terça-feira, 18 de novembro de 2014

A QUESTÃO DO EMPREGO



O artigo da semana passada teve uma imensa repercussão nacional. Foram muitas as mensagens que recebi de pessoas e entidades do ramo da energia e do gás, o elogiando e apoiando as ideias ali contidas.  E outros muitos se impressionaram com o despreparo e o desinteresse do atual governo do estado em aproveitar os nossos recursos naturais para tirar o Maranhão do atraso, da miséria e promover as condições para se criar renda, emprego e aumentar a arrecadação própria. Em outras palavras, um verdadeiro desprezo por reais possibilidades de, com relativa rapidez, mudar e melhorar as condições de vida de grande parte da população maranhense.

Pois bem, disse e repito, para isso ser conseguido é fundamental trazer o gás natural existente na Bacia do Parnaíba, construindo um gasoduto desde Santo Antônio dos Lopes até São Luís, margeando a Estrada de Ferro São Luís-Teresina e tornando esse entorno um importantíssimo eixo de desenvolvimento, que aglutinará transporte ferroviário, energia barata e porto como um formidável atrativo para empresas.

Poucos estados dispõem de condições semelhantes para se desenvolverem, pois o gás poderá ser oferecido às indústrias quase pela metade do preço do que é vendido no Nordeste brasileiro. Mas, como falei aqui, tanto o Ministro das Minas e Energia - maranhense e Senador da República pelo estado - como a governadora trabalham para levar o nosso precioso gás para outros estados ou outros usos que nada trazem de benefício à população maranhense.

E o disparate maior é a constatação de que isso tudo ocorre exatamente no estado mais pobre e atrasado da federação, que detém os piores indicadores sociais do Brasil e com a menor renda per-capita entre todos os estados brasileiros. Um acinte! E ainda têm coragem de trombetear que o Maranhão tem o décimo sexto PIB do Brasil, como se isso fosse novidade ou pudesse mudar a realidade de um estado que tem 58 por cento de sua população vivendo de transferências federais do programa Bolsa Família, pois não produz renda suficiente para a sua sobrevivência. 

Isso sem contar que desde meados da década passada o Maranhão já era o décimo sexto PIB do país, marca que permanece inalterada por mais de dez anos, já que o crescimento relativo mantém o estado no mesmo lugar. 

Um exemplo prático do que digo é a fábrica de celulose instalada em Imperatriz. O empreendimento trouxe um significativo acréscimo ao nosso PIB, mas na realidade trouxe menos de 1,5 mil empregos para a Região Tocantina.

Só um único Call Center que o futuro governador Flávio Dino está em adiantadas conversações para trazer para a mesma região deverá, em menos de seis meses depois de instalado o novo governo, oferecer três mil empregos para jovens. O dobro da enorme empresa de celulose que levou anos para se localizar ali. E por que acontece isso? Porque o atual governo do Maranhão não se preocupa em adensar a cadeia produtiva de empregos e oportunidades de negócios que uma fábrica de tal porte poderia propiciar para o estado.

Mudando de assunto, está muito difícil entender o que está por trás da propalada renúncia da governadora Roseana Sarney, o que significa a inconclusão do seu mandato que vai até o dia 31 de dezembro. Se essa fosse apenas uma estratégia para evitar a entrega da faixa ao governador Flávio Dino, temendo vaias, por exemplo, ela poderia sair dia 28 de dezembro, ficando mais tempo para entregar e inaugurar obras.  Aliás, não foi essa a justificativa que ela deu para ficar no governo e não disputar a vaga ao senado? Por que então perder todo um mês e deixar de cumprir sua vontade expressa?

Não é nada disso, por óbvio. Seria então para eleger o futuro presidente da Assembleia Legislativa? Com qual finalidade, se está deixando a política? E, mesmo assim, isso tampouco teria sentido algum, pois a eleição será apenas no dia primeiro de fevereiro de 2015. 

É evidente que algo de muito grave e importante está por trás dessa renúncia. Será o reconhecimento de que precisa muito de imunidade pessoal para não ficar exposta às decisões da justiça de primeiro grau? Se a razão for essa, a única chance seria se tornar Conselheira do Tribunal de Contas do Estado, cargo que não condiz com a sua personalidade e formação e acredito que nem seria de seu desejo, mas que obrigaria qualquer decisão judicial contra si a vir do STJ ou do STF. E não seria imediata.

Para isso, contudo, primeiramente teria que se criar uma vaga no TCE, que não existe no momento. Em segundo lugar, essa vaga, pelo que consta, deveria ser indicada pelos auditores daquela corte de contas. E agora? 

Agora terão que mover céus e terras para resolver o problema. Sobretudo depois da briga com Edmar Cutrim.

Acho que teria sido mais fácil como queria Sarney pai, cuja luta para que ela fosse candidata ao senado foi aguerrida até quando foi possível.

Enfim... O que divido com vocês são apenas digressões sobre o tema. Mas esse assunto precisa de maiores e melhores explicações.