terça-feira, 23 de julho de 2013

REFINARIA, SIM, SENHOR!


Em uma tarde no início de 2006, recebi o Dr. Luís Alberto Garcia, que chefiava um grupo de executivos da ABC Inco, do Grupo Algar, no Palácio dos Leões. Comigo estavam o prefeito de Porto Franco, Deoclides Macedo, e os secretários José Azzolini (Fazenda), Simão Cirineu (Planejamento), além de outros.

Dias antes, Deoclides havia me procurado com a notícia do interesse da empresa mineira em se instalar em Porto Franco. Queriam ser recebidos para discutirem incentivos oferecidos pelo estado e se certificarem do nosso interesse pela vinda deles para cá, além de explicarem o projeto e as vantagens que o estado teria com a implantação da empresa. Discutimos também o número de empregos, expectativa de faturamento, etc. Disse-me que era fundamental que o município tivesse um distrito industrial dotado de toda a infraestrutura para que pudéssemos receber essa empresa e outras que seriam atraídas pela presença da ABC.

O secretário Ney Bello (infraestrutura) providenciou rapidamente a desapropriação do terreno necessário ao Distrito Industrial e providenciou ainda o planejamento urbanístico e a infraestrutura para o tal. As tratativas com as pastas da Fazenda e do Planejamento andaram céleres e o projeto de modernização da legislação concernente foi elaborado e remetido à Assembleia Legislativa. Naquela Casa, o projeto recebeu a importância devida pelos parlamentares e foi aprovado rapidamente. Com os documentos assinados pelo governo, prefeitura e empresa, no final de 2006, com a presença do governador eleito, Jackson Lago, tivemos uma grande solenidade no Distrito Industrial de Porto Franco para o início das obras da esmagadora de soja.

A escolha de Porto Franco foi devido à infraestrutura do local. Sim, porque o município localiza-se às margens do Rio Tocantins e à época, já se encontrava em uma situação privilegiada no que concerne a uma logística favorável de escoamento. Isto é, a cidade encontrava-se já próxima aos trilhos da Ferrovia Norte-Sul; próxima ao entroncamento formado pelas rodovias federais Transamazônica e Belém Brasília; junto a uma enorme região produtora de soja e de grãos formada de grandes áreas do Maranhão, Piauí e Tocantins- o Mapito - e com conexão para todas as regiões do país; junto a Imperatriz, já ligada (pela ponte que ali construímos) ao estado Tocantins e a toda a região Amazônica, pretendido mercado consumidor para os produtos da ABC. 

A empresa, confortável com o interesse muito forte de lideranças locais capitaneadas por Deoclides Macedo, sentiu-se segura para investir. Começou produzindo óleo não refinado e vendido em garrafas pet, além de farelo de soja. Naquele início, a empresa não beneficiava ainda o que produzia e vendia tudo para outras empresas. O valor agregado ainda era pequeno. Há pouco tempo foi inaugurada uma refinaria de óleo e então se fechou uma cadeia produtiva importante para o estado. Hoje sai de lá o óleo de soja ABC enlatado para o consumo residencial. A produção é crescente e é grande o movimento de negócios em torno da fábrica. Por fim, o PIB de Porto Franco que era um dos últimos do estado, hoje é o oitavo. 

Para que a empresa pudesse empregar trabalhadores e técnicos maranhenses, tinha que prepará-los para o trabalho especializado. Isso fez parte do documento assinado entre o estado, a prefeitura e a empresa, tendo sido cumprido fielmente desde o início, antes mesmo de sua implantação.

A região toda mudou muito desde 2006. Vale à pena ver de perto o que acontece, porque certamente a cadeia produtiva ainda não está completa e muitos desdobramentos positivos ainda virão com mais investimentos, empregos e renda. É uma região otimista e confiante no futuro.

Naquela época as empresas evitavam o Maranhão. Tinham medo de vir para cá, temendo o que aconteceu em outros governos,  como o ocorrido a Bunge e muitas outras empresas. A Bunge queria se instalar próxima ao porto do Itaqui, construindo uma grande instalação empresarial que traria grandes benefícios ao estado. Mas, nas tratativas com o governo, a empresa achou inapropriadas as condições e foi para o Piauí, onde se instalou em Uruçuí e construiu um grande polo de desenvolvimento ali.
Só quem perdeu foi o Maranhão. 

Ilustrando o que falo, vale à pena recordar o que disse o Sr. Luís Alberto no seu discurso no início da construção da fábrica no final de 2006. É bom saber que ele é um vigoroso senhor de 77 anos, que construiu uma grande empresa, presente em vários estados brasileiros e com variados interesses na economia brasileira, mas cada vez mais dedicada ao agronegócio. Portanto um homem desses não tem papas na língua, autêntico como é.

No discurso, chamou a atenção de todos ao dizer: “Governador, quando eu fui me encontrar com o senhor pela primeira vez em seu gabinete, tive tive muito medo. Discutimos tudo e o Sr. concordava com o que achava razoável e compatível e, naquilo que achava que não dava para fazer, dizia isso claramente. Eu estava informado que aqui as coisas não eram tão simples. A conversa ia se encerrando, tudo resolvido rapidamente, até que no final eu não me contive e lhe perguntei- E o Sr. Governador, o que quer de nós? E me recordo que o Sr. respondeu – que empreguem muitos maranhenses e ganhem muito dinheiro aqui. Aquela sua resposta me fez decidir naquele momento que a nossa fábrica seria construída no Maranhão”.

Na quinta-feira passada estive em Porto Franco para visitar a  Expofran, uma das maiores feiras agropecuárias do estado, onde houve uma sessão extraordinária da Câmara Municipal para entrega de um título de cidadão ao Sr. Luís Alberto, motivado pelo muito que fez pela cidade e pela região com a instalação da Algar. Convidado por Deoclides Macedo e pelo prefeito Aderson Marinho, estive presente e pude rever o Sr. Luís Alberto e recordar aqueles tempos transformadores. Foi uma noite emocionante.

Pois bem, caros amigos, visitei a única refinaria que está funcionando no estado do Maranhão, que é a de Porto Franco e que ajudamos a trazer. A outra, a do governo de Roseana, é apenas um factoide político. Infelizmente!