sexta-feira, 7 de março de 2008

Quem quer e pode, faz

O Globo, na edição de terça-feira, dia 4, anuncia que, em uma reunião no Palácio do Planalto, tendo a companhia da Governadora do Pará Ana Julia Carepa, do PT, da Ministra Dilma Rousseff, e do Presidente da Vale, Roger Agnelli, o Presidente Lula anunciou a construção de uma usina siderúrgica para a produção de placas de aço no Pará, que consumirá R$5 bilhões em investimentos. Segundo a Governadora do estado, Ana Julia, as obras da siderúrgica devem começar no próximo ano, e o governo federal prometeu investir mais R$ 1,5 bilhão em infra-estrutura.

"O interessante é que as obras comecem ainda no meu mandato e no do presidente", afirmou Ana Júlia.

A tendência é que a usina seja implantada em Marabá. E a estimativa de produção anual é de 2,5 milhões de toneladas.

É transparente o interesse político do presidente em levar esse investimento para o Pará a fim de dar uma grande força na reeleição da governadora. E a governadora, com ajuda do presidente, vai pastorear a Vale para que comece tudo ainda antes da eleição de 2010. E o interesse da Vale é enorme em agradar o presidente, tanto que é a primeira usina siderúrgica em que a companhia participa sem parceiros, pelo menos inicialmente. Como esse não é o seu negócio, que é vender minério de ferro, ela sempre foi amplamente minoritária em todos os outros, nunca passando de 10% a sua participação.

Mas agradar o Presidente está acima de tudo para uma empresa como a Vale, que necessita da força do governo para abrir importantes portas no exterior.

A oferta de recursoS (tão expressivos) do governo também é um diferencial muito importante. Nunca em nossas reuniões com o Presidente e Ministros foi sequer admitida essa possibilidade, da recepção de recursos do governo federal, para a implantação de uma usina no Maranhão. Mas o Presidente sabia onde estava pisando. E sabia também do veto de Sarney, grande aliado político, mas adversário de usinas no Maranhão, enquanto sua filha Roseana não estiver no governo. Ou enquanto for tão forte como o primeiro...

Esses R$ 1,5 bilhão serão certamente usados na execução de obras de infra-estrutura de energia elétrica, pavimentação, habitação, água, esgoto, centros de capacitação de mão de obra, terraplenagem etc. Que presente!

A Vale, antes de decidir pelo Maranhão, em 2003, fez um estudo de localização para a escolha do local de implantação da usina. São Luís obteve a maior nota (com tranquila margem de diferença), de todos os outros locais que foram cotejados, entre eles Marabá, Belém e Vila do Conde. Por isso, o anúncio que fizeram é de uma usina média, metade do que se estudou para cá.

Isso é vontade política de fazer. De Lula. E demonstra que, quando um presidente quer, as coisas acontecem. Lula já levou uma refinaria de petróleo para sua terra natal, Pernambuco. Todos os estados queriam. Ninguém reclamou. Esse é outro projeto pelo qual lutamos muito, pois temos ótimas condições de viabilidade que tornam muito atraente a localização aqui, mas, por outro lado, temos Sarney vigiando. Sempre Sarney que, quando Presidente, não moveu um gesto para trazer uma para o Maranhão.

Sarney foi presidente durante 5 anos. Nunca quis fazer nada importante pelo Maranhão. Cafeteira era o governador. Quem duvida de que se ele quisesse realmente, não teria feito?

Espírito Público

Dora Kramer do Estado de São Paulo: “A posição de ex-presidente da República e condição de fiador da transição democrática não inibe - e isso impressiona - o senador José Sarney de fazer manobras fisiológicas com a falta de cerimônia de um iniciante. Anunciou a disposição de pedir licença do mandato junto com a filha Roseana e o aliado Gilvan Borges, dizendo que era para escrever suas memórias. O governo entendeu o recado e, ante a ameaça de retirar três votos do Senado, substituídos por suplentes a serem conduzidos como marionetes em favor dos interesses do clã, tratou de dar a presidência da Eletrobrás a um afilhado de Sarney que, ato contínuo, desistiu do período sabático dedicado à literatura. Como bem observou um petista de altíssimo escalão há 15 dias, quando do anúncio da falsa retirada: E que livro escreverá Roseana?

Cristiana Camarco da Folha de São Paulo: “A reunião de líderes da Câmara e do Senado foi um exemplo de clima de tensão. Ela terminou em bate-boca entre os senadores Heráclito Fortes (DEM- PI) e a líder do governo no Senado Roseana Sarney (PMDB- MA), que chegara atrasada.
Garibaldi saiu e a reunião estava dominada pela oposição. Foi aí que Roseana dirigiu-se a Heráclito e, em tom enfático, disse: “E o senhor pode levar um recado para seu partido...”O senador reagiu e de dedo em riste: “Recado, não. Eu não levo recado.” Surpresa, a líder ainda tentou corrigir. “Mas eu estou trazendo um recado do governo, e você, um recado da oposição”, disse, passando a enumerar os obstáculos criados pela oposição para não votar o orçamento. “Agora, não. O governo decidiu que vai votar na quarta- feira”, concluiu. “Mais alguma ordem?” devolveu Heráclito, irônico.”

Como se vê, o presidente Lula, se depender de aliados como esses, está perdido. Um Sarney fisiológico ao extremo, que faz chantagem com o governo, por cargos e vantagens e, a outra, Roseana, incompetente e arrogante, e por isso, levando bordoadas diversas no Senado vindas dos outros senadores. Acorda Lula!!!

terça-feira, 4 de março de 2008

Energia Eólica e Nordeste

Já escrevi em um dos meus artigos sobre a importância, para o Nordeste e para o Maranhão, da energia gerada pelos ventos abundantes da região. É da ordem de 75 GW o potencial do nordeste de geração de energia eólica. Portanto, gigantesco, uma dádiva de Deus, nesse momento de busca mundial por novas formas de gerar energia limpa e ecologicamente correta. Esse fato pode ajudar a tirar o Nordeste da pobreza, já que poderemos ter, para apresentar nessa competição global pela atração de empresas, o fator determinante: energia.

É uma característica de nosso estado a grande velocidade dos ventos, sempre alinhados, quase nenhuma turbulência e poucos períodos de calmaria. O potencial do Maranhão é enorme e beneficiado pela grande extensão do nosso litoral, seguido de baixadas, logo vasta parte do território acaba também tendo ventos fortes e mais de uma centena de quilômetros em direção ao interior são beneficiados. Nos falta, ainda, o aprofundamento de pesquisas com anemômetros computadorizados para mapear em todos os espaços os ventos existentes, informação fundamental para os empreendedores. A Secretária Telma Tomé me disse que o estado e a Eletronorte devem fazer as pesquisas que faltam.

No mundo inteiro há uma corrida pela energia eólica, em fazendas em terra e até no mar, em projetos offshore. Só em uma dessas fazendas, nos Estados Unidos, esperam produzir 3000 MW, maior que as hidrelétricas em construção.

E nós? E o Brasil? Ainda estamos bem atrás dos outros países, mas já existe um processo de conscientização em andamento... Estados como o Ceará já têm projetos que envolvem vários bilhões de reais.

Voltei a esse assunto neste artigo, porque a Governadora Vilma de Faria (PSB), do Estado do Rio Grande do Norte, publicou um ótimo artigo na Folha de São Paulo, em que procurava chamar a atenção do Governo Federal para a importância desse tipo de geração de energia. Nele, expôs, com êxito, que o Nordeste poderia ajudar o Brasil a resolver seus problemas num setor tão estratégico para o desenvolvimento nacional. O fato da governadora ter colocado o assunto na sua pauta de prioridades é animador, já que, nesse sentido, os estados com mais potencial, na região e no Brasil, são exatamente o Maranhão, o Ceará, o Piauí e o Rio Grande do Norte.

A governadora não falou, mas existe um fato muito importante para o programa deslanchar de vez, atraindo os empresários com mobilidade e rapidez de execução: é a necessidade da ANEEL colocar preços compensadores no leilão para compra de energia oriunda de fontes alternativas como a energia eólica. O leilão será em junho. Se isso ocorrer, o êxito do programa é certo e as coisas começarão a acontecer rapidamente.

Se os governadores dos 4 estados fizerem uma mobilização sobre esse assunto junto ao Presidente da República, no Congresso, na Sudene e nos Ministérios de Minas e Energia e do Planejamento e, principalmente, na Casa Civil, da Ministra Dilma Rousseff, vão conseguir. E vão iniciar uma nova e promissora era na região.

Isso ajudará até a mudar a agenda atual do Brasil, que é uma das mais medíocres de todos os tempos. Tudo que se vê na chamada grande imprensa brasileira é a luta da velha política patrimonialista, que atrasou o Brasil e o Maranhão por tanto tempo, tentando nomear mais e mais gente que, na maioria das vezes, não está suficientemente preparada para assumir tais cargos. Isto, naturalmente, contribui para o atraso do Brasil em relação aos outros países chamados emergentes que, libertos dessas praticas antigas, vão ganhando terreno. E quem chefia tudo isso? Quem está permanentemente no noticiário, insaciável, prometendo greves no Senado, junto com a filha, também Senadora, na tentativa de emplacar mais alguns cargos em posições estratégicas do setor elétrico, que pretende dominar totalmente, sem discussão? O Senador José Sarney , é claro. Sobretudo agora, tal uma máquina desgovernada, disputando com Renan Calheiros, até ontem grande aliado, cargos na Petrobras, como divulgado na imprensa.

O Presidente Lula está no limite da sua paciência e vem desabafando com freqüência, chegando a dizer ao Ministro de Minas e Energia que dará os cargos, mas, irá responsabilizá-los por qualquer problema no Senado. Agora resolveu viajar pelo Brasil, sair de Brasília, para se livrar das pressões de Sarney que o estão incomodando muito.

A irritação que o Presidente demonstrou sexta-feira em Sergipe, quando saiu criticando os outros poderes, não tenham dúvidas, era porque dali a pouco iria embarcar para Brasília, voltando a ser assediado pelos políticos fisiologistas. Não está mais agüentando a voracidade impertinente deles!

E ainda acabarão culpando a região e o Maranhão por toda essa exposição de práticas políticas condenáveis. Se ao menos Sarney usasse uma parte da força que tem com Lula em beneficio do Maranhão, deixando vir a siderúrgica e a refinaria... Mas isso não passa pela cabeça dele.

Jornal Pequeno

Deu no Jornal Pequeno:

Para livrar a cara de Sarney

"Todas as vezes em que é anunciada a intenção da Vale de fazer uma siderúrgica em qualquer lugar do Brasil, o jornal porta voz da oligarquia diz logo que o culpado por esta não vir para cá é o governo do estado. Isso é para livrar a cara do Senador José Sarney, que todos sabem, faz o que quer no governo federal, em que é dono de um imenso poder. Só que usa toda essa força para não deixar vir, como já aconteceu duas vezes, uma no governo Cafeteira e outra no governo de José Reinaldo.

Além disso, todos sabem que a Vale faz o que o Sarney quer, por causa dos seus interesses junto ao governo federal, muito bem cuidados por Sarney e por causa dos imensos interesses no Porto do Itaqui, que almeja ter sob seu domínio, coisa que só não aconteceu, porque Roseana Sarney perdeu as eleições para o Governo do Estado.

A siderúrgica não vem porque Sarney não quer e Lula sabe disso. Aliás, Lula se aproveita disso para dar força para governadores do PT como Wellingthon Dias, do Piauí, e Ana Julia Carepa, do Pará. Tudo começou quando a Vale queria comprar uma grande mineradora, a Xstrata, e recebeu aviso que o Governo Federal era contra, pois a Vale podia se tornar internacional demais e levar seu Centro de Negócios do Brasil para outro país, como fez a Ambev. A Vale jogou tudo e o Presidente Lula fez uma viagem ao Rio de Janeiro para jantar na casa do seu presidente com a esposa. Lula reclamou que a Vale precisava investir mais no Brasil e principalmente no Pará. As coisas, então, começaram a mudar, e no encontro seguinte dos dois, a Vale já levou pronto o projeto da Siderurgia para o Pará, ganhando assim a autorização para comprar a Xstrata.

A Vale se fortaceu financeiramente com a recente negociação com a China, onde conseguiu aumentos vigorosos no preço do minério, inclusive, pela primeira vez, a China concordou em pagar mais pelo minério de Carajás, de melhor qualidade. A Vale sabe que produzir produtos siderúrgicos no Pará é muito mais caro que no Maranhão, mas atende dois desejos fortes: um do Presidente, atuando como amigo do Pará, dando mão forte para a Governadora, sempre envolvida com problemas, e outra atendendo Sarney, que não quer siderúrgica no Maranhão no governo de adversários políticos. Sarney hoje é o grande inimigo do desenvolvimento do Maranhão!”

Esta notícia saiu no Jornal Pequeno há duas semanas e está tudo confirmado. Hoje o Presidente Lula e a Governadora Ana Julia Carepa, do Pará, anunciaram a siderúrgica. Faltou uma pessoa na comemoração, o Senador Jose Sarney, que usa o seu grande poder com o governo federal apenas para perseguir inimigos políticos do Maranhão, como afirmou o líder do PSDB no Senado, Artur Virgílio. É inconcebível lutar contra os mais legítimos interesses do Estado, como faz Sarney. Assim ele fez no contrato com o Banco Mundial para combate a pobreza e assim é com a siderúrgica.

segunda-feira, 3 de março de 2008

O Problema das Reservas Internacionais

Um grande número de economistas começa a se preocupar com o montante das nossas reservas internacionais. E o motivo é o custo das reservas em moedas de outros países.

O Banco Central divulgou sábado que teve um prejuízo de R$ 47,5 bilhões, 254% maior do que o do ano anterior, a ser coberto pelo Tesouro Nacional, o que elevará a dívida interna. Esse prejuízo se deve ao crescimento das reservas internacionais, que permitiram ao Brasil se transformar em credor externo. No final de fevereiro as reservas atingiram o montante de US$ 191,5 bilhões, quantia superior a dívida externa privada e pública. Acontece que reservas expressivas possuem um custo elevado, pois a redução da dívida externa se traduz em aumento da dívida interna, cujo custo é maior.

Segundo o jornal Estado de São Paulo, no ano passado o BC comprou US$ 75,59 bilhões, que representaram R$ 155,3 bilhões na economia. Isso obrigou o BC a vender títulos da dívida interna para evitar que o aumento da base monetária favorecesse uma grande inflação. Paralelamente, o BC aplica as reservas em títulos da dívida norte-americana que, com a crise das hipotecas, rendem cada vez menos. A diferença entre a taxa de aplicação e o custo da dívida interna é hoje de 8%, devendo os efeitos da valorização cambial, serem acrescentados à diferença daquela taxa. Assim alguns economistas acham que já é hora de parar de comprar divisas.

Entretanto essas reservas expressivas representam o melhor seguro que a economia brasileira já teve, pois reservas fortes reduzem a vulnerabilidade do país. Elas também funcionam como um colchão de segurança diante da possibilidade de uma queda, no futuro, dos preços dos produtos exportados pelo Brasil.

Portanto, muitos benefícios podem ser trazidos, mas a um custo elevado, trocando dívida externa mais barata por dívida interna mais cara. A maneira de reduzir essa despesa é cortar os gastos públicos e diminuir a dívida interna, medidas que, infelizmente, o governo resiste em tomar com unhas e dentes. É um equilíbrio instável.

domingo, 2 de março de 2008

Revista Veja

Veja I

Coluna Radar do Lauro Jardim

“Comendo pelas Beiradas- Aécio Neves foi convidado para fazer discurso de encerramento do Banco Mundial, no dia 15 de Abril. Vai explicar o modelo inédito de financiamento do Banco (sem contrapartida financeira) a um estado. O Banco Mundial emprestou 1 bilhão de dólares a Minas Gerais e sua aplicação será mensalmente avaliada. Ao estado caberá cumprir as metas estabelecidas. O Banco Mundial quer adotar esse modelo para todos os seus financiamentos”.

Faltou dizer que esse empréstimo está vinculado a nova dinâmica administrativa do estado de Minas, que faz contrato com seus Secretários para cumprimento de metas de grande interesse para o desenvolvimento do estado em benefício de sua população. Como isso já está implantado no governo, esse empréstimo não tem destinação específica e será aplicado no cumprimento das metas já fixadas e a critério do governo. A contrapartida, na verdade, são os recursos que estão no orçamento e que serão aplicados para realizar essas mesmas metas.

Muito bom! De parabéns por essa inovação estão o Banco Mundial e o Governo de Minas. E recursos do Banco estarão à disposição de outros estados, desde que passem a adotar novos meios de gestão, focados em metas estabelecidas em contrato com os gestores setoriais, como Minas Gerais.

Veja II

Coluna Radar do Lauro Jardim:

“Criador e Criatura - Não vão de vento em popa as relações entre José Sarney e Edson Lobão. O motivo do estremecimento é a decisão de Lobão de disputar o Governo do Maranhão em 2010. Sarney, padrinho de Lobão para o Ministério de Minas e Energia, quer que sua filha, Roseana, seja a candidata.”

Isso é o que Sarney quer que acreditemos. Lobão não briga com Sarney e vai fazer o que for combinado. Roseana não será candidata ao Governo do Estado, pois, uma segunda derrota é fatal para ela. O que está acertado é que Lobão vai se candidatar ao Governo e Roseana tentará a reeleição. Sarney quer um candidato com mais nome para o governo para tentar “puxar” Roseana para o Senado. Em eleições, é o máximo que pretendem alcançar. A prioridade de Sarney é Roseana, sempre.