terça-feira, 14 de janeiro de 2014

DANOS MORAIS


O prejuízo é imenso para todos os maranhenses. Hoje a palavra ‘Maranhão’, em qualquer parte do mundo está associada à barbárie, ao primitivismo, à pobreza, ao atraso, à incompetência, às oligarquias e à corrupção.

A situação que vivemos aqui, antes de conhecimento apenas local, hoje é de conhecimento mundial. De modos que o que acontece aqui nas cadeias e fora delas sem nenhum controle espantou e revoltou a ONU, a OEA, a Organização dos Direitos Humanos e (por que não dizer?) a população mundial.

É óbvio que isto mancha e turva a própria imagem do Brasil, que tanto se esforça para ser reconhecido como um dos mais importantes do mundo e que persegue o reconhecimento de ser nomeado Membro Permanente do Conselho de Segurança da ONU. Temo que agora isso se transforme em apenas mais um sonho, afastado pela realidade do que se passa no Maranhão e pela crueza de imagens terríveis que descrevem o que acontece há mais de dois anos nas cadeias maranhenses, sob a vista grossa dos oligarcas que dominam o estado há tanto tempo.

A presidente Dilma sabe e sofre com isso, algo que sem dúvidas deve deixá-la revoltada com tanta incúria e incompetência, mas que absurdas conveniências políticas a manietam e a impedem de explodir em cólera contra os atuais mandatários do Maranhão. E o pior é que ela sabe o quanto ganharia no eleitorado brasileiro, se jogasse fora as conveniências políticas e eleitorais e se declarasse enojada com  o que acontece aqui. Se assim agisse, cresceria muito mais no conceito dos brasileiros. Mas a amizade do ex-presidente Lula com o senador José Sarney a segura.

Contudo, a revolta é tão grande que a Ministra dos Direitos Humanos, não se conteve e condenou severamente o governo estadual, recomendando que Roseana Sarney agisse como governadora e não ficasse tentando se esquivar de sua responsabilidade, jogando a culpa no governo federal, na justiça, nos bandidos, no ex-secretário de Justiça. Aqui para nós, só faltaram figurar na lista o Sampaio Correia e o Papa. Todos culpados, menos ela.

E a nossa imagem perante o mundo? Imaginem um jovem querendo fazer intercâmbio ou tentar uma vaga em universidade estrangeira ou um emprego e sendo olhado de esguelha ao dizer que é do Maranhão. Não sou advogado, sou engenheiro, mas esse prejuízo à imagem dos maranhenses, mesmo dentro do país, me pergunto, não configuraria o que é tipificado como passível de gerar danos morais? Já pensaram se pudéssemos fazer essa extrapolação? Seriam milhares de ações cobrando indenização pelos prejuízos causados a imagem da população do Maranhão... Não seria justo?

Digam-me qual o maranhense que não está muito prejudicado em sua imagem pela irresponsabilidade de Roseana Sarney?

Não bastasse isso, é de dar pena a insólita argumentação da governadora, ao querer explicar à sua maneira o descalabro que é o seu governo. Até o ministro da Justiça, Luiz Eduardo Cardoso, demonstra isso ao escutar uma intervenção dela em uma pergunta dirigida por uma repórter a ele.

E o pior é que, tentando justificar as mortes e a violência reinante no estado, Roseana tenta convencer a todos de que nunca tem responsabilidade sobre nada. Sem preparo ou competência, ela acaba por dizer sandices, mas desta vez foi demais. A governadora ofereceu uma resposta tão inverossímil que serviu apenas de galhofa em todo o país. E, claro, de mais desmoralização. Ela atribuiu a onda de violência e a barbárie dentro e fora dos presídios do estado à grande riqueza que o estado agora experimentava no seu governo e ao consequente aumento populacional por esse fato motivado.

Será que surtou com o estresse? Que resposta mais maluca foi essa! Na realidade que ela parece não viver mais o estado está cada vez mais pobre e com indicadores sociais (todos eles!) ficando piores a cada ano. Nenhum melhorou. Esse tipo de conversa só serve de atestado de indigência mental para todos os maranhenses que a têm como governadora. Hoje nem vou repetir esses indicadores aqui...

E aquela ridícula entrevista em sua TV, dizendo que está indignada, quando o seu semblante mostrava tudo menos indignação? Indignada mesmo Roseana? Ficou chocada com o quê? Como é que pode ter sido surpreendida, se o fato vem se repetindo ha anos, desde 2011, sem a menor reação, sem providência nenhuma para evitar a repetição?
Isso é mais do que uma evidência da alienação da governadora e sua equipe próxima, que pouco se importam com nada e creem que a atuação do sistema de comunicação próprio seria suficiente para abafar o problema e evitar a responsabilização da ilustre governadora.

O processo de deterioração da autoridade governamental é tão sério que Roseana está sendo comparada a Maria Antonieta, rainha francesa que morreu decapitada e que ficou famosa por uma frase (que hoje se sabe que não a proferiu) em que dizia à população que se não tivesse pão, que comessem brioches.

Não poderia ser diferente, já que, diante do caos em que o estado encontra-se envolvido, vem à tona uma inoportuna licitação com o objetivo de adquirir lagostas, caviar e champanhe, entre outros itens para a mesa do palácio. A pilhéria então é tão grande que se comenta até mesmo sobre a frase real a ser modificada pela governadora. Seria assim: “se não têm água, que bebam champanhe!

Perdeu a noção!

Continuando os bordões, poderíamos citar o famoso e bem sucedido filme brasileiro Tropa de Elite, estrelado por Wagner Moura no papel do Capitão Nascimento, um oficial duro e honesto que, quando testava novos soldados para integrar o BOPE e os considerava inadequados para essa difícil função, interpelava o pretendente e dizia : “pede para sair, pede para sair!”

Pede para sair, Roseana!

E para terminar: Só temos aqui 4.663 presos. Uma das menores populações carcerárias do país. Mas tivemos 60 mortes em presídios estaduais  em 2013. Isto compreende quase um terço de todas as mortes ocorridas no país em 2013 nos presídios. O segundo estado em mortes é o Ceará, com 32, contudo o estado possui 19.392 presos. São Paulo vem em terceiro com 22 mortes, mas com uma população carcerária de 210.677 presos. Pernambuco, por fim,  tem 10 mortes para 29.704 presos.  Eis alguns dados estatísticos que nos ajudam a formular uma ideia mais concreta sobre o completo descontrole do Maranhão neste e em muitos outros setores... 

Não há explicação, Roseana. Aliás, há.

Trata-se de incompetência e falta de trabalho.