terça-feira, 10 de março de 2015

PORTO DO ITAQUI PODE MUDAR O MARANHÃO


A História nos mostra que no passado os grandes portos foram os grandes indutores do desenvolvimento. Ter um porto importante era um diferencial fundamental para atrair desenvolvimento, comércio, consequentemente, riqueza.
Contudo, isso nunca aconteceu aqui no Maranhão com o Porto do Itaqui, embora este tenha sempre sido saudado como um grande porto - com a característica peculiar de seu calado - que permitia receber os maiores navios do mundo. Mesmo assim, o Itaqui nunca foi motivo para um desenvolvimento da região, que aliás ainda não veio, e a influência dele no para iniciativas nesse sentido foi relativamente pequena.
Na verdade, é um porto difícil de operar, de atracar e desatracar navios por causa da grande diferença de marés que chega até a oito metros entre a preamar e a baixamar, como falamos aqui. Esse movimento das marés gera grandes correntes, tornando difícil essas operações, pois embutem riscos de choque entre o navio e o cais, o que pode até danificar o porto e causar danos aos navios. Dessa forma, o porto só faz essa operações de atracagem durante seis horas em cada ciclo de maré, três na enchente e três na vazante, ou seja, na metade do tempo de duração daquele. Em cada doze horas de cada ciclo de marés, o porto só opera em seis horas ou em cada dia, somente doze horas. Daí decorrem as filas enormes e diárias de navios, que causam grande prejuízo, pois, a cada dia parado, o navio causa perde milhares de dólares.
Nessa última semana, eu e Ted Lago, presidente da Emap, estivemos demoradamente com o embaixador da Holanda, na sede da Embaixada em Brasília e colocamos a hipótese de um acordo de cooperação técnica e operacional entre os portos de Roterdã e o Itaqui, com o objetivo de obter tecnologia e sistemas operacionais usados em Roterdã, que se localiza numa área onde é comum, em determinadas épocas do ano, enfrentar mares revoltos e violentos. O porto holandês é também muito conhecido pela rapidez na carga e descarga de navios e isso interessa a qualquer porto que queira se tornar competitivo.
Ted Lago fez uma explanação muito completa sobre o Itaqui, demonstrando que ele já domina os principais problemas operacionais, logísticos e de mercado do porto,  suscitando um interessante debate com as autoridades holandesas. O resultado foi muito positivo e Ted deverá receber em abril uma missão holandesa, composta por profissionais do porto de Roterdã e por empresários holandeses.
E por que esse assunto é tão importante agora? Porque as coisas conspiram a nosso favor. Todos sabem da importância crescente da produção do que se convencionou chamar de “Matopiba”, ou seja, uma região que inclui parte dos territórios dos estados do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia. Mas não é só. Com a ferrovia Norte-Sul, o estado de Mato Grosso, que hoje é o maior produtor de grãos do Brasil, e toda a região Centro-Oeste, deverão escolher o Itaqui como seu porto preferencial, assim como a importação de fertilizantes e de petróleo deverá ser cada vez mais expressiva, ocasionada pelo aumento vertiginoso daquelas cargas. E qual o motivo de todo esse raciocínio otimista?
É o novo Canal do Panamá, que agora permite a operação de grandes navios, proporcionando fretes muito mais baixos. Além disso, o canal torna mais próximos os portos asiáticos e da costa leste dos Estados Unidos. Considerando isso, contará para valer a nossa localização geográfica, já que no Brasil, no quesito proximidade ao canal do Panamá, o Itaqui é o porto mais importante.
Para compreender melhor a questão, basta se colocar como um proprietário de carga de grãos no Mato Grosso que precisa cumprir contratos com a China, que é o maior comprador de grãos do planeta. Hoje, normalmente ele enviaria a carga para os portos de Paranaguá, no Paraná ou Santos, em São Paulo. Essa carga terá que ser deslocada do Centro-Oeste para os portos do Sul ou Sudeste e depois, por navios, elas subirão toda a costa, passarão por São Luís para chegar ao Canal, já que essa rota é praticamente obrigatória para o destino Ásia. Por isso, se o porto do Itaqui passar a operar com mais eficiência, o exportador jamais enviará essa carga pelos portos do Sul e Sudeste do país. Ele colocará a carga na Ferrovia Norte-Sul e trará direto para o porto do Itaqui, já bem perto do Canal e a um custo muito menor do que se optasse pela outra logística.
Com efeito, reunimos todas as condições que finalmente poderão fazer o Itaqui ser um grande indutor de nosso desenvolvimento e, finalmente, poderá ser um dos portos mais importantes do mundo.
É hora de planejar e agir. Felizmente, o governo de Flávio Dino compreende essa grande oportunidade que se descortina no presente.
O Maranhão caminha para ser um grande estado!