terça-feira, 22 de abril de 2014

ALGUÉM ESTÁ GOVERNANDO?



A notícia de que o décimo terceiro preso foi assassinado dentro das cadeias do Maranhão é uma demonstração da ausência de governo no estado. O período de emergência acertado com o ministro da Justiça e julgado necessário para construir as novas prisões já acabou e nada - nada mesmo! - foi realizado. Nem o controle que disseram já ter das prisões é verdadeiro. Sim, porque tivemos aqui treze mortos só nos primeiros três meses e alguns dias desse ano, ou seja, numero maior do que as mortes ocorridas no mesmo período ao somarmos todas as prisões do país. 

Enquanto isso, só as notícias ruins prosseguem em crescimento. Agora é a noticia de que só existe banheiro com água encanada em 17 por cento das casas do Maranhão. Somos também o último do país nesse assunto. Sem saneamento, aumentam as doenças, a mortalidade infantil, isso sem contar a má nutrição e outras mazelas mais. E com isso nos chega a informação de que o maranhense é o que tem a menor expectativa de vida do Brasil. Na média os homens só vivem até alcançar os 68 anos e as mulheres, 72, graças à péssima condição de vida dos nossos conterrâneos, a pior entre os estados brasileiros. Mais um legado cruel dos anos de domínio da família Sarney. Até nisso.

Enquanto isso, convém levarmos nossos olhos ao cenário nacional. A presidente Dilma continua caindo nas pesquisas em um movimento persistente, continuado. Não é uma queda abrupta, mas é persistente, parece se tratar da consolidação de uma tendência. Parece. E a queda é geral, pois é em todos os setores. Mas não é para menos, pois o aumento de preços nos supermercados e a falta de boas notícias, os atrasos na implantação de todos os programas anunciados e as notícias muito negativas da Petrobras pelo jeito pavimentam o caminho para um  verdadeiro desejo de mudança. Agora são 62 por cento que querem mudanças sem Dilma. Mesmo assim, ela ainda venceria em primeiro turno com 39 por cento de intenção de votos, mas esse número diminui a cada pesquisa. 

O limite mínimo para que um governante no cargo tenha condições de ser eleito, conforme declarou o presidente do DataFolha em entrevista à revista Veja, é de 34 por cento de aprovação do governo. O executivo disse que abaixo desse número nenhum governador ou presidente conseguiu vencer. Dilma, segundo o Ibope, atingiu esse patamar mínimo de aprovação do governo e não poderá cair mais. Em contrapartida, essa pesquisa já mostra que a decepção com o governo Rousseff vai contaminando o ex-presidente Lula, que caiu muito e, colocado no lugar de Dilma, também teve forte declínio, fica em 42 por cento (apenas 3 por cento mais do que ela e ainda em ritmo de queda). O que parece é que o povo está ficando refratário ao jeito petista de governar e quer mudar. Vamos acompanhar.

E o pior é que não há expectativa de nenhuma melhora neste ano e vem aí o grande risco que se tornou a realização da Copa do Mundo no Brasil. Outra ameaça fortíssima à reeleição da presidente é o possível racionamento de energia elétrica. O ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, responsável pelo setor, não deve estar conseguindo dormir direito, principalmente porque ao que consta, o governo é o maior culpado se houver o racionamento. Vou explicar direitinho:

Trata-se de uma das maiores lambanças já realizadas no serviço público brasileiro. O consultor Mário Veiga, que tem uma das maiores e mais respeitadas consultorias de energia no mercado, acha que é recomendável que o governo decrete racionamento a partir de maio. Ele sabe que isso não será feito e o risco é de que se chegue ao fim do ano com apenas 10 por cento de água nos reservatórios, o que seria uma situação desesperadora e forçaria um racionamento mais drástico.

Ele falou também que o custo para o consumidor já chega a 50 bilhões de reais e o aumento da tarifa de energia para o este será de no mínimo 12 por cento ao ano durante cinco anos, o que trará inflação, pois aumentam os custos de produção de todos os produtos, sem falar no aumento que forçosamente teremos da gasolina e do diesel, gás de cozinha, querosene, etc.

E por que o governo é culpado? Porque o ministro Lobão deve estar com dificuldades para dormir com esse pesadelo?

Primeiramente, segundo o consultor, o governo era obrigado a fazer o leilão de energia em 2012, para que as empresas pudessem contratar toda a energia que precisam fornecer. Um grande número de contratos antigos venceram e as empresas distribuidoras ficaram sem contratos de fornecimento e tiveram que ir ao mercado aberto, muito caro, principalmente porque uma grande parte da energia gerada está vindo de termelétricas que produzem energia a preços muito mais altos. A maior participação dessas usinas foi devido ao nível baixo dos reservatórios. Percebam que o governo não fez os leilões para poder cumprir a promessa de redução do preço da energia que fez entre 2013 e 2014.

Consequentemente, isso desequilibrou financeiramente as empresas porque elas estão comprando energia a preços muito maiores do que podem cobrar dos consumidores. O governo então, para impedir que quebrassem por sua culpa, teve que socorrê-las, efetuando repasses da ordem de 10 bilhões de reais, a título de empréstimo. Isso é mais do que a renda de todas essas empresas somadas. Uma loucura.

E por que os reservatórios continuarão em estado crítico, mesmo que haja a normalização do regime hídrico anual a que se submetem? Será que para gerar energia estão gastando mais água do que o previsto? 

Pois bem, Veiga aponta outra causa. Ele indica que o governo, além de não investir na modernização e aumento da eficiência das atuais hidrelétricas, também sequer fez análises para saber quanto de água realmente há nos reservatórios e qual a demanda deles. Ou seja, o que acontece é que o governo faz as contas como se o reservatório permanecesse o mesmo da época da construção, não levando em conta o assoreamento das bacias por conta de grande quantidade de sedimentos que recebem dos rios tributários, principalmente nas enchentes. Dessa forma, as bacias vão diminuindo a sua capacidade de armazenar água e o governo não sabe de quanta água dispõe de fato. Por fim, quando acontecem episódios como o que estamos vivendo (estiagem prolongada em várias regiões), a bacia fica vazia muito antes do que deveria.

Mário Veiga argumenta que seria mais prudente o governo começar a falar a palavra racionamento no próximo mês, mas sabe que eles não farão isso. Nesse interim, aumenta a conta hidrológica e financeira que teremos pagar. O resultado disso é que poderemos chegar ao final do ano com cerca de 10 por cento de água nos reservatórios, o que exigiria um racionamento como o que vimos em 2001, de péssima lembrança.

A situação é muito difícil e as medidas não foram tomadas na hora certa. Como sair dessa, Lobão?

Essas são questões que precisam ser abordadas pelos nossos presidenciáveis. Por falar nisso, Eduardo Campos e Aécio Neves em breve estarão no Maranhão. Campos estará aqui nos próximos dias 26 e 27, mas não virá desta vez a São Luís. Irá a Balsas e Timon. Aécio deverá vir no dia 9 de maio a nossa capital. Fiquemos atentos.