quinta-feira, 16 de julho de 2009

Vórtice


Essa deve ser a sensação que Sarney deve estar sentindo a cada nova denúncia de malfeitos que o envolvem pessoalmente. O colunista d'O Globo, Ricardo Noblat, escreve que Sarney, com medo do que poderá vir no dia seguinte, passa as noites contando carneirinhos em busca do sono perdido... Quantos já teria contado?

Ele parece hoje um homem muito controlado e age como se realmente não tivesse nada com os fatos denunciados. A que custo consegue isso e até quando aguentará? Os analistas mais atentos  acreditam que o limite é enquanto perdurar o apoio de Lula. Fica então a pergunta: E se, frente gravidade e ostensividade das denuncias, cessar o apoio presidencial?

Nada do que Sarney diz resiste como verdade a mais de duas horas. É o tempo da verificação que os jornalistas fazem nos documentos. Sua persistência em permanecer agarrado ao cargo só vai colocá-lo como uma 

das figuras da história do país mais repugnantes e falsas. As gerações futuras irão vê-lo como um símbolo de tudo aquilo que concorreu para atrasar o país e suas instituições. Já é irreversível essa imagem, uma verdadeira tragédia para quem labutou para legar uma imagem de estadista, intelectual, homem da cultura. Nesta, o que ficará de lembrança é a voracidade com que investia nas verbas do Ministério da Cultura para alimentar entidades sem a menor idoneidade. Uma tragédia para o senador e  também a negação do objetivo de toda uma vida.

Até no exterior essa será a sua imagem. Para isso, a revista inglesa The Economist, uma das maiores e mais respeitadas do mundo, já se encarregou. E ele dizia que era uma trama do governador Jackson Lago. Como tirou Jackson do governo, agora diz que é uma trama da imprensa paulista e do PSDB. A culpa pode ser de qualquer um, mas não dele. E tampouco das loucuras que cometeu por onde passou ou que deixou acontecer.

Sarney virou a piada predileta do país, assunto obrigatório de chargistas. Algumas muito pesadas. Uma das mais engraçadas é a de Chico Caruso, parodiando o “moonwalking” (aquele passo de dança celebrizado por Michael Jackson) em que o presidente do Senado anda para trás e a medida que vai andando, vai diminuindo de tamanho…

Até o Convento das Merces, prédio tombado pelo patrimônio Histórico do qual José Sarney apropriou-se na marra,  vai ter a imagem prejudicada, pois ali ninguém se lembrará de que o local foi palco dos célebres sermões do Padre Antonio Vieira. No entanto, o Convento está eternizado como o "Mausoléu de Sarney", obra fruto de um ímpeto de locupletar-se aliado às estripulias financeiras cometidas com dinheiro público como descrevem as reportagens diárias dos jornais O Estado de São Paulo, Globo e Folha de São Paulo. 

É triste ver um ex presidente da Républica ter o seu nome ligado a notas fiscais falsas e malversação de dinheiro público,  como atestam as prestações de conta. A facilidade de conseguir dinheiro com a Vale, Banco do Brasil, Caixa Economica Federal, Petrobras, Telebrás, Eletrobrás para festas ali é a mesma da credibilidade das prestações de conta e das nomeações por atos secretos dos gestores das entidades.

Um dos mais caracteristícos casos foi com a escandalosa Mostra do Descobrimento, iniciativa do governo de Roseana Sarney com o seu compadre e padrinho de casamento Edemar Cid Ferreira, cujo montante de mais de R$ 5 milhões de dinheiro público, oriundos do governo estadual e federal foram usados. Talvez uma das exposições mais caras da história do Brasil. 

O Museu havia sido doado à Fundação José Sarney, era, portanto, um imóvel privado. Mesmo assim, a governadora mandou gastar R$ 600 mil na adaptação do prédio. Como era privado, ela não podia colocar dinheiro público e para evitar possível ação do Ministério Público, mandou mensagem à Assembleia Legislativa tomando de volta o Convento. A lei foi aprovada, mas como não houve a temida ação judicial, foi esquecida e nunca mais falou-se dela. Assim, criou-se uma aberração juridical, como tantas no Maranhão, pois a Fundação continuou a mandar no prédio como se referido diploma legal não existisse.

Sarney disse logo que não tinha nada com isso, que não era gestor. Mentiu, porque sabe-se muito bem que ele é o Instituidor e Presidente Vitalício da Fundação da Memória Republicana e, em sua ausência e em sua falta apenas, delegou poderes, até revogação em contrário, ao advogado José Carlos Sousa e Silva. Portanto, o Presidente Vitalício é ele, que não pode dizer que não tinha nada com isso como de fato disse. Esse documento, de 4 de Abril de 2000 está registrado no Cartório Cantuária de Azevedo, microfilme  16945.

Só por ter mentido, pode perder o mandato. E a afirmação não ocorreu em outras legislaturas, mas sim na quinta-feira passada em pronunciamento feito em plena sessão, do alto de sua cadeira de Presidente do Senado.

Além de casos como o da empresa varejista que dava aula de hidtória da arte, localizada em uma cuma casa na praia do Araçagi, ou como alunos empregados em atos secretos do próprio Senado,  a revista Veja dessa semana traz material expondo evidências de mais uma fraude grotesca do presidente do Senado. Tal matéria mostra que Sarney teve conta secreta no exterior que não consta de seu imposto de renda, tudo baseado em documentos do Banco Central. Segundo a revista, a conta de José Sarney era administrada pelo banqueiro Edemar Cid Ferreira por intermédio de sua secretária Vera, mantendo registros contábeis que foram descobertos pelo Banco Central e divulgados na revista.

Sarney reagiu à grave denúncia informando que vai pedir investigação ao Ministério Público Federal. Eis o que comenta sobre o assunto o jornalista Ricardo Noblat em seu blog:

"Nota à imprensa distribuída pela assessoria de José Sarney (PMDB-P), presidente do Senado:

'O presidente do Senado, senador José Sarney enviará ofício ao Procurador Geral da República, na próxima segunda-feira, conferindo-lhe todos os poderes e outorgando-lhe as permissões previstas nas leis brasileira e de quaisquer países para requisitar junto às instituições financeiras internacionais informações sobre contas bancárias que tenha no exterior ou tenha tido em qualquer época, valor, ações, depósitos, investimentos, propriedades e qualquer tipo de movimentação financeira em qualquer moeda e de qualquer valor em seu nome'.

Comentário de Ricardo Noblat: O governo não precisa de autorização de Sarney para investigar se ele tem ou teve contas no exterior. Mas qualquer procurador da República, munido dos poderes que Sarney se diz disposto a outorgar, poderia, sim, investigar o que ele pede. Para isso teria de reunir indícios veementes de que houve delito. Do contrário, não conseguirá a colaboração internacional.

O gesto de Sarney não terá nenhuma consequência. Vale para que ele diga em sua defesa: Nada temo".

É mais uma maneira de tentar sair do aperto em que se meteu.

E o Vórtice não para…

segunda-feira, 13 de julho de 2009

Quebra de Decoro II

"Sarney mentiu quando disse não ter responsabilidade administrativa na Fundação José Sarney. Quebrou o decoro. Deve ser processado no Conselho de Ética"- Senador Demóstenes Torres (DEM-GO)

PT é Sarney desde criancinha

Pobre PT. Está sendo obrigado por Lula a embalar quem não pariu.

Em fevereiro ultimo, PT e PSDB se juntaram para eleger Tião Viana (PT-AC) presidente do Senado.

Ganhou Sarney com o apoio do seu partido, o PMDB, do DEM (que agora pede seu afastamento) e de outros partidos.

Foi principalmente com o apoio velado de Lula que Sarney pode se reeleger pela terceira vez para presidir o Senado.

Sarney só não perde o cargo porque o PT ainda o defende.

Sozinho, o PMDB não conseguiria sustentá-lo.

A instalação da CPI da Petrobras foi a maneira encontrada pela dupla Sarney-Renan Calheiros (PMDB-AL) para chantagear o governo e forçá-lo a assegurar o apoio do PT a Sarney.

Se esse apoio claudicar, o PMDB deixará a CPI correr mais ou menos frouxa.

É tudo o que o governo não quer. CPI? E ainda por cima fora de controle?

Daí... Daí o PT virou Sarney desde criancinha.

Os senadores do PT deveriam ser presenteados com um farto bigode postiço. Alozio Mercadante (SP), o líder, não precisa.

Link Original

Sarney assina livro em nome de sua fundação

O presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), assina a apresentação de um livro sobre a fundação que leva seu nome no Maranhão, feito com verba da Petrobras.

Na semana passada, após suspeita de que a fundação desviou dinheiro da estatal destinado à recuperação de um acervo histórico, Sarney disse que não "participa" e nem tem "responsabilidade" sobre a entidade, que funciona em um prédio histórico de São Luís.

O livro é um catálogo de 2008 que apresenta justamente o trabalho de restauração do acervo do museu da Fundação José Sarney feito com dinheiro da estatal.

O projeto recebeu R$ 1,34 milhão da Petrobras do final de 2005 até setembro do ano passado. Na semana passada, o jornal "O Estado de S. Paulo" publicou reportagem dizendo que houve desvio de parte da verba por meio de empresas contratadas.

A verba de R$ 1,34 milhão foi abatida pela Petrobras totalmente de seu imposto de renda, como prevê a Lei Rouanet de incentivos a projetos culturais.

No livro, Sarney diz que fez de seu "patrimônio-acervo particular um bem público". "A Fundação José Sarney [...] é, portanto, um museu efetivo dos maranhenses e um valioso patrimônio do Brasil, como poderá ser apreciado nas páginas deste catálogo".

Na página seguinte, a Petrobras assina texto com elogios ao acervo da Fundação José Sarney. 
A fundação afirma que o catálogo, assinado por Sarney, comprova que o dinheiro da Petrobras foi aplicado corretamente.

Link Original

Quebra de decoro ficou clara, dizem senadores

Para eles, Sarney mentiu ao negar responsabilidade por fundação

De Leandro Colon e Rodrigo Rangel:

A confirmação de que o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), é o responsável pela fundação que leva o seu nome abriu caminho para uma investigação por quebra de decoro parlamentar. Para senadores ouvidos ontem, Sarney mentiu em plenário ao afirmar, na quinta-feira, que não tem "nenhuma responsabilidade administrativa" na Fundação José Sarney, suspeita de desviar R$ 500 mil de uma verba da Petrobrás para contas de empresas fantasmas e da família do senador.

O Estado revelou no sábado que o estatuto da entidade não deixa dúvidas sobre o comando exercido pelo parlamentar. Como fundador e presidente vitalício da entidade, Sarney assume "responsabilidades financeiras", tem "poder de veto" e preside o conselho curador, formado por amigos e familiares.

Um artigo diz que, em caso de morte de Sarney, sua mulher ou alguém da família assumirá o comando. Mais: uma coleção de fotos mostra o presidente do Senado assinando o convênio com a Petrobrás em dezembro de 2005. "A mentira configura quebra de decoro. É coisa para perder o mandato", avalia o senador Demóstenes Torres (DEM-GO), indicado para integrar o Conselho de Ética. Leia mais em: Quebra de decoro ficou clara, dizem senadores

Link Original

Convite ao suicídio

Assinatura do patrocínio cultural conferido pela Petrobras à Fundação José Sarney

Se restar provado que um parlamentar mentiu para seus pares, ele poderá ser cassado por quebra de decoro. Foi assim em 2000 com o senador Luiz Estevão de Oliveira (PMDB-DF).
Cassaram-lhe o mandato porque mentiu - não porque desviou dinheiro público destinado à construção de um prédio em São Paulo. José Sarney (PMDB-AP) corre o mesmo risco.

O jornal O Estado de S. Paulo publicou na semana passada que a Petrobras concedeu um patrocínio cultural no valor de R$ 1,3 milhão à Fundação José Sarney, responsável pela guarda de documentos e objetos do período em que Sarney foi presidente da República (1985-1989).
O dinheiro serviria para a digitalização dos documentos e a informatização de todo o sistema de acesso ao acervo. Nada foi feito. E R$ 500 mil acabaram desviados para empresas fantasmas e outras da família Sarney.

Ao detalhar como gastou o dinheiro, a Fundação informou, por exemplo, ter pagado à empresa Souza Premieri R$ 12 mil por conta de um "curso de capacitação em história da arte” ministrado a 80 funcionários e estagiários do acervo museológico.

A Souza Premieri é uma empresa do ramo do comércio varejista de artigos de vestuário e acessórios. Seu dono, Adão de Jesus Souza, não sabe distinguir entre um Picasso e um Heitor dos Prazeres. A empresa funciona na casa dele onde não há vestígios do que produz.
Mas o que disse Sarney a respeito da denúncia do jornal?

Primeiro, por meio de nota assinada por seu assessor de imprensa, assegurou: “O senador José Sarney é presidente de honra da Fundação que leva seu nome, tendo sido seu fundador. Não participa de sua administração, nem tem responsabilidade sobre ela”.

Mais tarde, sentado na cadeira de presidente do Senado, Sarney encarou seus colegas reunidos em plenário e proclamou sem hesitar: “Eu não tenho nenhuma responsabilidade administrativa naquela Fundação”. 

Engana que eu gosto!

Está escrito nos estatutos da Fundação que seu presidente vitalício é José Sarney. Quando ele morrer, a presidência caberá à sua mulher. E depois da morte dela, a cada um dos três filhos.

Na falta deles, assumirá um dos netos, em seguida outro, e assim sucessivamente. É um negócio familiar, portanto. E será familiar até o final dos tempos.

Presidente de honra é quase nada se comparado a presidente vitalício. Não tem “nenhuma responsabilidade administrativa naquela Fundação” é uma mentira grosseira.

Em sete páginas dos estatutos, o nome de Sarney é citado 12 vezes, segundo outra reportagem de O Estado de S. Paulo.

É dele, por exemplo, a tarefa de “assumir responsabilidades financeiras”. Sarney tem ainda “o poder de veto” sobre qualquer decisão tomada pelo Conselho Curador – que é presidido por quem? Ora, por ele.

O Conselho Curador é quem nomeia os três membros do Conselho Fiscal. Por fim, é função de Sarney “orientar” as atividades da fundação e representá-la em juízo. 

Uma lei aprovada pela Assembléia Legislativa do Maranhão em 2005 devolveu ao Estado o prédio do século XVII doado por ele para a sede da Fundação – o Convento das Mercês.

Para derrubar a lei, Sarney forçou a direção do Senado, na época presidido por Renan Calheiros (PMDB-AL), a entrar com uma Ação Direta de Inconstitucionalidade no Supremo Tribunal Federal (STF).

Foi a única vez em 21 anos de vigência da atual Constituição que o Senado recorreu ao STF contra uma lei estadual. Deu certo.

Fique à vontade o Senado, pois: caso prefira, poderá fingir que nenhuma das atribuições de Sarney na Fundação caracteriza “responsabilidade administrativa”.

Será só mais um escândalo na história de quem passou a ser conhecida como a Casa dos Escândalos.

Lembra do pastor americano Jim Jones?

Em 1978, ele protagonizou o caso mais famoso de suicídio coletivo. No meio da selva da Guiana, cerca de 900 fanáticos morreram depois de tomar uma mistura de suco de laranja com cianureto.

Os senadores não precisarão beber nada.

Link Original

Firma varejista dá ‘aula de arte’ na Fundação Sarney

Entre os documentos que a Fundação Sarney juntou à prestação de contas do patrocínio de R$ 1,3 milhão recebido da Petrobras, há uma nota fiscal inusitada.

Emitiu-a a empresa Sousa Premiere. Opera no ramo de artigos de vestuário e acessórios. Porém...

Porém, o varejista de roupas foi contratado pela fundação que leva o nome do presidente do Senado para ministrar um curso de arte.

No corpo da nota, o serviço é descrito assim: "Curso de capacitação em história da arte destinado a funcionários e estagiários do acervo museológico".

O “curso” custou à Fundação Sarney R$ 12 mil. Dinheiro provido pela Petrobras. Teriam comparecido às aulas 80 alunos.

Deve-se a nova revelação aos repórteres Rodrigo Rangel e Leandro Colon. Penduraram a notícia na manchete do Estadão.

A dupla é a mesma que, na semana passada, revelara que um pedaço do patrocínio petroleiro –R$ 500 mil—fora parar nas contas de empresas fictícias.

De acordo com os arquivos da Receita Federal, a Sousa Premiere é sediada num endereço da praia de Araçagi, em Paço do Lumiar.

A cidade fica a 35 minutos de São Luís, onde está assentada a fundação de Sarney. A rua onde supostamente funcionaria a empresa é de chão batido.

No endereço fornecido ao fisco, em vez de uma casa comercial há uma residência. Serve de abrigo para Adão de Jesus Sousa, o dono da Sousa Premiere.

Adão é filiado ao PSDB. No ano passado, tentou, sem sucesso, eleger-se vereador na cidade maranhense de Jatobá. Na Justiça Eleitoral, identificou-se como empresário.

Na semana passada, o advogado José Carlos Sousa Silva, presidente da Fundação Sarney, reagira à notícia sobre os malfeitos da entidade por meio de uma nota.

Foi duro no texto. Chamou de “leviana” a notícia de que a fundação desviara verbas da Petrobras para empresas de fancaria.

Ouvido sobre a contratação de um vendedor de roupas para dar lições de história da arte, José Carlos disse que não se recorda da logomarca Sousa Premiere.

"Não lembro todos os nomes de cabeça", disse o gestor da fundação. E quanto ao nome do dono da firma? "Adão de Jesus Sousa? Não conheço".

Na nota da semana passada, José Carlos dissera que a própria Petrobras atestara a lisura dos gastos. A estatal negou. Jogou a peteca para o Ministério da Cultura.

A pasta da Cultura, por sua vez, disse que ainda não perscrutou a prestação de contas da fundação.

Conforme noticiado aqui, a Fundação José Sarney levou ao balcão da Lei Rouanet nove projetos, dos quais cinco constam como “ativos”.

Incluindo-se o projeto da Petrobras, que visava a digitalização de documentos do tempo em que Sarney presidiu o Brasil, a coisa alça à casa dos R$ 3,4 milhões.

Além das aulas de "história da arte" ministradas pela firma de roupas inexistente, a prestação de contas da fundação menciona a realização de outro curso.

"Automação de acervos bibliográficos e museológicos", eis o título. Arrolaram-se 50 alunos que teriam comparecido às aulas técnicas.

A lista inclui uma sobrinha e uma cunhada de Sarney - Maria do Carmo Macieira e Shirley Araújo. Ambas contratadas por meio de atos secretos no Senado.

Inclui também uma servidora do gabinete de Sarney, Renata Ribeiro Costa Bezerra. Mais: uma funcionária do gabinete de Mauro Fecury, Ana Maria Coelho Ferreira.

Fecury (PMDB-MA) herdou a cadeira de Roseana Sarney, que teve de renunciar ao Senado para assumir o governo do Maranhão.

Sarney respondeu à aparência malcheirosa da gestão de sua fundação do mesmo modo como vem reagindo a todas as más notícias que o assediam. Virou o nariz.

Disse, em nota e em rápida manifestação no plenário, que não participa da administração da fundação.

Irregularidades? Se existem, disse ele, cabe ao TCU esquadrinhá-las. Os rivais de Sarney acham que cabe também à CPI da Petrobras, que ele mandou instalar.

Link Original

Lobão emprega namorado de neta de Sarney

O namorado da neta do presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), é funcionário do Ministério de Minas e Energia. Estudante de direito, Luiz Gustavo Amorim namora Rafaela Sarney, filha adotiva da governadora do Maranhão, Roseana Sarney (PMDB).

Há quatro anos a pasta é dominada por Sarney. Em 2005, ele indicou Silas Rondeau, que só deixou o cargo após ser citado na Operação Navalha da Polícia Federal. No começo do ano passado, o senador Edison Lobão (PMDB-MA) assumiu o ministério. Foi ele quem empregou Gustavo, nomeado em fevereiro de 2008.

Com salário de R$ 2.518,42, ele ocupa cargo de confiança na Secretaria de Geologia, Mineração e Transformação Mineral. Na tarde de sexta, a Folha tentou encontrá-lo no local, mas ninguém o conhecia. Luiz Gustavo estuda na UniCeub e deve se formar em julho deste ano. Procurado por telefone, não comentou o assunto.

A assessoria do Ministério de Minas e Energia disse que as folhas de ponto de Luiz Gustavo estão todas preenchidas.

O pai de Luiz Gustavo é o desembargador Leomar Amorim. Na terça-feira passada, o Senado aprovou sua indicação para o CNJ (Conselho Nacional de Justiça). Sua carreira começou na Justiça do Maranhão.

Ele é um dos 14 integrantes do Judiciário que usam apartamentos funcionais do Senado. No mês passado, a Folha revelou que Sarney emprestou um imóvel funcional reservado em seu nome para o ex-senador Bello Parga (PFL), morto em maio de 2008.

Mais parentes

Sarney abrigou em seu gabinete, até 23 de junho deste ano, as duas filhas de seu primo e deputado federal Albérico Ferreira Filho (PMDB-MA). Ana Carolina e Ana Luiza Ferreira eram assistentes parlamentares, com salário de R$ 2.494,81.

Elas foram exoneradas porque Albérico Filho assumiu o mandato na Câmara no lugar de Gastão Vieira (PMDB-MA), que se tornou secretário de Planejamento do governo de Roseana Sarney. Albérico assumiu na Câmara em 22 de maio e elas saíram do Senado apenas em 23 de junho, infringindo assim, por 30 dias, súmula do STF (Supremo Tribunal Federal).

Link Original

Enfim, a CPI

Agora que o Senado decidiu instalar a CPI da Petrobras, depois de uma injustificável protelação da base governista, é fundamental que as investigações se desenvolvam com foco, transparência e o mínimo de autonomia.

Não se trata de tarefa trivial. A julgar pelo noticiário mais recente, a presença tentacular da estatal dotou o governo de um arsenal de informações capaz de amaciar o discurso dos próprios senadores que vão investigá-la.

O dinheiro destinado pela Petrobras à Fundação José Sarney, no Maranhão, é só o exemplo mais recente da barafunda de interesses que une o caixa da estatal a partidos, parlamentares e interesses corporativos. As maiores empreiteiras do país têm negócios com a Petrobras.

Ao menos 22 ex-sindicalistas, a maioria ligada ao Partido dos Trabalhadores, ocupam postos estratégicos da Petrobras, da Transpetro e da Petros, o fundo de pensão da estatal.

Eles comandam não só contratos de centenas de milhões de reais como também financiam projetos sociais e culturais de prefeituras e ONGs em mais de mil cidades em todo o país.

Já o PMDB, de José Sarney e Renan Calheiros, detém cargos vitais na estatal e na Agência Nacional do Petróleo, órgão que também é objeto da CPI que deverá ser instalada nesta terça-feira. A proliferação de contratos milionários da estatal pelos mais diferentes cantos do país não deixa de atender, também, a interesses de políticos da oposição.

Diante desse verdadeiro consórcio, é impossível que a CPI venha a cumprir todos os objetivos a que se propõe -sobretudo porque a base aliada vai controlar a presidência e a relatoria da comissão. Dada a profusão de indícios de irregularidades, o contribuinte sairá ganhando se apenas 10% das denúncias forem investigadas com seriedade.

Link Original

Sarney pede que investiguem se tem dinheiro no exterior

Nota à imprensa distribuída pela assessoria de José Sarney (PMDB-AP), presidente do Senado:

"O presidente do Senado, senador José Sarney enviará ofício ao Procurador Geral da República, na próxima segunda-feira, conferindo-lhe todos os poderes e outorgando-lhe as permissões previstas nas leis brasileira e de quaisquer países para requisitar junto às instituições financeiras internacionais informações sobre contas bancárias que tenha no exterior ou tenha tido em qualquer época, valor, ações, depósitos, investimentos, propriedades e qualquer tipo de movimentação financeira em qualquer moeda e de qualquer valor em seu nome. "

(Comentário meu: O governo não precisa de autorização de Sarney para investigar se ele tem ou teve contas no exterior. Mas qualquer procurador da República, munido dos poderes que Sarney se diz disposto a outorgar, poderia, sim, investigar o que ele pede. Para isso teria de reunir indícios veementes de que houve delito. Do contrário, não conseguirá a colaboração internacional.

O gesto de Sarney não terá nenhuma consequência. Vale para que ele diga em sua defesa: Nada temo.)

Link Original

Alto lá, Sarney não tem nada a ver com José Sarney

O morubixaba José Sarney não tem nada a ver com a crise que carcome as entranhas do Senado. A crise, como Sarney já esclareceu, não é dele. A crise é do Senado.

Nas últimas duas décadas, Sarney fez. Nesse período, Sarney aconteceu. Mas Sarney não tem nada a ver com coisa nenhuma.

Sob Agaciel Maia, o Senado foi gerido por baixo da mesa. Editaram-se um sem número de atos administrativos secretos.

Isso aconteceu porque Agaciel mandou e desmantou na direção-geral do Senado por arrastados 14 anos. Sarney nomeara-o em 1995, na sua primeira presidência.

Um prêmio a Agaciel que, como diretor da Gráfica do Senado, editara, às expensas da Viúva, peças de campanha de políticos. Entre eles Roseana Sarney.

Numa segunda presidência, Sarney manteve Agaciel. Amigos e aliados de Sarney –ACM, Jader e Renan, por exemplo— preservaram Agaciel.

Eleito presidente pela terceira vez, Sarney conservou a intocabilidade de Agaciel. Defenestrou-o depois. Por pressão, não por vontade própria.

A mansão de R$ 5 milhões, cuja propriedade Agaciel ocultara, tornara-se um fardo demasiadamente pesado. Mas Sarney não tem nada a ver com isso.

Sacudida pela imprensa golpista, a folha do Senado revelou-se um abrigo de frutos da árvore genealógica dos Sarney.

O neto, a mãe do neto, o irmão, o par de sobrinhas, a cunhada da filha, o diabo. Sarney, o patriarca, não tem nada a ver com isso.

A empresa de outro neto intermediou no Senado os interesses de casas bancárias. Operou no filão dos empréstimos a servidores.

Coisa segura e rentável. Entrega-se o dinheiro aqui e amarra-se o pagamento ali, no contracheque dos enforcados.

Os contratos foram firmados antes que o senador virasse tri-presidente. O neto é preparado, coleciona canudos internacionais. Sarney não tem nada a ver com isso.

A Petrobras borrifou nas arcas da Fundação José Sarney R$ 1,4 milhão. Grana de mecenato, trançada na grande área do Ministério da Cultura.

Até então, a fundação era uma pedinte malsucedida. Espetara na burocracia do ministério nove projetos. Coisa de R$ 3,4 milhões.

Noves fora um caraminguá de R$ 100 mil, pingado pela Telebras em 1996, na fase pré-privatização, só a Petrobras se animou a estender a mão para a fundação.

Sarney endereçou uma carta ao ministério. Pediu pressa na aprovação do projeto. Liberada a coleta, a estatal petroleira começou a contribuir no mesmo dia.

Levantaram-se dúvidas quanto à aplicação de um pedaço do patrocínio: R$ 500 mil. Contraram-se empresas amigas.

Entre elas a da mulher de um tal de “Pipoca”, ex-assessor de Roseana, hoje auxiliar do ministro-companheiro Edison Lobão.

E Sarney: “Não participo da gestão da fundação”. Ou seja: não tem nada a ver com isso também. De modo algum. Absolutamente não!

O repórter acredita na tese. Ela guarda certa coerência. Ora, se Sarney não teve nada a ver com coisa nenhuma nos últimos 15 anos, por que teria agora?

A imprensa maledicente não vai parar, porém, de aborrecer o senador. Sugere-se a Sarney a adoção de uma providência que renderia homenagens à transparência.

Para evitar o incômodo de ter que dar uma explicação atrás da outra, Sarney poderia imprimir na testa uma tatuagem: “Não tenho nada a ver com isso”.

Se achar que a frase grande demais, Sarney pode recorrer a uma abreviatura: NaV, “Nada a ver”. Com o tempo, o dístico lhe será tão característico quanto o bigode.

Ao avistar um ou outro, mesmo o mais desavisado dos transeuntes será compelido a concluir: Ali vai José Sarney, o homem que não tem nada a ver com nada.

Link Original

Bom Menino, festas juninas e verbas

Associação ligada aos Sarney é patrocinada por CEF e Eletrobrás

De Chico de Gois: A Associação dos Amigos do Bom Menino das Mercês, de São Luís, que tem o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), como presidente de honra, assinou, às vésperas do natal de 2008, um contrato pelo qual recebeu R$ 389.434 da Eletrobrás para promover o "espetáculo de natal Canto de Luz".
O contrato foi assinado dia 15 de dezembro e publicado no Diário Oficial da União apenas oito dias depois, em 23 de dezembro. Além da Eletrobrás, a associação já recebeu recursos da Caixa Econômica Federal e do Ministério do Turismo.
A Eletrobrás é presidida por José Antonio Muniz Lopes, indicado em março de 2008 por Sarney. A Associação das Mercês é presidida por Raimundo Nonato Quintiliano Pereira Filho, coordenador de projetos da Fundação José Sarney e lotado no gabinete do senador Lobão Filho (PMDB-MA). A Eletrobrás está subordinada ao Ministério de Minas e Energia, cujo titular é Edison Lobão, amigo da família Sarney.

Somente da CEF, a entidade recebeu, a partir de 2003, a título de patrocínio, R$ 1,070 milhão. Naquele ano, foram destinados, pela CEF, R$ 50 mil para a celebração dos 391 anos de São Luís. Desde 2005, as festas juninas têm sido o destino dos recursos repassados pela CEF para a associação.

Em 2005, foram R$ 150 mil, mesmo valor de 2006 e 2007 - quando os festejos teriam ocorrido em 12 municípios do Maranhão. Em 2008, a entidade vinculada à família Sarney recebeu, em fevereiro, R$ 50 mil para o evento Caixa Surpresa Verão, e, em junho, mais R$ 260 mil para as festas juninas. Este ano, foram repassados R$ 260 mil. Já o Ministério do Turismo destinou R$ 150 mil à associação, em 2007, fruto de emenda ao Orçamento da União.

Documento de fundação derruba versão de Sarney

Estatuto indica que senador e sua família controlam entidade que desviou verba de patrocínio da Petrobrás

Rodrigo Rangel e Leandro Colon

O presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), disse aos senadores em plenário, na quinta-feira, que não tem "nenhuma responsabilidade administrativa" na fundação que leva o seu nome, sediada em São Luís. O parlamentar omitiu informações dos colegas. O Estado obteve o estatuto da Fundação José Sarney. O documento contradiz o que ele afirmou em sessão do Senado, cujas falas são registradas nas notas taquigráficas.

O estatuto revela que, além de ser uma instituição de exaltação à figura de Sarney, a fundação está sob as ordens do parlamentar e de sua família. Em sete páginas, o nome do senador aparece por 12 vezes. O artigo 19 do capítulo 5 enumera cada uma das responsabilidades de Sarney como "presidente vitalício" e fundador da entidade. Entre as funções, está a tarefa de "assumir responsabilidades financeiras" e o "poder de veto" sobre qualquer decisão tomada pelo conselho curador - também presidido pelo senador. Na quinta-feira, o Estado revelou que a Fundação José Sarney desviou para empresas fantasmas e da família do senador ao menos R$ 500 mil da verba de R$ 1,3 milhão repassada pela Petrobrás para um projeto cultural que nunca saiu do papel.

O estatuto diz que "compete" a Sarney presidir reuniões do conselho curador, "orientar" atividades e representá-la em juízo. Entre os membros do conselho, estão um filho de Sarney, Fernando, um irmão, Ronald Sarney, e Jorge Murad, marido da governadora Roseana Sarney, filha do presidente do Senado. Ex-ministro da Justiça no governo Sarney, Saulo Ramos também integra esse colegiado, assim como o empresário Miguel Ethel, que presidiu a Caixa Econômica na gestão presidencial do senador.

Cabe ao conselho curador nomear os três titulares do conselho fiscal. Compõem esse colegiado Antônio Carlos Lima, Joaquim Campello Marques e Jurandi de Castro Leite. O primeiro, conhecido como "Pipoca", é assessor do ministro Edison Lobão (Minas e Energia), aliado de Sarney. Empresas ligadas a Lima receberam mais de R$ 170 mil dos cofres da fundação de recursos da Petrobrás. Os outros dois membros são do ramo literário e amigos do senador. Joaquim Campello é lotado na presidência do Senado e ocupa a vice-presidência do Conselho Editorial da Casa, também presidido por Sarney.

O estatuto da Fundação José Sarney está registrado em um cartório de São Luís e foi anexado à prestação de contas entregue ao Ministério da Cultura, que liberou o projeto patrocinado pela Petrobrás. Uma procuração assinada por Sarney dá poderes para José Carlos Sousa e Silva apenas agir como "presidente em exercício" na sua ausência.

Em nota, a Fundação José Sarney contestou reportagem do Estado na quinta-feira. Afirma que o projeto não previa digitalização do acervo do museu, nem instalação de computadores para consulta. Não é o que diz a proposta entregue ao Ministério da Cultura. O texto diz que na 10ª etapa do trabalho teria "implantação do sistema e dos terminais de consulta".

Link Original