terça-feira, 9 de setembro de 2008

Tentativas

O grupo político comandado pelo senador José Sarney, dono do Maranhão por 40 anos, não tem mais ilusões sobre o estado. A derrota de 2006 foi muito pesada, afinal era a estrela maior do grupo quem o representava. Ela era tão importante que havia se candidatado à presidência da república em 2002, com grande sucesso inicial, mas foi abatida em plena campanha, logo depois, pelo escândalo conhecido como “Operação Lunus”. Eu não tenho dúvidas de que ela cairia nas pesquisas logo que o Brasil focasse mais sua atenção sobre sua administração no Maranhão e visse que na verdade ela não tinha nada o que mostrar. Apenas pobreza e indicadores sociais vergonhosos com grande exclusão social, indigência e abandono.

Seria tarefa impossível, mesmo para Nizan Guanaes, seu excepcional marqueteiro, explicar porque o estado deixava mais da metade da população sem ensino médio. Ficaria sem saber o que dizer quando soubesse que em 159 municípios não tinha ensino médio, que só existia em 58. E teria imensa dificuldade em explicar que o estado não cuidava do setor rural e nem do agronegócio, nem da febre aftosa, nem da agricultura familiar e era o único do Brasil que não tinha em seu organograma uma Secretaria de Agricultura. Nem de Indústria e Comércio e muito menos de Ciência e Tecnologia ou de Meio Ambiente. Que raios de governo era esse em que a governadora não administrava e nem sabia de nada? Que era incapaz de participar de um debate sobre o Maranhão, quem dirá sobre o Brasil? Como fazer uma governante, com esse currículo, presidente do Brasil? Justiça se faça: Sarney era cético e estava preocupado com a empreitada. Não acreditava.

A derrota inesperada das eleições para o governo do estado em 2006, mesmo com a ajuda do presidente Lula, que veio aqui dar uma força, mostrou o tamanho do desastre. Não adiantaram as campanhas terríveis de desmoralização do meu governo, sistemáticas, hoje repetidas contra Jackson e contra todos seus opositores. O povo já havia aberto os olhos e a classe política também já acreditava.

O que começou ali, Sarney sabia, era irreversível. Com seu talento, conseguiu dar a volta por cima e conquistou o que ninguém esperava. Ser forte no governo Lula com direito a ser mandatário de um dos setores mais importantes do governo, o Ministério de Minas e Energia. Aproveita o que pode, mas sabe que Lula termina o mandato em 2010 e toda a festa que fez para Aécio Neves em Brasília, quando reuniu o PMDB para saudá-lo, ano passado, no Congresso, parece que não resultará em candidatura a presidência da República. E o governador de São Paulo, José Serra, depois do que aconteceu com Roseana no episódio Lunus, em que aquele atribuiu autoria a este em discurso pesado proferido no Senado, é no entanto, a pior das soluções. Não o leva ao poder, aparentemente.

As eleições municipais de São Luís e Imperatriz os assustaram de vez. Em Imperatriz, ainda lançaram candidato o desgastado prefeito marcado pela péssima e ausente administração que fez. Madeira, do PSDB, está muito bem. Em São Luís não tiveram coragem de lançar candidato. E todos aqueles que são de sua base e que ainda não se aperceberam de que ser carimbado como sarneysista é o pior do que poderiam ser chamados, estão amargando índices terríveis nas pesquisas com grande desgaste pessoal. E Castelo, do PSDB, todos sabem, é adversário histórico do senador.

Sarney sabe que para ter o prestígio de sempre não pode contar mais com o estado do Maranhão. Sabe que, se ainda quiser mandar e ter poder, indispensável para ele, precisa ocupar posições estratégicas no poder federal. Para os seus objetivos, o Ministério de Minas e Energia é muito pouco. Precisa bem mais. De poder real e político. E já está se movimentando com esse objetivo.

Nesta semana usou uma das colunas da revista IstoÉ para dar um recado. Diz a nota “plantada” na revista que Sarney já se posiciona para ser o próximo presidente do Senado. Acha que precisa ocupar essa posição para poder influir nas articulações da escolha do novo presidente da República. Para isso, diz contar com as bênçãos do Planalto, do PMDB e de setores da oposição. Contra ele estará parte da oposição e o senador Tião Viana (PT) que já espera a algum tempo a sua vez de ser presidente do Senado e que tem a seu favor o acerto de que a vez é do PT.

É sua última cartada, definitiva, de continuar influente no poder federal. Se conseguir o seu intento, ocupará uma posição chave nas articulações para a escolha do futuro presidente. Se não conseguir vai ficar muito difícil manter o poder. Conseguirá?

2 comentários:

Ricardo Santos disse...

Zé Sarney já quer pular outra vez para o barco do PSDB. Vale lembra-lo a liçao do Serra, e que FHC, nào deu moleza para os velhos caciques ratazanas da política brasileira. O PSDB, inteligentemente izolou o PT de Lula na esfera municipal no Brasil, e daqui pra frente será dificílimo para o Lulosarneisísmo.
Ex governador Zé Reinaldo, siga em frente sem pestanejar, quem sabe faz a hora, nao espera acontecer...
Adeus Sarneisistas de plantão.

Anônimo disse...

NÓS DA CULTURA POPULAR JAMAIS ESQUECEREMOS O SENHOR, PRINCIPALMENTE EU HELENA LEITE, POR TUDO QUE FEZ PELO NOSSO BOI DA PINDOBA.TENHO LHE PROCURADO, INFELIZMENTE NÃO TIVE NINGUÉM PARA ME DAR O SEU TELEFONE. EM MEUS PROGRAMAS DIGO QUE DIFICILMENTE ALGUM GESTOR FARÁ O QUE O SENHOR FEZ POR NÓS. ESTAMOS AGONIZANDO. GRAÇAS A DEUS OS BOIS QUE TIVERAM SUA ESTRUTURA MELHORADA SOBREVIVERAM. SINTO MUITAS SAUDADES. PRECISO FALAR COM O SENHOR PESSOALMENTE. ESTOU NA RÁDIO CAPITAL DIÁRIAMENTE, FAZENDO JORNALISMO DE COMUNIDADE PELA MANHA E O PROGRAMA CULTURAL A TARDE.