sábado, 7 de novembro de 2009

Vox Populi - Serra venceria no 1º turno

Na coluna Radar, de Lauro Jardim:

Serra 40%

Uma pesquisa nacional do Vox Populi concluída na segunda-feira passada confirmou a folgada liderança de José Serra na corrida presidencial. Ele tem 40% das intenções de voto. É mais do que o dobro dos 15% obtidos por Dilma Rousseff e mais do que o triplo dos 12% registrados por Ciro Gomes. Marina Silva ficou com 5%. Nesse quadro, Serra levaria no primeiro turno.

Aécio na frente

Quando Aécio Neves é apresentado como candidato tucano no lugar de Serra, constatou-se uma surpresa: Aécio superou Dilma Rousseff pela primeira vez numa pesquisa do Vox Populi. Ainda que seja por 1 ponto porcentual e, portanto, dentro da margem de erro.

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Nobel de Economia 2009: O que o Maranhão Teve em Comum?

Reproduzo abaixo artigo do Professor José Lemos:

NOBEL DE ECONOMIA 2009: O QUE O MARANHÃO TEVE EM COMUM?

Uma das ganhadoras de Prêmio Nobel de Economia de 2009 é a Professora Elinor Ostrom, que não é Economista. Alguns colegas Economistas não gostaram desta premiação, não pelo fato de ela não ter o Diploma na área, mas pelo tipo de trabalho que desenvolve e que levou a Academia a lhe conceder uma das mais elevadas honrarias que um profissional pode receber em vida.

O trabalho da Professora Ostrom tem um enfoque bastante forte sobre a forma como as pessoas têm a capacidade, se fortalecidas em associações, de desenharem o seu destino. Quem é titulado em nível avançado, em geral, acredita que as pessoas simples não sabem o que querem e precisam estar sempre tuteladas por esses sábios. Por esta razão, uma quantidade inestimável de “boas idéias” e de “bons projetos” concebidos, gestados e paridos pela cabeça de “iluminados” não dá certo.

Um dos textos recentes da Professora Ostrom, que disponibilizo para os interessados na nossa página na internet, cujo título em português seria mais ou menos assim: “Análise Política para o Futuro de Boas Sociedades”, pode-se ter idéia desse comportamento até certo ponto arrogante de “Bem-treinados com Boas intenções” que, segundo a Professora acreditam na sua auto-capacidade de gestarem e produzirem modelos capazes de gerarem bons resultados para terceiros.

No livro “Mapa da Exclusão Social: Radiografia de Um País Assimetricamente Pobre”, em sua segunda edição de 2008, nas suas primeiras paginas encontra-se uma frase de uma mulher pobre que a proferiu em um evento da SBPC em cuja mesa havia somente pessoas altamente qualificadas e ela era a representante dos pobres. Ela disse de forma clara: “Nós é pobre, mas nós não é besta. Nós sabe o que nós quer (sic)”. Dito com aquela eloqüência e ênfase deixou-nos todos a nos olhar e sem saber o que dizer.

No texto da ganhadora do Nobel de Economia de 2009 está dito que um bom caminho na formatação de análises consistentes de políticas que possam encaminhar-se para bons resultados não pode se desviar de perguntas básicas como: Que objetivos devem ser buscados e para beneficiar a quem? Qual a origem dos problemas que se quer resolver com a intervenção? Que caminhos futuros o grupo social poderá percorrer se a intervenção não for realizada? O que pode ser feito para conseguir mudanças na trajetória dos eventos de tal sorte que os objetivos possam ser mais do que superados e quem efetivamente irá se beneficiar?

Em síntese, o trabalho da Professora Ostrom sugere que deve haver o “empoderamento” dos sujeitos sociais, que implica nas decisões serem tomadas e encaminhadas por eles, sempre que os seus interesses estiverem em jogo.

No Governo de Zé Reinaldo esses fundamentos foram adotados, sobretudo quando foram desenhadas as intervenções que seriam feitas a partir do Programa de Desenvolvimento Integrado do Maranhao (PRODIM), com recursos do Banco Mundial.. Havia uma meta clara a ser atingida que era tirar o Maranhao do pior IDH que detinha em 2001 para um patamar de pelo menos 0,700 em 2006. Estava claro na formulação das políticas qual seria o público preferencial: os agricultores familiares maranhenses.

Para isso foi reconstruída a estrutura técnica e institucional que havia sido desmontada em meados dos anos 90. As famílias rurais foram estimuladas a construírem entidades legais e legítimas, por onde demandariam as ações de intervenção que lhes beneficiariam. Os resultados vieram. O Maranhão suplantou a meta de IDH. Os indicadores sociais e econômicos avançaram. Saímos da incômoda posição de Estado mais pobre da Federação. O trabalho da Nobel em Economia de 2009 respalda os resultados observados no Maranhão entre 2001 e 2006. Isso voltará em 2011 pela vontade da população do Estado, como já tinha feito em 29 de outubro de 2006. Não haverá Banca de “Juízes Iluminados” que castre o nosso futuro.

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José Lemos é Engenheiro Agrônomo. Professor Associado na Universidade Federal do Ceará. lemos@ufc.br. Sítio Eletrônico: www.lemos.pro.br

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Honoráveis Bandidos

Os jornalistas Palmério Dória e Mylton Severiano estiveram no dia 4 de novembro último em São Luís para o lançamento e noite de autógrafos do já best seller “Honoráveis Bandidos”, do qual são autores. Trata-se de um livro corajoso e revelador para quem quer entender o que se passa no Maranhão e tudo o que aconteceu para converter o nosso estado no mais pobre, mais espoliado, abandonado e desassistido estado da federação. É uma obra que se propõe a revelar ao Brasil o que a família Sarney faz com o Maranhão com ajuda do presidente Lula da Silva.

Aqui sempre soubemos que Sarney tinha dupla personalidade: uma em Brasília, onde se esmerava para ser um homem superior, espirituoso, conversa fácil e agradável, ex-presidente que se esforçava para deixar como legado a redemocratização brasileira, estadista e homem de letras, membro influente da Academia Brasileira de Letras, que, em verdade quase não freqüentava. A outra, a que conhecemos por excelência aqui no Maranhão, dispensa comentários. Por ora.

A penosa construção da primeira personalidade, a nacional, foi sempre feita a custa de muitos favores, empregos a granel, subserviência aos poderosos de plantão, que recentemente acabaram por levar aos famigerados atos secretos do Senado. Agora, por último, quando ele perdeu as suas mais caras esperanças de impor essa montagem biográfica ao país, passou às ações de censura e intimidação a jornais e jornalistas, numa crassa imitação ao estilo de mão pesada de Antonio Carlos Magalhães, que, de maneira às vezes deveras truculenta, cobrava tudo o que jornalistas escreviam contra ele.

A necessidade de tomar o governo legítimo de Jackson Lago para presentear a filha Roseana e tentar blindar seu filho Fernando dos inquéritos com a Polícia Federal fizeram Sarney enfrentar um Lula disposto a perdoá-lo de tudo que fizesse, mesmo que isso irritasse profundamente o PT. Sim, porque na última jogada do velho coronel, esse arregimentou para si o comando do Senado, que seria do partido de Lula, como seria o esperado. Nenhum partido chefiaria as duas casas do congresso. Na busca pelo poder, Sarney nada respeitou.

Sarney demonstrou assim a sua temeridade. Era desafiar muita coisa ao mesmo tempo e, se não fosse a mão forte de Lula, um homem que não teme o julgamento da opinião pública, Sarney teria sido expelido da presidência do Congresso Nacional, tal a gravidade das denúncias que a imprensa foi tomando conhecimento e publicando.

Eivado de desespero, e tendo à mão sua experiência, o presidente do Senado percebeu que a partir daí começava a sua maior tragédia, pois estava indo para o lixo todo o trabalho de meticulosa enganação coletiva que lhe tomou tanto tempo e tanto esforço pessoal. Para ele, aquilo era um pesadelo, uma verdadeira tragédia, negação de toda uma vida. Nem todo o poder do mundo conseguiria mudar o que acontecia.

Sarney então relaxou suas defesas e passou a viver unicamente para a vingança e para a obtenção de mais poder. Passou também a viver em um mundo à parte, colocando-se como um espectador privilegiado dos acontecimentos. Em outras palavras, nada era com ele. Suas afirmações, pueris, procuravam distanciá-lo da realidade em que estava inserido. Como se diz: seria cômico, se não fosse trágico.

O livro de Palmério Dória é muito bem escrito, leitura agradável e fácil, que leva o leitor a querer lê-lo de um fôlego só. Foi sucesso instantâneo e nesta semana chega ao quinto lugar na lista dos mais vendidos do Brasil, conforme o ranking semanal publicado na revista Veja. O livro vende quase mil exemplares por dia. Em conversa informal com um livreiro no aeroporto de Brasília, este comentou que precisava repor volumes nas prateleiras várias vezes ao dia. Finalmente, o conhecimento que o Maranhão tem do “Sarney capaz de tudo” equipara-se ao conhecimento que o restante do Brasil possui sobre o referido senador. Acaba enfim a dupla personalidade.

No Maranhão, talvez por receio de vingança, e temor de retaliações, o que naturalmente não escapa à compreensão, desconheciam-se livrarias que vendessem o livro sobre Sarney. Com a gritaria, algumas bancas de jornais e revistas conseguiram alguns exemplares, logo esgotados.

Alertado sobre o que aqui acontecia, Palmério Dória resolveu vir para lançar o livro e trazer uma boa quantidade de exemplares para oferecer a quem quisesse adquirir. Marcos Nogueira, brilhante jornalista, se dispôs a organizar a vinda dos dois autores, para que o maranhense pudesse matar a sua curiosidade. Sarney, que se conteve nacionalmente para não demonstrar a grande raiva que sentia, disse que não ia entrar com uma ação na justiça para impedir a circulação nacional do livro, temendo que tal atitude chamasse ainda mais atenção do público para a obra, contribuindo assim para transformá-lo no mais vendido do Brasil.

Mas no Maranhão a coisa parece ser diferente. Além da proibição para que as livrarias o vendessem, sob pena de perseguição fiscal, as empresas de publicidade que trabalham com outdoors, depois de serem contratadas e portarem as peças que divulgavam o lançamento do livro, foram ameaçadas e preferiram romper os contratos, sumindo com a publicidade do título. Foram ameaçadas de perder o trabalho. Cederam com medo.

E finalmente, no dia do lançamento do livro, na sede do Sindicato dos Bancários na Rua do Sol, em São Luís, aconteceu a prova maior do desespero de um grupo que se sente acuado. De um grupo que sofre com a ilegitimidade que vem da decisão classificada como golpe jurídico pelo ex-ministro Resek, proferida por quatro Ministros do TSE, que deu o governo para Roseana Sarney.

Sim, o desesperou consubstanciou-se numa infame tentativa de invasão do local do evento por asseclas roseanistas, quando este já se encontrava repleto de convidados e com a presença dos jornalistas autores do livro. A choldra chegou ameaçando e tentando agredir a todos que encontravam pela frente, chegando ao ponto de lançar ovos e até um bolo para sujar alguém.

O resultado foi o inverso do que os organizadores de um destempero digno da SS de Hitler almejavam. O feitiço virou-se contra os feiticeiros e acabaram apanhando muito. E pior: chamaram atenção nacional para o livro e, mais ainda, para os métodos que Sarney usa aqui no Maranhão. Palmério Dória saiu daqui convicto de que Sarney é pior do que aquele retratado em seu livro e que merece certamente um volume dois para complementar a saga.

A tentativa e o esforço da propaganda roseanista de mostrar tranqüilidade e a sua superioridade em relação à eleição do ano que vem foi “por água abaixo” e deixa clara a insegurança e o medo que tem do povo do Maranhão e das futuras eleições.

Isso só provoca ainda mais a união da oposição, e desta ao povo, no desejo de ver pelas costas a oligarquia violenta e usurpadora.

Roseana Sarney envergonha o Maranhão!

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Por que aluno inglês aprende mais que brasileiro?

Professor da Universidade Hebraica de Jerusalém, o israelense Victor Lavy é um estudioso dos métodos que fazem com que as melhores escolas formem os melhores alunos. Comparando sistemas de todo o mundo, ele chegou a uma conclusão tão importante quanto alarmante: na média, o rendimento de um estudante de um país desenvolvido é duas vezes superior ao de um aluno de uma nação em desenvolvimento - incluindo o Brasil.

Na raiz do problema estão a dificuldade em atualização dos sistemas de ensino e o baixo envolvimento dos professores em sala de aula - além do elevado número de faltas dos mestres. Em visita ao Rio, para participar de seminário sobre educação e crescimento econômico, ele repetiu uma observação conhecida: o Brasil tem um longo caminho a seguir para conquistar um ensino de qualidade.

E concedeu a seguinte a seguir a VEJA.com.

Qual o efeito da carga horária no desempenho de estudantes de diferentes países?

A relevância das horas de instrução nas escolas dos países desenvolvidos é maior do que nas nações em desenvolvimento e subdesenvolvidas. O rendimento dos estudantes nos países do primeiro grupo é duas vezes superior ao dos demais, para o mesmo número de horas-aula.

Qual a razão dessa diferença?

Vários fatores podem ser analisados: de que forma as instituições de ensino treinam seus professores, quantos esforços são investidos pelas escolas para garantir melhorias no ensino e quanto é transmitido aos estudantes dentro da sala de aula. Em países como o Brasil ou outras nações em desenvolvimento, existem os professores que não frequentam regularmente seu ambiente de trabalho - há muitas faltas - ou apresentam desempenho apenas regular frente às turmas - o que não acontece de maneira nenhuma nas nações desenvolvidas.

Então, podemos dizer que um aluno que estuda seis horas por dia na África não aprende da mesma forma que um estudante com a mesma carga horária na Inglaterra?


Sim, é claro. Isso é exatamente o que eu analiso em meu estudo.

Mas isso não está relacionado apenas à qualidade de educação? Em um país desenvolvido, o sistema de educação costuma ser melhor do que o de um subdesenvolvido, não?

Correto. Mas o sistema de educação da Finlândia ou Noruega, por exemplo, é melhor do que o do Brasil e Argentina em diferentes aspectos. No meu estudo, eu avalio apenas as questões que envolvem as diferenças no número de horas-aula em cada país e o quanto o estudante aprende em cada uma dessas horas com o professor em sala de aula. Mas existem também outros fatores determinantes, como violência na comunidade, barulho nas salas de aula e menor comprometimento dos professores nos países mais pobres. Há vários fatores que explicam por que o sucesso e a performance dos estudantes em países em desenvolvimento é mais baixo do que nos países desenvolvidos - e esses são apenas alguns dos exemplos.

Quais países mais surpreenderam o senhor em termos de sistemas de educação?

Estudei as práticas do sistema educacional em nações da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), como Nova Zelândia, Alemanha e Austrália, além de outras do velho bloco soviético e em desenvolvimento. Os países desenvolvidos com o nível de educação alto são Finlândia, Dinamarca e Noruega, por exemplo, no grupo da Europa. Taiwan, Cingapura, Hong Kong e Coreia do Sul fazem parte da alta performance educacional da Ásia. Minha análise serviu para avaliar o quão efetivo é o tempo que as crianças passam em sala de aula com seus professores.

O senhor estudou apenas escolas públicas?

Não. Em alguns países, existem escolas privadas que também analisei. Eu ainda estou procurando por diferenças entre as escolas públicas e privadas. Nas escolas particulares, claro, há mais horas-aula de todas as matérias, mas não é uma diferença muito grande. É uma questão que está aberta e eu ainda estou pesquisando a respeito.

Existe algum segredo para a educação de qualidade?

Em minha análise, conclui que alguns pontos são muito importantes para melhorar o aprendizado. Um deles é a autonomia que as instituições de ensino têm para contratar e demitir professores e determinar seus salários. Em segundo lugar está a flexibilidade das escolas, para que elas tenham liberdade para decidir o que vão fazer em seus programas. Em terceiro, está o que chamamos de responsabilidade, ou seja, a informação sobre a performance dos estudantes em cada escola é transferida, aberta e conhecida pela comunidade. Acredito que esses sejam os três pontos principais que levantei em meu estudo para determinar a qualidade de ensino em relação ao desempenho dos alunos.

O que o senhor concluiu sobre o Brasil?

Existem dois pontos principais que podem ser melhorados. Primeiro, no Brasil, a carga horária de disciplinas como ciências, matemática e leitura é inferior se comparada à dos países desenvolvidos - é preciso melhorar essa questão. Além disso, a qualidade do ensino e o desempenho dos alunos são muito inferiores aos demais países. Assim, o Brasil deve acompanhar o desempenho dos países desenvolvidos, aumentando o tempo que as crianças passam na escola, a flexibilidade e autonomia das instituições para contratar e demitir professores, entre outras medidas. O Brasil tem um longo caminho a seguir para melhorar todos esses aspectos e alcançar uma educação realmente de qualidade.

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O 'Autoritarismo Popular' de Lula

O venezuelano Hugo Chávez é um tipo rudimentar. O brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva não é. Chávez, que impôs ao seu país a reeleição ilimitada, diz não entender por que um presidente "que governa bem e tem 80% de aprovação" não pode disputar um terceiro mandato consecutivo, como se as regras da ordem democrática devessem variar conforme o desempenho dos governantes e os seus índices de popularidade.

Lula, que, em parte por convicção, em parte por um cálculo do custo-benefício da aventura reeleitoral, recusou a possibilidade, acredita que pode chegar aonde quer por outros meios, mais sofisticados do que é capaz de conceber a mentalidade tosca do coronel de Caracas.

Trata-se da criação de um novo e presumivelmente duradouro bloco de controle da máquina estatal, da manipulação desabrida de um sistema político desvitalizado e da exploração incessante do culto à personalidade do líder, para que a adulação da massa legitime os seus desmandos e intimide a oposição.

É a construção do que o ex-presidente Fernando Henrique denomina "autoritarismo popular" - um acúmulo de transgressões e desvios que "vai minando o espírito da democracia constitucional", como adverte no artigo Para onde vamos?, publicado domingo neste jornal.

Esse processo de erosão das instituições e procedimentos é tão mais temível quanto menos ostensivo e menos expresso em atos de violência política crassa, à maneira do que Chávez faz na Venezuela para quebrar a espinha da democracia no seu país. A lógica dos objetivos não difere - "a do poder sem limites", aponta Fernando Henrique -, mas o método, no Brasil do lulismo, é insidioso.

Por isso mesmo, "pode levar o País, devagarzinho, quase sem que se perceba, a moldar-se a um estilo de política e a uma forma de relacionamento entre Estado, economia e sociedade que pouco têm que ver com nossos ideais democráticos".

No interior do governo, Lula aninha uma burocracia sindical que se apropria sistematicamente do mando dos gigantescos fundos de pensão das estatais, os quais, por sua vez, têm assento nos conselhos das mais poderosas empresas brasileiras.

Forma-se assim uma intrincada trama de interesses que se respaldam reciprocamente, não raro em parceria com empresários que conhecem o caminho das pedras - "nossos vorazes, mas ingênuos capitalistas", diz Fernando Henrique -, fundindo-se "nos altos-fornos do Tesouro".

Isso dá ao presidente um poder formidável sobre o Estado nacional que extrapola de longe as suas atribuições constitucionais. É uma espécie de volta, em trajes civis, ao regime dos generais. No trato com o Congresso, Lula faz os pactos que lhe convierem com tantos Judas quantos estiverem dispostos a servi-lo para se servirem dos despojos da administração federal, enquanto a oposição balbucia objeções que dão a medida de sua irrelevância.

"Parece mais confortável", acusa o ex-presidente, "fazer de conta que tudo vai bem e esquecer as transgressões cotidianas, o discricionarismo das decisões, o atropelo, se não da lei, dos bons costumes." Mais confortável porque mais seguro. São raros os políticos oposicionistas que não se deixam acoelhar pelas pesquisas de opinião que mantêm Lula nas nuvens e que o aparato de comunicação do Planalto, sob a sua batuta, não cessa de exacerbar - daí a pertinência do termo "culto à personalidade".

Desde a derrota de 2006, o PSDB de Fernando Henrique praticamente desistiu de expor as responsabilidades pessoais do adversário vitorioso pela autocracia em marcha no País. Os pré-candidatos tucanos José Serra e Aécio Neves, por exemplo, medem as palavras quando falam de Lula, decerto receando que ele possa fazê-las se voltarem contra eles mesmos junto ao eleitorado que o venera. Mesmo na condenação à campanha antecipada da ministra Dilma Rousseff, a oposição parece comportar-se como se estivesse "cumprindo tabela".

Lula não precisa tomar emprestada a borduna de Hugo Chávez para ditar os modos e os caminhos da evolução da política nacional. "Partidos fracos, sindicatos fortes, fundos de pensão convergindo com os interesses de um partido no governo e para eles atraindo sócios privados privilegiados", descreve Fernando Henrique, "eis o bloco sobre o qual o subperonismo lulista se sustentará no futuro, se ganhar as eleições."

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Marina na Oposição

Passou quase despercebido, mas Marina Silva ontem aproveitou um discurso de Pedro Simon contra os ataques de Lula ao TCU para desferir um duro ataque (de candidata) ao governo. Em três tempos, fala Marina:

1) “Todas as vezes que aparecem denúncias ou alguma irregularidade que os órgãos de fiscalização e controle trazem a público, o Poder Executivo faz uma crítica não levando em conta o problema que foi identificado. Mas a instituição precisaria ficar calada ou imobilizada e não cumprir com a sua obrigação institucional”.

2) “No meu entendimento, o erro consiste em querer paralisar as instituições, criar algum mecanismo para que elas não cumpram com o seu papel, quando, na verdade, o esforço deveria ser na direção de responder aos questionamentos, de reparar o erro e de atender àquilo que está sendo colocado como grave para que o Executivo possa fazê-lo”.

3) “O TCU está dizendo que mandou inúmeras correspondências pedindo as informações ou complementação nas informações. Isso também acontecia muito em relação ao Ibama. As pessoas, no lugar de atender o que estava sendo pedido pelo órgão de licenciamento ambiental, não davam a resposta, não faziam a complementação das informações ou dos estudos e diziam que se estava protelando o licenciamento. É sempre a velha história de querer desqualificar o TCU, os demais órgãos de fiscalização e controle e o MP”.

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quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Com Muita Sede ao Pote

Roseana Sarney não consegue aprender a se relacionar com a classe política. Talvez seja a insegurança de saber ser ilegítimo o seu mandato ou devido a arrogância natural de ter sido criada no meio do esplendor que o poder concede a quem se acostumou a ser obedecida sem discussão por todos os que gravitem em seu redor. Isso leva a grandes distorções, cuja principal é a falta de discernimento para separar o que é público do que é privado. E esse fato conduz a uma vida que não poderá mais existir sem esse poder, já que a falta dele modifica tremendamente o seu nível de vida.

Isso explica a ira incontida por todos aqueles que tiveram a ousadia suprema de enfrentá-la e, pior, derrotá-la em uma eleição como a de 2006. Ou ainda, de contrariá-la fortemente. Passam a ser considerados inimigos e assim tratados daí para frente. Assim, toda a “desforra” é permitida e aceita. Se puder, Roseana Sarney arruinará fatalmente a reputação dos insensatos.

Dessa maneira, é muito difícil para ela se relacionar de igual para igual com políticos como vereadores, prefeitos, deputados. A governadora não demonstra a menor consideração por eles. Arrogante, ela os trata de cima para baixo. É como foi acostumada, assim fez a vida inteira sob a cobertura paterna. Os políticos estranham esse tratamento de superior para inferior. Ao não confiar em ninguém, tenta submetê-los aos seus desejos e usa de tudo nesse intento.

Quem está respondendo a processos no Tribunal de Contas ou tem contas a ajustar com a justiça comum ou eleitoral ouve que precisa ter cuidado com esses processos, que pode perder o mandato, ou ficar inelegível etc. Como ela conseguiu até tirar do cargo o governador legitimamente eleito por quase 1,4 milhão de eleitores, os prefeitos ou deputados preferem não pagar para ver e terminam por fazer acordos que nem sempre são cumpridos.

Outros são atraídos por recursos que poderão ser repassados para fazer obras em seu município ou outras promessas de ajuda. Ela não vem cumprindo a sua parte no pacto, atrasando sempre a entrega do combinado e isso causa irritação nos políticos. Esse é também um jogo sem garantias e, não raro, muitos rompem o acordo quando se sentem mais seguros. E um cabo de guerra nesse ambiente pleno de ameaças...

Quando saiu a notícia que o presidente Lula nomeou pessoas que trabalham nas empresas do senador José Sarney como membros do Tribunal Regional Eleitoral do Maranhão, o medo se alastrou. No tribunal, com a maioria nomeada por Sarney, incluindo parentes, o jogo das eleições deixa de ser democrático. Muitos pensam que o maior requisito para a nomeação para o TRE não é o currículo, nem a especialização em direito eleitoral, ou reputação à prova de ataques.

Hoje a maior credencial é ser amigo do peito do senador ou trabalhar com ele, ou então ser amigo ou parente da família. Toma lá, dá cá. Mas pouco se importam... No caso da mais recente nomeação, a do advogado José Carlos Souza e Silva para o TRE-MA, esta escandalizou a nação, pois ele ficou conhecido nacionalmente como o Presidente da Fundação José Sarney e como o advogado da Mirante, empresa dos Sarney. Terá isenção no tribunal? Os partidos e os políticos do Maranhão se calam, talvez receando retaliações, mas a reação nacional é dura. O outro nomeado também foi indicado pelo clã...

Assim, com um complexo de comunicações para amedrontar os mais afoitos e um poder desmedido no tribunal que vai dirigir as eleições de 2010, a candidatura de Roseana Sarney ao governo do estado só confirma o pendor da balança da justiça para um lado específico. Difícil haver isenção.

O senador José Sarney ficou muito zangado quando uma revista inglesa de renome mundial e reputação inquestionável o apontou como dono de uma personalidade e um comportamento feudal, típico do homem de um tempo em que esse personagem detinha o poder total esmagando todos que o contestassem. Essa revista escreveu que ele pertencia a um tempo que já se foi, mas que no Maranhão esse tempo não quer passar. E que o domínio de um poderoso complexo de comunicação era apenas para que ele tivesse o mais poderoso instrumento desses tempos para intimidar e dominar o ambiente do seu território de influência. A revista classificou-o de “coronel eletrônico”.

Aliás, ele mesmo confessou que só tinha esse aparato de mando para comandar a sua política. Vide os arquivos da Carta Capital.

O grande erro de Roseana Sarney Murad é não entender que o povo já se desligou desse atrelamento midiático aos Sarney de maneira progressiva e irreversível. Sarney hoje é dono de uma rejeição digna de monarcas em desgraça como ele. Cerca de 70% dos maranhenses não o suportam mais. “Isso não te pertence mais”, Senador - já diz um recente bordão humorístico nacional.

Ele sabe disso? Sabe. E muito bem. Tem plena consciência do fato, tanto que não participa de nenhuma solenidade do governo da filha no Maranhão. O conhecimento total do que Sarney protagonizou de ruim no Senado arrebentou coma sua biografia.

Esta claro o rápido amadurecimento da realidade política do Maranhão. Além disso, o povo, mesmo nos menores e mais pobres municípios do estado, mais propícios a manipulação política, já está se libertando e fazendo suas próprias escolhas políticas, principalmente para governador.
Roseana vai ter grandes surpresas, pois esse pleito já não será tão influenciado pela dita classe política, a não ser que eles estejam muito bem e com muito crédito com seus eleitores, o que não é a maioria.

E quando o povo escolhe, não tem jeito. Torna-se uma epidemia em favor do que for identificado como a solução para problemas cada vez mais insuportáveis.

Foi de uma ridiculeza atroz Roseana Sarney ter se deslocado, com grande e cara comitiva, para inaugurar em Timon a Pedra Fundamental de um Hospital. Desde o tempo de Odorico Paraguassú, prefeito de Sucupira, no impagável folhetim global, não víamos mais isso. Dizem que Roseana, marcada para chegar as 12 horas, chegou somente às 15, com os poucos arregimentados pela prefeita derretendo ao calor inclemente da cidade àquela hora. Não bastasse isso, dizem que esta chegou de cara amarrada, muito zangada, sabe-se lá com que... Deve ter sido uma viagem muito agradável e deve ter sobrado mal humor para quem estivesse por perto. Ossos do ofício... Soube que deixou péssima impressão na cidade além do vexame propagandístico da incrível pedra fundamental. Quem terá idealizado coisa tão moderna e eficiente? A foto que divulgaram é hilária: Roseana Murad cercada por secretários do governo batendo palmas para uma pedra!

Depois ficam dizendo que eu sou do contra. Também...

terça-feira, 3 de novembro de 2009

Covardia de Aécio Neves

Aécio Neves, o governador tucano de Minas Gerais, que luta para ter o jogo inaugural da Copa do Mundo de 2014, em Belo Horizonte, deu um empurrão e um tapa em sua acompanhante no domingo passado, numa festa da Calvin Klein, no Hotel Fasano, no Rio.

Depois do incidente, segundo diversas testemunhas, cada um foi para um lado, diante do constrangimento geral.

A imprensa brasileira não pode repetir com nenhum candidato a candidato a presidência da República a cortina de silêncio que cercou Fernando Collor, embora seus hábitos fossem conhecidos.

Nota: Às 15h18, o blog recebeu nota da assessoria de imprensa do governo mineiro desmentindo a informação e a considerando caluniosa.

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O blog a mantém inalterada. (JUCA KFURY)

Lula dá mais um bom exemplo

Um pouco de escrúpulo não faria mal a Lula.

Como ele pode esperar que se considere acertada, justa e isenta sua decisão de nomear o advogado José Carlos Souza e Silva, presidente da Fundação José Sarney, para compor o Tribunal Regional Eleitoral do Maranhão?

O novo juiz, segundo a Folha de S. Paulo, é também advogado do Sistema Mirante de Comunicação, empresa que reúne rádios, TVs e jornal de propriedade da família Sarney.

O nome dele apareceu numa lista de seis encaminhada pela seção maranhense da Ordem dos Advogados do Brasil para o Tribunal de Justiça. E depois na lista de três nomes despachada para Lula pelo tribunal.

Dá para imaginar que um empregado de Sarney até agora, em um Estado governado pela filha de Sarney, se comportará no tribunal como um juiz independente?

Bem, e quem disse que ele foi nomeado juiz para contrariar Sarney se for o caso?

A verdade é que Lula está cada vez menos se lixando para a avaliação dos seus atos - desde que sua popularidade continue em alta.

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domingo, 1 de novembro de 2009

Sarney: População percebe o esforço e apoia Senado (???)

Nelson Rodrigues ensinou: A grande pose do ser humano não é para a esposa, a amante, vizinhos, credores ou Juízo Final. Nada disso...”

“...O homem põe o seu melhor terno, a sua melhor gravata e as suas melhores virtudes para o seu próprio julgamento...”

“...O vampiro de Düsseldorf, por exemplo, não se considera o vampiro de Düsseldorf, mas um reles bebedor de groselha”.

Coisa parecida sucede com José Sarney. Não se considera co-responsável pelas mazelas do Senado, mas um reles herdeiro da encrenca.

No vácuo das penúltimas críticas, Sarney veio aos holofotes para dizer que a reforma administrativa do Senado, já em sua terceira versão, está de pé.

Prometeu-a para novembro. Mas, nos gabinetes dos senadores, a redução de despesas de pessoal só chega em 2011. E, na direção-geral (112 funcionários), a reforma não mexe.

O texto é da Fundação Getúlio Vargas. Foi repassado aos 81 senadores, para que o leiam e, se desejarem, ofereçam sugestões. A peça pode ser lida aqui.

Ao avaliar o desempenho da própria presidência, Sarney declarou que a “moralização” prossegue. Tossiu. Engasgou. Serviu-se de água (assista no vídeo lá do alto).

Afirmou que a população percebe o “esforço” e manifesta “apoio ao Senado”. Como assim!?!?

Citou “recente pesquisa”: 52% dos brasileiros defendem “a existência do Senado na estrutura dos poderes da República”.

Sim, pode ser. Deseja-se o Senado. Mas um Senado que se dê ao respeito. E que respeite quem lhe paga as contas.

Torça-se para que ninguém pergunte, em nova sondagem, o que pensam os brasileiros do Senado sob Sarney.

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De cara amarrada

Sol escaldante na moleira das pessoas que aguardavam Roseana Sarney em Timon... Nada de 12 horas, horário marcado para a chegada. 'Branca' só aterrissou depois das 15 horas, quando o pessoal já estava de miolo cozido. Ainda por cima, a mandatária estadual desceu de cara amarrada. E passou o tempo assim, como se tivesse sido forçada a ir.

As gafes se amontoavam à medida que as falas dos oradores amiudavam, com Roseana demonstrando visível interesse em encerrar logo o blá-blá-blá. Quando parecia livre do desconforto, lá a prefeita Socorro Waquim manda religar de novo o microfone, e tome discurso...

O suor escorrendo, sol a pino, roupa pregada no corpo, agonia, irritação, tudo para rebatizar obras velhas. Nesta época, a temperatura em Timon começa a 'matar' logo cedo, imagine então às três horas da tarde, no pico da chaleira, quando passarinho voa com uma asa e se abana com a outra. Pior, a governadora não levou nenhuma novidade além da tradicional promessa. Na comitiva governista, o vice-governador João Alberto, o ministro Edison Lobão e ele, o verdugo da Macrorregião de Saúde de Caxias: Ricardo Murad... O povo timonense é passivo, convenhamos. Acho que os caxienses não suportariam o lero-lero escaldante, como já demonstrado no passado, quando 'Branca' vinha aqui de mochila vazia... O troco levou de vaias.

Decerto que Socorro Waquim já tinha organizado uma boa claque para receber a governadora. O expediente escolar na rede pública foi devidamente dispensado para o alunado agitar bandeirinhas. Afora o gentil e irrecusável convite aos barnabés municipais e estaduais. Gente estrategicamente localizada nas esquinas da cidade para assegurar o êxito da logística da recepção... Mas ninguém contava com a cara amarrada de Roseana Sarney, o que desarmou o ambiente de festa

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