sexta-feira, 22 de maio de 2009

Que tristeza Povo, que Tristeza Tanta

O governo não tem planos, sofre de inapetência administrativa e as duas calamidades que nos atingem, a das chuvas e a da incompetência, atravessam as fronteiras do Brasil. O The New York Times, reunindo informações geográficas duvidosas, fala de um povo que espera por um “Plano de Deus”.

Um governo perdido no tempo e no espaço comprova essa incompetência da qual o Maranhão já tinha conhecimento. Não consegue se organizar sequer para confeccionar e distribuir as cestas básicas que chegam de outros Estados e da sociedade civil, grande parte delas fruto dos esforços do PSDB, porque dele (do governo) não sai nada, a não ser gestos escassos de solidariedade e discursos e passeios de barcos em meio ao mar de fome, miséria e tristeza que afoga o Maranhão.

“Que tristeza povo, que tristeza tanta”, gravou o poeta Nauro Machado em um de seus rituais de inspiração compulsiva. E nós repetimos como se esses versos também traduzissem as lavouras e almas perdidas, as casas abandonadas, a vida, o passado, o presente e o futuro deixados para trás. Uma gente misturando flagelo e endereços, obstruída, dividindo banheiros e desespero, sem alento e com a sensação de que não está sendo governada por ninguém.
Lá de cima a natureza desaba impiedosa sobre vidas e estradas intransitáveis, enquanto o Maranhão confere 12 mortos e 100 mil desabrigados.

A ajuda do Governo Federal não veio porque o presidente da República saiu daqui correndo para a Turquia, a Cochinchina, com medo dos olhos gananciosos e corruptos que pediam 1 bilhão de reais para realizar não o “Plano de Deus” para os flagelados, mas seus planos inescrupulosos de permanência indefinida no poder. E prefeitos irritados com o assalto aos dinheiros dos convênios firmados com o ex-governador Jackson Lago, ou por absoluta falta de recursos, também não montam as defesas municipais esperadas.

A Secretaria de Saúde é um fenômeno de imobilidade e por conta disso faltam remédios e sobram doenças e enquanto nossas crianças incham de infecções e diarréias, as autoridades recentes do Estado ocupam a mídia enchendo nossos ouvidos de conversas fiadas e promessas.

Quem sabe o Maranhão está pagando o preço de não ter resistido ao golpe urdido e aplicado contra a vontade do povo; quem sabe tamanha catástrofe venha servir pelo menos para instigar o remorso daqueles semi-deuses do Tribunal Superior Eleitoral que devolveram o Maranhão à condição de feudo intocável do senador José Sarney; quem sabe tamanho infortúnio não seja um plano, mas uma resposta de Deus.

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quinta-feira, 21 de maio de 2009

Insensibilidade a toda prova

O Jornal Nacional, de segunda-feira, e o Jornal Hoje, de ontem, da Rede Globo de Televisão, confirmaram o que disse o ex-governador José Reinaldo Tavares em seu artigo de terça-feira, aqui no JP. (O governo) “Não mexem uma palha em favor das cem mil famílias desabrigadas pelas cheias. O abandono chega a ser criminoso, e as imagens da televisão não deixam dúvidas. Doenças e fome, desespero e desamparo é o que têm. Os municípios estão praticamente abandonados nessa luta. Eles é que estão provendo a assistência médica, numa luta desigual, pois as condições em que as pessoas estão abrigadas são péssimas, insalubres, precárias. As crianças são as que mais sofrem, abandonadas pelo poder público.

O Maranhão é talvez o único estado em que o governo não liga para o que está acontecendo, para esse drama, essa tragédia que se abateu sobre tanta gente. A governadora condescendeu em fazer um passeio de lancha pelo rio, muito maquiada para a TV, e deu por encerrada sua participação. Ficou exausta e os desabrigados deviam ficar felizes em vê-la em seu desfile”, escreveu e denunciou Zé Reinaldo.


E a Rede Globo, através dos seus telejornais, mostrou para todo o Brasil que se trata da mais cristalina verdade. Mostrou a Globo, em matérias produzidas diretamente por sua equipe, sem passar pelo Sistema Mirante, a dificuldade que está sendo a entrega de donativos para os flagelados no Maranhão.

Disse o Jornal Nacional: “O Maranhão recebeu mais dois helicópteros para ajudar a levar auxílio aos atingidos pelas enchentes; um pertence à Marinha e o outro à Polícia Rodoviária Federal. Mas os militares decidiram só distribuir os donativos nos municípios em que a prefeitura e a Polícia Militar garantirem a segurança. Domingo, 17, moradores de Icatu, a 100 quilômetros de São Luís, tentaram saquear um helicóptero da Força Aérea Brasileira (FAB) que levava cestas básicas”.

As imagens da tentativa de saque foram exibidas para todo o Brasil, o que mostra que o governo do Estado não se sensibilizou para o problema, que a governadora Roseana Sarney continua insensível ao drama dos desabrigados que estão passando fome no interior do estado. Tivesse o governo assumido de verdade a situação, não teríamos tentativas de saque como essa de Icatu. E o governo federal não estaria condicionando as ajudas à segurança dos seus agentes.

É a triste realidade do Maranhão, hoje, entregue brutalmente pela Justiça Eleitoral a um grupo que está pouco ligando para o sofrimento de centenas de milhares de pessoas.

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O Maranhão não Aguenta mais a Governadora dos 4 Votos

A família Sarney mais uma vez é a causa maior do atraso e da pobreza do estado. 'Ô, sina'! O Maranhão, depois de um esforço enorme para estabilizar as suas contas e a adoção de uma radical mudança da agenda governamental, que finalmente priorizou a melhoria dos seus indicadores sociais (renda per capita, escolaridade média, combate ao analfabetismo e de outras mazelas sociais), vê agora tudo ir pelo ralo. Quiséramos poder esperar que não...

Quiséramos esperar que a grande imprensa, assim como o fez recentemente (a revista Veja, p.ex.) pudesse publicar estudos comprobatórios positivos, oriundos de renomadas instituições - como A Fundação Getúlio Vargas - mostrando que Maranhão, como no meu período de governo, obteve avanço em relação aos indicadores sociais.

No período em que governei o estado foi assim. O Maranhão foi o terceiro estado brasileiro que mais avançou em relação a tais indicadores. Comprovadamente. Em outras palavras, com os referidos estudos, foi possível ver que o novo caminho que o Maranhão escolheu a partir da minha gestão deu certo, tudo em benefício de seu povo. Bastava prosseguir.

E era isso que vinha acontecendo no governo Jackson, evidentemente, respeitando particularidades de cada um. Os convênios com os municípios foram fundamentais para a amplificação do êxito do governo e, por isso, continuados. Parecia que finalmente o Maranhão decolaria...

Com a decisão dos 4 Ministros do TSE, sem dúvidas, tomada sob grande pressão do Presidente do Senado, José Sarney, isso tudo mudou. O estado está parado, como bem coloca a excelente jornalista Dora Kramer do Estado de São Paulo em recente artigo. Segundo o que diz, o estado do Maranhão sofre com as incertezas sobre o futuro, geradas pela paralisia que aqui se abateu desde a posse de Roseana Sarney.

Infelizmente, o quadro é obscuro. Quando vierem novas pesquisas, o estado deverá sofrer brutal regressão. Roseana legou ao Maranhão, após deixar o governo há 7 anos, a última colocação entre os estados brasileiros em relação a todos os indicadores sociais. Não merecia recebê-lo de volta. E ela continua a mesma, pasmem. Por último, disse à revista Época que no seu governo os indicadores sociais do estado melhoraram. É caso de insanidade!

Vamos ver a sua contribuição desse governo de opereta nesses pouco mais de trinta dias:

1. Em uma sanha revanchista, sem precedentes, tem um grupo autorizado pelo governo, examinado listas de pessoal, demitindo todos que lhes pareçam simpatizantes do governo anterior. Com isso deram enorme contribuição para a inoperância dos órgãos de governo. Não interessa o mérito. É o aparelhamento sarneysista.

2. De maneira inusitada, resolveram tomar dinheiro das prefeituras. Retiram a verba de suas contas, utilizando sentenças eivadas de vícios de origem, pois, segundo advogados, para serem prolatadas deveriam ser acompanhadas das cópias dos convênios, o que não aconteceu. Assim, estão retirando das contas até dinheiro aquelas receberam do governo federal. Uma loucura. É para intimidar a classe política. Querem subjugar os prefeitos pelo medo. Para os menos aguerridos, mandam recados que podem devolver alguma coisa. Na verdade só querem ganhar tempo e diminuir as reações. Eles querem é o dinheiro, aliás, nunca esconderam isso.

3. Não mexem uma palha em favor das cem mil famílias desabrigadas pelas cheias. O abandono chega a ser criminoso e as imagens da televisão não deixam dúvidas. Doenças e fome, desespero e desamparo é o que têm. Os municípios estão praticamente sós nessa luta. Eles é que estão provendo a assistência médica, numa luta desigual, pois as condições em que as pessoas estão abrigadas são péssimas, insalubres, precárias. As crianças são as que mais sofrem, abandonadas pelo poder público. O Maranhão é talvez o único estado em que o governo não liga para o que está acontecendo, para esse drama e tragédia que se abateu sobre tanta gente. A Governadora condescendeu em fazer um passeio de lancha pelo rio, muito maquiada para a TV, e deu por encerrada sua participação. Ficou exausta e os desabrigados deviam ficar felizes em vê-la, em seu desfile. E nessa hora terrível é que ela, insensível, resolveu tirar dinheiro dos prefeitos. Qualquer um daria recursos para os prefeitos minorarem o drama da população. Ela, no entanto, não quer saber. O que quer é apenas o dinheiro. Em vão, tenta fazer crer que não recebeu dinheiro de Jackson. O que dizer então sobre os 380 milhões deixados? Dinheiro esse constante do fluxo de caixa do estado? O Maranhão, com esse tipo de gente no governo, vai levar muito tempo para se recuperar. Milhares de famílias perderam tudo: casas, camas, geladeiras, televisão, outras mobílias, e talvez até mesmo assaltadas em seu orgulho e auto-estima. Como se recuperarão sem ajuda? E no setor rural, a fome e a miséria aumentarão muito, pois sem socorro, perdem tudo que plantaram, sua atividade, seu ganha-pão. Não merecem tanto descaso...

4. Roseana, a governadora dos 4 ministros, não quer dar os aumentos já autorizados por Jackson em medida provisória. A gratificação dos professores escapou, porque ela mandou buscar as medidas de volta e depois desistiu. Claro, pois a devolução teria que ser autorizada pelo plenário da Assembleia, certamente com as galerias lotadas de professores. O medo da rejeição a fez mandar buscar seu ofício de volta. Com os servidores em geral e a Polícia Militar, em particular, ela também não quer dar os aumentos. Mas mudou de tática. Agora, toda vez que a media provisória vai a votação, ela manda a sua bancada de deputados apoiadores se retirar de plenário, afetando o quorum da reunião. Se não houver reação nas galerias, ela vai tentar empurrar com a barriga por muito tempo. Aumento não é com ela. Em oito anos de governo, os servidores nunca foram respeitados. Tiveram zero de aumento. Ela é a mesma.

5. A maior prova da paralisação administrativa do Maranhão é dada pela circulação do Diário Oficial. Não circulou em dia nenhum desde que Roseana usurpou o governo. Mais que uma irregularidade, um crime, pois contraria a Lei e atende ao desejo de falta de transparência que quer o governo, prejudicando o acompanhamento e a fiscalização dos seus atos. Se o Diário Oficial atrasava um dia no governo Jackson, a mídia Sarneysista acusava o governo de esconder seus atos. Hoje, com esse governo, atrasa todos os dias. O que poderão dizer?

6. É risível. Para simularem trabalho, assinam, com toda a pompa mais um protocolo da refinaria da Petrobras. Sendo que tudo isto já havia sido assinado por Jackson. São os reis da embromação!

Mas essa lista é muito maior... Contudo, por hora, pararemos por aqui.

Na próxima semana, falaremos da reunião de Resistência Democrática. Animador. Até lá!

segunda-feira, 18 de maio de 2009

Sem Ódio e sem Medo

É uma prática, usual dos espertos ladrões de rua, fugirem de suas vítimas gritando "pega ladrão". Desvia a atenção daqueles que eventualmente poderiam ajudar a prendê-los, mas ignoravam o delito que havia sido cometido. O estratagema é usado à exaustão pelos que tomaram de assalto o governo do Estado. A quadrilha que se instalou no Poder e se organiza para "descontar o atrasado", procura, desde já, desviar a atenção da população para os ilícitos que planeja cometer.

Usam e abusam dos meios de comunicação que controlam para "vender" aos incautos "escândalos" imaginários (engendrados por suas mentes doentias) supostamente protagonizados pelos que legitimados pela maioria soberana da vontade popular exerciam o Poder.

Imaginam eles, que o povo não tem memória. Apostam que o tempo se encarregou de apagar a lembrança da tristemente famosa Paulo Ramos-Arame.

Foram 33 milhões de dólares pagos pela governadora Roseana Sarney à E I T e à Planor (do seu irmão Fernando) por uma estrada que nunca foi feita. E o prejuízo de 333 milhões de reais do BEM (Banco do Estado), sucateado ao longo do governo Roseana e vendido ao Bradesco por 72 milhões? Tão lamentável quanto a perda do BEM, foi a venda, a preço de banana, da quase falida Cemar. Dois patrimônios dos maranhenses que se foram e não voltarão jamais.

Ainda hoje esperamos uma explicação honesta para saber de onde saíram e onde foram parar as 26.800 "oncinhas" (R$1.340.000,00) apreendidas pela Polícia Federal na sede da Lunus, "empresa", cuja acionista majoritária é a governadora Roseana Sarney com 82% do capital social. Porém, nada é mais revoltante que a despudorada grilagem do Convento das Mercês pelo senador amapaense José Sarney. Sua restauração custou, aos cofres do Estado, US$ 9.500.000 (dólares). Não é justo, não é honesto, que hoje integre o patrimônio da família, escondido sob o manto roto da Fundação José Sarney. Foi ainda nessa relíquia do patrimônio arquitetônico, que é o Convento das Mercês, que hospedou-se a Mostra dos 500 anos do descobrimento do Brasil. A peso de ouro. Foram 600 mil reais pagos pela governadora Roseana Sarney à Fundação do seu pai. A Mostra, em si, custou mais de R$ 4.000.000,00 pagos à Brasil Conecta do padrinho de casamento Edemar Cid Ferreira (leia-se, Banco de Santos). Edemar é também o titular do cartão de crédito internacional sem limites de gastos, do qual a Sra. Roseana Sarney foi "dependente" por longos anos. Foi ainda o "bondoso" Edemar que salvou os 2 milhões de Sarney antes da intervenção no Banco de Santos.

O que há de comum entre o Hospital do Ipem e a Mansão dos Sarney no Calhau? São gêmeos univitelinos. Foram gerados pelo mesmo empreiteiro e pagos pela mesma fonte. Exemplo perfeito da simbiose entre o público e o privado.

Alguém se lembra do Buraco da Ivesa? Edital, licitação, homologação do resultado, empenho, ordem de serviço, execução da obra, recebimento dos serviços, liquidação da despesa e pagamento, tudo isso, acredite, em um só dia. Se estiver duvidando, pergunte ao Ricardo Murad. Aliás, quando se trata de ilícitos ele é catedrático. Não é a toa que ele responde, já como réu, a dois processos: um por improbidade administrativa, outro por formação de quadrilha. Ambos, conseqüência de sua passagem pela Gerência Metropolitana. Certamente o currículo será enriquecido após o período à frente da Secretaria de Saúde.

Bem, quando se trata de falcatruas, sobre o Grupo Sarney daria para escrever uma enciclopédia. Mas, quando falam em inquérito policial e Polícia Federal logo vem a lembrança o famoso Bar Opção (na Rua do Egito,) e a querida e "empoada" Suely - "Suca", na intimidade da Poderosa Família. Mas deixa isso pra lá. São coisas da Nova República.

Novidade mesmo só a prática inaugurada pelo trêfego e saltitante Procurador Geral do Estado e prontamente adotada (ou teria sido encomendada?) pelos Secretários de Saúde e de Educação. Trata-se de delegação de competência para os Secretários Adjuntos ordenarem, liquidarem e pagarem despesas, assumindo assim a responsabilidade que deveria ser dos titulares. Precavidos esses Secretários, hein? O que será que estão tramando?

Agora, obsessão doentia é essa de confiscar o dinheiro dos convênios com os municípios. A iniciativa é do "dono" do governo, Ricardo Murad, prontamente encampada pela governadora que não tem autoridade (dizem alguns do próprio governo), para contrariar o outrora desaforado e desbocado cunhado.

O pior de tudo é a insensibilidade para com o sofrimento do nosso povo. Nunca, em tempo algum, fomos tão castigados pela natureza quanto agora. Rodovias federais cortadas, chuvas intermitentes, cidades submersas, rios cheios, milhares de desabrigados. Até o Rio Itapecuru, surpreendentemente, subiu além da conta. É como diz o povão: "ela" chegou "carregada". "Carregada" de azar, de revanchismo, de ódio. Só isso explica o achincalhe diário, as insinuações maldosas, a provocação rasteira e o terrorismo moral e político de que se utilizam para tentar legitimar um governo ilegal e ilegítimo. Nada disso nos amedronta. Nesse enfrentamento não se pode dar a outra face. Será sempre olho por olho, dente por dente.

Esse é o espírito da RESISTÊNCIA DEMOCRÁTICA que fará sua primeira reunião na segunda-feira, dia 18 de maio, às 9h, no Auditório da Assembléia. Vamos lá. A luta continua.

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Abrigo está há duas semanas sem água potável

Sem energia elétrica, cestas básicas e água potável há quase duas semanas, as cerca de 40 famílias abrigadas em um hospital abandonado de Trizidela do Vale (MA) dizem sentir falta de "notícias sobre outros lugares", de água gelada e de ventilador para espantar mosquitos.

Mais de 80% dos 18.300 habitantes da cidade tiveram a casa inundada pelo rio Mearim, segundo a Defesa Civil do Estado.

A reportagem passou uma noite no abrigo improvisado. Nele, mães não dormem para espantar mosquitos, paredes viraram mictórios e velas acesas para santos em altares também iluminam o jantar.

Sem energia, os desabrigados não podem guardar comida em geladeiras. "A gente come o que consegue e depois joga fora. É impossível guardar para depois", diz Paula Sousa, 24, há dois meses no abrigo.

A energia foi cortada pela Companhia Energética do Maranhão devido ao risco de acidentes. A água utilizada para consumo é captada das chuvas ou do rio, que inundou a cidade e se misturou com o esgoto.

Rotina

Alguns desabrigados continuam trabalhando, já que precisam pagar até pelas canoas, que cobram R$ 2 pela travessia até a vizinha Pedreiras.

"A gente passa o dia sem fazer muita coisa, jogando dominó, falando da vida dos outros", brinca Maria de Nazaré Soares, 61, no abrigo com três filhos, 18 netos e três bisnetos, que se revezam para dormir.

O fornecimento de leite foi interrompido depois de funcionários da prefeitura serem recebidos com sacos de urina. Ninguém soube explicar o motivo da agressão.

Agora, os atingidos só têm contato com o poder público nas rondas diárias feitas de lancha pela Polícia Militar. A Defesa Civil do Estado diz que é responsabilidade da prefeitura solucionar problemas. O prefeito, Jânio de Sousa Freitas (PDT), não foi localizado para comentar as condições sanitárias.

"Sortudos"
A família de Mikaely Nogueira, 17, é a única que consegue dormir, apesar dos latidos de cachorros, das brigas familiares e dos gritos de pessoas doentes.

"Nós somos sortudos, ficamos com o consultório 2, que é fechado. Só minha família está nele", diz a garota, que divide um cubículo com sete parentes.

Maria Rita, 30, que mora no andar superior, diz que emagreceu 20 kg e está há três meses com dores e tosse intensa -foi ao médico, mas voltou por "falta de sintomas". Das 21 pessoas no quarto, só Natália, 3, não acorda com os gemidos da tia, mesmo dormindo sobre um pedaço de espuma.

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Comentário do Blog: E o governo do estado, onde está? Esse prefeito, que está fazendo das tripas coração, foi um dos que teve o dinheiro retirado da conta da prefeitura que dirige pelo governo estadual. E a Governadora? Está de ferias? Só das administrações públicas municipais tomou R$ 400 milhões. Para quê? Só para para entesourar? Roseana não se comove com o drama das pessoas ou não tem tempo de se informar do que está acontecendo? E acha que está governando…

Para revista Veja, Sarney faz ‘teatro da moralização’

ABERRAÇÕES NO SENADO

Publicação diz que medidas de José Sarney contra os escândalos do Senado são ‘teatrinho de má qualidade, cuja trama é tão surrada quanto a encenada há 14 anos’ .

Em matéria sobre a reforma administrativa do Senado, a revista Veja que chega hoje às bancas do Maranhão chama o presidente da Casa, senador José Sarney (PMDB-AP), de "demagogo" e afirma que as intenções moralizadoras de Sarney são só "teatro". "Os dois [Sarney e um diretor da FGV, que fez um estudo para enxugar a estrutura do Senado] disseram o que a platéia queria ouvir, e não o que será feito. Não há força do universo, nem mesmo José Sarney, que consiga demitir dois terços do Senado", diz a publicação. Veja a íntegra da matéria:

"O presidente do Senado, José Sarney, convocou a imprensa na semana passada para anunciar com orgulho os resultados de um estudo feito para extirpar da burocracia da Casa as aberrações que vieram a público nos últimos meses - coisas como a existência de 181 diretores, ou funcionários que são donos de mansões, ou verbas que bancam toda sorte de despesa pessoal dos senadores... O estudo foi encomendado à conceituada Fundação Getulio Vargas, que dispôs de 35 dias e 250 000 reais para apresentar uma proposta de limpeza do Senado. Em 1995, a mesma FGV recebeu a mesma tarefa do mesmo senador José Sarney - que, talvez por uma coincidência cósmica, era presidente do Senado na ocasião.

O noticiário recente demonstra que essa velha parceria não deu muito certo. O ato da semana passada seria uma coletiva, mas, assim que Sarney proclamou as primeiras palavras moralizadoras, descortinou-se um teatrinho de má qualidade, cuja trama é tão surrada quanto a encenada há catorze anos.

Sarney pôs-se a arengar: 'Não sou daqueles que gostam de soltar fogos de artifício. Não vamos fazer espetáculo, mas é uma reforma de profundidade. Vamos cortar 40% da estrutura da Casa'.
No ato seguinte, um diretor da FGV assegurou que o Senado funcionaria perfeitamente com apenas um terço dos funcionários que tem hoje. Os dois disseram o que a platéia queria ouvir, e não o que será feito. Não há força do universo, nem mesmo José Sarney, que consiga demitir dois terços do Senado.

A demagogia do discurso ficou evidente quando os atores admitiram que os superburocratas do Senado podem até vir a perder o título nobiliárquico de 'diretor', mas manterão os salários e as gratificações.

Na verdade, se acatada, a proposta da FGV resultaria numa economia de apenas 650 000 reais mensais - um trocado, se comparado ao orçamento anual do Senado de 2,7 bilhões de reais.

'A redução de despesa não é significativa', concluiu um dos doutores da FGV, num raciocínio que impressionou. O papelório consiste de um amontoado de intenções vagas. Há nele 121 páginas, muitas palavras difíceis e poucas propostas exequíveis.

Entre 'macrofluxos' e 'departamentalizações', a palavra 'transparência', que é exatamente tudo o que o Senado mais precisa neste momento, aparece uma mísera vez - e somente de modo genérico, vago.

Os doutores da FGV, no entanto, deixaram claro que não puderam ir a campo e que dispuseram de um 'tempo exíguo' para preparar o relatório. Quando as perguntas dos jornalistas começaram a se multiplicar, Sarney percebeu que a peça não agradara - e saiu de fininho."

(Diego Escosteguy, da Veja)

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domingo, 17 de maio de 2009

Atolado em Denúncias, Sarney Já Pensa até em Renunciar à Presidência do Senado

Dora Kramer revela no jornal O Estado de São Paulo

Atolado num mar de denúncias de toda ordem desde que assumiu, em fevereiro, a presidência do Senado, pela terceira vez, o senador José Sarney tem pensado em renunciar, segundo revela, em seu artigo de ontem, em O Estado de São Paulo, a colunista Dora Kramer. Segundo ela, é cada vez mais consistente a hipótese de que Sarney só resolveu disputar o cargo – depois de negar diversas vezes que não o faria - para dar 20 meses de mandato de governadora à filha Roseana e livrar a pele do filho Fernando, que responde a inquérito na Polícia Federal, por sonegação fiscal e formação de quadrilha, dentre outras acusações.

A possível renúncia de Sarney estaria vinculada à preocupação dele com a biografia política, mas o gesto, na visão de amigos, ao contrário de melhorar sua imagem diante da história poderia muito mais transformá-la numa peça digna da lata de lixo com que a opinião pública execra os maus políticos.

A jornalista conclui sua análise prevendo que, dificilmente Sarney se sairá bem dessa sua empreitada. “O senador Sarney não tem outra saída: é investir na recuperação da credibilidade sob a orientação do seguinte lema: não se pode fazer tudo errado e, no fim, esperar que dê tudo certo”.

Eis o artigo de Dora Kramer:

“Com a renúncia na cabeça”

“O semblante carregado do presidente do Senado, José Sarney, expressa o desconsolo que lhe assola o espírito desde os primeiros dias da crise que coincidiu com o início de seu mandato. Incumbência pesada que, segundo confessou aos mais íntimos, já cogitou abandonar antes do prazo regulamentar de dois anos.

“Se foi um impulso momentâneo ou um plano a ser executado a qualquer momento, fato é que Sarney há cerca de 20 dias começou a dar razão aos que o aconselhavam a ignorar fosse qual fosse a motivação - de ordem pessoal, familiar, política ou partidária - para concorrer à presidência do Senado.

“Arrependido por ter deixado de lado o projeto de se eleger presidente da Academia Brasileira de Letras para, pela terceira vez em 14 anos, presidir o Senado, externou a vontade de renunciar. Ao cargo, ao mandato de senador, à carreira política.

“Quando falou no assunto, referiu-se aos 80 anos de idade a serem completados no dia 24 de abril de 2010. Não deixou claro se marcava data para o gesto pretendido ou se apenas considerava imerecida tal desventura a essa altura da vida.

“Os 50 anos de vida pública lhe deram experiência e discernimento suficientes para perceber o tamanho do estrago. O Senado no chão e ele pagando a maior parte da conta sem ter como resolver o problema.

“Por isso, ao dizer que pensava na renúncia como uma saída, avaliava que se candidatar à presidência foi um passo errado que o levou a perder o capital político de uma carreira que pretendia encerrar em alta.

“Primeiro, havia sonhado em coroar a trajetória com a presidência da Academia Brasileira de Letras, nos 100 anos da ABL. Faria, aí, sua opção preferencial pela literatura. Enquanto se manteve fiel a esse projeto, José Sarney rejeitou toda e qualquer possibilidade de ser candidato a presidente do Senado. Dizia isso aos correligionários, mas também à família e aos amigos até novembro do ano passado.

“Em dezembro, mudou. A alguns, para os quais havia dito que não disputaria, comunicou a mudança com a seguinte frase: O destino me leva à política. O destino, no caso, foi entendido como a percepção de que na presidência do Senado Sarney poderia ajudar dois dos seus três filhos: Fernando, com problemas na Polícia Federal, e Roseana, envolvida no embate judicial que afinal cassou Jackson Lago e deu a ela o mandato de governadora do Maranhão.

“Estava, porém, escrito outro tipo de sina bem menos venturosa. A crise no Parlamento estourou logo na estreia e Roseana assumiu em meio às enchentes que desabrigaram milhares de pessoas e devastaram o Estado, cuja recuperação demanda muito mais tempo que os 20 meses de mandato herdados por decisão da Justiça.

“Posto o arrependimento em virtude da consumação dos piores fatos, os mesmos que haviam aconselhado Sarney a esquecer a presidência do Senado no mês passado lhe disseram para tirar da cabeça essa história de renúncia.

“Primeiro, porque a primeira loucura (de presidir o Senado) não poderia ser consertada com outra maior. Em segundo lugar, se a preocupação de José Sarney é com a biografia, a rendição na adversidade não seria a melhor contribuição à História.

“Agora, na opinião dos amigos, o senador Sarney não tem outra saída: é investir na recuperação da credibilidade sob a orientação do seguinte lema: não se pode fazer tudo errado e, no fim, esperar que dê tudo certo”.

(Dora Kramer – O Estado de São Paulo)