terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

TORRE DE BABEL

Definitivamente o governo do estado não se entende internamente, para que possa funcionar, seja minimamente. Está pior do que entre 1998 e 2002, depois da ‘inspirada’ reforma administrativa patrocinada por Roseana Sarney. O resultado daquele período é por demais conhecido, bem ilustrado pela publicação de 2009 da Secretaria de Planejamento do próprio governo de Roseana, informando-nos que aqueles anos representaram a década perdida para o Maranhão. Pensava-se que era o fundo do poço, para engano geral.
O atual é muito pior. Talvez porque é voz comum internamente que este é o último governo do ciclo da oligarquia Sarney. E o pior…

Jorge nem foi para o governo. Resolveu dirigi-lo por meio do chefe da Casa Civil, escolha pessoal dele, o competente técnico Luís Fernando. Acredito que este último, Luís Fernando, já percebeu que não tem apoio suficiente para fazer funcionar o governo e também parece já desinteressado, pois não age com a desenvoltura que o cargo exige. A governadora desaparece do dia a dia do governo e parece ser a mais ausente de todos os que integram sua gestão.

Nesse vácuo de poder, a baderna rapidamente se instalou. Roseana se sente desconfortável com a presença de Ricardo Murad no governo em cargo importante. Ele parece ser mais poderoso do que ela pode suportar. Não sabe e não gosta de lidar com uma pessoa mais poderosa do que ela em seu próprio governo. O assunto é delicado e não tem solução. Como tirar o Ricardo, ou como impor limites a sua atuação? Mesmo o outrora super Jorge, agora com o irmão Ricardo, é menos super…

A partir daí, sem coordenação, sem cobranças, sem acompanhamento, sem planejamento e sem rumo, tudo virou um “cada um por si” que, como não podia ser diferente,  está levando o caos ao governo.

Qual é a área administrativa que escapa desse modelo? Nenhuma está produzindo nada ou trabalhando o mínimo que seja para beneficiar a população. Se alguém souber me desminta. Os problemas são imensos na educação, na saúde, na segurança, na ciência e tecnologia. Ninguém se salva, pois não há interlocutores capacitados dentro do governo para dar foco às ações. 

Assim, os problemas vão aflorando sem encontrar solução. Marqueteiros não resolvem, assim como jogadas de efeito, tudo isso nada adianta. Nem a própria emissora de televisão que possuem consegue ajudar.

Fatos graves se repetem sem reação. E com a ausência deste movimento, vão se alastrando por todos os lados. O clima de barbárie das cadeias e do sistema prisional vai se impondo em todo o estado. Só no final de semana foram mais dois mortos. Um na Baixada e outro em São Luís. O governo parece nem se importar mais. Nada parece interessá-los, que agem como se não tivessem que prestar contas a população. A OAB pede CPI sobre o sistema carcerário e os deputados aliados à Roseana dizem, traduzindo o que pensa o governo, que uma “CPI é muito traumática”. Pois bem, a morte dos presos, para eles, não deve ser... Devem achar corriqueiro! Infelizmente novas cabeças rolarão, literalmente, mudando apenas de local.

E é assim em todo o governo... Exemplos pululam em todas as áreas, como o escândalo terrível da Fapema, que priva alunos pobres de oportunidades de ter uma formação acadêmica melhor, já que o dinheiro é gasto escandalosamente para melhorar o salário de apaniguados que nem perto de uma universidade chegam.
É a Torre de Babel patrocinada pelo governo de Roseana.

Agora vejam que ela mandou veicular seu jornal que vai gastar R$ 20 milhões e que comprará carros para a polícia. Ela, que recebeu centenas de carros herdados do governo Jackson Lago e depois anunciou que comprou mais. Será que para ela governar é comprar carros? É ridículo!

Como não bastasse tanto disparate, o salário devido aos presos por serviços autorizados pelo sistema prisional foi roubado. E de dentro da secretaria de Segurança!

É o fim! Pode ainda ser pior?

E é o melhor governo de Roseana Sarney... Fantástico!

Mudando de assunto, mas nem tanto, li no domingo excelente artigo da presidente Dilma Rousseff na Folha de São Paulo. Ela coloca o ‘dedo na ferida’ logo no início, como que reprovando o seu ‘aliado’, o senador José Sarney, e o que se passa no Maranhão (por obra dele), dizendo assim:

“Há 90 anos, o Brasil era um país oligárquico, em que a questão social não tinha qualquer relevância aos olhos do poder público, que a tratava como questão de polícia. O país vivia à sombra da herança histórica da escravidão, do preconceito contra a mulher e da exclusão social, o que limitou, por muitas décadas, seu pleno desenvolvimento”.

E a presidente continua os comentários, descrevendo algo que parece mirar certeiramente na jugular da governadora Roseana Sarney. Vejam:

“Tenho certeza, no entanto, de que a figura-chave será a do educador, o formador do cidadão da era do conhecimento. Priorizar a educação implica consolidar valores universais de democracia, de liberdade e de tolerância, garantindo oportunidade para todos. Trata-se de uma construção social, de um pacto pelo futuro, em que o conhecimento é e será o fator decisivo.

Existe uma relação direta entre a capacidade de uma sociedade processar informações complexas e sua capacidade de produzir inovação e gerar riqueza, qualificando sua relação com as demais nações.
No presente e no futuro, a geração de riqueza não poderá ser pautada pela visão de curto prazo e pelo consumo desenfreado dos recursos naturais. O uso inteligente da água e das terras agriculturáveis, o respeito ao meio ambiente e o investimento em fontes de energia renováveis devem ser condições intrínsecas do nosso crescimento.”

O Maranhão, (in)diretamente reprovado por Dilma, é o estado em que Roseana trata a educação com desprezo, agora e antes, pois pessoas livres e independentes fazem mal para a oligarquia. O que ela, Roseana, faz aqui não tem nada a ver com o que acredita Dilma, nem na educação, tampouco em relação ao meio ambiente, nem em nada. Roseana traz empreendimentos produtores de energia suja e poluidores, como usinas de carvão. Em contrapartida, nada fala e nem procura desenvolver programas sobre energias renováveis, como etanol, eólica e solar.

E para ir concluindo, reproduzo o alerta de  Clovis Rossi, baseado em dados do Ipea, em que descreve o imenso atraso brasileiro para se tornar de fato uma potencia mundial. O estudo diz que o desemprego aumentou entre os 10% mais pobres no período 2005-2010. Exatamente o período em que tanta gente se ufanava de que a desigualdade diminuíra.

Vejamos a comparação: em 2005, 23,1% da população mais pobre estava desempregada. No ano passado, esse número saltou para 33,3%. Já entre a parcela da população de maior poder aquisitivo, o desemprego diminuiu 57,1% nesses cinco anos. Caiu de 2,1% para 0,9%”. Mais: o desemprego entre os mais pobres, que era 11 vezes maior em 2005, pulou para 37 vezes mais cinco anos depois.

A notícia da Folha que divulgou o referido estudo acrescenta ainda a palavra de técnicos do Ipea: “A taxa de desemprego, que tende a ser mais elevada entre os trabalhadores de menor rendimento, tornou-se ainda mais um elemento de maior desigualdade no mercado de trabalho”.

E o porquê de tudo isso? É o baixo sistema de educação do país, em que o Maranhão está presente com um dos piores índices.

Só Roseana Sarney não enxerga isso!

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