terça-feira, 19 de abril de 2016

MEUS LIMITES



A declaração do meu voto na tensa sessão da Câmara que autorizou o impeachment da presidente Dilma foi um desabafo há muito aguardado contra as sujeiras e perseguições acontecidas contra mim e contra Jackson Lago pelo governo de Lula. 

Prezo muito o governador Flávio Dino, que de mim merece todo o acatamento e respeito pela sua honestidade e caráter. Mas há coisas que a um homem de caráter não é permitido fazer. Flávio, quando começou na política, me encontrou lá onde já estava há muito tempo. Ele não participou das lutas daquele tempo, lutas muito duras que tivemos que enfrentar quase sempre com muito sofrimento e incompreensões. Essas lutas vieram até do próprio Jackson Lago, quando, ao não concordar com o caminho que eu lhe apresentava, o único possível para vencer a candidata poderosa e que contava inclusive com o apoio de Lula, não compreendeu e falou muito irritado com vários políticos, entre os quais Paulo Matos, que eu seria um agente infiltrado pelo Sarney para derrotar a oposição. Mesmo assim continuei. Tempos depois ele mesmo reconheceu a injustiça que cometeu e me procurou para reconhecer o seu erro, fato testemunhado por Ney Bello.

Durante o seu governo, eu fui várias vezes, apreensivo, procurá-lo para alertar que o processo de cassação armado contra ele era perigoso. Mas ele, homem muito bom, parece não ter acreditado e, com a ajuda de Lula, então presidente e a quem Jackson tinha apoiado e defendido, acabou cassado. Nunca me conformei, escrevi vários artigos sobre isso.

Isso, claro, sem contar que meu governo foi boicotado duramente por Lula, que proibiu que ministros viessem aqui, e cortou toda a possibilidade de qualquer ajuda financeira. Não fosse minha excelente equipe, melhor que muitas equipes ministeriais -e digo isso sem o menor pudor - eu jamais teria conseguido aguentar o cerco.

Mais tarde fui perseguido impiedosamente, preso, humilhado. Tudo sob os olhares de Lula.

Para Flávio Dino, falei tudo isso. Falei-lhe que tinha uma imensa dificuldade de votar em Lula e Dilma e cheguei a ir a um encontro com Temer, que conheço de longas datas, para lhe comunicar que não iria votar nele por injunções da política maranhense.

Mas, repito, há coisas que uma pessoa de caráter não tem condições de fazer. Tentei, sinceramente, atender o governador. Mas, enfim, não tive estômago para votar pela permanência desse grupo no poder. Eu já os conheço muito bem depois de tanto sofrimento.

Assim, não votei contra Flávio, mesmo porque o governo Dilma nada fez pelo Maranhão e tampouco esse motivo eu tinha para me convencer a votar. Quero que o governo de Flávio Dino dê certo, mas, me desculpe, governador, era demais para mim. 

O Brasil está em um buraco enorme. Tudo desmorona e Dilma, estou convencido, não tem as mínimas condições de governar. Creio que Temer está preparado e convencido de que essa é a grande chance da vida dele. Ao que parece, está se cercando de uma grande equipe para poder fazer isso. Só com gente muito preparada, ele poderá ter essa chance de corrigir os rumos da economia brasileira. Itamar conseguiu, creio que ele também conseguirá.

Por fim, quero agradecer à excelente receptividade ao meu voto entre os maranhenses de todos os municípios. Creio que consegui ser compreendido e aceito. Falei com o coração e só tenho um propósito na política: ajudar a mudar o Maranhão. 

Muito obrigado a todos.