O artigo da semana passada teve uma imensa repercussão
nacional. Foram muitas as mensagens que recebi de pessoas e entidades do ramo
da energia e do gás, o elogiando e apoiando as ideias ali contidas. E outros muitos se impressionaram com o
despreparo e o desinteresse do atual governo do estado em aproveitar os nossos
recursos naturais para tirar o Maranhão do atraso, da miséria e promover as
condições para se criar renda, emprego e aumentar a arrecadação própria. Em
outras palavras, um verdadeiro desprezo por reais possibilidades de, com
relativa rapidez, mudar e melhorar as condições de vida de grande parte da
população maranhense.
Pois bem, disse e repito, para isso ser conseguido é
fundamental trazer o gás natural existente na Bacia do Parnaíba, construindo um
gasoduto desde Santo Antônio dos Lopes até São Luís, margeando a Estrada de
Ferro São Luís-Teresina e tornando esse entorno um importantíssimo eixo de
desenvolvimento, que aglutinará transporte ferroviário, energia barata e porto
como um formidável atrativo para empresas.
Poucos estados dispõem de condições semelhantes para se
desenvolverem, pois o gás poderá ser oferecido às indústrias quase pela metade
do preço do que é vendido no Nordeste brasileiro. Mas, como falei aqui, tanto o
Ministro das Minas e Energia - maranhense e Senador da República pelo estado - como
a governadora trabalham para levar o nosso precioso gás para outros estados ou
outros usos que nada trazem de benefício à população maranhense.
E o disparate maior é a constatação de que isso tudo ocorre
exatamente no estado mais pobre e atrasado da federação, que detém os piores
indicadores sociais do Brasil e com a menor renda per-capita entre todos os
estados brasileiros. Um acinte! E ainda têm coragem de trombetear que o
Maranhão tem o décimo sexto PIB do Brasil, como se isso fosse novidade ou
pudesse mudar a realidade de um estado que tem 58 por cento de sua população
vivendo de transferências federais do programa Bolsa Família, pois não produz
renda suficiente para a sua sobrevivência.
Isso sem contar que desde meados da década passada o Maranhão
já era o décimo sexto PIB do país, marca que permanece inalterada por mais de
dez anos, já que o crescimento relativo mantém o estado no mesmo lugar.
Um exemplo prático do que digo é a fábrica de celulose
instalada em Imperatriz. O empreendimento trouxe um significativo acréscimo ao
nosso PIB, mas na realidade trouxe menos de 1,5 mil empregos para a Região Tocantina.
Só um único Call Center que o futuro governador Flávio Dino
está em adiantadas conversações para trazer para a mesma região deverá, em
menos de seis meses depois de instalado o novo governo, oferecer três mil
empregos para jovens. O dobro da enorme empresa de celulose que levou anos para
se localizar ali. E por que acontece isso? Porque o atual governo do Maranhão não
se preocupa em adensar a cadeia produtiva de empregos e oportunidades de
negócios que uma fábrica de tal porte poderia propiciar para o estado.
Mudando de assunto, está muito difícil entender o que está
por trás da propalada renúncia da governadora Roseana Sarney, o que significa a
inconclusão do seu mandato que vai até o dia 31 de dezembro. Se essa fosse
apenas uma estratégia para evitar a entrega da faixa ao governador Flávio Dino,
temendo vaias, por exemplo, ela poderia sair dia 28 de dezembro, ficando mais
tempo para entregar e inaugurar obras. Aliás,
não foi essa a justificativa que ela deu para ficar no governo e não disputar a
vaga ao senado? Por que então perder todo um mês e deixar de cumprir sua
vontade expressa?
Não é nada disso, por óbvio. Seria então para eleger o futuro
presidente da Assembleia Legislativa? Com qual finalidade, se está deixando a
política? E, mesmo assim, isso tampouco teria sentido algum, pois a eleição
será apenas no dia primeiro de fevereiro de 2015.
É evidente que algo de muito grave e importante está por trás
dessa renúncia. Será o reconhecimento de que precisa muito de imunidade pessoal
para não ficar exposta às decisões da justiça de primeiro grau? Se a razão for essa,
a única chance seria se tornar Conselheira do Tribunal de Contas do Estado,
cargo que não condiz com a sua personalidade e formação e acredito que nem
seria de seu desejo, mas que obrigaria qualquer decisão judicial contra si a
vir do STJ ou do STF. E não seria imediata.
Para isso, contudo, primeiramente teria que se criar uma vaga
no TCE, que não existe no momento. Em segundo lugar, essa vaga, pelo que consta,
deveria ser indicada pelos auditores daquela corte de contas. E agora?
Agora terão que mover céus e terras para resolver o problema.
Sobretudo depois da briga com Edmar Cutrim.
Acho que teria sido mais fácil como queria Sarney pai, cuja
luta para que ela fosse candidata ao senado foi aguerrida até quando foi
possível.
Enfim... O que divido com vocês são apenas digressões sobre o
tema. Mas esse assunto precisa de maiores e melhores explicações.