terça-feira, 31 de dezembro de 2013

É O FUNDO DO POÇO?

É inacreditável o que acontece no Maranhão. Somos os piores do Brasil em tudo ou, como diz Cunha Santos, vice-piores em tudo.

Agora, já no último ano do seu terceiro governo, Roseana Sarney, acossada de todos os lados até pela Organização dos Estados Americanos (OEA) e pelo Ministério Público Federal, está em vias de ver o seu governo sob intervenção federal. Sim, porque depois de receber e devolver sem aplicação verbas federais oriundas do Ministério da Justiça, recebidas há dois anos para construção de presídios no estado, sem nem mesmo realizar qualquer licitação com esse propósito, ao receber três dias de prazo para se explicar, respondeu que precisa de quinze dias para explicar o que não tem explicação. Foram vinte e dois milhões de reais recebidos e devolvidos.

Agora quer verbas do BNDES no valor de cinquenta milhões para construir onze presídios, um deles na capital, e quer contratar todo um pacote com dispensa de licitação, decretando estado de emergência. A mesma coisa fez com a água e depois de mais de dois anos continuamos sem água. Mas os empreiteiros amigos” certamente ficarão muito satisfeitos. Por óbvio, assim como as estradas, hospitais e tudo que esse governo constrói, serão as mais caras do país.

O que acontece é que não existe governo. Quem devia comandar, não comanda. As cadeias são totalmente controladas pelas organizações criminosas, que fazem o que querem. As cadeias, de tão desumanas, geram criminosos cada vez mais cruéis. Ali todos sofrem e os que não fazem parte das organizações criminosas ou as contrariam são degolados e tem esposas e filhas abusadas em esquemas horrendos ocorridos nas visitas.
Só quem não manda nada ali é o governo do estado.

E esse quadro é de hoje? Não. Já vem ocorrendo há mais de dois anos, com mais de meia centena de presos degolados. E o que faz o governo de Roseana? Requisita a Força Nacional e nada mais.

Pois bem, o governo federal, vendo que nada é feito, chama de volta os seus policiais e tudo prossegue sem resultado nenhum, porque quem deveria resolver o problema nem se toca.

Será que Freud explica?

O Blog do jornalista Josias de Souza, um dos mais lidos e respeitados do Brasil, descreve assim o que acontece no Maranhão:

Com a autoridade desafiada pelas facções criminosas, que dominam o maior presídio do Maranhão (o complexo de Pedrinhas), a governadora Roseana Sarney deseja erguer 11 presídios novos a toque de caixa. Quer fazer isso com dinheiro do BNDES —coisa de R$ 53 milhões— e sem licitações.
Deve-se a atmosfera emergencial à imprevidência do próprio Estado. No Maranhão, emergência tornou-se outro nome para a imprudência. É como se o governo local desejasse desnudar a incompetência, cometendo-a. A administração de Roseana recebera do Ministério da Justiça R$ 22 milhões para construir três cadeias entre 2011 e 2012.
A aplicação do dinheiro estava condicionada à apresentação de bons projetos. Por razões que a sensatez desconhece, o governo maranhense descumpriu as pré-condições. A verba voltou às arcas do Tesouro. E o caos do sistema penitenciário aprofundou-se na proporção direta do crescimento do monturo de cadáveres.
Nos últimos doze meses, foram executados dentro dos cárceres do Maranhão 59 detentos. Numa chacina de outubro passado, produziram-se no complexo de Pedrinhas dez cadáveres e mais de duas dezenas de feridos. Com o cadeião de Pedrinhas sob convulsão, Roseana decretou “situação de emergência” —que lhe permitiria agora dispensar as licitações.
Na semana passada, arrancado de sua inércia por um novo surto de violência no presídio de Pedrinhas (cinco mortos, três decapitados), o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, pediu explicações a Roseana por escrito. O prazo para a resposta venceu na terça-feira.
Como não havia expediente na Procuradoria, a data limite foi esticada para esta quinta-feira pós-natalina. Porém, Roseana já mandou dizer que precisa de pelo menos 15 dias para se manifestar. O procurador-geral cogita requerer no STF a intervenção federal no Maranhão.
Há dois meses, em 24 de outubro, Roseana recebeu em sua sala representantes do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e do Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP). Seus interlocutores tinham acabado de visitar o inferno de Pedrinhas. Desfiaram na frente dela o rosário de violações de direitos humanos que haviam testemunhado.
Nesse encontro, Roseana disse que não compactua com as atrocidades. E mencionou a intenção de erigir os 11 presídios novos — dez no interior do Estado, um na capital, São Luís. Entre os presentes estava o juiz Douglas de Melo Martins. Vinculado ao Tribunal de Justiça do Maranhão, Douglas está cedido ao Conselho Nacional de Justiça. Ele assessora a presidência do órgão, hoje ocupada por Joaquim Barbosa, que também preside o STF.
Profundo conhecedor das mazelas carcerárias do Maranhão, o doutor Douglas sustenta que o Complexo Penitenciário de Pedrinhas fugiu ao controle sobretudo porque recebe presos de todo Estado. Nessa versão, o crime organizado do interior do Maranhão passou a disputar território dentro da cadeia com as facções criminosas da capital. Daí a elevada quantidade de defuntos.
Contra esse pano de fundo, Roseana acertou ao localizar em cidades do interior maranhense dez dos 11 presídios que pretende erguer. Ela prometera entregar as cadeias prontas em seis meses. Já lá se vão dois. E não há vestígio de parede levantada. O que o procurador-geral terá de avaliar é se Roseana será capaz de fazer por pressão o que não fez por obrigação”.
Agora, caros leitores, lhes pergunto: preciso dizer mais alguma coisa?

Desejo um excelente fim de ano a todos. E que em 2014 possamos desfrutar momentos amenos, bons sentimentos e a mudança de que precisamos para o nosso estado!


Avante!

terça-feira, 24 de dezembro de 2013

O QUE FESTEJA ROSEANA?


É claro que natal e ano novo são datas festivas, a primeira é uma comemoração religiosa, o nascimento de Jesus, uma comemoração para se passar em família em clima ameno e festivo de confraternização. O Ano Novo é uma data marcante, que celebra a esperança de um novo ciclo melhor para todos, comemorada em bailes e festas com grande número de pessoas. É uma alegria geral, em todo o mundo.

Portanto, como disse acima, são datas festivas, próprias para celebrações. E vejo pelos jornais a comemoração da governadora Roseana Sarney, na Casa de São Marcos, com políticos aliados, secretários e amigos. Até aí nada demais. É uma tradição. É normal.

No entanto, leio também nos blogs da família que “A governadora Roseana Sarney vive um dos melhores finais de ano dos últimos tempos. E demonstra isso no dia a dia pessoal e do governo. Seu estado de espírito é mais leve, brilhante”. Isso é ótimo! É sempre bom esse sentimento, quando motivado pela sua vida pessoal, familiar. Mas não deve ser pelo governo que faz... Imagino que nem ela está satisfeita com o seu governo e a situação de decadência total pela qual passa o estado – pior, ou quase pior, em todos os indicadores sociais.

Seria possível pensar assim, só se ela desconhecesse completamente a realidade em que vive a população maranhense e acreditasse e lesse apenas os seus jornais e blogs. Mas será que desconhece que a imensa maioria da população, mesmo na capital, não tem água em suas casas? Que a ilha está toda poluída, o que já acontece com as praias, já que no estado a carência de saneamento básico e tratamento adequado de efluentes sanitários são realidades pungentes?  Que educação pública oferece um ensino de matemática e ciências classificado como os piores do planeta? Que não temos ensino técnico ou profissional e que, se qualquer empresa ou indústria de grande porte vier para cá, terão que importar todos os técnicos de fora? 

Que a saúde é o pior problema que a população enfrenta, dito por eles mesmos em pesquisa do IBOPE? Que a violência não livra lugar nenhum e que presos são degolados todos os dias, sem reação e tampouco providências do governo? Que temos, no país,  o pior acesso à justiça e a maior quantidade de casas inadequadas? Que as estradas recém-construídas já estão esburacadas antes mesmo da inauguração?
Que o Piauí, um estado “teoricamente” muito mais pobre do que o Maranhão, em dois anos no exame do PISA, passou de 21° para 11° lugar entre os estados brasileiros, com ensino de nível de qualidade comparado ao da Argentina?

Que a Organização dos Estados Americanos (OEA) abriu processo contra o Brasil por causa da mortandade nas cadeias administradas pelo governo do Maranhão? Que o Ministério Público Federal deu 15 dias para a governadora explicar o que acontece e quais as providências que está tomando para acabar com a matança?

Infelizmente, podem ter certeza, nem a OEA e nem o Ministério Público Federal vão conseguir fazer com que esse governo trabalhe...

Portanto, estimados amigos,  Roseana Sarney deve estar muito feliz e contente com a sua vida privada, porque o seu governo não dá a ela esses motivos. Nem a ela e nem a nenhum maranhense.

Para concluir, desejo boas festas a todos os meus amigos e a todos os meus queridos leitores que estiveram comigo todas as terças-feiras aqui no Jornal Pequeno. Que prevaleçam momentos amenos e bons sentimentos.

E que, esperançosos, torçamos por um 2014 que nos traga a mudança que o povo do Maranhão tão urgentemente necessita e quer.

Um forte e fraterno abraço.

terça-feira, 17 de dezembro de 2013

ESCRAVIDÃO E OBSOLETISMO


É preciso estar muito perdido, sem rumo e evidentemente e sem nada a dizer para fazer esse tipo de campanha contra Flávio Dino. Acusam-no de ter recebido na campanha passada apoio financeiro de uma empresa que teria uma subsidiária (que não doou nada) acusada de ter mantido trabalhadores em situação equivalente ao escravo. A empresa que realmente doou recursos para a campanha nunca foi acusada de nada. Agora me expliquem de que está sendo acusado Flávio Dino. O que ele cometeu de errado ou ilegal?
Eu respondo: nada!
Só o desespero pode levá-los a tal campanha. E Roseana, que recebeu dinheiro grosso de Eike Batista - esse sim - com largos interesses em licenças ambientais para seus empreendimentos fornecidas pelo governo e construindo uma termoelétrica alimentada a carvão mineral altamente poluidor em plena ilha de São Luís?
Isso é ético? Ele é um empresário ético? E daí?
E as construtoras que trabalham para o governo, que têm obras obtidas através de vultuosas dispensas de licitação, contestadas pela Controladoria do Estado, suspeitas de ilegalidade, e que (está provado!) recebiam pagamento do estado em um dia e no outro depositavam na campanha de Roseana grandes e suspeitas quantias? Adenausm conjetura-se que muitas dessas obras nem foram construídas. Tudo isso é completamente ilegal. Se os órgãos de fiscalização tomassem ânimo para investigar esses fatos - já denunciados largamente pela oposição - tudo isso seria facilmente constatado.
Mas vamos mudar de assunto, pois os 72 hospitais que Roseana prometeu fazer e entregar em 2010, e que alguns poucos que foram inaugurados em um dia com muita festa, foram fechados no dia seguinte, correm o risco de, mesmo que fiquem prontos, tornem-se todos obsoletos em pouco tempo. O melhor que esse governo faria seria nunca ter iniciado a construção deles, o que foi feito sem planejamento, com localização escolhida sem critério, com dispensa de licitações, sem transparência e a preços exorbitantes. E, como mostrou o Globo Repórter, a saúde pública se tornou um sofrimento terrível para as pessoas mais necessitadas.
Ancoro esses argumentos na premissa de que está em curso uma transformação sem precedentes na vida de qualquer cidadão do mundo.
Vejam o que está prestes a acontecer:
"Hospitais serão obsoletos em dez anos", diz cientista da Intel.
Americano que coordenou pesquisa em oito países, incluindo o Brasil, afirma que tecnologia permitirá a ampliação dos tratamentos domésticos.
A Intel divulgou nesta segunda-feira uma pesquisa sobre o papel da tecnologia na inovação dos tratamentos de saúde. O estudo foi conduzido pelo instituto Penn Schoen Berland, sob a coordenação do americano Eric Dishman, gerente geral do grupo de Ciências da Saúde e Vida da Intel. Mais de 12.000 pessoas foram entrevistadas em oito países: Estados Unidos, Japão, França, Itália, Brasil, China, Índia e Indonésia. Segundo o levantamento, mais de 80% das pessoas disseram estar otimistas em relação ao uso da tecnologia na saúde. Metade dos entrevistados acredita que os hospitais tradicionais se tornarão obsoletos no futuro. Em entrevista exclusiva ao site de VEJA, Dishman diz que o Brasil é simpático às novas tecnologias.  Confira parte da entrevista a seguir:
...O estudo prevê a capacidade de produzirmos um diagnóstico em casa, de forma independente, por meio de dispositivos de uso doméstico. Por exemplo: através de um smartphone ou tablet seria possível coletar dados sobre a saúde de uma pessoa e compartilhar essas informações com o médico. Mais da metade dos participantes da pesquisa afirmou que o hospital se tornará obsoleto. Isso significa que, no futuro, muitos dos tratamentos poderão ser realizados em casa e somente a tecnologia permitirá essa migração.”
...”O que deve acontecer com os hospitais nesse novo cenário? Os hospitais serão utilizados apenas em casos extremos. Se você precisar fazer uma cirurgia, então terá que ir a um hospital, é claro. Agora, se o problema de saúde for uma gripe, por exemplo, não será necessário ir ao hospital. Alguns países, como os da Escandinávia, estão fechando leitos hospitalares e investindo em tratamento domiciliar. As consultas acontecem via videoconferência. As visitas são virtuais e utilizam alguns softwares inteligentes capazes de personalizar o tratamento para cada paciente, ainda que o diagnóstico seja o mesmo. Esse é o futuro. Em dez anos, os tratamentos de saúde acontecerão em casa, e não no hospital.”
Em países geograficamente extensos e populosos, como é o caso do Brasil, há quem tenha que viajar horas para chegar até um hospital. As consultas via videoconferência poderiam resolver esse problema.
Nosso estado está preparado para isso? É o caso de perguntar. O Maranhão atual não está preparado para quase nada. Quase tudo terá que mudar. E é isso que a população quer, exausta com tanto descaso.
E o estado piorou muito em desigualdade medida pelo Índice de Gini. Agora é o pior do Brasil. Mas, também, em que indicador não somos os últimos ou quase isso?

terça-feira, 10 de dezembro de 2013

EXAME DO PISA MOSTRA UMA DURA REALIDADE


As oligarquias em geral não podem conviver com duas coisas: povo educado e instruído e opinião contrária. Com efeito, seguem uma espécie de cartilha do poder em cujo conteúdo desponta a existência de um poderoso aparato de comunicação como equipamento básico dessas “organizações”. 

Precisam fazer muita propaganda, tentando convencer a população de que são competentes e diligentes e geralmente divulgam feitos inexistentes, promessas nunca realizadas, um labor que só existe na ficção. Todas são assim em sua essência. Esse poder midiático é usado para agredir e tentar calar a oposição e a ação fiscalizadora de outros poderes de estado. É o que a revista inglesa The Economist denominou, ao se referir a José Sarney e analisar seus métodos de poder, de “coronel eletrônico”.

Pois bem, algumas oligarquias, como a que se instalou no Maranhão, têm um domínio quase completo dos meios de comunicação, principalmente dos sistemas de televisão. A oposição, por conseguinte, quase nunca consegue falar nesses sistemas.

Para que tudo funcione, eles não podem conviver com a existência no estado de um sistema qualificado de ensino público que possa ajudar a retirar pessoas da pobreza e transformá-las em pessoas independentes e informadas. Esses segmentos costumam ser exigentes e querem um estado mais eficiente, serviços públicos melhores, menos corrupção, transparência e fiscalização. 

Dessa forma, sempre os governos oligárquicos perdem em regiões mais desenvolvidas do estado, como as grandes cidades e regiões com muitas pessoas que vieram de fora para trabalharem ali e, portanto, são acostumadas com um nível mais alto de vida.

Não é por acaso que, quando Roseana Sarney saiu do governo em 2002, após quase oito anos de governo, não havia ensino médio em 73 por cento dos municípios do estado. Vejam que o ensino médio é a parte que é de responsabilidade  dos governos estaduais no sistema de educação do país. Ela não sabia? Impossível! É por isso também que a educação é tão maltratada pelos governos que faz. Sempre à deriva, mesmo que o titular da pasta no momento seja uma pessoa interessada e capaz. Mas o sistema é tão ruim que só pode melhorar se for tratado como prioridade de estado. O que pesa de fato é a falta de interesse da oligarquia pelo tema. 

A consequência disso materializa-se nos péssimos resultados do ENEM e do PISA. 

Enquanto isso, infelizmente, o discurso grandiloquente do senador José Sarney sobre o estrondoso desenvolvimento do estado proporcionado por ele e seu grupo, quando  confrontado com estatísticas e levantamentos socioeconômicos isentos de manipulação - como os citados acima - deixam o senador irritado, pois suas assertivas perdem o sentido, já que tais dados mostram um Maranhão miserável, atrasado, pobre, sem instrução, violento, com péssimos sistemas de saúde e de educação. Isto é, uma realidade excludente e muito - mas muito mesmo - diferente do que diz o senador. Essas estatísticas são inatacáveis pela seriedade dos órgãos que as produzem. Com efeito, não podendo atacá-las como gostaria, o parlamentar ataca quem as divulga e as estuda, como se tudo fosse uma invenção política. 

Pois bem, novamente para irritação do senador nos chega mais uma informação péssima para o estado, que não tem mais como esconder a realidade do caótico quadro da educação que enfrentamos.

Desta vez foi o resultado do principal exame internacional de educação básica, chamado PISA, que avalia estudantes de 15 a 16 anos em matemática, leitura e ciências (ensino médio). Responsabilidade total dos governos estaduais, portanto. 

Nos dados divulgados para o ano de 2012, o Maranhão, que tem a oitava população entre os estados brasileiros e ocupa o 16° lugar no PIB, o resultado é péssimo. E vejam que os alunos das áreas rurais nem fizeram as provas. Se tivessem feito, o resultado seria muito pior, já que nessas áreas a educação oferecida é muito ruim, o que acaba redundando numa grande concentração de pobreza, analfabetismo e outras mazelas.

As matérias examinadas foram três: matemática, leitura e ciências. Nas três, o Maranhão ficou com o penúltimo lugar, só acima de Alagoas, sempre o último. O Distrito Federal ficou em primeiro lugar em matemática e leitura. Em ciências, foi o Espírito Santo, com 428 de média. A Paraíba ficou o nono lugar nas três matérias. O Piauí assumiu o décimo primeiro em matemática e leitura e o décimo em ciências. O Maranhão, por fim, obteve o vigésimo sexto lugar.

Se tomarmos unicamente o exemplo do Piauí, que é tão ou mais pobre do que o Maranhão, a diferença é que aquele estado se libertou há tempos das oligarquias, ali existe alternância de poder e, consequentemente, melhores governos, com avanços muito importantes em setores como a educação, área sempre negligenciada pelas oligarquias, já que pessoas instruídas as repelem.

Com oligarquia no poder o Maranhão não sairá do buraco. É preciso mudar.

terça-feira, 3 de dezembro de 2013

SÓ FAMILIA SARNEY VÊ CRESCIMENTO


Depois da interpretação própria de dados do IBGE em relação ao PIB e ao PIB per capita, agora querem fazer a mesma coisa com os dados inteiramente negativos do ENEM. Com o PIB, só conseguiram mostrar que estagnamos no que já havíamos alcançado. Já colocados em 16° lugar entre todos os estados, lá continuamos empacados. E no PIB per capita, continuamos detentores do pior do Brasil, contudo, agora com a companhia do Piauí em 26° lugar, separados pela gigantesca diferença de 17 reais. E fica a dúvida sobre quem está pior e causou o empate: se foi o Piauí, que caiu um pouco, ou foi o Maranhão, que subiu microscopicamente. Vejamos o que escreveu o professor José Lemos:
“O Maranhão, de acordo com o IBGE, tem a oitava maior população do Brasil (6.569.687 de habitantes pelo ultimo Censo Demográfico de 2010). O IBGE também sinaliza que 3,5 milhões (53%) da população que vive no estado sobrevive com bolsa família do Governo Federal. Este contingente não contribui para a formação do PIB, porque não trabalha e, portanto, não gera riqueza. Proporcionalmente o Maranhão é o estado que mais tem gente participando desse programa, cujas fontes são os impostos diretos e indiretos pagos pelos brasileiros que trabalham. Assim, apenas 43% da população que vive no estado (3.069.687) participam ou dependem, direta ou indiretamente, da geração do PIB do estado. Se fizéssemos um exercício de calcular o PIB per capita apenas dessa população, o seu valor ascenderia para R$16.972,42 e saltaríamos para a décima quarta posição no ranking nacional. Isto ainda distante da oitava posição que detemos na hierarquia das populações, mas bem melhor do que a 26ª posição que o IBGE nos enquadra junto com os nossos  infortunados irmãos piauienses.
Tomando por base este valor potencial, e considerando o verdadeiro tamanho da população do Maranhão, este deveria ser o menor PIB per capita a ser perseguido para o estado, que nos proporcionaria uma riqueza total de R$111,50 bilhões, em vez dos atuais R$52 bilhões. Por que não atingimos este potencial?”
Essa é uma provocação interessante proposta pelo professor para definir os atuais limites do estado. Para isso, é preciso um salto na educação e uma mudança completa na administração do estado. Mas 2014 está aí mesmo.
No Enem, embora o resultado seja deplorável, como não poderia deixar de ser, já que a educação não tem apoio de Roseana Sarney - em que pese os esforços do secretário Pedro Fernandes - eles tentam dizer que melhoramos. Mas os resultados do ENEM são péssimos, infelizmente.
Vejamos: No grupo das cem melhores escolas não temos nenhuma, embora 15 sejam do Nordeste. Cinco são do Ceará, quatro do Piauí, quatro de Pernambuco e duas da Bahia. Cinco são do Centro-Oeste e três do Sul. Nós estamos em outro planeta... Longe até do Piauí.
Mas temos um troféu: A pior escola do Brasil é nossa! E pertence à rede estadual. É a CE Aquiles Lisboa do município de São Domingos do Azeitão, onde Roseana só tem amigos. Média de 339 pontos.
E sob a indiferença da governadora, entre as cinquenta piores escolas do Brasil, todas públicas, a grande maioria delas é do Maranhão.
Entre as melhores do estado quase não temos escolas públicas. Quase todas são particulares ou federais. Mas me digam: o que poderíamos esperar diante do governo mais ausente da história do Maranhão?
O péssimo desempenho do nosso estado é facilmente visto. A média geral do ENEM está acima dos 500 pontos. Então vamos verificar qual é o número de escolas maranhenses que tiveram média igual ou superior - não a média do ENEM, mas essa mais baixa. Repetimos um parâmetro abaixo da média brasileira. Pode-se verificar que temos apenas 58 escolas acima de 500 pontos. Dessas, temos somente 2 públicas estaduais e do restante, 7 são federais e 49 privadas.
Dizer que estamos bem é brincadeira de muito mal gosto.
Ninguém vai mudar o estado sem trabalhar pesado para isso. Como nós podemos crescer espetacularmente de uma hora para outra, se todos os indicadores sociais continuam ruins como antes e praticamente todos são os piores do país? Nada mudou no IDH, na escolaridade, no número de excluídos, na pobreza extrema, no analfabetismo, na carência habitacional, na falta de água potável, de esgoto, enfim, em nada. Mas o senador José Sarney quer mudar de qualquer jeito a herança que deixará, depois de tantos anos de poder absoluto, e pensa que apenas com propaganda vai conseguir fazer isso. Ledo engano, nada muda a realidade a não ser muito foco e trabalho duro. E o governo da filha não trabalha e é omisso em relação aos problemas do estado. Não dá.
E parece que a engrenagem política da oligarquia começou a funcionar. Já toma corpo dentro do clã a ideia de que o prazo de validade da candidatura de Luís Fernando se extingue no final de março de 2014. Ele teve muitas oportunidades, mas a sua falta de carisma não empolga a população. Praticamente, de uns meses para cá, ele tem sido o governador. Nada lhe falta. Viajou sem parar, fez discursos em toda parte, fez imensas promessas de investimento e mudanças. Porém, ter que carregar o fardo da oligarquia nas costas foi demais para ele.
Eu nunca acreditei que essa candidatura fosse para valer. Sempre disse que o candidato do grupo Sarney seria o senador João Alberto. E cada vez mais me convenço disso. Principalmente agora que foi chamado para intervir na Secretaria de Segurança e nomeou gente com grande poder de mobilização, experiente e com muito apoio. Levou Roseana Sarney em sua casa para ouvir a cúpula da polícia e prometer apoio. A situação da segurança, antes caótica, deve melhorar. Não se resolverá, contudo, porque para isso é necessário um plano de curto, médio e longo prazo, que hoje não existe. Mas poderá fazer dele um candidato mais forte do que Luís Fernando.  
Creio que a oligarquia vai de João Alberto.
Enfim, para terminar, o Maranhão neste ano foi o terceiro estado brasileiro que menos investiu, comparando com quatro anos atrás. Significa dizer 41 por cento a menos que há quatro anos, embora tenha arrecadado 23 por cento a mais. A administração de Roseana Sarney é um primor...
E não ficou nada claro para mim: dos 32 lotes de exploração de gás ofertados na Bacia do Parnaíba, só um teve lance no leilão da ANP. Mas não tínhamos aqui um lençol de gás do tamanho do da Bolívia? Por que não houve interessados?
Só queria entender...