O lançamento da candidatura de Edinho Lobão ao governo do
Maranhão parece guardar muita semelhança a de um “balão de ensaio”, daqueles
que são lançados no meio de uma crise para saber se a pretensão tem condições
de se afirmar ou não. Não dá para pensar diferente, pois nunca antes nesse
estado, quiçá no país, tivemos a desistência de uma chapa majoritária toda,
candidatos a governador e senador, exatamente por ocasião da data legal limite
para sair do governo e se tornar pré-candidato.
Em termos metafóricos o ocorrido foi semelhante à explosão de uma bomba causada
por quem deveria exatamente estar comandando o processo político de escolha das
candidaturas por parte do grupo Sarney. E tal processo foi tão alucinado que o então
candidato ao governo saiu do governo para nada. O único que - por sorte - parece
que se saiu melhor na história foi o sacrificado vice-governador, que teve que
deixar o cargo para que Roseana pudesse alçar
o seu atribulado candidato ao governo, por meio de eleição indireta a
ser conduzida pelos deputados na Assembleia Legislativa.
Mas como não “combinaram com os russos” e não seguiram a
lição do craque Garrincha, ela não pôde cumprir o seu plano. Isto se deu mais
por incompetência e inapetência do que por outra causa qualquer. Sobrou para todo
o seu grupo político que, de uma hora para outra, estavam envolvidos em um
verdadeiro buraco negro. As promessas evaporaram, aliás, como sempre.
O que fazer então? Como manter a serenidade no meio da
desordem política? Apelaram para Lobão, que nem pensava mais em qualquer
possibilidade de ser chamado, de tanto que foi tão hostilizado pelos Leões e
tratado sem o mínimo respeito. Mas enfim o senador José Sarney resolveu recorrer
a “sua turma”, chamando Lobão e João Alberto para evitar a debandada geral.
Lobão não mais poderia mais ser candidato, pois não se desincompatibilizara na
data legal. João Alberto, depois de tanto tempo perdido, desdenhou da
possibilidade de ser um candidato competitivo àquela altura.
Eis que, para atender o desejo de José Sarney de colocar
Lobão na campanha, nasceu a candidatura de Edinho Lobão. Agora vejam que no
momento essa candidatura é para valer, mas poderá não ser no final de junho,
que é a data limite das convenções partidárias que definem os candidatos. Se assim acontecer, pelo menos terá
servido para animar a turma com a possibilidade de aparecer uma “ajuda
de campanha”.
Contudo, se o balão não subir o necessário, é possível
imaginar mais uma troca geral de candidatos no seio do governo e nesse caso
Edinho Lobão iria disputar o senado e João Alberto receberia a missão de ser o
candidato governista ao Palácio dos Leões.
Esse é o jeito deles. O que importa é o poder. Lembremos o
passado recente em que o candidato Luiz Fernando - “metido num azougue” - não
parava em canto nenhum, fazendo visitas a vários municípios por dia e sempre
assinando ordens de serviço de obras. Ainda tentei alertá-lo sobre seu grupo, dizendo
que ele não seria o candidato e que seria substituído, mas ele, crédulo, ficava
muito zangado comigo e descarregava sua raiva me insultando em seus
pronunciamentos. Deu no que deu. Aliás, fiquei sabendo que todas as empresas
que estavam trabalhando por conta das ordens de serviço que ele assinou já
abandonaram as obras.
Mas, voltando ao assunto, na apresentação do novo candidato, ocasião
na qual Luiz Fernando fez muito bem em não ir, a sua patronesse, Roseana
Sarney, o humilhou ao extremo ao dizer que o candidato “natural” do grupo
sempre fora Lobão- o pai, evidentemente -
mostrando toda a crueza das ações do grupo e o modo como fazem política.
Descartam qualquer um, com crueldade, quando não lhes são mais úteis.
E o novo candidato que abra o olho, pois a mesma governadora (que
diga-se de passagem nunca morreu de
amores por eles - a família Lobão) avisou duramente: “Edinho Lobão não é o meu
candidato. É candidato do grupo”. Verdadeiro aviso aos navegantes. Mais claro
impossível. Os Lobão que se virem com a classe política. Deu para entender?
Nesse ínterim, no entanto, nada disso estancou a debandada
dos mais independentes em direção à candidatura oposicionista ao cargo de
governador. E nesse fluxo, Flavio Dino passou dos 60 por cento de intenção de
votos. Esse é o panorama. Semana passada estive na região tocantina e a
rejeição ao candidato governista é enorme. Fiquei impressionado.
Mudando de assunto, o ministro Lobão, que comanda um dos mais
importantes ministérios do país, o de Minas e Energia, mesmo não tendo em sua
formação maior alinhamento com o tema (embora tenha tido algo mais importante: a
indicação do senador José Sarney), meteu o setor elétrico em grande crise. A
crise é tão grande que três dos cinco diretores da Câmara de Comercialização de
Energia Elétrica - órgão que não faz parte do governo, pois é um órgão do
mercado de energia destinado fazer o registro e compensação das diferenças
entre os compradores e vendedores do mercado - foi praticamente obrigada pelo
governo a tomar um empréstimo enorme de
11,2 bilhões de reais. Tal empreitada se deu com o objetivo de socorrer
as empresas de energia elétrica, praticamente falidas pelo populismo
eleitoreiro do governo. É uma medida de desespero, pois a Câmara não tem lastro
financeiro para receber o empréstimo, e, revoltados, três dos cinco
conselheiros pediram demissão e ainda não foram substituídos. Tudo isso é uma
manobra para evitar que a conta de energia suba antes da eleição, mas essa
conta terá que ser paga a partir do ano que vem e o consumidor que não tem nada
a ver com o descontrole total do setor, mas é quem terá que pagar a lambança.
Os reservatórios chegarão ao final do ano quase secos. Se
tivermos muita sorte e, ainda que fora do período chuvoso, passar a chover
muito daqui para frente, talvez possamos escapar do racionamento previsto. Não
escaparemos, contudo, da perspectiva de existência de uma bomba fiscal e
financeira para desarmar. A crise está instalada, a solução é dificílima e a fatura
será cobrada do ministro Lobão pela presidente, com culpa ou sem culpa.
Mudando de assunto novamente, aviso que o surpreendente
escândalo dos precatórios está apenas começando. É gigantesco. E por si só
poderá explicar muita coisa anormal que aconteceu neste ano...
E por falar em surpresas – negativas, claro – o governo Roseana continua na sua saga de nos
surpreender a cada semana. Estudantes me contaram em Imperatriz que foram
fechados oito escolas estaduais na cidade. Alguns tradicionais, enormes, como o
Amaral Raposo. Grande parte deles funcionava também à noite, fato que torna a
interrupção de suas atividades algo extremamente prejudicial aos trabalhadores
que fazem suas atividades laborais durante o dia e têm apenas o período noturno
para estudar. É revoltante a irresponsabilidade do governo de Roseana Sarney.
Para finalizar, estive sábado em Timon, onde recebemos Flavio
Dino e Eduardo Campos, respectivamente, pré-candidatos a governador do Maranhão
e a presidente da República. Ambos foram muito aplaudidos pela enorme plateia
presente. Eduardo levou-os ao delírio
quando, em seu competentíssimo discurso, disse: “Eu serei presidente da
República e respeitarei, sim, o presidente Sarney, mas no meu governo ele vai
ser oposição nos quatro anos, porque acho que o Brasil precisa de um presidente
que olhe no olho de cada um e diga: a fartura de Brasília acabou”.
Enquanto isso, vamos só comparando os governos de Roseana e
de Dilma Rousseff. É lamentável perceber que estão cada vez mais parecidos e
nada têm para mostrar...
Um comentário:
Estimado José Reinaldo, admiro muito seu posicionamento para com a Família Sarney e seus correligionários, sei que você os conhece bem. São pessoas como o senhor que o Maranhão precisa, experientes, corajosas, e assim como eu e você, engenheiros, para que possamos realmente ver um maranhão melhor nos próximos anos, conte comigo!
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