Com uma história de vida que o fez muito querido e respeitado no Amapá, juntamente com sua esposa Janete, João Capiberibe – Capí, como é carinhosamente conhecido no estado, elegeu-se novamente senador. Na sua primeira eleição para o Senado, ele acabou cassado em um processo inacreditável pelo TSE. O PMDB local, comandado por José Sarney, perdeu a eleição e queria colocar em seu lugar o candidato do partido, e faz-tudo do chefe, Gilvan Borges. O processo baseou-se em depoimentos de “eleitores” que afirmavam terem os Capiberibe comprado os seus votos por R$ 26, em inacreditáveis três prestações.
João, quando governador, se notabilizou pela transparência e a austeridade, principais características de seu governo. Inevitavelmente colheu brigas e inimigos, pois não arredava um milímetro do que havia traçado para o seu governo e assim o Amapá cresceu muito e era conhecido pelo alto nível de seu sistema educacional e pelo IDH de estado desenvolvido. Entre os seus desafetos estavam o Tribunal de Justiça e o TRE.
Mesmo assim, o TRE deu razão a Capí e rejeitou o pedido de impugnação de sua candidatura feito pelo PMDB. O TSE, até o processo dos Capiberibe, não instruía processos. Fazia novo julgamento com os mesmos autos. Mas não com o casal Capiberibe. Tudo foi remontado e o script previsto foi finalmente retomado e o casal, cassado. O Supremo deu liminar a favor dos dois, mas Renan Calheiros, na presidência do Senado, declarou o mandato do senador extinto, sem defesa, como é previsto no regimento e ocorrido por várias vezes naquela Casa. Janete teve melhor sorte na Câmara, mas finalmente também foi cassada.
A Folha de São Paulo, em várias reportagens no final de 2010, mostrou que as pessoas que deram testemunhos contra o casal disseram ao jornal que nada daquilo havia acontecido e que foram ameaçadas e receberam dinheiro para depor. Pois bem, mesmo assim, esse processo totalmente viciado e desmoralizado serviu novamente para tirar o mandato de João Capiberibe e Janete, novamente eleitos senador e deputada federal pelo povo do Amapá, que inclusive elegeu também o filho do casal para governador. Os Capiberibe recorreram ao Supremo para garantir a sua posse, mas o Presidente do poder indeferiu o pedido alegando que não cabia liminar em processo inconcluso de julgamento. E, como é sabido, o Supremo não decidiu ainda esse assunto porque o governo ainda não indicou o nome que irá completar o quadro da instituição. O tribunal remanesce incompleto desde a aposentadoria de Eros Grau, o mesmo que cassou Jackson Lago e deu o governo a Roseana Sarney em processo muito semelhante ao de Capi. Nos dois casos, Sarney ganhou muito...
Claro, ele repetiu no Amapá o mesmo modelo de domínio que implantou no Maranhão. Domínio da mídia e influência em todos os poderes com a ajuda do governo federal. O resultado disso, refletido nos indicadores sociais do estado, como não poderia deixar de ser, é parecido também como o do Maranhão. Sistema educacional decadente, IDH de terceiro mundo, corrupção e até a pouco tempo, impunidade. Mas lá, como aqui até 2006, as coisas começam a mudar para melhor. O governador sabe que terá que ter cuidado para não sofrer o que Jackson sofreu aqui. Aliás, todo o cuidado é pouco!
Os Capiberibe merecem, por serem na verdade símbolos nessa luta pela democracia e pela liberdade, todo o nosso apoio. Alguns companheiros começam a organizar aqui uma grande manifestação de solidariedade a esse grande político do Amapá e parceiro de lutas. Vamos combinar a data e divulgá-la.
Mudando um pouco de assunto, Ricardo Baitelo, coordenador do Greenpeace no Brasil, escreveu artigo no O Globo do dia 28 de Janeiro, muito pertinente ao nosso estado, que, na contramão da busca por energia limpa, está prestes a inaugurar aqui uma usina termoelétrica a carvão, o combustível mais poluidor do mundo. E o pior: sem que traga nenhum benefício para o nosso estado. Vejamos o que escreveu Baitelo:
O ambientalista começa informando que esse tipo de usina é um monumento à geração elétrica do passado. “movida a carvão- o menos nobre e mais poluente dos combustíveis fósseis [...] este tipo de usina vai deixar um rastro de emissões de gases responsáveis pelo efeito estufa que ameaçam a saúde humana e a estabilidade do clima do planeta. Significa que uma única usina - responsável por pouco mais de 0,5% da energia gerada no Brasil (ele fala de CandiotaIII no Rio Grande do Sul) - contribuirá com cerca de 10% das emissões do setor elétrico.
E continua, contestando qualquer argumento em favor do aumento da segurança energética do país, dizendo que isso é uma lenda. No entanto, Baitelo diz ainda que de acordo com o cenário Revolução Energética, lançado pelo Greenpeace em Cancún, o potencial de energia eólica, de biomassa e solar poderá atender a boa parte da expansão energética brasileira prevista com o crescimento econômico nas próximas décadas. E conclui comentando que está na hora de tirar o projeto de lei de energia renovável do limbo na Câmara dos Deputados.
Mas aqui no Maranhão o projeto da termoelétrica é prioridade maior do governo Roseana, pois Eike Batista, dono do empreendimento, é grande amigo da família. E lá vai o Maranhão descendo a ladeira... O governo federal precisa com urgência, além de lutar pela aprovação da lei de energia renovável, usar o seu poder para tornar esse tipo de projeto (com altos índices de emissões carbônicas) pouco atraente para os empresários e, em contrapartida, tornando atrativos os que produzem energia limpa.
O presidente americano Barack Obama proferiu memorável discurso do estado-nação no início da nova legislatura. Discurso de estadista, em que estabeleceu como meta que em 2035, daqui a 24 anos, 85% da energia consumida pelos americanos será limpa. Um esforço tecnológico gigantesco para o país que junto com a China são os maiores poluidores mundiais e maiores emissores de carbono. Um passo gigantesco em favor da humanidade que precisa ser seguido por todos os outros países.
E para concluir, a cada dia mais se vê quão pândego é o governo Roseana. Não tem jeito, tal as enormes trapalhadas que comete por incompetência e falta de autoridade. Para evitar dar mais dinheiro a Assembleia de Ricardo Murad(segundo se sabe ela havia prometido - e deve ter se arrependido - dar mais autonomia e poder ao futuro presidente), ela vetou o aumento de receita que Ricardo havia colocado no orçamento para justificar o seu pedido. Só que para evitar isso, vetou toda a receita sem perceber que assim fazendo, estava, na verdade, vetando todo o orçamento. Não bastasse isso, a falta de percepção abriu o ‘orçamento’ e eles sairam gastando...
Uma loucura inacreditável que só em um governo de Roseana Sarney pode acontecer!
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