terça-feira, 17 de fevereiro de 2015

UM ANO DE MUITAS MUDANÇAS


Este será um ano de muitas definições no país. Mudanças profundas acontecerão tanto no cenário estadual, como no federal. Na pauta da Câmara, constam dois projetos muito importantes definidos pelo presidente Eduardo Cunha: a reforma política e o Pacto Federativo, em cujo escopo incluem-se a partilha dos impostos e os deveres de cada ente federativo. Importantíssimo! 
Aqui, Flávio Dino vai mostrando que as mudanças no Maranhão são profundas e vieram para ficar. Como não podia deixar de ser, elas  iniciaram pelo novo comportamento do próprio governo, que procura dar o exemplo no uso do dinheiro público, sem concessões e com exemplos de austeridade nos atos mais triviais. Já não se têm, por exemplo, gastos impróprios com lagostas e caviar, com o esbanjamento no aluguel de carros e até de helicópteros sem uso especificado e que engordaram campanhas políticas de apadrinhados.
Essa parte é muito difícil de fazer, havia um costume arraigado de misturar o público com o privado, quando se tratava de recursos do tesouro. Dessa forma, o exemplo dado e a vigilância permanente é que irão moldar o novo comportamento do governo em relação a condutas que tanto chocavam e desmoralizavam a classe política. Isso não acontecia só aqui no Maranhão, naturalmente. Mas aqui era pior. O nepotismo, que aqui era até natural, terá que ter redobrada vigilância para não permitir que essas facilidades acabem por desmoralizar o governo, pois muitos gostariam de demonstrar que nada mudou.
Por falar nisso, todos agora querem mostrar que não temos saída sem a refinaria megalomaníaca inventada para garantir a eleição de Roseana Sarney. Muitos são sinceros no seu desejo de lutar para mantê-la, tal como apresentada, e isso vemos na Câmara dos Deputados. Ninguém pode ser contra a tentativa, mas onde estavam aqueles que se beneficiaram do lançamento - mais para factoide político do que para uma iniciativa realística - e viram o projeto ir caindo no esquecimento, morrendo lentamente, sem dizerem nada, sem reagir e sem cobrar do governo federal providências para sua instalação? E vejam que esse movimento deveria ser enérgico, se fosse mesmo para valer, se acreditassem no projeto! Tudo não passava de uma grande encenação! Ora, a presidente Dilma foi uma das pessoas responsáveis pela “ideia”, e aqui esteve em seu lançamento em plena campanha pela presidência da República. Pois bem, quem se lembrou de cobrar dela? Ou do ex-presidente Lula? Respondam-me, quero entender, porque não cobraram?
Ou esses mesmo que hoje criticam a postura adotada pelo governo maranhense acreditam que foi tipo uma morte súbita e o projeto da refinaria já não estava parado há anos, com as empresas abandonando os canteiros de obras e deixando atrás de si o desespero dos crédulos empresários locais que investiram o que podiam e o que não deviam, ficando com o prejuízo?
É simplesmente ridículo, vergonhoso, digno de riso, aqueles que inventaram o factoide da refinaria agora quererem faturar politicamente, de novo, e cobrar do governo estadual aquilo que nunca fizeram e tampouco acreditaram...
Não devemos então lutar por ela? Sim, claro. Foi, aliás, o meu governo que lançou seriamente, embasado em dados, o projeto de uma outra proposta de refinaria que a briga política não deixou ir em frente. Encontro pessoas importantes que têm guardada a publicação que fizemos na época, em que foi apresentado o briefing ao então ministro da Casa Civil, José Dirceu.
Mas esse movimento não pode ser politizado e nem apropriado por grupos políticos, pois o momento em que esse projeto poderia ser feito dessa forma passou, agora a Petrobrás está quebrada, o Brasil sem credibilidade no mercado financeiro mundial, e portanto esse empreendimento que ninguém nunca viu o projeto, precisa ser viável financeiramente e capaz de atrair grupos financeiros internacionais e nacionais, para investirem e acreditarem nele, seja qual tamanho tiver. No fim das contas, o tal projeto da Premium parece que só tinha viabilidade política como factoide eleitoral. Aliás, não vejo os irmãos Cid e Ciro Gomes bradarem pela Premium do Ceará. Por quê?
Dito isso, seria esse o único projeto estruturante viável para o Maranhão? Não é verdade. Temos aqui outros projetos estruturantes pelos quais vale à pena lutar e que, se implantados, mudarão de verdade o nosso estado.
Como exemplo, podemos citar alguns: todos sabemos da insubstituível importância de melhorarmos a qualidade da educação que é oferecida aqui. Precisamos ter no Maranhão um colégio ou instituto de ponta do Brasil, as vantagens disso são gigantescas, pois a presença entre nós de uma instituição dessas fará grande diferença.
Flávio lançou um importante programa no sentido de preparar a nossa mão-de-obra para o trabalho. Temos que apoiá-lo. Está no caminho certo. Mas quero lembrar de um antigo projeto meu, de Renato Archer, apoiado pelo ministro da Aeronáutica, quando José Sarney era o presidente. Tal projeto infelizmente não recebeu a força necessária do governo para o andamento da ideia e perdemos uma excelente oportunidade que poderia ter feito uma grande diferença em favor do nosso desenvolvimento. Mas do se trata? Trata-se da criação de um Instituto Tecnológico da Aeronáutica do Nordeste com sede em Alcântara no Centro de Lançamento, nos moldes do ITA - Instituto Tecnológico da Aeronáutica de São José dos Campos, sediado em São Paulo.
O ITA, que é desde sua criação uma das melhores escolas de engenharia do país e do mundo, permitiu a implantação de um parque tecnológico importantíssimo na região e foi a causa principal e a base para a indústria aeronáutica brasileira, incluindo a Embraer. Hoje, ser graduado pelo ITA é uma grande diferença para qualquer engenheiro e sonho de muitos jovens de enorme talento que, por não disporem de um organismo dessa qualidade, a não ser em São Paulo, acabam se desviando para outras profissões. Com isso, perde o país.
E por que Alcântara? Porque essa escola é controlada pela Aeronáutica, que tem aqui um importante Centro de Lançamento - ainda mal aproveitado - e uma base aérea. Eu e Renato convencemos o ministro daquela força a aderir ao programa, porque seria fácil para a Aeronáutica trazer todas as semanas professores do ITA que dariam aulas aqui e retornariam para São José dos Campos sem maiores dificuldades. O Centro possui todas as instalações apropriadas para sediar o futuro Instituto, assim como alojamento para os professores e alunos. Se tivéssemos tido o apoio necessário, hoje o patamar tecnológico do estado seria outro e os benefícios seriam de toda a região.
Fico pensando se esse não seria um bom tema para galvanizar o apoio de toda a bancada federal maranhense, pois trata-se de importante projeto estruturante, tão importante quanto a refinaria. Com a vantagem de não trazer nenhum prejuízo na briga por sua instalação.
Outros projetos estruturantes a nosso alcance? Vários, citando apenas a área de Minas e Energia. Um exemplo? Já falei dele algumasvezes: o uso do gás natural extraído aqui para fins de para industrialização. Mas volto a falar disso em outra oportunidade.  
Enfim, não faltam ótimos projetos estruturantes para o Maranhão. E nenhum prejudica a refinaria.
Mas só os conseguiremos com luta e união.
Bom carnaval a todos!