terça-feira, 10 de maio de 2011

A POSE E O FATO

A foto da governadora Roseana Sarney, publicada nos jornais, até que parece convincente: com uma pistola de vacina contra aftosa na mão, finge vacinar o gado. Mas para os que acompanharam o seu primeiro governo entre 1994 e início de 2002, aquilo era apenas teatro sem significado nenhum.

Para entender, vamos voltar ao ano de 1998, quando Roseana Sarney divulgou o seu fantástico e mirabolante plano administrativo. Causou um tremendo impacto, não porque trouxesse alguma esperança de solução para os conhecidos problemas do estado, mas sim porque acabou com as secretarias da Agricultura, Indústria e Comércio, DER, e muitos outros órgãos mais, como a Fapema, etc. Assim, ela, irresponsavelmente, deixava importantes setores da economia maranhense completamente desprotegidos.

Desta feita, ao acabar com a Agricultura, acabava também com a assistência à pecuária, mas o objetivo maior era colocar Jorge Murad como dono da última palavra no governo.

Foi essa a época da “década perdida”, muito bem relatada em documento oficial do próprio governo de Roseana em 2009. Penso que os técnicos da Secretaria de Planejamento não se aperceberam de que estavam falando do governo anterior de Roseana. Descrevem bem como o Maranhão empobreceu e passou a ocupar os últimos lugares entre os mais atrasados estados brasileiros nesse período, quando todas as demais unidades da federação cresceram muito mais que o nosso estado. O secretário de Planejamento nessa época era o atual deputado federal Gastão Vieira, que desde então procura se justificar com Roseana, afinal, convenhamos, pelas verdades publicadas no documento... Mas ela não perdoa...

Com um Maranhão sem comando e sem a secretaria de Agricultura, a  agricultura de subsistência caiu tremendamente, a pobreza cresceu muito no meio rural, foi a época em que 1 milhão de maranhenses migraram buscando vida melhor em outros estados  e a pecuária entrou em estado calamitoso.

O rebanho, assim como o negócio da pecuária, sofreu muito. Chegou-se a menos de 3,5 milhões de cabeças de gado. Em contrapartida, quando saí do governo, o rebanho já era de quase 8 milhões, com o impulso que demos ao setor. Sem vacinação, a aftosa chegou a níveis impensáveis e o ministério da Agricultura classificou o Maranhão como ‘risco desconhecido’. O gado não podia sair do estado para nenhum outro, o que significava que o Maranhão estava totalmente fora do mercado da carne. Um enorme prejuízo para uma parte muito importante da economia do estado, que sempre viveu desse negócio.

Os pecuaristas em desespero tentavam em vão chamar atenção da governadora e de Jorge Murad, aquele que realmente mandava. O presidente da associação de criadores era o atual secretário da Agricultura, Cláudio Azevedo, que, tentando evitar o pior, dava declarações duras aos jornais, responsabilizando o governo pelo abandono total em que estava imerso o setor. Não adiantava. O governo era insensível!

Em meio há tantas tentativas, resolveram chamar os maiores especialistas para um seminário sobre aftosa. Foi durante a semana da pátria em um hotel da cidade. Convidou-se o casal governante  e foram feitos também apelos para que estivessem presentes. Desta forma, poderiam ouvir o que representava aquilo para a economia do estado. Não adiantou. Eu era o vice-governador e resolvi conhecer mais fundo o assunto e assim fui ouvir as palestras dos técnicos de dentro e fora do governo,  como também a dos pecuaristas.

Logo vi que aquilo era importante demais e tentei ajudar. Fiz um relatório do que ouvi e dei sugestões de como apoiar os pecuaristas para que o Maranhão saísse do buraco em que se encontrava. O Pará, vizinho nosso, que estava em situação idêntica já avançava para resolver o problema fazendo um trabalho muito sério.

Entreguei o relatório a Roseana Sarney, que nem se deu ao trabalho de ler e pediu que eu o entregasse ao Jorge Murad, seu marido. Entreguei-o, mas ele não deu a mínima, pois não acreditava naquilo. Deixei o relatório com Murad certo de que nada aconteceria, como de fato foi.

Quando assumi o governo em abril de 2002, um dos meus primeiros atos foi mudar administrativamente o governo, recriando a secretaria de Agricultura  e outras, fundamentais ao desenvolvimento do estado. Criei também a Aged para combater a aftosa e outras doenças dos animais e equipei totalmente esse órgão. Além disso, coloquei recursos suficientes para que pudessem cumprir o seu papel.

Por meio de concurso público contratamos um grande número de técnicos que se dedicaram com afinco ao trabalho. Dentro de pouco tempo vieram os primeiros resultados, tendo o Maranhão saído de ‘risco desconhecido’  para ‘alto risco’. Foi a primeira vitória muito comemorada por todos. Mais um pouco e fomos classificados em ‘risco médio’, o que já permitia que os empresários pudessem vender o gado no mercado brasileiro. Uma grande vitória para o Maranhão conseguida em pouco tempo. E foi assim, como disse anteriormente, que o rebanho maranhense saltou para quase 8 milhões de cabeças de gado no meu último ano de governo.

Tínhamos a promessa de que o ministério da Agricultura já começava a estudar a classificação de ‘livre da aftosa com vacinação’ para o estado. Estávamos caminhando para isso quando saí. Infelizmente, o que nos parecia tão perto ainda não aconteceu até hoje, em que pese a dedicação dos técnicos, mas isso se deveu a falta de apoio que lhes acometeu com a minha saída do governo.

O secretário da Agricultura é do ramo e conhece bastante o assunto, mas seu trabalho é dificultado pela desorganização do governo e a falta de apoio. Roseana não gosta da agricultura, não dá o valor devido, tanto que extinguiu a pasta em 1998. O maior trunfo, porém é que o ministro da área é do PMDB e aí, sabe-se como é, já deve ter dado garantias que a classificação vai sair. Carente de boas notícias, ela foi informada da possibilidade e aí, de pistola de vacinação em punho, ela se apressou a posar para fotografias. Duda Mendonça já está preparado para mostrá-la como a salvadora do rebanho do Maranhão. Vivem de engodo e enganação...

A coluna Radar da revista Veja da semana passada trouxe esta informação: “Um novo retrato - Uma pesquisa sobre desigualdades que o economista Marcelo Nery da FGV/RJ, lança nos próximos dias é reveladora sobre as mudanças da sociedade brasileira na primeira década do século. Entre 2001 e 2009, os ganhos de renda no Maranhão, por exemplo, atingiram 46%, contra 7,2% de São Paulo.”

Eu tenho escrito muitas vezes sobre isso, utilizando estatísticas enviadas pelo professor José Lemos da UFC. Já publiquei aqui que a renda per capita aumentou três vezes no período do meu governo e o PIB dobrou em cinco, passando de R$ 14 bilhões para R$ 32 bilhões. A arrecadação do ICM no estado passou de R$ 62 milhões /mês para R$230 milhões/mês, mostrando mais uma vez que tendo governos sérios, austeridade fiscal e aplicando todo o dinheiro sem desvios, o Maranhão cresce rapidamente. Saímos da ‘década perdida’ para o maior crescimento do país, rapidamente.

Exatamente no meu governo e no de Jackson Lago.

A realidade se impõe à propaganda!