terça-feira, 17 de junho de 2014

PESQUISA COMO TÁTICA DE CAMPANHA



Nós já estamos acostumados no Maranhão. O grupo da oligarquia, pelo fato de deterem poderosos meios de comunicação, incluindo a grande maioria das  redes de televisão, sempre usa pesquisas falaciosas para confundir o eleitor. Quem não se lembra da primeira eleição de Roseana Sarney ao governo do estado, quando, no dia anterior à eleição, o Jornal Nacional iria mostrar Cafeteira na frente dela e acabou a luz em quase todo o estado exatamente nesse momento? Naquela época a Cemar ainda era uma estatal e como não havia outro meio de evitar que a Globo divulgasse a pesquisa, deram um jeito de interromper a transmissão e ninguém viu que Cafeteira estava na frente. Em contrapartida, os meios de comunicação da família mostravam sem parar pesquisas dando uma grande diferença a favor de Roseana. Não era verdade, mas era a tática de campanha.

Pois bem, em 2006 às vésperas do primeiro turno daquelas eleições, a oligarquia divulgou dados de alguns institutos de pesquisa e todos os relatórios exibiam Roseana folgadamente à frente de Jackson Lago. Um deles chegou a mostrá-la com 62 por cento, convertidos, por óbvio, em 49 por cento poucos dias depois.

Agora, não tendo como mostrar o candidato do grupo com um mínimo de condições de competitividade, estão falando novamente em pesquisas e pode-se imaginar que vão tentar mostrar um bom crescimento do seu candidato. Mas isso está longe da realidade...

Em sua coluna do Jornal Pequeno, a Caxias em Off, o excelente e independente jornalista Jotônio Vianna observa que o grupo que apoiava Luís Fernando naquela cidade com grande entusiasmo não se empolgou com o candidato substituto Edinho Lobão, principalmente depois da ida deste à cidade. A decepção com o candidato foi tão grande que a campanha esmoreceu depois da visita dele. O mínimo que acharam é que era um falastrão, não conhecia os problemas e nem os políticos que o esperavam. Uma franca decepção.

O artigo de Jotônio me chamou a atenção, porque isso também eu pude notar em Imperatriz e em outras cidades nas quais estive após a visita do candidato da família Sarney. Creio que Edinho não empolga nem os políticos e assim é muito difícil minimizar a grande indiferença que a população tem por ele. Essa candidatura é fruto dos últimos momentos de poder da oligarquia, já sem quadros políticos à disposição, pois Edison Lobão foi vetado por Roseana e João Alberto não aceitou as condições que lhe deram para concorrer. Como este já há tempos não acredita que os Sarneys tenham chance de vitória, não se interessou. Sem mais ninguém, lançaram um candidato que nunca disputou eleição e que, pior, não conhece nada acerca de nada. Diz que vai resolver os problemas deixados pela oligarquia, embora, ao ser perguntado sobre o assunto, não saiba dizer sequer sobre o que versam. 

E é assim que, sem poder mudar a realidade, a engrenagem da oligarquia apela para pesquisas encomendadas, pois precisam dar a impressão de que a candidatura que preconizam ainda está de pé. Mas está muito difícil e muita gente que sempre votou nos candidatos da família já não acredita mais em vitória.

Enquanto isso, Roseana Sarney parece divertir-se com as dificuldades desta candidatura do seu grupo que ela jamais apoiará. Isto devido a muitas causas... Uma delas é que até José Sarney ocupar a Presidência da República, a parceria da Rede Globo era com a família Lobão, desde que compraram dos Bacelar a então emissora afiliada. Com Sarney na presidência, a Rede Globo trocou a parceria. Esta veio para aquele, deixando a família Lobão com o SBT. Agora, até por isso, sem ninguém da família no Senado, temem perder a Rede Globo para a família Lobão. Melhor não arriscar. Considerando isso, chegaria até mesmo a arriscar que para Roseana pode ser até melhor ter Flávio Dino no governo – já que nunca teve pretensões de criar nova oligarquia no estado, não tem grupo econômico e nem de comunicação – a ter que enfrentar a ambição da família Lobão. Posso estar apenas conjeturando, é possível, mas o fato é que Roseana está mesmo fora da eleição.

Nesse ínterim, chega a ser comovente ver o esforço do Jornal da família tentando separar e dividir a oposição. Primeiro informaram que o PSDB e tampouco o PDT viriam apoiar Flávio. E chegaram até a fazer cobranças públicas ao PDT, como se o partido criado e mantido forte por Jackson Lago pudesse passar por cima da história recente e apoiar aqueles que o tiraram do governo no meio do mandato, por meio de um mesquinho processo de vingança por terem sido derrotados, fato que certamente contribuiu para sua morte prematura.

A novidade que agora apregoam é o sumiço de Eliziane Gama e Neto Evangelista, motivado por apoiarem a candidatura de Flávio Dino ao governo. 

Esquecem-se, contudo, de que a candidatura de Flávio é democrática todos estão apoiando coerentes com a sua própria história. Com efeito, pesa muito pouco a posição da família Sarney nessas decisões soberanas. De fato, não possui nenhuma importância.

Desistam.