terça-feira, 12 de abril de 2011

100 DIAS TERRÍVEIS

O John Cutrim, que tem um blog muitíssimo prestigiado pelos leitores, pediu-me para mandar um texto sobre as minhas impressões sobre esses primeiros 100 dias do governo Roseana. Como todos lêem esse blog, eu não vou repetir o que escrevi.  Está lá. De positivo para o Maranhão e sua população, nada. De negativo, é tanta coisa que é preciso selecionar esses momentos. Um desastre total.

Qual a área se saiu pior? Todas. É a única resposta possível.

Foi tão ruim que nem seus jornais ousaram publicar nada. Nem os muitos marqueteiros que trabalham para o grupo encontraram inspiração ou talento extraordinário para encontrar alguma coisa de positivo para ressaltar. Acharam melhor não tentar chamar atenção para a data. Foi o mais sensato.

Agora, os piores momentos foram tantos que é muito difícil selecionar aquele mais impactante.

Enquanto os flagelados pela enchente estão de “tanga”, com as casas construídas pelo governo caindo em suas cabeças, todos os que precisam  tomar um avião ficam em tendas. Quem menos tem culpa no cartório é a Infraero. Se investigarem direitinho, vão ficar sabendo...

Roseana Sarney e seu pai, porém, esboçaram uma reação rápida as notícias terríveis que a rede Globo mostrava sobre o Maranhão. E fizeram ao seu feitio, naturalmente. O repórter da rede Globo que estava aqui fazendo aquelas matérias foi transferido. Isso é que é providencia rápida.

Mudando de assunto, viram que nesta semana que passou os jornais noticiaram grandes transações no mercado de energia limpa? Mais precisamente no Piauí e no Ceará, sobretudo na área da energia eólica. Grandes empresas estão produzindo energia do vento. Serão importantes projetos que gerarão empregos e movimentarão a economia desses estados. Ceará, Piauí, Maranhão e Rio Grande do Norte representam o que o Brasil tem de melhor para a produção dessa energia, que a cada dia vai se tornando mais importante para o mundo. É energia limpa.

Contudo, desses estados o único que não tem nenhum projeto, tampouco nenhuma empresa interessada é o Maranhão. E paradoxalmente é o que tem o maior litoral. Por que será?

E se foi a informática, a comunicação global e a internet que impulsionaram o mundo na década passada, criando grandes fortunas da noite para o dia (estão aí a Microsoft, a Google, a Apple, o Facebook, a IBM, a Oracle, a Intel e dezenas de outras que não me contradizem), essa próxima década será dominada pela energia limpa e barata e os novos sistemas que vão permitir a todos  fazer  parte desse grande mercado de energia que virá inexoravelmente. Uma revolução vem por aí e o Maranhão, comparando aos nossos vizinhos a leste e oeste, nem engatinhando está.

E a instituição maranhense que poderia estar investindo também nessa área de prospecção – A FAPEMA (com um caráter mais científico, mas aliado ao desenvolvimento do estado), no atual governo trocou a sua finalidade e usa seus recursos para empregar apaniguados da oligarquia com o dinheiro da ciência e da tecnologia. Assim não é de admirar o que acontece.

Enquanto isso, no senado, os marqueteiros que prestam serviço para aquela Casa parecem ter aconselhado o presidente José Sarney a dar ‘pitaco’ em tudo. Não há assunto sobre o qual o gabinete da presidência do Senado deixe de divulgar uma nota com a opinião de Sarney. Sai nota de tudo quanto é jeito. Assim pretendem transmitir ao público que Sarney de tudo participa e dá importantes opiniões.

O terrível, doloroso, incompreensível acontecimento de Realengo teve também uma opinião do presidente do Senado, que mais parece ser uma opinião oportunista. Ele falou, sem base em nenhum estudo, que o culpado de tudo era o estatuto do desarmamento, cuja origem remontam a um plebiscito. Sobre o assunto, vejam o que escreveu, coberto de razão, o jornalista Reinaldo Azevedo, em seu blog na Veja: “A declaração de José Sarney, pregando a proibição total da venda legal de armas, deve ter sido muito comemorada pelos patriotas do Comando Vermelho, do ADA e do PCC. Eu não tenho dúvida de que eles concordam com o presidente do Senado, não é?

Marcola, Marcinho VP e Fernandinho Beira Mar acham que, polícia à parte, arma deve ser monopólio de bandido. Onde já se viu alguém que não pretende matar nem assaltar ter um revólver? Isso é um absurdo, não é mesmo, coronel Sarney?

Marcola, que é, dos três, o candidato a intelectual, poderia argumentar:

“Vejam o caso do Maranhão, onde o número de homicídios por 100 mil habitantes cresceu 297% entre 1998 e 2008. Culpa de quem? Nossa é que não é! A responsabilidade é dos maranhenses de bem, que decidiram cumprir todos os trâmites para comprar uma arma. Vocês sabem como um revólver na mão de um maranhense pacífico, pagador de impostos e seguidor das leis pode fazer dele um facínora”.

Esse Marcola, realmente, propõe questões interessantes! Se não tomar cuidado, ainda o convidam para dar aula em alguma universidade pública sobre formas eficientes de resistir ao estado burguês!!!

Querem saber? Dá até um pouco de vergonha de escrever sobre as chamadas elites políticas brasileiras. É como se, de algum modo, nos contaminássemos com a estupidez.”
Sarney não levou em conta, em sua pressa em dar opinião em tudo, que quem puxa o gatilho é um doente e que a arma que ele porta não foi comprada em nenhuma loja. Do jeito que ele quer, só os bandidos terão armas e o cidadão será presa fácil, pois os órgãos de segurança não podem estar em todo lugar ao mesmo tempo.