sábado, 1 de novembro de 2008

A Batalha do Senado

1)PT retira pressão e vai apoiar Temer

Por Christiane Samarco, no Estadão:

Entre a candidatura do senador Tião Viana (PT-AC) a presidente do Senado e a estabilidade política do governo Lula, o PT ficou com a segunda opção. Foi com este discurso que o partido recuou da queda-de-braço travada nos últimos dias com o PMDB do candidato a presidente da Câmara, Michel Temer (SP), e se comprometeu a apoiar o PMDB na sucessão da Câmara, sem exigir reciprocidade para eleger Viana no Senado.

O recuo foi decidido durante jantar da bancada de senadores do PT na terça-feira, em que o partido não só oficializou a candidatura de Viana como decidiu que vai sustentá-la "até o fim", apesar de o PMDB do Senado insistir que as regras da Casa garantem aos peemedebistas o direito de indicar o candidato a presidente, na condição de maior bancada. Neste quesito, o PT vem em quarto lugar, atrás do DEM e do PSDB.

"Temos uma aliança estratégica com o PMDB há seis anos, que foi decisiva para a governabilidade, e não podemos pôr essa governabilidade em risco", argumentou o senador Aloizio Mercadante (PT-SP), poucas horas depois de deputados do PMDB terem ensaiado uma rebelião contra o PT, ameaçando romper a coalizão e a parceria que o presidente Lula quer estender à sucessão de 2010. "O governo precisa ter estabilidade parlamentar,especialmente durante a crise financeira internacional", emendou.

2)O PMDB quer o comando do Senado para Sarney e diz que, quando isso estive sacramentado, "todos estarão mais fortes". Isso quer dizer mais fortes perante o governo. Para não ser surpreendido com ações desconfortáveis como, por exemplo, ver o vazamento de investigações da Polícia Federal, como aconteceu recentemente no Maranhão, tendo como alvo Fernando Sarney, filho do senador José Sarney (Cristiana Lôbo)

Comentário do Blog: É preciso dizer alguma coisa? Para bom entendedor, meia palavra basta.

3)O presidente Lula tem dito aos aliados que sabe muito bem da grande importância que tem o PMDB para a governabilidade neste momento. Afinal, o partido tem a maior bancada na Câmara e a maior no Senado. Mas, mesmo assim, o presidente acha que deve haver equilíbrio de forças com o seu PT.

Por isso mesmo, ele vai deixar claro aos peemedebistas que o partido não deverá comandar as duas Casas. Se ficar com a Câmara, entrega o Senado ao PT. Se não entregar, o acordo de 2006 para eleger Arlindo Chinagli, vai para o ralo. É esperar para ver (Cristiana Lôbo)

4) Eliane Cantanhêde: Um Lula-nos-acuda

José Sarney enfrentou uma eleição difícil no Amapá e está indo ladeira abaixo no Maranhão. Renan Calheiros... bem, dispensa comentários depois do tombo. E os dois nunca brincam em serviço. Você acha mesmo que eles vão deixar a presidência do Senado para o petista Tião Viana? Como diria o outro, duvide-o-dó.

Para Sarney, a presidência do Senado é como um último bastião. Para Renan, a maneira de continuar influente, mesmo que nos bastidores. E eles têm um argumento: o de que Tião foi algoz ou decisivo aliado dos algozes quando Renan periclitou e caiu da presidência.

Renan alega que não pode ser Tião, OK, mas equivale a dizer que não pode ser o PT, que não é nenhuma Brastemp no Senado. Que outro petista seria? Ideli Salvatti? Já o PMDB foi o grande vitorioso das eleições municipais e é o maior partido no Senado e na Câmara, daí reivindicar as duas presidências. Quem deve estar sem dormir é o deputado Michel Temer (PMDB).

O acordão governista para que ele assuma a presidência da Câmara deixou implícito (mas não formalizado) que a presidência do Senado iria para o PT. Assim: o PMDB com Temer na Câmara e o PT com Tião no Senado. E, se rompe de um lado, acaba rompendo de outro. Um Lula-nos-acuda.

A equação PMDB-PT no Congresso é importantíssima, porque interfere diretamente no equilíbrio governista e pode gerar fraturas, mágoas terríveis e dívidas mais terríveis ainda -para o Planalto, que tem o "Diário Oficial" e é, digamos, o "patrocinador" da disputa.

Lula sabe melhor do que ninguém que o PMDB é forte no Congresso, nos Estados, nos municípios e tem o maior tempo de TV nas eleições. Pior: é muito consciente do seu poder, sabe cobrar caro e tem donos demais e unidade de menos.

Pode ficar em 2010 com Lula-Dilma, pode ir para Serra-PSDB. O impasse no Congresso é hoje, mas o temor é dos efeitos amanhã. (Folha de São Paulo)

5) DEU NO CORREIO BRAZILIENSE

O plano B do Planalto chama-se Roseana. Governistas estudam a possibilidade de apoiar a candidatura da senadora maranhense para superar restrições ao nome de Tião Viana.

De Luiz Carlos Azedo:

O Palácio do Planalto já tem um plano B para as eleições do Senado, caso a candidatura do petista Tião Viana (AC) de fato se inviabilize: apoiar a senadora Roseana Sarney (PMDB-MA), atual líder do governo no Congresso, considerada uma aliada de primeira hora do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e adversária figadal do governador paulista José Serra (PSDB). A alternativa passou a ser considerada depois de um encontro de Lula com Roseana e os senadores Romero Jucá (PMDB-RR), líder do governo na Casa, e Renan Calheiros (PMDB-AL), ex-presidente do Senado, no começo da semana.


Comentário do Blog: Já começa a aparecer no próprio PMDB senadores que não aceitam que Sarney e Renan resolvam tudo no partido. É por aí que a coisa vai pegar e o projeto de Sarney e Renan pode fazer água. O governo deve, inclusive, fomentar a rebelião, pois como se vê acima , Lula não quer esse super poderoso PMDB. Vai ser difícil de administrar o apetite. Quando o governo não queria dar a presidência da Eletrobras para o Sarney, ele e Roseana ameaçaram fazer greve. O motivo de Sarney era um livro que precisava acabar e para isso precisava se licenciar. Roseana nem apresentou desculpas. Será que vão usar a mesma tática agora? Ou inventarão outra? De qualquer maneira Sarney está agindo desabridamente como nunca. É movido pelo desespero de ficar totalmente alijado do processo. Mas ao mesmo tempo tem medo da repercussão do problema do filho Fernando. Agora, lança por meio da imprensa esse balão de ensaio da filha Roseana, que todos sabem, é incompetente e não tem condições de dirigir uma instituição como o Senado. Talvez assim ele queira assustar Lula. “Tá vendo, se não for eu , será a Roseana” é o recado que deve assustar Lula. Mas não vai ser levado a sério pelos outros senadores.

quarta-feira, 29 de outubro de 2008

PMDB do Senado reivindica a cadeira de Tarso Genro

Marcello Casal/ABr: Demanda é capitaneada por Sarney, com o apoio de Renan. O Plano da dupla é deslocar Jobim da Defesa para a Justiça. Em articulação subterrânea, a cúpula da bancada do PMDB do Senado trama contra a permanência de Tarso Genro no comando do ministério da Justiça.

O movimento é capitaneado por José Sarney (PMDB-AP), que conta com o auxílio de Renan Calheiros (PMDB-AL).
É a mesma dupla que ergue barricadas contra a candidatura de Tião Viana (PT-AC) à presidência do Senado, sob a alegação de que o PMDB tem direito ao posto.

Sentindo o cheiro de queimado, senadores do PT despejaram sua contrariedade nos ouvidos do presidente da legenda, Ricardo Berzoini (SP). Fiador de um acordo que prevê o apoio do PT à eleição de Michel Temer (PMDB-SP) para a presidência da Câmara, Berzoini passou a insatisfação adiante. Avisou aos deputados do PMDB que, ser não for detida, a movimentação de Sarney e Renan pode levar o petismo a dar meia-volta no apoio a Temer.


Tarso Genro e o PT foram à alça de mira de Sarney por conta de uma questão policial. O senador insinua que o ministro usa a Polícia Federal para miná-lo politicamente. Sarney enxerga as digitais de Tarso num inquérito em que a PF acusa um de seus filhos, Fernando Sarney, de traficar influência no governo federal. Coisa estritamente técnica, segundo a polícia, sem conotações políticas.

A investigação foi aberta em 2006. Apurava-se, então, denúncia de que as arcas eleitorais de Rosena Sarney, candidata derrotada às eleições do Maranhão, teriam sido borrifadas com verbas de má origem. No curso do inquérito, a PF voltou-se para Fernando Sarney. Reuniu indícios de que o filho do senador e amigos dele estariam intermediando negócios privados nas franjas do Estado. Agiam, segundo a PF, sobretudo em pedaços da administração pública submetidos à influência de José Sarney.
São citados no inquérito: ministério de Minas e Energia, Eletrobrás, Eletronorte, Valec (estatal do Ministério dos Transportes responsável pela construção da Ferrovia Norte-Sul) e Caixa Econômica Federal.

O desconforto de Sarney descambou para a irritação no último mês de agosto, quando a PF encaminhou à Justiça um pedido de prisão preventiva de Fernando Sarney. A PF requereu também a detenção de um de seus agentes, Aluisio Guimarães Mendes Filho, acusado de vazar informações sigilosas do inquérito.
O juiz Neian Milhomem Cruz, da 1ª Vara Federal Criminal de São Luiz, indeferiu os pedidos de prisão. Mas, ainda que houvesse deferido, a ordem não surtiria efeito. Antecipando-se à PF, Fernando Sarney obtivera no STJ um habeas corpus preventivo que impedia a polícia de levá-lo para trás das grades. O inquérito segue o seu curso.

A investida de Sarney contra Tarso também avança. Aliados do senador chegam mesmo a informar que Lula teria concordado em desalojar Tarso. Mais: sustentam que o peemedebista Nelson Jobim seria deslocado da pasta da Defesa para o ministério da Justiça. Acrescentam que, para a cadeira de Jobim, Lula nomearia o deputado Aldo Rebelo (PCdoB-SP), alagoano de nascimento e amigo de Renan Calheiros. O repórter conversou com um auxiliar do presidente. Ele negou que Lula tenha cedido às investidas do PMDB do Senado. "O presidente não age sob pressão", disse. Seja como for, a aversão de Sarney e Renan a Tarso Genro e Tião Viana envenenam as relações PMDB-PT.

A atmosfera fica intoxicada justamente num instante em que, passada a temporada eleitoral, Lula tenta unificar o seu consórcio partidário em torno de um projeto único para 2010.
Projeto alicerçado em dois pilares: o PT de Dilma Rousseff e o PMDB, de cujos quadros Lula tenciona extrair um vice para a chefe da Casa Civil.

Lauro Jardim:


Sarney não quer marola


O maior motivo para José Sarney não se colocar como candidato à presidência do Senado não é propriamente o medo da derrota - já que o ex-presidente não teria dificuldade de conquistar apoios necessários. O que muito assusta Sarney é a possibilidade de a imprensa iniciar uma devassa nos negócios de seu filho Fernando, que está sendo investigado pela Polícia Federal por tráfico de influência.

Comentário do Blog: É inacreditável que o senador José Sarney queira indicar o ministro da Justiça, que comanda a Polícia Federal, que no momento investiga o seu filho. Este Sarney, atual, não mede conseqüências e nem age mais nas sombras. Será que, além disso, quer reiniciar a perseguição aos seus adversários? E também perseguir o Governador? Incrível como desdenha da opinião pública.

terça-feira, 28 de outubro de 2008

Ensinamentos

Passada a eleição para prefeito em todo o Brasil, fica o ensinamento decorrente do processo eleitoral. Vejo matéria do jornal Estado de São Paulo, analisando São Luís e o título é: “Acaba a Frente De Libertação Comandada por Lago”, fazendo a interpretação política do processo eleitoral que se encerrou domingo passado. Na verdade, uma acirrada disputa no segundo turno, em que Castelo foi eleito com 271. 014 votos contra 214. 302 de Flavio Dino.

Castelo ,com apoio de Duda Mendonça, conseguiu driblar os obstáculos que o derrotaram 5 vezes, uma para governador do estado, uma para senador e três para prefeito de São Luís. Vai iniciar seu governo em meio à crise econômica global que, no país, tem seu lado pior na escassez de crédito que nessa conjuntura pode levar a queda de arrecadação na administração municipal, estadual e federal. Vai, assim, precisar de um controle rígido de gastos, muita austeridade fiscal, de muito diálogo e paciência para enfrentar as turbulências iniciais. Já foi governador, tem apoio de Jackson Lago e pelo número de enfretamentos que já teve mostra que tem garra para enfrentar os grandes desafios que virão. Desejo-lhe êxito na difícil jornada.

Flavio Dino surpreendeu favoravelmente e se consagra nessas eleições com 44% dos votos. Começou praticamente do zero, com um nível alto de pessoas que diziam não conhecê-lo. Contrariando as pesquisas, chegou ao segundo turno e sai consagrado com mais de 214 mil votos. É realmente uma nova liderança que vem ajudar a renovar a política no estado aumentando as opções para o eleitor. Se posiciona firmemente como um novo interlocutor político credenciado pela enorme votação que obteve no estado para deputado federal e, agora na capital, que tem um eleitorado exigente e politizado. Tem tudo para aspirar vôos altos na política maranhense. Fez uma campanha pobre, sem marqueteiros famosos e teve atuação espetacular no debate final, mostrando amplo domínio dos assuntos municipais. Recebeu combate duro, inicialmente dos partidos da esquerda mais radical e depois perdeu muito votos, porque não conseguiu se desembaraçar, a contento, da pecha de ser apoiado por Sarney. O que na verdade é um absurdo que contraria toda a sua trajetória de vida. Enfim, aprendeu muito, e será mais resistente no futuro. Saiu muito maior do que entrou na campanha.

Voltando a matéria do Estadão, isso era tudo que queríamos evitar. Torna-se prioridade número um tentar a conciliação, senão correremos o risco de irmos também desunidos para as próximas eleições. Não será fácil.

Cesar Maia, no seu blog, transcreve do livro de Tomas Holbrook intitulado "AS CAMPANHAS SÃO IMPORTANTES?" alguns ensinamentos para os candidatos. No momento em que se encerra a eleição de prefeito, é interessante verificar, em face do que aconteceu, se os candidatos se enquadraram nas observações do autor, expostas no seu badalado livro. Eis alguns trechos:

1. Como o valor da informação diminui com o aumento do volume de informações, os eventos que acontecem no início do período de campanha têm um potencial maior de influenciar os eleitores do que os eventos que ocorrem na parte final. "Lei" do rendimento decrescente das informações.

2. A opinião básica sobre os candidatos não vai mudar na fase final.

3. Os partidos na campanha não são fonte de informação. A campanha é centrada no candidato.

4. O eleitor conservador é mais constante que o de esquerda.

5. Os últimos a decidir (indecisos) não tendem a votar no candidato do governo.

6. Regra básica: nunca pise em sua própria história.

7. Debate só tem importância em disputa muito acirrada.

8. Expectativa de quem vai ganhar pode influenciar indecisos na reta final.

Para quem se interessa por política e o que pesa na decisão do voto do eleitor o livro “A Cabeça do Eleitor” merece ser lido. O seu autor é Alberto Carlos Almeida, professor universitário, jornalista do Valor Econômico e dirige o Instituto Análise, que realiza análise de dados e pesquisas para o setor público e privado. No livro, ele faz uma comparação interessante entre o nosso sistema eleitoral e o dos Estados Unidos. Mostra que as prévias partidárias que existem na legislação americana igualam a disputa eleitoral, pois tornam igualmente conhecidos todos os candidatos já nessa etapa.

Aqui isto não acontece e as disputas se caracterizam pelo desequilíbrio inicial entre os que já tiveram mandato, mais conhecidos, e os e os disputam pela primeira vez. Já tratei disso em um artigo em que mostrava que o futuro presidente dos EUA, Barack Obama, só foi viável como candidato graças a essa fantástica e democrática prática.

Mas o mais importante fato dessas eleições é o enfraquecimento brutal do clã Sarney. Ser apoiado por eles é derrota certa. Isso está mais do que comprovado!

domingo, 26 de outubro de 2008

A Vulnerabilidade aumenta

Lauro Jardim: As contas internacionais do Brasil estão piorando - seja a dívida externa ou as reservas internacionais ou ainda as transações correntes.

Segundo dados do Banco Central, o déficit das transações correntes do Brasil em setembro aumentou 155% em relação a agosto. Aos números: passou de 1,1 bilhão de dólares em agosto para 2,8 bilhões de dólares em setembro. Nos últimos doze meses, o saldo negativo bateu 25,2 bilhões de dólares, o que equivale a 1,64% do PIB.

Só para efeito de comparação o déficit em maio era de 649 milhões de dólares. As transações correntes incluem as transações de bens e serviços com o exterior. Nesta conta entram o resultado da balança comercial, do saldo de serviços e rendas e das transferências unilaterais.


As más notícias não param aí. A dívida externa do país em setembro cresceu 1 bilhão de dólares em 30 dias ao atingir 212,9 bilhões de dólares em setembro.

O Brasil fechou setembro com 207 bilhões de dólares em reservas internacionais. Comparado aos 204 bilhões de agosto, é um bom número. Mas em outubro, até o dia 21, as reservas já haviam caído para 201 bilhões de dólares.
Em resumo, nossa vulnerabilidade aumentou. Esses números, repita-se, são de setembro. Em outubro, tudo ficou pior.

Comentário do Blog: A retórica, e a inexperiência do governo vem jogando a crise dentro do Brasil. É impossível tentar minimizar as conseqüências de uma crise global de tal magnitude. A Globo vem ajudando no que pode não entrevistando parlamentares da oposição, mas ela não pode deixar de mostrar o que se passa no mundo. E o ministro Guido Mantega, dizem, sem a concordância de Henrique Meireles, presidente do Banco Central, muito mais competente e experiente, fez o presidente assinar uma medida provisória dando poderes ilimitados à Caixa Econômica e ao Banco do Brasil para comprar bancos com dificuldades. Isso chamou a atenção do mundo e passaram a desconfiar de que estamos escondendo problemas graves. A oposição, antes cordata, se rebelou e vai criar dificuldades para a aprovação dessas medidas. A maioria dos economistas discorda do que o governo vem fazendo e torna-se imperioso que este dialogue com a oposição e com outros economistas. Confiança é a palavra chave nesse momento.