sábado, 31 de janeiro de 2009

Arthur Virgílio: ‘Não vale a pena ganhar com Sarney’

Folha:O líder do PSDB, falou ao blog na madrugada deste sábado (31).

Disse que, com o tucanato, Tião Viana passou a ter “boas chances” de prevalecer no Senado.

Mas não pareceu preocupado com a hipótese de uma eventual vitória de José Sarney.

“Concluímos que não vale a pena ganhar com o Sarney”, afirmou.

De resto, disse que, diferentemente do DEM, o PSDB não sofre de “PTfobia”. Abaixo, a entrevista:

- Sarney se disse perplexo. Havia um pré-acordo do PSDB com ele?

As conversas estavam avançadas.

- Por que a coisa desandou?

A negociação desandou quando o presidente Sarney foi mais evasivo do que o senador Tião Viana em relação às propostas que levamos para ambos. Percebemos que, ainda que ele assinasse, viraria letra morta.

- Por quê?

As forças que compõem o entorno do presidente Sarney significam o establishment do Senado, tudo o que a gente quer mudar.

- Refere-se a Renan Calheiros?

O Renan e outros personagens, como o senador Gim Argello [PTB-DF]. E mais: a gente percebia que eles faziam pouca distinção entre o nosso partido e outros que não têm o peso simbólico do PSDB. Temos muito orgulho do que somos.

- O time de Sarney diz que ele se elege mesmo sem o PSDB.

Essa conversa de dizer que não precisam de nós é sinal de doença psicológica. Então por que negociavam conosco? São masoquistas? Deveriam, agora, estar mais tranquilos. Noto que não estão. Começam a soltar uma certa bílis. Fazem coisas que me estarrecem.

- Por exemplo.

O senador Gim Argello foi, como emissário do Sarney, ao Planalto. Não sei se é o melhor interlocutor. O Sarney já foi presidente da República. Deveria ter interlocutores mais consolidados. Eles põem o senador Wellington Salgado [PMDB-MG] pra falar contra nós. Bela pessoa. Liderou a tropa de choque do Renan. Há um método viciado em torno do Sarney. Ele não muda as linhas de direção da Casa. Está comprometido com elas.

- Em que momento concluíram que a negociação com Sarney era um equívoco?

A certa altura da conversa com eles eu disse ao Renan: por favor, liberem a gente. Não estamos avançando. Tenho certeza de que eles achavam que estávamos blefando.

- Quando fez essa observação?

No final dessa reunião penosa em que nós percebemos que, com Sarney, estaríamos colaborando para a manutenção da mesmice.

- Refere-se à reunião de quarta (28), com Sarney, Roseana e Renan?

Exatamente.

- Não o incomoda a divergência que se estabeleceu com DEM?

Todos sabem da relação fraterna que tenho com o Zé Agripino [Maia, líder do DEM]. Vejo ele dizendo que vão ganhar até sem nós.

- Lamentou que Agripino tivesse dito isso?

É a primeira vez que a gente diverge. Não tenho nenhuma vontade de ficar revendo os assuntos do Renan, mas o Zé Agripino foi tão duro com ele àquela altura. E percebemos que o Renan está voltando a mandar no Senado. Então, quando ele disse ‘vocês perdem’, me leva à reflexão. Primeiro não sei se perdemos. Segundo, pouco se me dá se perder.

- Como assim?

Decidimos que não queremos ganhar com eles. Se vamos ganhar com o Tião Viana é outra história. Acho que temos boas chances. Mas concluímos que não vale a pena ganhar com Sarney. Não queremos ganhar com aquele grupo.

- O sr. negociou com Renan por quatro semanas. O que mudou?

Eu me dei conta do equívoco que estávamos cometendo naquela última reunião, quando eu vi todos juntos. Percebi que estavávamos negociando com o establishment, que queríamos mudar. Não foi um sentimento só meu. O Sérgio [Guerra] também ficou incomodado.

- Restarão cicatrizes na relação com o DEM?

De minha parte não. Eu não manifestei nenhum incômodo pelo fato de eles terem fechado a negociação antes da gente. Temos muitas afinidades e uma lealdade recíproca. Mas quando há diferenças é preciso explicitá-las. Do contrário, teríamos de fazer uma fusão, o que não é o caso. Nossa aliança tem tudo para ser duradoura. Eles acabaram de ter uma demonstração de apreço do Serra, em São Paulo, na eleição do [Gilberto] Kassab.

- O DEM argumenta que não se deve apoiar um inimigo como o PT.

Respeito. Mas não vejo os outros como aliados. Entendo que nossos aliados no PMDB estão mais na Câmara do que no Senado. O que não nos impediu de conversar com o Sarney seriamente. Divergimos. Mas, no que depender de mim, a parceria com o DEM será mantida. Gosto muito deles. Gosto tanto que preferia não vê-los nessa foto. Preferia que estivessem na outra foto, conosco. Creio que, nessa questão do Senado, uma senhora chamada opinião pública não deve estar longe de nós. Mas sei que as contradições que o DEM tem com o PT são viscerais.

Brasil: Um País Exótico e da Jabuticaba

Reproduzo abaixo artigo do Professor José Lemos:

Brasil: Um país exótico e da Jabuticaba

20.759.903.275.651%. Este é o tamanho da inflação no Brasil entre 1980 e 1995. Em nenhum lugar do planeta se observou, num lapso de tempo tão curto, tamanho disparate: 20,76 trilhões por cento de inflação acumulada em 15 anos. Nesse período o Brasil teve seis (6) diferentes moedas: cruzeiro, cruzado, cruzado novo, cruzeiro (novamente), URV e Real. Uma hiperinflação assim constitui um verdadeiro desastre distributivo. Não há como controlar finanças privadas ou públicas. O desarranjo apenas não foi maior, porque havia a correção monetária que funcionava como anestésico. Mas os assalariados, sobretudo os de baixa renda, sabem o que significa no orçamento familiar uma hiperinflação como aquela daquele nefasto período da nossa história econômica recente.

No documentário “Laboratório Brasil”, produzido pela Câmara dos Deputados, de onde se retirou esta informação, pode-se ouvir depoimentos de protagonistas do que aconteceu naquele período. O documentário é didático e chama o Brasil de “O País da Jabuticaba”, que provavelmente apenas viceje em terras brasileiras, uma das mais saborosas frutas que a natureza nos contempla. O documentário mostra porque o Brasil é um “País Exótico”. Dentre outras razões porque é capaz de produzir frutas assim, mas também, porque alguns dos responsáveis por aquela tragédia ainda influenciam no Brasil de hoje. Ficaram muito ricos. Não colhendo jabuticabas, evidentemente.

Quem conhece a jabuticabeira sabe que os frutos ficam colados diretamente no caule e nos galhos da árvore. Esta característica dessa fruteira é muito parecida com a da maioria dos responsáveis por aquela tragédia hiperinflacionária: trazem os seus rebentos (frutos) coladinhos às suas estruturas e desenvolvem uma incrível capacidade de multiplicação dos resultados dessa ação simbiótica em beneficio próprio e familiar.

Ao final do regime militar, em 1984, a inflação brasileira era de 100% ao ano. Naquele ano, os brasileiros foram às ruas clamar pela redemocratização do País, reivindicando eleições diretas para Presidente da República. Os militares, com a colaboração forte de civis, boicotaram e sufocaram nos bastidores aquele movimento, e acabou prevalecendo a eleição indireta para Presidente. Ao vislumbrar que o candidato dos militares não emplacaria, o então Presidente do PDS, herdeiro da ARENA, partidos que sustentaram o regime militar, deu um salto espetacular para o PMDB, que fazia oposição aos militares. Assim, conseguiu se transformar em candidato a vice-presidente, numa desenvoltura contorcionista capaz de fazer inveja aos melhores profissionais circenses.

Eleito o Presidente indireto, não quis o destino, ou sei lá que tipo de desígnio, que ele assumisse. Morreu antes de tomar posse em 21 de abril de 1985. Ironia do destino e esperteza. Juntas. Assumiu o poder exatamente quem havia participado e dado suporte ao regime que a população brasileira queria expurgar. Foram anos de planos exóticos e aloprados interferindo na economia: Plano Cruzado; Cruzado Novo, Bresser e “Feijão com Arroz”. Findos cinco anos de mandato, os resultados foram: hiperinflação de 80% ao mês, descontrole fiscal, recessão, reservas cambiais exauridas, moratória da divida externa, caos. Um desastre administrativo sem precedentes.

Na semana passada, o Jornalista Josias de Sousa escreveu que alguns políticos brasileiros, incluindo aqueles que governaram o Brasil naquele período, contrariam a teoria de Darwin da evolução das espécies. O Brasil tem uma capacidade de não se renovar, sempre reciclando figuras velhacas (parafraseando Ulysses Guimarães), que não são necessariamente velhas, no sentido etário. Eu complementaria o pensamento do jornalista, dizendo que também conseguem transgredir uma das leis fundamentais da física. A da gravidade: eles sempre “caem pra cima”. Num País sério, não exótico, um governante que tivesse aqueles registros no currículo, nunca mais teria condições sequer de ser ouvido fora do convívio familiar.

No Brasil é diferente! Há pouco mais de um ano, o então presidente do Senado se envolveu em escândalos que o obrigaram a renunciar ao cargo para não perder a função. Coisa de País exótico. Este cidadão agora é o principal articulador e cabo eleitoral para a eleição da próxima Mesa Diretora do mesmo Senado. Prosseguindo na sua incrível capacidade de contrariar a lei da gravidade, caso seja eleito o candidato para quem trabalha freneticamente, continuará “caindo pra cima”. Será o seu líder no seu partido.

Sobre a eleição da próxima Mesa Diretora do Senado, verificam-se novamente manifestações típicas de um “País Exótico”. Nas “descontraídas articulações” dos nobres senadores para a composição da dita cuja, observa-se que em nenhum momento se discute como os futuros dirigentes da Casa pretendem conduzir os trabalhos para ajudar o Brasil neste momento de crise. A discussão “pertinente” é acerca da quantidade de cargos que o Presidente do Congresso, e cada um dos participantes da Direção, terão para distribuir entre os seus “correligionários”.

Discute-se como o candidato dos transgressores da “lei da gravidade” (ele mesmo sendo um deles) poderá barganhar posições no próximo Governo, seja lá quem for o eleito em 2010. Uma adaptação (ou seria mimetismo?) fantástica que Darwin não conseguiu perceber. Discute-se também como o Presidente do Senado poderá influenciar em outros poderes da República para, por exemplo, salvar a pele de pessoas próximas de si que aparentam terem sido flagradas em traquinagens do tipo colher “frutas” que não são as doces, saudáveis e ingênuas jabuticabas. Ou ainda como poderá influenciar na cassação do mandato de um Governador eleito legitimamente, para servir a um dos seus rebentos em bandeja de suculentas jabuticabas o mandato conquistado sem votos. Este é, definitivamente, um País Exótico. Resta-nos, como consolo, saber que ao menos (ainda) não destruíram a sua capacidade de produzir jabuticabas.

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José Lemos é Engenheiro Agrônomo e Professor Associado na Universidade Federal do Ceará. lemos@ufc.br. Autor do Livro “Mapa da Exclusão Social no Brasil: Radiografia de Um País Assimetricamente Pobre”.

quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

Imagem de Ex-presidente? Tião sobe o tom: 'Sarney não tem autoridade moral'

Folha: Confirmado como candidato à presidência do Senado, José Sarney insinuou que o rival Tião Viana deveria desistir.

Perguntou-se a Sarney se a disputa com Tião não prejudicaria a aliança entre PMDB e PT em torno do governo Lula.

E ele: "Não sei. Acabei de entrar na disputa. A disposição do presidente [Lula] é que haja um candidato apenas".

Insinuou que, "em nome da unidade das forças que apóiam o governo", o adversário petista deveria retirar-se do ringue.

Abespinhado, Tião Viana disse ao blog o seguinte: "O Sarney não tem autoridade moral para fazer um pedido desses. Sobretudo depois de ter dito a mim, cinco vezes, que não seria candidato e que votaria em mim..."

"...A chance de eu desistir é zero. Qualquer que seja o resultado, sou candidato. Estou com votos suficientes para disputar a eleição para ganhar..."

"...A toalha está no canto do ringue e lá vai permanecer. Continuaremos lutando. Não tem essa de jogar a toalha."

Como se vê, a atmosfera do Senado ferve. No centro do caldeirão encontra-se a bancada do oposicionista PSDB, cujos votos decidirão a disputa entre os dois governistas.

Escrito por Josias de Souza às 20h56

Comentário do Blog: Escrevi várias vezes que Sarney não tinha opções e que em meados de Janeiro botaria o bloco na rua. Sarney, se não conseguir ser presidente do Senado, estará fora da sucessão de 2010, o que equivale a ficar fora da política. Tudo isso é agravado pelo grande desprestígio político e popular que atravessa no Maranhão desde 2006. Além disso, pensa que com o cargo poderá influir na cassação do governador do Maranhão, Jackson Lago, e livrar o filho Fernando dos processos que responde junto a Polícia Federal.

Mas, como se fosse pouco, já que em 2011 se inicia outra legislatura, ele pensa na reeleição como presidente do Senado. Ou seja, ele sonha ser o presidente daquele poder nos dois primeiros anos do possível governo Serra, com quem não tem relações.

Isso serve para qualquer outro presidente.

Que plano! Um paraíso para ele, Renan Calheiros e toda a pesada turma.

Link para a notícia original nos blog do Josias de Souza

terça-feira, 27 de janeiro de 2009

A Estréia de Obama

Nunca um presidente de qualquer país do mundo teve uma posse tão ansiosamente aguardada quanto Barak Obama nos Estados Unidos da América. O dia 20 de Janeiro de 2009 representou para muitos um divisor de águas, talvez mais que isso, pois Obama simboliza a saída contra a crise e a vitória na luta contra o desemprego.

Os EUA, nação mais forte econômica e militarmente do planeta, são o mercado cujos demais países do mundo sempre encontram compradores para os seus produtos, sejam lá quais forem eles. Se essa nação entra em crise e para de comprar, ninguém mais vende como antes, as indústrias no mundo inteiro colapsam e vem o desemprego em grande escala. E desta vez a coisa é pior, pois a origem da crise são os Estados Unidos, que assumiram aspectos de recessão, deflação e estagnação econômica. Tudo isso é sinônimo de desemprego e de dramas e tristezas para milhões de famílias. Um quadro desesperador.

A posse de Obama representa para milhões de pessoas a esperança de que aquele pesadelo poderá acabar, que aquele homem desenvolto, de fala e discurso bonitos, poderá trazer a solução para os problemas que afligem o mundo.

No dia da posse, o discurso estava à altura do momento. Foi feito para que todos o entendessem, sem apelar para a retórica, e as frases de efeito procuraram mostrar claramente a gravidade dos problemas, alertando que estes eram sérios e requereriam tempo para serem resolvidos.

Como ele compreende que sozinho nada terá sentido, apela para a conciliação com os adversários, agradecendo a George Bush pelo trabalho em favor da nação e pela correção na transição entre os governos. E mais uma vez apela para o passado da América e para o sacrifício das gerações passadas. Começa assim:

“Estou aqui hoje na presença de vocês, humilde diante da tarefa que temos pela frente, agradecido pela confiança que vocês depositaram em mim, consciente dos sacrifícios feitos por nossos antepassados. Agradeço ao presidente Bush pelos serviços prestados à nação, além da generosidade e cooperação que ele manifestou ao longo desta transição.”

Em seguida, procura mostrar que essa não é uma posse igual a outras pois o país tem muitos problemas:

“Quarenta e quatro americanos já fizeram o juramento presidencial. As palavras foram proferidas durante marés ascendentes de prosperidade e nas águas serenas da paz. De quando em quando, porém, o juramento é feito em meio a nuvens acumuladas e tempestades assoladoras. Nesses momentos, a América tem seguido adiante não apenas graças à habilidade ou visão daqueles que ocupam seus cargos mais altos, mas porque nós, o povo, nos mantivemos fiéis aos ideais de nossos antepassados e fiéis aos nossos documentos fundadores. Assim tem sido. Assim deve ser com esta geração de americanos.


Que estamos em meio a uma crise já é amplamente compreendido. Nossa nação se encontra em guerra contra uma rede de violência e ódio de grande extensão. Nossa economia está gravemente enfraquecida, consequência da cobiça e irresponsabilidade da parte de alguns, mas também de nosso fracasso coletivo em fazer escolhas difíceis e preparar o país para uma nova era. Residências foram perdidas, empregos desapareceram, empresas foram fechadas. Nosso sistema de saúde é oneroso demais, nossas escolas reprovam alunos demais, e cada dia traz mais evidências de que a maneira como consumimos energia fortalece nossos adversários e põe em risco nosso planeta.


Esses são os indicativos de crise, sujeitos a dados e a estatísticas. Menos mensurável, mas não menos profundo, é o enfraquecimento da confiança verificado em todo nosso país -um medo angustiante de que o declínio da América seja inevitável e de que a próxima geração seja obrigada a reduzir suas expectativas.”

Continuando, Obama procura incutir confiança nos interlocutores, dando a certeza de que os problemas serão enfrentados e vencidos:

“Digo a vocês hoje que os desafios que enfrentamos são reais. Eles são graves e são muitos. Não serão enfrentados facilmente, nem num período de tempo curto. Mas saiba, América: eles serão enfrentados.


Estamos reunidos neste dia porque optamos pela esperança em lugar do medo, pela unidade de objetivos em lugar do conflito e da discórdia. [...] a promessa dada por Deus de que todos são iguais, todos são livres, e todos merecem a oportunidade de lutar por sua plena medida de felicidade.


Ao reafirmar a grandeza de nosso país, compreendemos que a grandeza jamais é dada. Ela precisa ser conquistada. Nossa jornada nunca foi uma jornada de atalhos ou de nos contentarmos com menos. Ela não tem sido um caminho para os fracos de espírito -para aqueles que preferem o lazer ao trabalho ou que buscam apenas os prazeres da riqueza e da fama. Têm sido aqueles que assumem riscos, os fazedores, os criadores de coisas -alguns deles celebrados, mas mais frequentemente homens e mulheres obscuros em seu trabalho- que nos têm carregado pelo caminho longo e árduo rumo à prosperidade e liberdade".

O discurso de 20 minutos, feito em praça pública, sob um frio de -3,0 graus centígrados, diretamente para mais de 1,8 milhões de pessoas que enchiam a esplanada e para bilhões de pessoas que no mundo inteiro que estavam colados à televisão, foi muito bonito e afirmativo. Agradou a quase todos.

Mas agora é que começa a era Obama. É agora que ele terá que mostrar que se preparou para o desafio gigantesco que terá pela frente. É agora que terá que vencer o ceticismo e a desconfiança de muitos. E principalmente terá que vencer a inércia trazida pela crise, fazendo a economia andar e criando os empregos para estabilizar a vida da nação.

É uma tarefa gigantesca porque a crise vai aumentando todos os dias, com a informação de que mais empresas de todos os setores estão fechando ou pedindo falência.

Ademais de Obama, a tarefa é mais para o “Super-Obama”, tão a gosto da população americana.
Vamos torcer sinceramente por ele e esperamos que enfrente os problemas com coragem e determinação, não só com palavras bonitas e bem colocadas. Boa sorte!

domingo, 25 de janeiro de 2009

História do PMDB é a negação das teorias de Darwin

Reuters: Num instante em que o mundo celebra o 200º aniversário do nascimento de Charles Darwin, o PMDB converteu-se em prova política dos desacertos do cientista.

Quem vê o que aconteceu com o PMDB nos últimos anos, fica tentado a levar o pé atrás em relação à Teoria da Evolução pela Seleção Natural.

Uma passada de olhos pelo quadro de lideranças do PMDB, que supostamente representam o que o partido tem de melhor, impõe uma conclusão inexorável;

Pelo menos na tribo dos peemedebês, o homem brasileiro parou de evoluir. Pior: tomou um caminho inverso ao que fora esboçado na grande teoria.

Lá atrás, o PMDB tinha a cara de Ulysses Guimarães. Ficou com a cara do Quércia. Foi adornado com o bigode de Sarney...

...Ganhou a sobrancelha de Jader -o Barbalho. Migrou para a face brejeira de Renan... Interrompa-se a lista aqui, para não cansar o leitor.

Foi assim, afrontando a ciência, que aquele PMDB que combatera a ditadura -que a Arena de Sarney ajudava a disfarçar-, virou o PMDB dos dias que correm.

Registre-se, em homenagem à lógica, que o PMDB, tomado por seu peso numérico, tem todo o direito de reivindicar o comando do Senado.

Mas precisava apresentar-se com a cara do Sarney, à sombra do Renan? Bem verdade que, a certa altura, pendurou-se nas manchetes o nome de Pedro Simon.

Num concurso de beleza, Simon daria vexame. Mas, numa eleição para o cargo máximo do Legislativo, até que não faria feio.

O diabo é que Simon não passava de mais uma jogada de Renan. Uma maneira de divertir o Senado enquanto se alinhavada a costura em torno de Sarney.

Sarney reivindica o retorno à vitrine por razões só explicitadas a portas fechadas. Deseja recuperar o terreno que perdeu no Maranhão.

De resto, busca um escudo para as investigações que a Polícia Federal de Tarso Genro realiza nas cercanias dos negócios do filho, Fernando Sarney.

Nenhuma palavra à platéia sobre o futuro do Senado, hoje com os joelhos grudados no chão. Discute-se apenas a partilha dos cargos de direção, das comissões.

Se fosse possível tirar um retrato do que se passa em torno da dupla Sarney-Renan, a imagem evidenciaria que, em política, o cinismo pode ser uma forma de resignação.

Tricotam com Renan todos os que, há bem pouco, pediam a cabeça dele da tribuna do Senado. É como se a ex-virtude já não se importasse em dar as mãos à indecência.

Cercado de PMDB por todos os lados, Lula, valendo-se de uma suposta "isenção", joga água no moinho de Sarney. FHC também ligou para manifestar simpatia.

Tudo se passa sob o manto diáfano da indulgência de parte da imprensa. Realce-se a volta de Renan ao primeiro plano. Esquece-se o passivo que o levara ao ostracismo.

Assim, cortejado por governo e oposição, alisado pelo noticiário, o PMDB assegura os cargos presentes e os futuros. Sob Dilma, Serra ou quem quer que seja.

Observando o retorno de Sarney à ribalta do Senado, puxado pela gola por um Renan redivivo, um macaco haveria de perguntar a Darwin:

- Será que valeu a pena?