Com a derrocada prematura do chamado grupo Sarney, precipitada pela
inesperada renúncia da candidatura de Roseana ao senado, acabou-se também a
candidatura ao governo de Luís Fernando. Isto aconteceu certamente porque Roseana
se sentiu excluída (e seu marido também) do possível governo de Arnaldo Melo,
aliado ao fato de vistosa desenvoltura de seu irmão Fernando junto ao então futuro
governador, e no grande estresse no momento da decisão, não bem assimilada por
seu pai, deu-se o desfecho.
Entre os muitos prejudicados por essa decisão de fato Luís Fernando teve
a maior quota, embora essa candidatura nunca tivesse sido deglutida por José
Sarney, Lobão e João Alberto. Senão vejamos: Luís Fernando, ao acreditar em
Roseana e Jorge Murad, impulsivamente renunciou a mais da metade do mandato de
prefeito em São José de Ribamar, um dos maiores municípios do estado, onde era
bem avaliado. Por que fez isso? Como terá sido essa conversa tão decisiva na
vida de Luís Fernando? Como não sabemos, imagina-se que para ele se comportar
tal como um colegial crédulo e imaturo, tal conversa lhe garantia a
candidatura, apoiada por todo o grupo, ao governo do estado. Sim, porque
largava um mandato importante, longe ainda de seu término, para ser secretário
da Casa Civil do governo de Roseana. Ele, eufórico, certamente não parou para
pensar que a própria governadora teve que se valer de processos fraudulentos -
conforme o parecer do Procurador Geral de Justiça - para, no exercício do
cargo, “ganhar” a eleição por ínfimos 4 mil votos de diferença, em um
eleitorado de mais de 4 milhões de votantes. Luís Fernando não parou para
pensar no imenso desgaste da família Sarney, no sentimento de mudança que
dominava a população, não analisou a balbúrdia em que estava envolvido o grupo,
e não pensou se teria como carregar nas costas a terrível herança de miséria e
pobreza deixada pela família Sarney. Inexperiente, ele não percebeu que o poder
prometido nunca seria dele. Nunca o exerceu de fato.
Abandonou a carreira que parecia promissora e, sem mandato e inteiramente
à mercê da família, renunciou ao cargo de Secretário de Estado para se tornar
candidato, e só aí, da maneira mais cruel, viu fugir-lhe o chão sob seus pés.
Em reunião tensa, debaixo de insultos de parte a parte, viu finalmente com quem
estava lidando. Perdeu tudo e foi obrigado ainda a ouvir chacotas e ironias dos
mesmos que o convidaram.
Sem candidatos a governador e tampouco senador, viram que o “rei
estava nu”. Quem poderia ser àquela altura? Sem nomes, foram buscar o
voluntarioso filho de um dos chefes do grupo, o filho do senador e ministro Edison
Lobão. Esse nunca havia disputado um mandato eletivo, mas não havia mais
ninguém, e pelo menos tem o nome Lobão, forte na oligarquia.
Sem conhecer a classe política e nem os políticos, sem conhecer os
municípios e nem a realidade do estado, Edinho, como dono de televisão,
resolveu enfrentar a eleição como se tudo não passasse de um grande show
midiático, em que o que valia não era o fato, mas a versão; não era a realidade,
mas a foto e tentou então fazer com que fosse crível que o Maranhão, parado, em
suspenso, ansiava por ele, o homem que seria o novo, uma espécie de mago e de
midas... Um homem que, eleito, tudo seria resolvido e todos os nossos problemas
estariam solucionados, embora ele não diga quais são. Certamente um fenômeno,
um raio em céu azul.
E todos os políticos que viram a fonte dos Leões secar - e o fim das
promessas repetidas e não cumpridas - reacenderam as esperanças de receber uma
gorda ajuda de campanha que viria, certamente do candidato ou do governo
federal desta vez. Será?
Se houver essa derrama, a consequência disso será enriquecer alguns e
eleger outros, porque uma dura realidade que é muito conhecida pelos que fazem
política normalmente no interior impede o êxito da empreitada. Desta vez a
população resolveu eleger o governador e têm candidato: Flávio Dino. Ele não é o
candidato, pelo menos por agora, da classe política. Ele é candidato do povo do
Maranhão, cansado de tanta miséria e pobreza. É por isso que, embora a grande
maioria da classe política esteja com o governo, Flávio Dino está há mais de
dois anos em patamar acima dos cinquenta por cento de votos declarados em
inúmeras pesquisas realizadas no período. Foi isso que não permitiu o
crescimento de Luís Fernando.
Andando pelo interior do estado, em qualquer região, não se vê ninguém
defendendo a candidatura de Edinho Lobão. Esse, como franco atirador, parece se
divertir como um homem show que não tem nada a perder.
Parece que o final do grupo que começou há cinquenta anos envolto em
seriedade vai se dar em tom de enorme brincadeira.
A mim parece que a eleição em que realmente vão lançar todo o peso dos
Leões é a que realmente sobrou como o ultimo bastião de poder eleitoral do
grupo: a eleição para senador. Essa sim é de grande interesse para José Sarney.
E depende da famosa classe política e das ajudas de campanha. Refiro-me a esta
eleição, principalmente se a oposição tiver mais que um candidato, como em
2010. Gastão é do PMDB, amigo da governadora Roseana Sarney, político com bom
trânsito no meio e certamente será o ungido.
Enfim, essa realmente me parece ser a eleição de maior interesse para
o grupo (?) Sarney.
Vamos ver.
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