segunda-feira, 11 de agosto de 2008

A Hora da Energia dos Ventos

A energia eólica vem crescendo em importância no mundo inteiro. Vários países, Europa e EUA à frente, estão investindo pesado na geração de energia, tendo o s ventos como principal “combustível” dessa fonte de energia. A Nasa está aí mesmo desenvolvendo novas hélices, novas usinas e novas tecnologias que estão baixando os custos de produção e tornando atraentes a grandes grupos privados os investimentos maciços nesses empreendimentos. Parques cada vez maiores, capazes de produzir milhares de mega-watts de energia não poluente, renovável, limpa e de custos competitivos vão se reproduzindo em vários países do mundo.

Hoje esses projetos não são realizados apenas em terra. São cada vez mais comuns os projetos “off-shore”, em alto mar, cada vez mais distantes da costa, mesmo tendo que enfrentar grandes dificuldades construtivas, de transporte e de montagem de imensas peças do equipamento dessas usinas.

O Brasil vem se estruturando para também produzir energia dos ventos. Alguns estados já produzem es no Nordeste, o Ceará e o Rio Grande do Norte já estão com alguns projetos que contam, inclusive, com investidores externos.

O Atlas Eólico Nacional, do governo federal, informa que o potencial de geração de energia eólica no Brasil é de 143 GW, levando em conta apenas a energia produzida no solo. Um valor enorme pode ser adicionado com as possibilidades de produção no mar.

Desses 143 GW, eu já havia informado em artigo anterior, o Nordeste participa com 75 GW. Isso é um número gigantesco, Itaipú fica pequena perto dele!

O professor Luiz Pinguelli Rosa, ex-presidente da Eletrobrás, professor da COPPE/UFRJ e Secretário Executivo do Fórum Brasileiro de Mudanças Climáticas, assina artigo, em conjunto com Marcelo Furtado, Diretor Executivo do Greenpeace/Brasil e com Paulo Teixeira, Deputado Federal Do PT-SP, em que informa ser a energia eólica um pivô para movimentar 30 bilhões de euros/ano, com taxas de crescimento de 27% anuais, nos últimos dois anos. E informa que a capacidade instalada mundial pulou de 59 GW, em 2005, para 94 GW, em 2007. A Índia já é o quarto no ranking mundial de produtores e a China dobrou sua capacidade em um ano. Informa ainda que a Associação Brasileira de Energia Eólica conclui, em estudo, que a implantação de usinas eólicas reduziria o custo de operação do Sistema Integrado Nacional em R$ 4 bilhões no período de 2009 a 2011 e diminuiria o risco de racionamento.

Esses maravilhosos ventos do Nordeste que são talvez um dos nossos maiores atrativos de turistas nos dão posição privilegiada no universo da energia eólica. Faríamos parte de uma OPEP dos produtores de energia dessa natureza. Esses 75GW estão concentrados em 4 estados: Ceará, Piauí, Maranhão e Rio Grande do Norte. Esses números não incluem o potencial de produção no mar, certamente de mesma proporção. O Piauí tem uma costa que mal chega aos 70 km, reduzindo sua participação. O Maranhão tem um litoral de mais de 600 km e possui outra vantagem: o nosso território avança sem grandes altitudes pelo interior por mais de 100 km levando a possibilidade de produção de energia eólica para uma área enorme do território maranhense, muito maior do que se levarmos em conta apenas o litoral.

A energia eólica interessa muito ao Brasil, pois o regime de ventos é complementar ao das chuvas. Isso dá possibilidade de operação do sistema energético brasileiro de modo muito favorável, utilizando menos os reservatórios das hidrelétricas no período de estiagem, afastando a necessidade de racionamento de energia elétrica no país.

Expõe ainda o artigo mencionado que a energia eólica oferece alternativa concreta e imediata à implantação de termelétricas à combustíveis fósseis na região nordeste. O funcionamento das termoelétricas depende de matéria prima poluente, cara, escassa e de fornecimento instável. Além disso, acarreta graves impactos ambientais e altos custos no mercado spot. Completa ainda dizendo que as usinas eólicas apresentam outro atrativo, qual seja a relativa rapidez com que os parques eólicos podem ser instalados, cerca de dois anos.

Em artigos passados, comentei que o que faltava para que as usinas se tornassem uma realidade era o estabelecimento de preços de compras dessa energia pela Eletrobrás, afim de que os investidores pudessem fazer os seus cálculos de retorno dos investimentos necessários e partissem para a realização dos projetos. Porém, no último mês de Junho, em reunião que trouxe a Fortaleza, no Ceará, os governos do Nordeste, BNB e BNDES, iniciativa privada e organizações sociais, o ministro de Minas e Energia anunciou que haverá leilão de energia eólica no inicio de 2009, embora sem detalhar o montante da energia que será negociada. Tampouco falou sobre a regularidade dos leilões seguintes. É preciso anunciar que em todos os futuros leilões haverá espaço para a negociação dessa espécie de energia para atrair definitivamente os investidores do país e do mundo para as oportunidades do Nordeste. Ainda assim já foi um bom começo.

O Maranhão precisa correr atrás e ter projetos para esse primeiro leilão. Não podemos perder essa grande oportunidade de gerar emprego e renda com um bem natural nosso, não poluente, e que pode nos tornar importante elo na produção de energia limpa e valiosa. A energia distribuída no nosso estado é de baixa qualidade principalmente no interior e no litoral. A produção pesqueira, por exemplo, vai para outros estados, pois se ligarmos um frigorífico em algumas regiões do litoral, a região sofrerá com as quedas de energia provocadas por aquela iniciativa. A energia eólica mudaria tudo isso.

Isso tudo sem falar no etanol. Precisamos trazer de volta o Pólo Nacional de Bio-combustíveis e a Escola Superior de Agricultura da USP de Piracicaba, que fazia um trabalho muito importante aqui. É estratégico para o nosso crescimento!

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