se levantou, brava, e perguntou: “Mas, como? O Senhor é ministro desse governo corrupto?”. E ele, mais do que depressa: “É apelido minha senhora, é apelido!”.

Se não está fácil a vida de ministros do governo, como será que estará a dos deputados?

Veremos no transcorrer. Entretanto, uma coisa tem deixado ouriçados os nervos de muita gente. Vamos explicar. Todos sabiam que Eduardo Cunha age sempre no limite, é muito corajoso e inteligente e sabe que está muito complicada a sua situação e que é muito difícil livrar-se de consequências funestas ao seu mandato. Ela sabe que, se o processo que responde na Comissão de Ética for para o Plenário, é grande o risco de perder o mandato. Então, negociou com o PT os votos de que precisava naquela instância, para ser absolvido ali mesmo. Em troca, não admitiria a abertura do processo de impeachment. Lula passou a defender o voto em Cunha e o tempo foi passando e ninguém esperava mais a abertura do processo neste ano. Os deputados do PT, à contragosto, admitiam votar a favor de Cunha.

Na semana passada, contudo, subitamente, a uma semana ainda da seção do Conselho de Ética que só acontecerá, possivelmente nesta terça, o presidente do PT, Rui Falcão (que todos sabem que só faz o que Lula manda), soltou uma nota proibindo os deputados do partido a votarem a favor de Cunha. Isto deixou o Palácio do Planalto atônito, o governo sentiu faltar terra sob os seus pés. Dessa forma, sem compreenderem o que estava acontecendo, foi um pânico generalizado no governo. Cunha, na mesma tarde, cumpriu o que dissera: recebeu e deu início ao processo que pode tirar Dilma do Governo. Portanto, o processo de impeachment foi precipitado pelo PT, por Lula, num surto de ética repentina?

Lula é muito inteligente, pragmático e impiedoso. Uma “metamorfose ambulante”, como se classificou certa vez. Mas por que mandou precipitar o impeachment?

Está fora de dúvidas que a ação não foi combinada com a presidente e nem com seu governo, que foi uma decisão tomada de surpresa. Assim, cai por terra a hipótese de deixar acontecer, para vencer no voto e renovar politicamente a presidente. E o que sobra então? A outra hipótese é ruim para Dilma, se for mesmo isso. Lula se convenceu de que Dilma não tiraria o Brasil do buraco em que está e chegou à conclusão de que tudo vai piorar, como, aliás, é consenso entre todos. De modos que ele naufragaria de vez junto com o PT. Dilma saindo, sempre haverá a possibilidade de sair de cena e fazer um acordo com Michel Temer, que assumiria a presidência para fazer o que ela não terá como fazer. Tudo é possível nesse jogo. Só Lula poderá explicar.

Agora teremos uns quarenta dias, possivelmente após o recesso, para o desfecho do caso. Isso coincidirá com a piora geral do quadro econômico, com o aumento do desemprego e com o aumento de juros no mercado americano, devido a recuperação da economia. Isso trará fuga de capitais no Brasil, piorando as coisas. As previsões são de que tudo estará mais difícil, o que será péssimo para Dilma. Eis então a explicação do motivo pelo qual o governo quer decidir essa questão ainda em janeiro, sem recesso.

Agora o pêndulo do poder pende para Temer e para o PMDB, como não acontece desde Ulysses. O jogo está feito e será para profissionais.

E quanto ao meu voto no impeachment? Meu voto será decidido pelos interesses do Maranhão, esse estado tão abandonado. Não tenho ideologias a me comandar e, assim, quero garantias de que teremos apoio total para instalarmos o Instituto Tecnológico da Aeronáutica em Alcântara e todos os institutos que o cercam; da implantação da Cidade Digital no Centro Histórico, junto com a recuperação dos prédios para o projeto de ensino integral para todos os colégios do município de São Luís; recursos e condições para a instalação de mini-usinas de biodiesel de óleo babaçu, que darão renda para milhares de quebradeiras de coco, trabalhadoras intensas, mas que têm renda muito baixa por falta de apoio. Sim, porque com o aumento para sete por cento da mistura do biodiesel no diesel e na gasolina o projeto tornou-se muito atrativo. E, por fim,  pela garantia de duplicação da BR-135. 

Votarei pelo Maranhão, não quero nada para mim. Chega de sermos joguetes de interesses de poder.

Mas adianto que será muito duro votar a favor de Dilma, que faz um governo muito ruim para o povo brasileiro. Será que ela muda? E vou conversar com o governador Flávio Dino, pois fazemos parte do mesmo grupo político e temos como objetivo maior o progresso do nosso estado.
 
Mudando de assunto, o ministro de Minas e Energia Eduardo Braga determinou que fosse comunicado a ele, por meio da secretária Crisálida Rodrigues, que está marcado para depois do carnaval o leilão do linhão que ligará as subestações de Bacabeira e Parnaíba, fundamental para a expansão de energias limpas (eólica e solar) no Maranhão. É uma notícia muito importante para o nosso estado e para a região do litoral maranhense entre as duas subestações. 

Parabéns ao governador e todos os que lutaram por isso!