sexta-feira, 28 de março de 2008

Outros problemas...

Folha: Plataforma de gelo está "por um fio", diz cientista. Um iceberg com uma área equivalente a um terço da cidade do Rio de Janeiro se desprendeu em tempo recorde na península Antártica, e cientistas britânicos afirmam que a plataforma de gelo de onde ele se soltou está "por um fio".

A plataforma de gelo Wilkins, com 16 mil quilômetros quadrados (mais de dez vezes a área de São Paulo), está separada da desintegração total por uma fina faixa de gelo.

Pesquisadores do BAS (Serviço Antártico Britânico) e do Centro Nacional de Dados de Gelo e Neve dos EUA começaram a ver a plataforma rachar no final de fevereiro, usando imagens de satélite.

No final daquele mês, um iceberg de 41 quilômetros de comprimento por 2,5 quilômetros de largura se soltou, dando início à desintegração rápida. Esta acontece num padrão que já é típico de retrações glaciais causadas pelo aquecimento global: uma mancha azul-clara na superfície do oceano pontilhada de fragmentos de gelo.

A Wilkins é a maior plataforma (nome dado a imensas línguas de gelo flutuantes) da península Antártica, região do continente que mais esquentou no último século -provavelmente devido ao aquecimento global. Ela esteve estável pelos últimos 1.500 anos. Os cientistas achavam que ela estivesse mais protegida do clima por estar mais ao sul da península, onde faz mais frio.

Drama recente

"Eu não esperava que isso fosse acontecer tão depressa. A plataforma está por um fio e saberemos nos próximos dias qual será o destino dela", disse David Vaugham, do BAS.
Segundo o BAS, o colapso da Wilkins é "o drama mais recente" na península, uma região que nos últimos 50 anos tem sofrido um aquecimento sem precedentes (de 2C a 3C).

Várias plataformas de gelo naquela região sofreram retração nos últimos 30 anos. Seis delas se desintegraram: o canal do Príncipe Gustaf, a enseada Larsen, a Wordie, a Müller, a Jones, a Larsen A e a Larsen B.

Esta última teve seu colapso observado em tempo quase real, em 2002. Levou 35 dias para se esfacelar completamente, soando um alarme até então sem precedentes para os impactos da atividade humana no clima. Os cientistas achavam que a Larsen B fosse ser estável por mais um século.

Previsão subestimada

"Nós realmente não entendíamos o quão sensíveis essas plataformas são à mudança climática", disse Vaugham. Nos anos 1990, o pesquisador britânico previra que o aquecimento global levaria a Wilkins ao colapso em 30 anos.

Como a plataforma já está flutuando, sua desintegração não elevará o nível do mar. O problema é que ela serve de "barragem" para conter o escoamento de geleiras continentais que nela desembocam -essas sim, com potencial de elevar o nível do oceano.


Comentário do Blog: Creio que ninguém pode ter mais dúvidas sobre a gravidade do problema. Os indícios se multiplicam e vem de todas as regiões do Globo. Estados Unidos e China precisam seguir o exemplo europeu e liderar uma grande campanha mundial, começando por eles mesmos, impondo metas a atingir e padrões mundiais que todos terão que seguir.

A rarefação da camada de ozônio, que a todos assustava, graças ao envolvimento dos países mais desenvolvidos, hoje, já não representa a mesma ameaça ao planeta. O mesmo tem quer ser feito em relação a essa grande ameaça que é o aquecimento global, cada vez mais uma realidade, afetando a vida de todos. Esse assunto deveria ser difundido nas escolas do mundo inteiro para que as crianças e jovens, que deverão herdá-lo, possam influenciar na tomada de posição a ser seguida.

É preciso aumentar a conscientização de todos sobre ameaça tão grande a existência da vida, tal como a conhecemos hoje, na Terra.

Energia Eólica III

Brasil desperdiça a energia dos ventos: empresário pede empenho do governo para deslanchar projetos (Ricardo Rego Monteiro)

O Brasil é um dos únicos países do mundo com um regime de ventos capaz de gerar energia 24 horas por dia, durante 365 dias do ano. Mesmo assim, o país mantém, em pleno século 21, um parque eólico limitado a 237 megawatts (MW). Somente a título de comparação, nações como Alemanha, Espanha e Dinamarca dispõem de potência instalada acima de 10 mil e até 20 mil MW a partir da energia dos ventos. Embora programas oficiais como o Proinfa tenham previsto a instalação de 1.400 MW dessa matriz até o fim deste ano, uma conjugação de fatores, que inclui dificuldades de conexão à rede e metas irrealistas de conteúdo nacional, mantêm a energia eólica com participação irrisória na matriz energética brasileira.

Para se ter dimensão do desperdício brasileiro, o regime de ventos da Europa permite o acionamento das turbinas duas vezes por dia, pela manhã e à tarde. Tal limitação não impediu o continente de dispor de três países no clube dos cinco maiores produtores mundiais de energia eólica – Alemanha, com uma potência instalada de 20.622 MW; Espanha (11.615 MW); e Dinamarca (3.136 MW). Mesmo a Índia, que também fez o dever de casa, dispõe hoje de uma capacidade instalada de 6.270 MW, o suficiente para assegurar a condição de quarto maior produtor mundial.

Um dos grandes obstáculos para o desenvolvimento da matriz eólica no Brasil é a extensão territorial do país. Como o maior potencial encontra-se no litoral das regiões Nordeste e Sudeste, a implantação de parques eólicos precisa vir acompanhada de grandes investimentos em transmissão. Na maioria dos casos, os centros geradores localizam-se a distâncias entre 500 quilômetros e 1.000 quilômetros da região Sudeste, o principal mercado consumidor.

"O problema é que o governo não investe na instalação de novas linhas que permitam a conexão das usinas ao sistema", reclama o diretor executivo da subsidiária brasileira da espanhola Iberdrola Renováveis, Hernan Saavedra Herrera, que há sete anos tenta, sem sucesso, instalar 2 mil MW de energia eólica no Brasil. "Por que o governo trabalha na licitação de linhas de transmissão para conectar as futuras usinas de bagaço de cana-de-açúcar, e não discute o mesmo para os projetos eólicos?"

A medida, de acordo com Herrera, permitiria redução do custo dos projetos. Caras por natureza, no início, as turbinas eólicas demandam quase sempre subsídios ou medidas de estímulo governamental para tornarem-se economicamente viáveis. Foi assim nos países que hoje dispõem de maior potência instalada no mundo, e deve ser assim no Brasil.

Comentário do Blog: Hoje tive uma reunião com membros importantes do governo do Maranhão e vi, com satisfação, que o governo esta se mexendo na direção certa. O Maranhão deve recuperar a distância em que estávamos em relação a outros estados do nordeste em poucos anos. É uma ótima chance para o ministro de Minas e Energia, maranhense, ser útil a sua terra natal.

O Maranhão está entre os estados que apresentam as melhores condições naturais para a produção de energia eólica no Brasil. E pode ganhar muito com isso.
Mas, como se vê na noticia do Jornal do Brasil, é preciso que os governadores e as bancadas parlamentares da região pressionem o governo federal, para que garanta as condições necessárias ao retorno dos investimentos em energia eólica que deverão vir, prioritariamente, do setor privado.

Muitos empregos e grande desenvolvimento sustentado para o Maranhão, o nordeste e o Brasil, virão com a viabilidade desses investimentos, algo que precisamos muito. Além de ser energia limpa, que ajudará muito na luta contra o aquecimento global, interesse de toda a humanidade.

quarta-feira, 26 de março de 2008

Lula Reclama e Crediário não Muda

DEU NA FOLHA DE S. PAULO: Lula reclama e crediário não muda (De Kennedy Alencar e Juliana Rocha) Em reunião ontem de manhã no Palácio do Planalto, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva enquadrou o ministro da Fazenda, Guido Mantega, determinando que desse entrevista mais tarde para negar a adoção de medidas para conter a expansão do crédito. Mantega seguiu o roteiro traçado por Lula. "O objetivo não é pisar no freio [do crédito]", disse à Folha um auxiliar direto do presidente. Segundo esse auxiliar, Mantega não discutiu nenhuma medida concreta ontem com Lula. "Não há nenhuma medida em curso", afirmou Mantega, após a reprimenda presidencial. "Não estamos pensando em estabelecer limites de prazo para o financiamento. Apenas expus uma preocupação de que os prazos muito longos poderiam ser evitados. Mas é uma preocupação minha."

Comentário do Blog: O presidente Lula, informado das intenções do Ministro Mantega, reagiu imediatamente mandando o ministro da Fazenda se desmentir, informando que os longos prazos de financiamento não seriam modificados. Isso mostra que este blog, ao acolher o que disse o prefeito do Rio, Cesar Maia, estava certo em achar que hoje a popularidade de Lula é sustentada, lá em cima, pela boa fase da economia e pela grande expansão da oferta de crédito entre as classes C, D e E, que entraram euforicamente na onda consumista, causadora da maior expansão da taxa de crescimento do PIB.

Diminuir o número de meses do crediário iria causar uma grande frustração nos milhões de novos consumidores, além de causar grande desemprego, afetando seriamente o crescimento e os investimentos do setor industrial.

Sabendo disso, Lula mandou o ministro voltar atrás a tempo de impedir repercussões negativas em sua popularidade.

Porém, o ministro sabe que terá que buscar, urgentemente, uma solução para o problema da grande expansão da taxa de consumo das famílias, sob pena de termos de volta o fantasma da inflação, que o próprio Lula Chamou de “grande desgraça”.

É mais um fator de desequilíbrio na já desequilibrada economia brasileira...

terça-feira, 25 de março de 2008

Empresas superestimam captura de CO2

FOLHA: Empresas superestimam captura de CO2, diz estudo. Cálculo sugere que é preciso plantar o dobro de árvores por tonelada de carbono. Conta foi feita para espécies da mata atlântica e pode ajudar a subsidiar projetos de neutralização, que não têm metodologia comum

Novos dados de campo contabilizados por uma equipe do IF (Instituto Florestal) de São Paulo lançam mais peso sobre a desequilibrada balança dos processos de neutralização de carbono. O novo estudo diz que, para seqüestrar uma tonelada de carbono da atmosfera num prazo de 20 anos na mata atlântica, são necessárias 9,7 árvores em média - 137% mais que o que é comumente usado pelas empresas que já prestam esse serviço no Brasil.

"É fundamental olhar para o tipo de espécie utilizada [nesses plantios]", afirma à Folha o engenheiro florestal Antônio Carlos Galvão de Melo, da Floresta Estadual de Assis, no interior paulista. O projeto de pesquisa faz parte das atividades do Programa de Recuperação de Matas Ciliares da Secretaria do Meio Ambiente do Estado de São Paulo e conta com a participação da Universidade Federal do Paraná.

Há três tipos de árvores que podem ser usadas na neutralização: as espécies de crescimento lento (como a peroba, a aroeira ou o pau-marfim), de crescimento médio (como a canafístula) e as de crescimento rápido, ou pioneiras (como o angico ou o peito-de-pombo).

Pelos cálculos de Melo, a diferença de absorção de carbono entre esses três grupos é muito grande. Essa divergência está na base da diversidade de valores vista hoje no mercado de neutralização de carbono: por falta de uma metodologia unificada, ela tende a ser ignorada pelas empresas que prestam esse tipo de serviço.

Dependendo da empresa que faz o projeto, o número de árvores para fixar uma tonelada de carbono varia de 1,6 (Brasil Flora) a 6,2 (conforme a conta da Iniciativa Verde). Num hipotético plantio para neutralizar 100 toneladas de carbono em 20 anos, feito apenas com espécies rápidas, seriam necessárias 311 árvores pelas contas do IF, ou 3.450 plantas de crescimento médio.

No caso das lentas, o projeto de neutralização precisaria plantar e cuidar durante duas décadas de 9.700 mudas. Outro problema é saber quanto uma árvore (seja qual for o seu tipo) efetivamente contém de carbono. "Os consultores dos projetos de neutralização costumam trabalhar com um teor de carbono equivalente a 50% da biomassa das árvores", explica Melo. O trabalho do IF agora detectou que essa quantidade, segundo um teor médio, é de 41%.

Medidas

Para chegar aos números finais de absorção de carbono, foram abatidas 120 árvores, com idades entre 5 e 36 anos e diâmetro do tronco entre 5 e 57 cm. Todos os espécimes foram retirados de áreas de reflorestamento heterogêneas, localizadas no médio vale do Paranapanema, em São Paulo. Toda a biomassa e o carbono das folhas, dos ramos, dos troncos e também das quase sempre esquecidas raízes das plantas foram contabilizados. O objetivo do grupo de pesquisa, com essa medição, é montar equações que vão permitir q uantificar o carbono fixado em qualquer árvore utilizando apenas três variáveis: o diâmetro do tronco, a altura e também a idade da planta.

Base científica

A ONG SOS Mata Atlântica, que faz projetos de neutralização de carbono para terceiros, desde o ano passado também está preocupada com a metodologia de suas ações. Por isso, depois de calcular a necessidade de 1,7 árvore por tonelada (relação usada nos primeiros trabalhos), a ONG hoje usa 3,3 árvores como base. "Nós estamos nos baseando em estudos feitos pela Esalq (Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz)", diz Adauto Basílio, diretor de Capacitação de Recursos da ONG.

A pesquisa, de acordo com Basílio, avaliou o comportamento de 50 espécies, metade de ritmo mais lento e metade de crescimento mais rápido. "Acaba sendo uma média, e nós trabalhamos com um intervalo de 20 anos", diz. De acordo com Melo, do IF, os resultados obtidos no vale do Paranapanema permitem que seja possível estimar o ritmo de fixação de carbono e, a partir disso, qual será o prazo para que determinada meta de neutralização seja obtida. "É muito estranho que um evento ou empreendimento que emitiu gases-estufa em poucos dias ou meses tenha como objetivo neutralizar as emissões em 20 anos só."
(EDUARDO GERAQUE)

É muito importante que essas entidades brasileiras estejam preocupadas com assunto tão importante para nós e para o mundo inteiro. O Brasil precisa entrar de vez e para valer na discussão e implementação de soluções que priorizem a salvaguarda do meio ambiente, o planeta já não consegue mais conter o seu sofrimento e, dia após dia, já se notam os efeitos de fenômenos como as mudanças climáticas que ocorrem cada vez com velocidade maior.

Um Discurso Tresloucado

Não sei como Roseana Sarney, filha de um presidente da República que governou por 5 anos o país e, ela mesma, governadora do estado por quase 8 anos, pode se dar ao desplante de fazer, na tribuna do Senado, um discurso escrito, portanto de caso pensado, como o que ela fez para um plenário vazio na semana passada.

Como analisar uma coisa assim? O discurso tinha como tema, “Maranhão, terra das oportunidades perdidas”. Logo ela, filha mais importante de uma família que mandou e desmandou no estado por 40 anos!

Uma coisa é certa. Só no Senado ela poderia fazer tal discurso, pois o Maranhão não possui um Senador para fazer o contraponto ao que dizem os Sarney. Na Câmara, ou em sessão do Congresso, onde ela posa de líder do governo, Roseana jamais se ariscaria em tal empreitada porque seria desmoralizada de pronto.

O seu pai, José Sarney, quando exerceu a presidência, uma oportunidade imperdível para qualquer político que realmente amasse seu estado, jamais fez qualquer esforço para trazer para cá qualquer empreendimento industrial de vital importância para o desenvolvimento do Maranhão, embora nosso estado apresente condições inigualáveis para a siderurgia e para refinarias.

No governo Cafeteira, houve uma tentativa de trazer uma usina siderúrgica. Sarney era o presidente da República e os diretores da Usimar(Usina Siderúrgica do Maranhão) acharam que nada os poderia impedir de concretizar essa grande vitoria para o estado.Mas o presidente, contrariando todas as expectativas, ao invés de ajudar, resolveu acabar com o sonho, pelo simples motivo de que o então governador Cafeteira ser antigo desafeto. A diretoria da Usimar estava na Itália para assinar os contratos com empresários italianos, e um enviado do presidente chegou de repente, com a missão de abortar as assinaturas, o que foi feito sem muito trabalho. Afinal era o presidente da República que mandava dizer que o governo federal não tinha interesse na siderúrgica. Um dos diretores, inconformado, pegou o avião e foi direto falar com o presidente, achando que ele tinha sido traído por uma pessoa importante do governo. Mal abriu a boca reclamando, quando foi interrompido pelo presidente, dizendo que o enviado era um patrimônio do país e que ele devia respeitar tal figura. O diretor compreendeu quem estava por trás da missão...

Na verdade, não lutou para trazer nada para cá. Nem montadora de automóveis, nem grandes indústrias, grandes instituições de ensino, complexos petroquímicos, centros de informática, nada que realmente mudasse o quadro de pobreza instalado no estado.

Poderia ter trazido se quisesse? Claro, o presidente Lula acabou de mostrar como se faz. Mandou instalar uma siderúrgica no Pará para dar uma força a governadora do PT e uma refinaria, a maior do país, em Pernambuco, sua terra natal. Era ele que deveria ter nascido aqui...

Depois, continuando sua obra implacável, Sarney impediu que a Vale trouxesse, junto com a Baosteel, uma grande usina siderúrgica para o estado, no meu governo. Já estava tudo assinado quando Sarney entrou na jogada. Técnicos da Vale avisaram que, infelizmente, a usina só poderia vir para o Maranhão quando Roseana estivesse no governo. Acima de tudo, uma grande baixaria e mesquinharia. E Roseana, pela sua importância familiar, a tudo acompanhava e anuía.

E Roseana, quando foi Governadora, o que trouxe? Mesmo detendo muita força no governo federal, com irmão ministro de estado, não fez nenhuma tentativa para trazer a siderúrgica, nem a refinaria, nem tratou de trazer seriamente nenhuma grande empresa. E ela passou quase 8 anos no governo! E estava, "nem aí, seu Souza" - parafraseando nossa gente - para o esforço dos governadores do nordeste em trazer o gasoduto, o que ajudaria na atração de empresas pesadas para o estado. O gasoduto parou no Ceará.

As duas fábricas que tentou trazer, a de confecções de Rosário e a “outra” Usimar, esta de fundição, acabaram em grandes escândalos, com processos ainda em andamento, pessoas inocentes endividadas e muito dinheiro público torrado misteriosamente. Uma verdadeira calamidade. E nunca funcionaram. De Rosário, sobraram os galpões e gente humilde endividada. Da Usimar, um calçadão que custou R$ 40 milhões... Um fenômeno!

Isso sem falar no caso da Bunge, que, por não aceitar sócios indesejados, foi para o Piauí. E assim o fizeram outras empresas que pensaram em vir para o Maranhão naquela época. As que vieram, chegaram pagando pedágio. O que ficou do seu governo para dar motivos para o discurso de Roseana? Ficou um estado falido, sem equilíbrio fiscal, endividado (paga-se quase R$ 60 milhões por mês) e vendas pouco transparentes, de patrimônio do estado, como a Cemar, parte da Telma, aviões e a venda surrealista do Banco do Estado do Maranhão. (o governo tomou R$ 333 milhões para preparar o Banco para a venda e, no final, o Banco foi vendido por R$ 78 milhões). E ela ainda se acha no direito de ler um discurso desses!

E a falta de ensino médio, do pior IDH do Brasil, da maior taxa de analfabetismo, da maior percentagem de excluídos, da menor renda per capita do Brasil etc. Tudo muito atrativo para empresários... Herança dos governos de Roseana.

Quem não acredita no empenho da família para não deixar vir benefícios para o estado, basta lembrar do episódio patético - e explícito - da tentativa de impedir no Senado, sempre o Senado, de empréstimo do Banco Mundial de US$ 30 milhões para combate a pobreza. Naquela ocasião, eles tiveram que mostrar a cara e, afinal, fracassaram na infame tentativa.

Na revista Dinheiro Rural, que está nas bancas, há uma matéria muito positiva para o Maranhão. O título é “Maranhão - o Eldorado da Soja”. Diz assim: “O Estado atrai uma grande esmagadora, a ABC Inco e ao lado do Piauí e Tocantins, abre uma das mais promissoras fronteiras agrícolas do País”. Menos de um ano instalada, ela compra 35% da safra dos três estados, que já produzem 10% da soja brasileira. Foi um investimento de R$130 milhões. Esse importante empreendimento veio no meu governo, Roseana.

E sabe o que disse o Presidente da empresa no dia de sua inauguração na presença de todos? Que quando veio falar comigo pela primeira vez, ele veio com medo porque a fama do estado era de que os governantes exigiam indicar sócios, sem capital, nos empreendimentos autorizados. E que ele suspirou de alívio quando só pedimos a ele que desse muitos empregos e trouxesse o desenvolvimento para o estado. A empresa, imponente, fica no Distrito Industrial, que criamos com o Deoclídes Macedo (parabéns, amigo!), em Porto Franco. E eles estão anunciando, ainda neste ano uma refinaria de óleo, acoplada à unidade do Maranhão, e um terminal portuário no porto do Itaqui.

Poupe-nos, Roseana!

Rififi

Dora Kramer, d'O Estado de São Paulo: A personalidade, digamos, combativa do líder do PSDB no Senado, Artur Virgílio, outro dia quase consegue o impossível: tirar José Sarney do sério. Tudo porque Virgílio resolveu tomar as dores do correligionário Mário Couto, que se envolveu em numa briga feia com o colega Gilvan Borges, ligado a Sarney. O líder telefonou para o gabinete de José Sarney e espalhou brasa: a ameaça mais suave dava conta da intenção de fazer terra arrasada do clã.

Sarney sentiu-se afrontado, “como nunca”, e avisou à cúpula do PSDB que estava disposto a enfrentar Virgílio no mano a mano e até na base do mano armado se fosse preciso. Por interferência de Sergio Guerra e Tasso Jereissati, felizmente não foi.

Comentário do Blog:

Gilvam Borges, do Amapá, é um faz tudo de Sarney. Assumiu o Senado com a cassação de Capiberibe, este sim, eleito pelo povo. A cassação foi conseguida por Sarney no TSE em decisão muito controversa.

Artur Virgílio já disse o diabo para Sarney, de corpo presente, quando da sucessão do Senado. E vez isso varias vezes sem reação. Parece que agora Sarney resolveu reagir. Virgílio, tudo indica, sabe de muita coisa e já teve uma discussão feia com Roseana, que tentou peitá-lo.

O que sabe Virgílio? Ele diz que arrasa o clã. E Sarney pode andar armado? Esta acima da lei do desarmamento?

segunda-feira, 24 de março de 2008

A Corrida do Álcool

FOLHA: O Governo Federal anunciou a criação, em Campinas, de um Centro de Tecnologia do Bioetanol. Já era tempo. Toda a euforia com o álcool como biocombustível globalizado não havia produzido efeitos concretos para o corolário óbvio: sem investimento em tecnologia, o Brasil pode perder a liderança conquistada. Hoje o álcool de cana nacional é mais eficiente que o de milho americano, mas isso não vai durar para sempre.

O centro surgiu de diagnóstico do Núcleo Interdisciplinar de Planejamento Energético da Unicamp, coordenado pelo físico Rogério Cezar de Cerqueira Leite, membro do Conselho Editorial da Folha. Conclusão: o país se atrasou na ciência básica e aplicada do álcool.

De 10 mil artigos científicos pesquisados, nenhum contava com autores brasileiros. Não se fez muito mais, por aqui, do que adaptar para combustível uma planta destinada a produzir açúcar. O centro, com orçamento anual de R$ 35 milhões iniciais, pretende atrair de 60 a 100 pesquisadores para aperfeiçoar essa cadeia de conhecimento e valor.

O Santo Graal da pesquisa é o aproveitamento da celulose, cuja energia química não conta com tecnologia de escala industrial para conversão em combustível. O Departamento de Energia americano investiu quase 20 vezes mais (US$ 385 milhões) só para tirar do chão seis unidades-piloto de etanol celulósico.

Surgem a toda hora nos EUA empresas de alta tecnologia de olho nesse mercado bilionário. Buscam novos processos, plantas, enzimas e microrganismos para desbancar a cana brasileira. Até novos biocombustíveis estão em pesquisa, como butanol e isobutanol. Segundo o periódico científico "Nature", eles teriam vantagens técnicas sobre o etanol na cadeia industrial hoje baseada em petróleo.

É uma disputa de gigantes, que exige investimentos de vulto. No melhor dos mundos, o centro em Campinas seria só o embrião de uma grande rede de pesquisa.

O Maranhão tem excelentes condições de produzir etanol. Com novas tecnologias, a produção de cana-de-açúcar também gera energia com o bagaço, traz a modernização da agricultura com a adoção de práticas modernas, pode incluir com facilidade a agricultura familiar no processo produtivo, modernizando antigas práticas pouco produtivas, criar muitos empregos na indústria, nos serviços e na lavoura.

No meu governo, firmei acordo com o Pólo Nacional de Biocombustíveis da Esalq (Escola Superior de Agricultura Luis de Queirós), da USP de Piracicaba, e eles estudaram profundamente o Maranhão e separaram as melhores áreas do estado para a produção de etanol, sem problemas ambientais ou legais.

É um combustível verde e que tem lugar assegurado na matriz energética mundial. Vale à pena criar condições para a expansão da produção de etanol no estado.

Popularidade de Lula Corre Riscos

Ao se acreditar no que escreveu o prefeito do Rio, Cesar Maia, em seu ex-blog, quando disse que a popularidade de Lula hoje decorre da boa fase da economia e principalmente do acesso das camadas de menor renda ao crédito, coisa que nunca havia acontecido antes, e não mais da Bolsa Família, que, consolidando-se, já se incorporou ao dia a dia das pessoas, isto então permite-nos pensar que esse ciclo pode estar chegando ao fim.

Em todos os jornais de sábado, lia-se que o governo iria intervir na oferta de crédito, restringindo prazos de financiamento tentando conter a sua imensa demanda.

Talvez esteja acabando a principal causa da expansão acelerada da indústria automobilística, que já nos coloca como sexto produtor mundial de veículos. Isso se daria principalmente reduzindo o prazo dos financiamentos que hoje pode chegar a 99 meses e, segundo revela o ministro do Planejamento Guido Mantega, seria reduzido para no máximo 36 meses. Com medidas de contenção de crédito, a Fazenda pretende desacelerar o consumo e, assim, evitar uma elevação da taxa de juros, que é medida cogitada pelo Banco Central para ser adotada em abril. Quer a instituição, assim, evitar que a pressão da demanda venha acelerar a taxa de inflação. A Fazenda trabalha com um dado que é considerado insustentável de que o aumento da demanda das famílias já cresce a 7% ao ano. Esse patamar de crescimento pode comprometer um crescimento econômico sem inflação nos próximos anos.

Por enquanto, o otimismo nas empresas está em alta. Marcas como Cônsul, Brastemp, Coca Cola, Havaianas, Aiko e muitas outras contam que as vendas são puxadas pelo consumo das classes C, D e até mesmo da classe E.

E mais importante para Lula, o crescimento no Nordeste - onde o consumo era muito baixo - é, hoje, no mínimo, o dobro do Sul e do Sudeste, informam as empresas.

Surge então o dilema cruel para o governo: o consumo em alta pode mitigar o impacto da crise externa, mas o aumento do consumo assusta, pois pode levar à inflação.

Portanto, a economia, sempre ela, pode acabar a lua de mel de Lula com os brasileiros.