terça-feira, 30 de maio de 2017

NEM TUDO ESTÁ PARALISADO



Na segunda-feira da semana passada, dia 22 de maio, a UFMA instalou a Escola de Altos Estudos e o tema foi a Tecnologia Aeroespacial. Uma iniciativa muito importante, pois o Centro Espacial de Alcântara será parte fundamental de tudo, ou seja, o Maranhão será parte importante nessa história e terá em Alcântara um pilar para o seu desenvolvimento no futuro próximo. E vejam que será exatamente na área que comandará o progresso no mundo: a tecnologia e a inovação. É o nosso passaporte para o futuro e garantia de que faremos parte desse novo mundo.

Entretanto, para que realmente façamos parte disso e não apenas fiquemos olhando acontecer, é necessário que maranhenses de fato participem da construção. Nesse sentido, precisamos ter gente qualificada, preparada para atuar nas atividades requeridas, atraindo empresas e investimentos. Sem isso, muitas coisas continuarão a ser produzidas lá fora, onde estão os técnicos, e transportadas para serem lançadas aqui. Queremos muito mais do que isso.

Aí reside a importância do ITA aqui no Maranhão. Precisamos de uma escola de ponta na inovação e na engenharia de altíssimo nível, especializada em tecnologia aeroespacial, já reconhecida no mundo inteiro. Essa escola é o ITA. Para entender o fenômeno, basta ver o que aconteceu em São José dos Campos que, de cidade morta dos anos 50, hoje é um vasto complexo tecnológico e sede da indústria aeronáutica brasileira, uma das maiores do mundo.  

Foi o conhecimento disso que nos motivou a ter uma audiência, ainda em 2015 com o Comandante da Aeronáutica, Brigadeiro Rossato. Nosso objetivo era trazer o ITA para Alcântara. Quem solicitou a audiência foi o então Coordenador da Bancada, Deputado Pedro Fernandes, ex-Secretário de Estado da Educação, também adepto da causa. O comandante, me lembro bem, já devia estar acostumado a pedidos como esse e nos respondeu que quase todos os estados queriam o ITA, o que seria impossível atender e que vários estados haviam pedido antes. E mais: se tivesse que atender, teríamos que obedecer essa fila.

Nessa ocasião, lembrei-o de que só o Maranhão tinha um Centro de Lançamento, que nenhum outro estado tem e que, dessa forma, estávamos dentro do programa espacial brasileiro. Falei ainda que, considerando esse aspecto, o ITA aqui era praticamente uma imposição, uma necessidade absoluta do programa. Ele me olhou demoradamente e ao final concordou comigo. A partir disso as coisas mudaram. Ele mesmo sugeriu o curso de engenharia aeroespacial, o mais importante para o centro, no caso. Fomos convidados a visitar o ITA e o Centro Técnico Aeroespacial, onde nos ofereceram um almoço  em que tivemos a companhia do Brigadeiro Pazzini. Na ocasião, Pedro Fernandes perguntou a ele se era contra ou a favor o ITA no Maranhão e ele respondeu que sim. 

Daí por diante trocamos vasta correspondência, em cujo conteúdo Pazzini me instruiu sobre como conduzir o processo. Inúmeras audiências com o Comandante da Aeronáutica ocorreram e ele finalmente oficializou as tratativas, enviando-me o trabalho do Professor Lacava que, designado pelo Reitor do ITA, tinha preparado todo o curso de Engenharia Aeroespacial. O documento referia sobre o funcionamento do curso, a parceria com o ITA e os laboratórios. Enfim nascíamos oficialmente. 

Nesse trabalho Lacava chamou a atenção para o fato de que o curso a ser instalado no Maranhão seria o único desse tipo especializado em Centro de Lançamento. Um enorme diferencial. 

Nessa mesma solenidade a que me referi no início do artigo, a Reitora da UFMA, professora Nair Portela, lembrou do dia em que procurei a UFMA para perguntar se queriam ser a parceira maranhense do ITA, tendo resposta positiva dela e  dos demais professores que participavam da reunião. A reitora ainda enfatizou que tal parceria interessava muito a UFMA. 

Além disso, perguntei ao governador Flávio Dino se gostaria de indicar um professor para ir ao ITA desenvolver os entendimentos, ao que ele propôs o nome do professor Alan Kardek, também da UFMA. Aliás, essa foi uma preciosa indicação, pois o professor tem feito um excelente trabalho com o  auxílio de muitos outros docentes da universidade em prol de tornar esse sonho uma realidade. 

Hoje o curso de Engenharia Aeroespacial que o ITA e a UFMA estão montando para funcionar no próximo ano é uma unanimidade entre nós. Todos compreenderam a importância dele para o Maranhão e todos o defendem e se sentem participantes importantes da sua realização. Que bom que assim seja, isso ajuda muito a consolidá-lo. 

Para mim, que iniciei essa luta ainda nos anos oitenta, em prolongadas conversas com Renato Archer, Ministro de Ciência e Tecnologia do Governo do Presidente Sarney, é uma honra e um júbilo ver hoje esse sonho cada vez mais se converter em realidade.

E cabe aqui destacar a grande contribuição dada pela bancada maranhense, ao destinar 60 milhões de suas duas emendas coletivas impositivas para a instalação do ITA no Maranhão. Um passo de extrema importância, fundamental de fato.

Contudo, para que tudo isso funcione de verdade é preciso que o Programa Espacial Brasileiro saia do papel para valer e daí o motivo da criação da Frente Parlamentar para a Modernização do CLA, já instalada no Câmara com grande êxito.

Temos ainda muito a fazer, mas já sabemos que caminho tomar.

A crise que envolveu o Brasil impediu a vinda do Ministro do Petróleo da Índia na semana passada ao Brasil. Essa visita é o passo subsequente à missão técnica precursora daquele país, que recebemos em meados do mês. SUa motivação principal é a refinaria de Bacabeira. Esperamos que logo que tudo se normalize, nova data seja marcada para essa importante visita e que o Ministro possa vir continuar as negociações já bastante avançadas para a implantação de nossa refinaria. 

A agenda previa encontros com o ministro das Minas e Energia e com o Presidente Michel Temer.  

Ficou para depois.