quarta-feira, 13 de fevereiro de 2008

Um Grande Político

Logo após o rompimento com a oligarquia, um querido amigo perguntou-me com quantos deputados eu contava na Assembléia e eu respondi que não sabia, dando a mesma resposta para perguntas semelhantes sobre outras instituições. Ele virou-se para mim e disse: “quer dizer que entras em uma briga com o Sarney, sem ter apoio na Assembléia, no Judiciário, na Imprensa? Ficaste louco?! O homem tem grande influência em todos os poderes, serás presa fácil”. Eu disse a ele que meu objetivo não havia sido brigar com ninguém, mas que não abria mão de mudar a agenda do governo, trocando o enfoque dos programas que passariam a ter como prioridade melhorar o IDH. Isso e outras coisas mais levou os donos do poder a abrirem guerra contra mim. E, assim, não havia me preparado para a luta, mas eu sabia o que fazer para poder agüentar o que viria daí para a frente.

A oligarquia espalhava que o impeachment era iminente e a Assembléia iria me tirar do cargo em poucos meses. Dediquei uma parte do meu tempo a trabalhar para que, nas eleições para Presidente da Assembléia, que estavam chegando, tivéssemos um candidato forte e confiável, e, sobretudo, comprometido com novos tempos para o Maranhão. Isso era fundamental para a estabilidade do meu governo, assim como o é, para todos os governadores que tem a família Sarney como adversária.

Com a Assembléia sob comando do grupo Sarney e, apoiados na força da mídia sarneysísta, seriam criados fatos contra o governo cuja finalidade é criar um ambiente favorável a um golpe com aparência legal, licenciando na marra o Governador e abrindo caminho para a tomada do poder – obsessão do ex-dono do Maranhão.

Com o governador fora do poder e sem apoio da Assembléia este não conseguiria reunir força suficiente para voltar. A Assembléia é como a rainha no jogo de xadrez. Perdendo-a ficaria muito difícil resistir. No mínimo não teria tranqüilidade para governar.

Tínhamos vários quadros, entre os deputados, com o perfil desejado na casa e eu me fixei no nome de João Evangelista, que é um político extraordinário, com ampla experiência como parlamentar, como vereador e deputado.

Quando era Vice-Governador havia me aproximado muito de João Evangelista e criado, além da amizade uma grande admiração por ele, como político e homem integro.

Foi a nossa primeira grande vitória contra Sarney. Tivemos que enfrentar o poder de fogo da mídia sarneysista, que joga sujo e faz intriga como está se repetindo agora. Não desistem. Passamos por cima de todas as armadilhas, das pendências judiciais protelatórias, das intrigas, e na última hora, com a derrota iminente, nem apresentaram candidatos. Era a primeira vez que isso acontecia e teve grande repercussão política, pois ficou claro que nós estávamos dispostos a lutar e que os enfrentaríamos.

Essa vitória foi muito importante para o meu destino como Governador do Estado, e mostrou aos políticos e à sociedade, que podíamos vencer o medo que dominava o Maranhão e que Sarney não era imbatível. Foi um divisor de águas. Foi a primeira derrota importante da família no estado.

A postura sincera de João Evangelista e seu trânsito entre os deputados foi muito importante para a vitória.

E ele me ajudou muito a governar e a implantar grandes conquistas para a sociedade com ajuda dos deputados e dos prefeitos. Com Roseana Sarney no governo, o orçamento, além de ser uma peça de ficção, era praticamente secreto, pois só Jorge Murad que o elaborava e o conhecia. Os deputados aprovavam o orçamento em seções rapidíssimas sem ao menos saberem o que continha. Aquilo era um arremedo de democracia como, na verdade, era tudo no Maranhão. E decidimos que os deputados teriam direito, não só de conhecer como também de propor emendas destinando recursos para obras em seus municípios. O Maranhão mudava e relações entre os poderes também, como foi com o Judiciário e o Ministério Público.

João Evangelista abriu a Assembléia para o povo e passou a fazer audiências públicas sobre temas relevantes para a sociedade, com grande sucesso e participação. João Evangelista é um grande político, um grande homem e um presidente de poder democrata e ativo. Além de ter muito caráter.

O Governador Jackson Lago teve a sorte de contar com ele na presidência da Assembléia. Como havia sido comigo é sempre leal e atuante, tranqüilizando o governador, garantindo que aquele poder está em mãos seguras, longe do canto das sereias, e infenso a propostas golpistas de um grupo que só pensa em poder e inclusive mantém uma questão na justiça eleitoral tentando roubar o mandato do governador com um processo totalmente viciado, aliás, como sempre.

João Evangelista, atualmente em licença médica, rezamos muito por sua recuperação. O governador precisa muito dele e o Maranhão mais ainda. Sua licença mostra a sua importância como demonstra a confusão gerada por ambições pessoais, legítimas, mas totalmente fora de hora e contexto, que só animam o grupo Sarney, rejeitado pelo povo, mas, que tenta aproveitar todos os momentos para tentar criar intrigas, tentando ganhar vantagens. Fique atento, Governador, pois o Senador José Sarney jogará todas as suas fichas no controle da Assembléia.

Falei com Georgina, esposa de João, sexta-feira, e as noticias são tranqüilizadoras.

Força, meu querido amigo João, que você é muito forte e vai vencer mais essa!

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