Este será um ano de
muitas definições no país. Mudanças profundas acontecerão tanto no cenário
estadual, como no federal. Na pauta da Câmara, constam dois projetos muito
importantes definidos pelo presidente Eduardo Cunha: a reforma política e o
Pacto Federativo, em cujo escopo incluem-se a partilha dos impostos e os
deveres de cada ente federativo. Importantíssimo!
Aqui, Flávio Dino vai mostrando que as mudanças no Maranhão são
profundas e vieram para ficar. Como não podia deixar de ser, elas iniciaram pelo novo comportamento do próprio
governo, que procura dar o exemplo no uso do dinheiro público, sem concessões e
com exemplos de austeridade nos atos mais triviais. Já não se têm, por exemplo,
gastos impróprios com lagostas e caviar, com o esbanjamento no aluguel de
carros e até de helicópteros sem uso especificado e que engordaram campanhas
políticas de apadrinhados.
Essa parte é muito difícil de fazer, havia um costume arraigado de
misturar o público com o privado, quando se tratava de recursos do tesouro.
Dessa forma, o exemplo dado e a vigilância permanente é que irão moldar o novo
comportamento do governo em relação a condutas que tanto chocavam e
desmoralizavam a classe política. Isso não acontecia só aqui no Maranhão,
naturalmente. Mas aqui era pior. O nepotismo, que aqui era até natural, terá
que ter redobrada vigilância para não permitir que essas facilidades acabem por
desmoralizar o governo, pois muitos gostariam de demonstrar que nada mudou.
Por falar nisso, todos agora querem mostrar que não temos saída sem a
refinaria megalomaníaca inventada para garantir a eleição de Roseana Sarney.
Muitos são sinceros no seu desejo de lutar para mantê-la, tal como apresentada,
e isso vemos na Câmara dos Deputados. Ninguém pode ser contra a tentativa, mas
onde estavam aqueles que se beneficiaram do lançamento - mais para factoide político
do que para uma iniciativa realística - e viram o projeto ir caindo no
esquecimento, morrendo lentamente, sem dizerem nada, sem reagir e sem cobrar do
governo federal providências para sua instalação? E vejam que esse movimento
deveria ser enérgico, se fosse mesmo para valer, se acreditassem no projeto!
Tudo não passava de uma grande encenação! Ora, a presidente Dilma foi uma das
pessoas responsáveis pela “ideia”, e aqui esteve em seu lançamento em plena
campanha pela presidência da República. Pois bem, quem se lembrou de cobrar
dela? Ou do ex-presidente Lula? Respondam-me, quero entender, porque não
cobraram?
Ou esses mesmo que hoje criticam a postura adotada pelo governo
maranhense acreditam que foi tipo uma morte súbita e o projeto da refinaria já não
estava parado há anos, com as empresas abandonando os canteiros de obras e
deixando atrás de si o desespero dos crédulos empresários locais que investiram
o que podiam e o que não deviam, ficando com o prejuízo?
É simplesmente ridículo, vergonhoso, digno de riso, aqueles que
inventaram o factoide da refinaria agora quererem faturar politicamente, de
novo, e cobrar do governo estadual aquilo que nunca fizeram e tampouco
acreditaram...
Não devemos então lutar por ela? Sim, claro. Foi, aliás, o meu governo
que lançou seriamente, embasado em dados, o projeto de uma outra proposta de
refinaria que a briga política não deixou ir em frente. Encontro pessoas
importantes que têm guardada a publicação que fizemos na época, em que foi
apresentado o briefing ao então ministro da Casa Civil, José Dirceu.
Mas esse movimento não pode ser politizado e nem apropriado por grupos
políticos, pois o momento em que esse projeto poderia ser feito dessa forma passou,
agora a Petrobrás está quebrada, o Brasil sem credibilidade no mercado
financeiro mundial, e portanto esse empreendimento que ninguém nunca viu o
projeto, precisa ser viável financeiramente e capaz de atrair grupos
financeiros internacionais e nacionais, para investirem e acreditarem nele,
seja qual tamanho tiver. No fim das contas, o tal projeto da Premium parece que
só tinha viabilidade política como factoide eleitoral. Aliás, não vejo os irmãos
Cid e Ciro Gomes bradarem pela Premium do Ceará. Por quê?
Dito isso, seria esse o único projeto estruturante viável para o
Maranhão? Não é verdade. Temos aqui outros projetos estruturantes pelos quais vale
à pena lutar e que, se implantados, mudarão de verdade o nosso estado.
Como exemplo, podemos citar alguns: todos sabemos da insubstituível
importância de melhorarmos a qualidade da educação que é oferecida aqui.
Precisamos ter no Maranhão um colégio ou instituto de ponta do Brasil, as
vantagens disso são gigantescas, pois a presença entre nós de uma instituição
dessas fará grande diferença.
Flávio lançou um importante programa no sentido de preparar a nossa mão-de-obra
para o trabalho. Temos que apoiá-lo. Está no caminho certo. Mas quero lembrar
de um antigo projeto meu, de Renato Archer, apoiado pelo ministro da Aeronáutica,
quando José Sarney era o presidente. Tal projeto infelizmente não recebeu a força
necessária do governo para o andamento da ideia e perdemos uma excelente
oportunidade que poderia ter feito uma grande diferença em favor do nosso
desenvolvimento. Mas do se trata? Trata-se da criação de um Instituto Tecnológico
da Aeronáutica do Nordeste com sede em Alcântara no Centro de Lançamento, nos
moldes do ITA - Instituto Tecnológico da Aeronáutica de São José dos Campos, sediado
em São Paulo.
O ITA, que é desde sua criação uma das melhores escolas de engenharia
do país e do mundo, permitiu a implantação de um parque tecnológico importantíssimo
na região e foi a causa principal e a base para a indústria aeronáutica
brasileira, incluindo a Embraer. Hoje, ser graduado pelo ITA é uma grande
diferença para qualquer engenheiro e sonho de muitos jovens de enorme talento
que, por não disporem de um organismo dessa qualidade, a não ser em São Paulo,
acabam se desviando para outras profissões. Com isso, perde o país.
E por que Alcântara? Porque essa escola é controlada pela Aeronáutica,
que tem aqui um importante Centro de Lançamento - ainda mal aproveitado - e uma
base aérea. Eu e Renato convencemos o ministro daquela força a aderir ao
programa, porque seria fácil para a Aeronáutica trazer todas as semanas professores
do ITA que dariam aulas aqui e retornariam para São José dos Campos sem maiores
dificuldades. O Centro possui todas as instalações apropriadas para sediar o
futuro Instituto, assim como alojamento para os professores e alunos. Se tivéssemos
tido o apoio necessário, hoje o patamar tecnológico do estado seria outro e os
benefícios seriam de toda a região.
Fico pensando se esse não seria um bom tema para galvanizar o apoio de
toda a bancada federal maranhense, pois trata-se de importante projeto estruturante,
tão importante quanto a refinaria. Com a vantagem de não trazer nenhum prejuízo
na briga por sua instalação.
Outros projetos estruturantes a nosso alcance? Vários, citando apenas
a área de Minas e Energia. Um exemplo? Já falei dele algumasvezes: o uso do gás
natural extraído aqui para fins de para industrialização. Mas volto a falar
disso em outra oportunidade.
Enfim, não faltam ótimos projetos estruturantes para o Maranhão. E
nenhum prejudica a refinaria.
Mas só os conseguiremos com luta e união.
Bom carnaval a todos!