sexta-feira, 1 de fevereiro de 2008

Energia Eólica, uma Grande Solução

Em 1982, eu dirigia o DNOS, e convidado pelo governo americano, viajei de carro e avião pelos Estados Unidos. Visitava projetos de transposição de bacias hidrográficas para irrigação, abundantes naquele país. Nessa época estudávamos a transposição de uma pequena parte da vazão do Rio São Francisco para irrigar o nordeste com apoio financeiro do Banco Mundial e apoio técnico do Ministério do Interior do Governo dos Estados Unidos. Era a famosa “Transposição do Rio São Francisco”.
O Ministro do Interior do Brasil era Mario Andreazza, um grande brasileiro, que, inclusive, ajudou muito o Maranhão e ele havia nos pedido para estudar essa transposição, missão bem cumprida, aliás, e que hoje esta sendo executada pelo governo Lula.
No interior da Califórnia, atravessando desertos intermináveis de carro, deparei-me com uma visão inesquecível de centenas de enormes cata-ventos, gerando energia elétrica, cena que eu veria muitas vezes no cinema e na televisão.
No sábado passado, encontrei um grande empresário do nordeste que falou com entusiasmo de um projeto do qual participava. Em linhas gerais, trata-se da construção da base de 75 torres de 80 metros de altura para suportar grandes rotores de mais de 40 metros de diâmetro, em grande investimento em uma fazenda de geração de energia eólica no Ceará e no Rio Grande do Norte. Um projeto enorme utilizando tecnologia de ponta. E ele me informava que o litoral entre o Maranhão e o Rio Grande do Norte possuía as melhores condições do país para a geração desse tipo de energia. Um presente da natureza para o nosso estado!
Fui então pesquisar no Google e fiquei deslumbrado com as novas possibilidades que o vento abundante daqui pode significar para nós como oportunidade empresarial e de grande geração de empregos e renda. Já pensou que o vento vai ficar gerando energia elétrica enquanto o dono da fazenda cuida da manutenção da torre e rotores e vende uma mercadoria que todos querem e cada vez mais cara? E que vão buscar na sua porta?
Alemanha, Estados Unidos, Espanha e Dinamarca estão na vanguarda. O Brasil desperta lentamente para as novas tecnologias e só agora começa a estudar seriamente e a medir a velocidade dos seus ventos e as calmarias.
A tecnologia atual já permite a exploração em terra e no mar (offshore) e cada vez com torres mais altas e que já chegam a 183 metros de altura. Já existem hélices com mais de 126 metros de diâmetro. São enormes geradores de energia antes impensáveis nessas dimensões. Tudo isso é decorrente dos avanços na tecnologia das turbinas eólicas, derivadas da indústria aeroespacial, que reduziram o custo da energia assim obtida de 38 centavos de dólar por kW/h, dos anos 80, para 3 a 6 centavos de dólar, hoje, dependendo do local.
O mundo inteiro parte para o uso dos ventos para gerar energia. Estão em construção ou em licitação projetos em vários países. A França anunciou a produção de 5.000 mW até 2010. A Argentina projeta produzir 3.000 mW na Patagônia até 2010. O Reino Unido tem licitação para produzir 1.500 mW offshore.
A Associação Européia de Energia Eólica elevou a meta, estabelecida em 1996, de 40.000 mW até 2010 para 60.000 mW. Nos Estados Unidos, que produzem 2.550 mW, constroem mais 1.500 mW. Só uma fazenda eólica em construção entre o Oregon e Washington produzirá 300 mW, a maior do mundo. E está em fase de planejamento uma fazenda em Dakota do Sul, próximo a divisa com o Iowa, para produzir 3.000 mW. Um dos maiores projetos de energia de todo o mundo não só eólica.
O Brasil, com todo o potencial que tem na terra e no mar, produz apenas 20 mW desse tipo de energia.
O Centro Brasileiro de Energia Eólica (CBEE), a Agencia Nacional de Energia Elétrica (ANEEL), O Ministério de Ciência e Tecnologia (MCT) lançaram em 1998 a primeira versão do “Atlas Eólico do Nordeste do Brasil”. O potencial eólico estimado existente no Nordeste é de 75 gW. Uma barbaridade! A análise dos dados do nordeste confirmaram as características dos ventos comerciais (trade-winds) existentes na região. Velocidades médias altas, pouca variação nas direções do vento e pouca turbulência durante todo o ano.
No Maranhão, as velocidades são muito altas no litoral (chegam a 8,5 m/s) e vão decrescendo para o interior. Pelos levantamentos o Maranhão se destaca como região mais promissora do país.
Ceará e outros estados saíram na frente. Contrataram empresas especializadas para medir os ventos em todo o seu território e hoje possuem mapas detalhados dos ventos existentes. São registros anemométricos computadorizados que alimentam softwares que dão informações completas aos empresários. É o que nos falta.
Grupos do Ceará se associaram a grupos portugueses (HLC), Citigroup, a Liberty Mutual (seguradora americana) e o Fundo Black River (Cargill) para a construção de 15 usinas no Brasil (seis no Ceará) com investimentos de R$ 3,9 bilhões até 2010.
Dinheiro para investimento em bons projetos não faltará, principalmente em projetos de energia limpa, rentáveis, que usa pouco terreno (cerca de 1% do total) e deixa muito espaço para outras práticas como agropecuária, fruticultura etc.
Precisamos correr!
É da maior cara de pau o artigo dominical do Senador do Amapá José Sarney em seu jornal. Parece que ele é um espectador e não um protagonista, aliás, o principal, como ex-Presidente da República, com imenso poder no país e no Maranhão, dando as cartas por quarenta longos anos, ao cobrar do Governador Jackson Lago o desenvolvimento do Maranhão! É demais!
Para ele, melhoria de indicadores sociais não vale, aumento do PIB e da renda per capita e do IDH também não. Está acostumado com grandes hidrelétricas, ele que a imprensa nacional chama o “Rei do Setor Elétrico Brasileiro”. Talvez seja por isso.
Parece que desta vez não vão conseguir abafar. Será?

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