Os jornais e blogs mais importantes do país publicaram
recentemente que José Sarney e sua filha Roseana irão disputar vagas no senado.
O primeiro no Amapá e a segunda aqui no Maranhão. Sarney foi para Macapá no dia
18 de março, véspera do dia consagrado a São José, onde o santo, assim como
aqui, é muito festejado. E o ponto alto da comemoração é uma missa solene realizada
no dia 19, em cuja celebração o senador anunciou que estaria presente, como
sempre faz, para assisti-la.
Contudo, é fato que a visita também tinha uma motivação
oculta. Para isso, vejamos os fatos: consta que Roseana Sarney recebeu a visita
do marqueteiro Antônio Lavareda que, em tempos passados, já foi um dos mais
procurados para prestar serviços a candidatos. Hoje, pelo que se sabe, sua
procura é bem menor. Entretanto, ele trabalha para Roseana há muitos anos e
teria sido chamado por ela para ouvir sua opinião em torno da futura eleição
tanto para o candidato Luís Fernando ao governo como a dela própria para o
senado.
O marqueteiro teria dito a Roseana que a eleição para
governador - considerando a candidatura de Luís Fernando - estaria perdida,
nada mais havendo a fazer, depois de tudo o que fora feito até agora. De fato,
creio que ela não tem mais dúvidas disso há muito tempo e, para tentar não se
contaminar mais, deixou de andar com ele e parou de acompanhá-lo nas viagens, que
Fernando continua a fazer sozinho, abandonado, sem políticos ao seu redor.
Ao que parece, Lavareda teria deixado Roseana com muito medo
de uma derrota, ao fazer análises mostrando que ela estava muito contaminada pelo
clima de derrota que envolvia o seu candidato e que não tinha fatos positivos
para mostrar, pois não cumprira nenhuma promessa de campanha até hoje. Por
isso, a conclusão dele era de que Roseana não deveria disputar a eleição e que deveria
ficar no governo até o fim de seu mandato, para tentar cumprir pelo menos
algumas de suas promessas. Foi daí, suponho, que nasceu o discurso maluco de que
quando saísse, deixaria um Maranhão de ‘primeiro mundo’.
Roseana, portanto, ficou com receio e divulgou que iria ficar
no governo. Seu pai, José Sarney, não aceitou o diagnóstico e lutou muito com
ela, tentando convencê-la a disputar a eleição, argumentando que ela tinha, sim,
condições de vencer.
Além disso, Sarney teria dito a Roseana que ele iria ao Amapá
fazer uma sondagem definitiva sobre a viabilidade de sua eleição nesse estado.
Se ele encontrasse essas condições, então seria ele o candidato e Roseana
tentaria terminar algumas de suas promessas. Caso ele não tivesse condições de
vencer, ela então seria a candidata, evitando, assim, o desaparecimento do
grupo chefiado pela família Sarney.
Em Macapá, porém, Sarney passou por grandes humilhações,
terríveis para um ex-presidente que teve tanto poder, principalmente depois que
saiu da presidência da república. Viveu momentos terríveis demais para o seu
imenso orgulho.
Na tarde do dia 18 de março, Sarney tentou falar com o
presidente do PT no Amapá e este mandou dizer a ele que não o receberia, pois
nada teriam para tratar. O senador teria tentado forçar o encontro
insistentemente durante toda a tarde e, a partir do momento em que se convenceu
de que não seria recebido, colocou sua turma atrás dos homens importantes do PT
nacional, até que o presidente nacional do partido, Rui Falcão, ligou para seu
subordinado no Amapá e ordenou-lhe que
recebesse Sarney. Já era noite daquele dia quando o senador finalmente obteve a
informação de que seria recebido. Um chá de cadeira histórico.
José Sarney teria então iniciado por cima a sua conversa, como
sempre faz, dizendo que iria lutar pela coligação nacional do PMDB com o PT,
mas que isso deveria começar pelo Amapá e, dessa forma, queria o apoio do PT
para a sua candidatura ao senado. O prócer local respondeu que nada uniria os
dois partidos no estado e que era impossível essa coligação, porque ela não
seria aceita pelos petistas amapaenses. Argumentou que o PMDB cassou dois
prefeitos do PT no estado, que tomou do PT todos os cargos federais locais. Por
fim, reiterou que o partido lançaria a atual vice-governadora como candidata e
que isso era irreversível, lançando por terra qualquer resquício de intenção do
oligarca em se reeleger.
Em verdade, Sarney já sabia da candidatura de Dora (a
vice-governadora) e com essa sondagem ele confirmou os seus receios de que não
teria como se candidatar à vaga no senado pelo Amapá. Com isso, estabelecem-se
os argumentos finais para convencer Roseana a disputar a vaga pelo Maranhão e
tentar evitar, assim, o fim do grupo
agora já em abril. É muito provável que, diante desse panorama, Sarney virá
para cá e trabalhará como nunca junto à classe política maranhense, e usando sua
característica lábia, com argumentos voltados inclusive para provocar emoções e
evocações de amizade, tentar conseguir a vitória no senado para a sua filha.
É por isso que, como já disse várias vezes, não estou nada
convencido de que Roseana ficará no governo. O que vejo é que Sarney não será
candidato, mas Roseana será. E é provável que deixe o mandato no dia 4 de
abril. Vamos acompanhar...
Agora vejam que vergonhoso: Como esse governo não tem o que
apresentar como realizações próprias, aproveitam-se da inauguração da fábrica
de celulose da Suzano, localizada em Imperatriz, que, pela sua importância,
teve até a presença da presidente Dilma, no rotineiro ritual propagandístico. O
mais interessante é que Roseana nada tem a ver com a vinda da fábrica para cá. A
empresa veio no governo de Jackson Lago, como pode ser facilmente verificado
nos jornais da época. A única interferência de Roseana no empreendimento foi
mudar a sua localização de Porto Franco, local escolhido por Jackson, para Imperatriz,
logo após tomar na força o governo dele. Mais nada. Essa é a verdade.
Mudando de assunto, não é que Sarney - que sempre briga
contra a divulgação dos indicadores sociais do estado - se valeu deles à época para
justificar sua postura de paladino da mudança quando foi governador e combater
críticas à exibição das mazelas do estado? Pena que tenha sido só retórica e
nunca mais falou neles.
Recebi essa colaboração de um leitor e transcrevo-a aqui:
“Vejamos o que disse José Sarney disse em 1966, logo após o
lançamento, aqui em São Luís, do documentário ‘Maranhão 1966’, encomendado por
ele mesmo e pago com recursos oriundos do Banco Estadual, filme este dirigido
pelo consagrado Glauber Rocha. Após o lançamento do documentário, algumas
pessoas lamentaram que o Maranhão ali mostrado, no filme do Glauber,
apresentasse somente miséria e desgraça. O então jovem governador do Maranhão
respondeu da seguinte forma aos críticos: “Mas, o que devemos afirmar, hoje, é
que somos um Estado pobre, miserável, de estatísticas terríveis. Não é vergonha
mostrar e é crime encobrir.” Essa declaração
de José Sarney está citada no livro do historiador Wagner Cabral, Sob o Signo
da Morte, à página 211. A oposição, com efeito, não pode cometer o crime de
esconder estatísticas terríveis.”.
Foi o que disse o próprio Sarney. Vejam como são as coisas...
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