terça-feira, 28 de fevereiro de 2017

REFINARIA, SONHO E REALIDADE


O primeiro estudo técnico (digno desse nome) de uma refinaria no Maranhão foi realizado pela Empresa Maranhense de Administração Portuária - EMAP ainda no início do meu período de governo. Para isso, contratamos técnicos de notório saber da Petrobras, que fizeram um trabalho muito bom, demonstrando a real viabilidade de uma refinaria no estado.
Cheguei a apresentar o projeto ao então Ministro da Casa Civil, José Dirceu, que, mesmo tendo elogiado muito a iniciativa, não tomou qualquer providência e o projeto acabou ficando esquecido, em detrimento de sua inegável viabilidade econômica e financeira, além de sua importância estratégica para o país.
Tempos depois o assunto voltou à tona com tudo, já com outra roupagem - a denominação de uma refinaria Premium a ser construída no município de Bacabeira. O projeto foi anunciado com toda pompa por Lula, à época presidente da República, pela então futura presidente Dilma Rousseff e por autoridades do governo do Maranhão de então.
Parecia que ia dar certo, já que havia a tal “vontade política”. O empreendimento seria inteiramente financiado com recursos da Petrobras, que já naquele tempo dava sinais de estar envolvida em grandes problemas financeiros. Com efeito, o projeto não foi além da terraplenagem e parte da drenagem, consumindo cifras da ordem de aproximadamente um bilhão de reais.
Naquela ocasião, foram lançados também (sem maiores estudos) outras três grandes refinarias no Brasil: uma no Ceará, a Abreu e Lima em Pernambuco e a do COMPERJ no Rio de Janeiro. Ao todo seriam refinados cerca de 1,2 milhão de barris/dia, mas isso não aconteceu, pois quase nada foi construído e, hoje, somente a Abreu e Lima funciona, produzindo cerca de 112 mil barris/dia. O restante nem começou ou as obras foram interrompidas.
Com a crise já chegando mais forte no Brasil, a Petrobras descartou as refinarias Premium do Maranhão e do Ceará e vagarosamente tenta prosseguir com as obras das outras. A Petrobras, que agora está em recuperação, direciona os recursos que possui para expandir a produção de petróleo do pré-sal e dessa forma se manter no mercado.
Na época o prestígio de Lula era enorme e foi um choque a paralização do empreendimento ainda com as obras em estágio inicial. Em consequência disso, o projeto perdeu credibilidade e virou lenda.

Contudo, alguns anos depois, Magda Chambriard, à época ocupando o cardo de Diretora Geral da Agência Nacional do Petróleo (ANP), garantiu-me que o projeto era da maior importância para o país, que o tamanho era esse mesmo e que valia lutar por ele, pois o problema da falta de refinarias novas estava obrigando o Brasil a importar quase metade do que consumia, mesmo com o país envolto na recessão.
Em contrapartida, a quebra da Petrobras não permitia que sequer pensássemos num projeto naqueles mesmos moldes tentados antes, pois o país não tinha dinheiro. Precisávamos de dinheiro estrangeiro.
Foi assim que, em uma reunião em que estivemos eu e o governador Flávio Dino com o Eduardo Braga, que naquele momento era o Ministro de Minas e Energia de Dilma, ouvimos deste último que uma missão oficial do Irã estava visitando o Brasil. E que o propósito maior daquela viagem era o estreitamento e fortalecimento dos laços comerciais entre os dois países. O ministro disse ainda que os iranianos haviam demonstrado grande interesse pela refinaria maranhense.
Depois disso, mais recentemente, como eu já tinha em mãos informações que davam conta da urgente necessidade de aumentar o refino do petróleo no país, fui em busca dos contatos brasileiros no projeto e pedi o apoio do presidente Temer.
Logo depois o governo do Maranhão foi contatado pelos empreendedores e o vice-governador Carlos Brandão foi designado como interlocutor junto aos empresários, embaixadores e demais autoridades dos países interessados.
Havidas as audiências do ministro da Economia do Irã com diversos ministros brasileiros, uma comitiva chefiada pelo ministro das Minas e Energia (que me incluía) viajou para aquele país e depois para a Índia, onde mantivemos contatos com as maiores autoridades daqueles países, momento em que reafirmaram o grande interesse que tinham no projeto. Este já vinha sendo estudado há mais de uma ano e estava tomando a configuração ideal, modificado apenas pela mudança da conjuntura internacional.
Então recebemos aqui em São Luís e Bacabeira uma comitiva iraniana chefiada por importante ministro daquele país. E agora recentemente recebemos uma comitiva de empresários indianos pertencentes a uma das maiores empresas de engenharia e de projetos, e que  são proprietários também de importantes fundos financeiros especializados em energia, refinarias, oleodutos, siderúrgicas, mineração e metais, infraestrutura, portos, serviços e transporte marítimo. Essa comitiva já possui em andamento projetos de vulto na América do Norte, no Reino Unido, na Índia e na África. Não apenas projetam, mas são proprietários de grandes empreendimentos nessas áreas.
Em sua passagem por aqui, assinaram acordos com o governo do estado sobre a refinaria e visitaram todos os locais importantes para o projeto (incluindo também o projeto do polo petroquímico). Além disso, estiveram com autoridades estaduais e regressaram ao seu país mais ainda mais interessados. Antes de virem ao Maranhão, a comitiva se reunião ainda com presidentes da ANP, BNDES, Petrobras, SUDENE, BASA, com o ministro de Minas e Energia e com o presidente da Câmara dos Deputados, entre outros.
Na ocasião, também estive com eles e ajudei a marcar algumas agendas em Brasília.
Segunda-feira passada, dia 20, encontrei no aeroporto um dos mais importantes membros da equipe empresarial indiana, Mr. Rajiv Agarwal, CEO de Portos da empresa, com o qual tomei o mesmo voo para Brasília. Conversamos muito e ele me disse que o projeto era muito bom e de enorme interesse para eles. Estavam impressionados com as possibilidades do empreendimento e as condições naturais que o Maranhão oferece para uma iniciativa dessa natureza. É um projeto de mais de 20 bilhões de dólares e que sem dúvidas mudará o nosso estado.
Nunca estivemos tão próximos de realizar o nosso sonho.
Desejo um ótimo carnaval a todos!