terça-feira, 20 de novembro de 2012

EDUCAÇÃO E CONSCIÊNCIA


A sorte da maioria dos governantes, notadamente aqueles que não se importam com a sorte da população, desde que estas não consigam perceber como estão sendo enganadas, é que grande parte da comunidade é crédula e se orienta por informações que lhes são dadas, sem análise critica por parte delas.

Estou falando da atitude das famílias em relação à educação de seus filhos. Não estou dizendo que as famílias não saibam da importância da educação para o futuro dos seus filhos. Isso elas sabem e muito bem. Mas, então, por que nas pesquisas nunca aparece a educação como prioridade para a população pesquisada? Parece até que elas estão satisfeitas com a educação que é ministrada aos seus filhos.

Isso se dá porque as famílias maranhenses acreditam que cumprem as suas obrigações ao colocarem seus filhos nas escolas públicas mais próximas das suas casas. Tanto têm consciência da grande importância das escolas no futuro deles que, ao ter acesso a uma pesquisa qualitativa anos atrás, após uma prolongada greve de professores durante o governo de Jackson Lago, li que as mães estavam muito zangadas com ele por não resolver logo essa greve e assim permitir que os seus filhos pudessem  novamente ter aulas. 

Elas diziam “Qual vai ser o futuro dos meus filhos sem estudarem? Eles estão sendo muito prejudicados com isso. Isso não pode acontecer”. Assim, não há dúvidas de que a população sabe da importância da educação para o futuro dos seus filhos. Não há dúvidas sobre isso. Eles  sentem que estão fazendo tudo que podem pelo futuro dos filhos ao deixá-los todos os dias no colégio. O que os pais não sabem é se aquela escola está realmente dando àqueles um bom nível de educação que os permita ir em frente.

Como é de quase  100 por cento o número de alunos  que na idade certa estão  matriculados nas escolas, parece que essa grande preocupação com a educação está atendida. Isso parece satisfatório e deixa de ser uma prioridade para as mães já envolvidas com tantos problemas e dificuldades no dia a dia. 

É por isso que governos que não cuidam como deveriam da educação continuam a ter votos e não são pressionados e nem cobrados por isso. 

As famílias, principalmente as mães, deveriam ouvir o que disse a presidente Dilma há poucos dias no lançamento de um programa de alfabetização: “A insuficiência de aprendizado das crianças brasileiras da escola pública está na raiz da desigualdade e da exclusão”.

A presidente, ao fazer esse alerta, está coberta de razões, porque tem acesso aos indicadores que medem o nível de qualidade das escolas públicas brasileiras que ficam nos últimos lugares nas competições internacionais de qualidade. E sabe também que hoje, e cada vez mais, a competição é global e é a inovação e a qualidade da mão de obra, que impulsionará, ou não, uma nação nesse mundo globalizado. 

A frase da presidente define bem o que se passa no país. Acontece que esses indicadores médios do Brasil são muito melhores que os do Maranhão, que são os piores do país. 

Com efeito, dada a inércia governo do Maranhão para melhorar essa situação, estamos destinados a criar empregos no estado para jovens de outras partes do país, contentando-se os maranhenses com empregos de baixa exigência de qualificação e, por consequência, mal remunerados. 

É a desigualdade e a exclusão descritas pela presidente.

Portanto, não há o que comemorar por aqui, enquanto a nossa educação for a pior entre todos os estados.

É necessário que as mães e os pais de família tomem consciência disso e possam se indignar com esse estado de coisas e passem a pressionar os governos e exigir que a educação passe a ser, de verdade, uma grande prioridade nesse estado. Tudo mudaria se ameaçassem não mais votar em quem não conseguisse melhorar esse estado de coisas.

Para que isso possa acontecer, será necessário que os partidos que estão comprometidos verdadeiramente com a mudança passem a se devotar a esse tema e a conscientizar a população. É preciso que as lideranças comprometidas com a mudança abracem essa causa e a levem à população.

A presença das famílias nas escolas, participando de tudo, é mais do que comprovada como muito importante para melhorar a escola. 

O economista Gustavo Ioschpe, estudioso da educação, tem pregado que seria muito importante que as escolas tivessem afixadas em grandes letreiros as notas que os seus alunos tiraram nos exames nacionais. As mães veriam com facilidade se aquela é uma boa escola ou não, tendo acesso fácil à nota que tal estabelecimento conseguiu. Se não fosse boa, sairia à busca de uma escola melhor, que tenha uma nota mais alta, para matricular seus filhos. 

Isso obrigaria o governo a se mexer, assim como a diretora e os professores daquela escola.

Seria um passo gigantesco no sentido da melhora do ensino de nossas escolas públicas.   

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