sexta-feira, 28 de agosto de 2009

Arns deixa PT e d. Paulo vê "corrupção inacreditável"

Por Rosa Costa, no Estadão:
 O arcebispo emérito de São Paulo, d. Paulo Evaristo Arns, referiu-se à “corrupção inacreditável do Senado” no telegrama que enviou ao senador Flávio Arns (PT-PR), seu sobrinho, cumprimentando-o pela “atitude coerente” de se desligar do PT depois que o partido seguiu as ordens do presidente Luiz Inácio Lula da Silva de arquivar as denúncias contra José Sarney (PMDB-AP).

O senador Pedro Simon (PMDB-RS) leu o texto em plenário logo que Arns comunicou sua desfiliação do PT. Em cinco linhas, d. Paulo cumprimenta o sobrinho pela atitude, pede a ele que transmita “votos de apoio benemérito à senadora Marina Silva” - que também deixou o PT -, a Pedro Simon e “aos demais colegas que defendem a ética e decoro dos chamados pais da Pátria”.

Arcebispo de São Paulo durante 28 anos, de 1970 a 1998, d. Paulo Evaristo Arns é considerado por Simon “a pessoa mais importante na criação do PT”, por ter permitido, como criador das comunidades de base, que prosperassem “as ideias de dignidade, correção e capacidade de lutar defendidas inicialmente pelo partido”.

CRÍTICAS


Em seu comunicado de desfiliação, Flávio Arns afirmou no plenário que mais grave do que o partido ter arquivado as denúncias contra Sarney, foi a iniciativa de seu presidente, deputado Ricardo Berzoini (SP), de orientar o voto dos senadores petistas no Conselho de Ética. “Como se tivesse autoridade, em primeiro lugar, para orientar, orientando senadores a votarem pelo arquivamento do processo.” Arns disse que a atitude de Berzoini criou mal-estar não só entre a bancada do partido na Casa, mas principalmente na militância.

O senador também criticou o ministro de Relações Institucionais, José Múcio Monteiro, que chegou a dizer que a decisão de afastar Sarney da presidência era “de um ou dois senadores petistas” e não da quase totalidade da bancada. Mas poupou o líder Aloizio Mercadante (SP), que recuou de sua decisão “irrevogável” de renunciar a liderança em protesto pelo apoio do Planalto a Sarney.

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quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Roseana não quer ser Sarney

É impressionante observar como a governadora Roseana Sarney tenta ficar fora da mídia no que se refere às denúncias sobre seu pai. E olhem que várias delas a envolveram...

Nenhuma palavra, nenhuma tentativa de defesa. Nada. Logo ela, que está metida em atos secretos até o pescoço, nomeando parentes e amigos (como sua marqueteira que virou diretora). Isso sem contar, naturalmente, o faz-tudo “Secreta”, que recebe um salário de R$12 mil do Senado para, entre outras coisas, levar a turma de carteado de Roseana para jogar em Brasília, pagando as passagens com verbas do daquela instituição e abrigando-os na própria Residência Oficial da Presidência. Resumindo: participou de tudo, sendo citada várias vezes, incluindo o fado de ter sido beneficiária de recursos “por fora” em sua campanha, depositados pelo seu irmão Fernando, o que acabou vindo à tona por meio da Operação Boi Barrica da Polícia Federal.

Com tudo isso, querem mesmo saber o porquê dela não defender o pai e muito menos o irmão enrolado? Ora, é fácil. Roseana quer passar a impressão de que não pertence à oligarquia; que é filha de Sarney, mas não está enrolada. Que é diferente...

Tudo tática de marqueteiro para não aumentar a rejeição. Ela reza para que a esqueçam. Pensa que assim escapará da rejeição que sufoca Sarney. Esse sistema de mídia montado para dar suporte político ao grupo e destruir a reputação dos adversários a faz imaginar que sairá apenas chamuscada com as coisas que são descobertas da família. Acorda, Roseana! Como separar?

Enquanto isso, o governo biônico que comanda é confuso e sem rumo. Principalmente por sua incompetência e omissão, deixando os secretários soltos, cada um brigando pelo seu naco de poder. Como não há liderança, a brigalhada é inevitável. Não se respeitam e começam a se engalfinhar pela imprensa, já que não existe coordenação.

Na Secretaria de Saúde, por exemplo, a confusão impera. No COSEMS (Conselho de Secretários Municipais de Saúde), por exemplo, ele cometeu uma enorme irresponsabilidade, pois os conselheiros recém-nomeados tiveram que engolir uma mudança nos critérios de distribuição das verbas do SUS, que contraria todas as normas e a lógica do sistema. Essas verbas devem indenizar despesas de saúde nos municípios e, logicamente, os municípios pólos, que conseguem ter uma resolutividade maior e prestar serviços mais amplos naturalmente recebem mais pelos serviços efetivamente prestados.

Na mudança efetuada, instalou-se o samba do crioulo doido (como dizia Stanislaw Ponte Preta, saudoso cronista do jornal “Última Hora”) na saúde do Maranhão. Agora, a municípios que não possuem hospital ou condições de atender doentes, reservam-se vultuosos recursos do SUS, retirados dos grandes municípios que, por acaso, dada a sua população e melhor nível socioeconômico, geralmente são de oposição à família oligárquica.

Assim, o esperto secretario não terá o que pagar, e o dinheiro vai servir apenas para fazer política, pois sua aplicação se dará fora de qualquer critério, a não ser o que preconiza a aquisição de adesões políticas. Mais uma vez quem perde é a população população mais necessitada, que sofrerá redução de atendimento.

Exemplo claro dessa manobra: A interrupção dos repasses (cerca de R$ 300 mil mensais) para a excelente UTI neo-natal de Caxias; a paralisação do hospital de Barreirinhas (para onde foram interrompidos os repasses, desde que Ricardo Murad assumiu a Secretaria de Saúde) e a inviabilização do atendimento de saúde em Tuntum, bloqueando verba para o funcionamento de novos hospitais. Enquanto isso, anuncia construção de alguns prédios - que chama de hospitais - sem previsão de médicos , equipamentos etc.

O governo biônico já acabou com o Saúde na Escola, um dos melhores e mais importantes programas de governo que o Maranhão já teve. Por meio dele, criamos uma estrutura para atender as crianças das escolas públicas do estado, que antes não tinham como cuidar de cáries dentárias, além de noções gerais de saúde pessoal. Esse programa, que virou referência e era elogiado por todos, também atendia as crianças da família do estudante das escolas públicas. A liderança do programa era dada por Ceres Fernandes, que comandando um grupo de grande competência e determinação, que implantou o programa em mais de 100 escolas públicas. Visitei e inaugurei todas elas.

Não bastasse isso, em sua “volta ao trabalho” às avessas, esse governo acabou também com o “Mutirão da Cidadania”, outro programa de referência que, na capital e no interior do Maranhão, atendeu milhares de pessoas carentes e necessitadas em variados tipos de atendimento de saúde e de serviços básicos de cidadania, como a distribuição gratuita de milhares de óculos sob receita, ministradas por grandes profissionais da medicina, além de operações de catarata e outras. Era emocionante ver pessoas de mais de 60 anos finalmente usando óculos pela primeira vez na vida, assim como crianças, que podiam corrigir outros problemas de visão e demais situações da saúde do corpo.

Não bastasse isso, este governo atual cortou todos os recursos para saneamento. Quem ainda não tem água, não terá agora. Lamentável. Lembro-me de que em 2002, somente 35% da população tinha serviço de água e, quando saí do governo em 2006, o atendimento já cobria 55% da população, por meio de programas como o de instalação de banheiros e fossas sépticas, totalmente executados com recursos próprios do governo do estado.

Por fim, acabaram também com o Prodim, o Programa de Combate a Pobreza, assim como acabaram com os empréstimos para a agricultura familiar, que chegaram a R$ 380 milhões em 2006, e que hoje são apenas uma lembrança.

Esse elenco de bons programas que o governo biônico de Roseana Sarney interrompeu, tirou da exclusão social mais de 600 mil pessoas, segundo o IBGE.

Agora, preferem inaugurar prédios de fachada. Preferem massacrar a população de baixa renda, contribuindo assim para, uma vez mais, atrasar o desenvolvimento do estado.

Outro dia, em uma reunião da ANJ (Associação Nacional de Jornalistas), o seu presidente disse que era inconcebível misturar propriedade de meios de comunicação com política e religião. Nessa mesma reunião, condenatória da censura imposta por Sarney ao jornal O Estado de São Paulo, Roberto Irineu Marinho presidente das Organizações Globo disse que “A Globo é grande porque é ética e não é ética porque é grande”. Grande frase. Mas surge então uma dúvida: por que então, no Maranhão, a Globo se associa com a pior oligarquia brasileira, chefiada por um homem hoje execrado pela opinião pública e que se tornou símbolo de tudo que é anti-ético na política brasileira? É incoerente.

E Sarney virou mitômano. Não diz nada sem mentir!

terça-feira, 25 de agosto de 2009

Senadores avaliam ir ao STF por ações contra Sarney

Brasília - O senador José Nery (PSOL-PA) convocou os outros dez parlamentares que assinaram o recurso enviado à Mesa Diretora da Casa contra o arquivamento das representações envolvendo o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), no Conselho de Ética. O recurso foi negado na semana passada pela segunda vice-presidente da Casa, Serys Slhessarenko (PT-MT). Os senadores vão discutir a possibilidade de ingressar com uma ação no Supremo Tribunal Federal (STF) contra a negativa da petista.

Para negar o recurso, Slhessarenko se baseou em parecer do consultor legislativo Gilberto Guerzoni Filho, que entende não caber recurso ao plenário de decisões tomadas pelo Conselho de Ética. O documento foi assinado por 11 senadores: José Nery, Cristovam Buarque (PDT-DF), Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE), Renato Casagrande (PSB-ES), Jefferson Praia (PDT-AM), Demóstenes Torres (DEM-GO), Marina Silva (sem partido-AC), Flávio Arns (PT-PR), Pedro Simon (PMDB-RS), Alvaro Dias (PSDB-PR) e Kátia Abreu (DEM-TO).

Nas ações apresentadas ao Conselho de Ética, Sarney era acusado de ser beneficiado pela edição de atos secretos e envolvimento em fraudes na fundação que leva seu nome, entre outras denúncias. Entretanto, nenhum processo disciplinar chegou a ser aberto porque o presidente do colegiado, senador Paulo Duque (PMDB-RJ), determinou o arquivamento sumário de todas as ações.

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segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Ricardo Murad Perde na Justiça Eleição do COSEMS

O juiz Nemias Nunes Carvalho, titular da Segunda Vara Cível da Capital, expediu, no último dia 21, medida liminar anulando a eleição articulada pelo secretário de Saúde do Estado, Ricardo Murad, que, no último dia 27 de julho, elegeu nova diretoria do Conselho de Secretários Municipais de Saúde do Estado do Maranhão (Cosems) e, de forma arbitrária destituiu a diretoria que agora volta a dirigir o órgão, tendo como presidente o secretário de Saúde da cidade de Bacabal, Lílio Guega.

Em sua decisão, o magistrado aponta um elenco de fraudes na ação manobrada por Ricardo Murad, destacando que “o edital de convocação não foi constituído de um único documento, mas de vários, em separado, com assinaturas isoladas, dando a entender que teriam sido colhidas posteriormente, como se numa só mensagem, estivesse, representado, mais uma razão para sustentar a dúvida da idoneidade do referido documento, o que afasta possibilidade de registrá-lo em cartório sem embaraços”, acrescentou.

Diz ainda o titular da Segunda Vara, que os atos praticados pela diretoria do Cosems, ferem o Estatuto do órgão, a exemplo da convocação da Assembléia, que é ato exclusivo do presidente. Ele revela ainda que muitos dos signatários do edital que provocou a eleição, sequer poderiam votar ou serem votados, já que estavam em situação irregular, por não serem membros do Conselho.

O juiz destaca também que o texto do edital que mencionou, entre seus objetivos, a destituição da Diretoria Executiva e do Conselho Fiscal, mas agendou eleição apenas da nova Diretoria Executiva e do novo Conselho Fiscal.

Fundamentado em diversas irregularidades no pleito, o juiz finaliza sua peça determinando, além da nulidade da eleição, o cancelamento do registro de nº 15547, microfilme nº 36455, referente à alteração na Diretoria Executiva, Comissão Executiva e Conselho Fiscal do Cosems, que ele diz ter sido realizado indevidamente no Cartório de Registro de Títulos Cantuária Azevedo.

Ainda ontem, o presidente do Cosems, Lílio Guega disse nunca ter tido nenhuma dúvida quanto à irregularidade do pleito, enfatizando que sua eleição obedeceu a todos ritos da legalidade, de forma limpa e transparente.

A eleição, agora cancelada pela Justiça, foi montada pelo secretário de Saúde Ricardo Murad, que conduziu todo o processo, concedendo entrevistas na mídia local, onde insuflava a sociedade contra os integrantes do Cosems, além de dizer abertamente que, a partir de então, muita coisa iria ser modificada na distribuição dos recursos da Saúde no Maranhão.

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Suplicy impede Sarney de fingir volta à normalidade

José Sarney subiu à tribuna nesta segunda (24). Discursou sobre um tema ameno: o centenário da morte de Euclides da Cunha.

O senador escolheu um dia de Casa vazia. Ouviam-no cinco colegas. Para desassessego de Sarney, um deles era Eduardo suplicy (PT-SP).

Com a voz mansa que o caracteriza, Suplicy pediu um aparte. Sorridente, Sarney concedeu. Imaginava que o petista fosse discurrer sobre o autor de “Os Sertões”.

Qual nada! O objetivo de Suplicy era bem outro. Queria esfregar a crise na cara de Sarney. Desejava mostrar a ele que as brasas do Senado não foram extintas.

A certa altura, Suplicy elevou o timbre: "A situação do Senado não está tranquila, não está resolvida...”

“...As pessoas desejam um esclarecimento mais cabal, que as dúvidas sobre os conteúdos das representações sejam dirimidas...”

“...Eu ouvi discursos de Vossa Excelência, fiquei com muitas dúvidas, gostaria de vê-las esclarecidas, o povo brasileiro deseja vê-las esclarecidas".

Mão Santa, que presidia a sessão, lembrou a Suplicy que os apartes não podem exceder a dois minutos. O petista deu de ombros.

Suplicy disse a Mão Santa que Sarney também extrapolava o regimento, excedendo-se no tempo. E coontinuou, impassível, a sua peroração.

Quando a palavra lhe foi restituída, Sarney, algo contrafeito, acusou Suplicy de descortesia. Um desrespeito “às regras de educação e convivência parlamentar”.

E voltou à cantilena inicial: “Não quero toldar a memória de Euclides da Cunha”. Pronunciou mais algumas poucas palavras. E abandonou o microfone.

Sucedeu-o na tribuna o suplente Roberto Cavalcanti (PRB-PB). Sem mencionar o nome de Suplicy, fustigou-o:

“É uma vergonha o que se passa com certos colegas. Vêm aqui para posar de bons moços perante opinião publica...”

“...Para ficar de bem com a opinião pública, se posicionam de forma indelicada, como ocorreu há pouco”.

Sarney, que rumava para o gabinete, deu meia-volta. Aparteou Cavalcanti. Agradeceu a solidariedade.

Sarney tenta impor ao Senado uma normalidade anormal. Alguns poucos senadores, Suplicy entre eles, se esforçam para impedir.

Grosseria? Não. Absolutamente. É reação legítima à grosseria maior de mandar ao arquivo, sem apuração, as acusações que assediam Sarney.

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