terça-feira, 1 de setembro de 2015

NÃO DÁ PARA ACREDITAR


A presidente Dilma definitivamente parece viver em outro planeta. É impossível que ela não tenha um mínimo de sensibilidade com o rápido desmoronamento das condições de vida do brasileiro e da situação socioeconômica do país. Parece não saber que o desemprego está chegando a níveis alarmantes, a inflação corrói sem pena as finanças familiares, principalmente as dos mais pobres. Como se não bastasse os indicadores financeiros que mostram o país piorando a cada dia, a inadimplência aumentando... Tudo isso exige dela uma resposta à nação e ela simplesmente só dá mostras de que está totalmente perdida, chegando ao ponto de apresentar como solução a recriação do famigerado “imposto do cheque”, a CPMF, extinta pelo Congresso no auge do poder de Lula.

Dilma e sua equipe parecem não entender que a gravidade do momento requer do governo uma resposta responsável que enfrente as raízes dos problemas que na verdade foram criados no seu primeiro mandato. O mesmo sobre o qual lhe coube a alcunha de “direção temerária”, por muitos atribuída.

Sem resolver problemas fundamentais - e para isso é preciso que se os reconheçam primeiro - nada pode ser feito para valer. Dilma parece não saber que o governo gasta muito mais do que arrecada e que isso leva ao aumento insuportável dos juros, que impedem a nação de crescer e investir. Qualquer dona de casa sabe disso, mas Dilma acha que, para resolver, basta aumentar ou criar mais impostos, que já chegam a insuportáveis 35 por cento, uma das maiores cargas tributárias do mundo. E assim vai o governo, criando despesa atrás de despesa, sem que isso tenha reflexo na melhoria de vida da população, pois todos sabem que os serviços que o governo põe à disposição são sofríveis.

Não bastasse isso, as reformas fundamentais no sistema de previdência, o aprimoramento do SUS, a reforma tributária, e o engessamento do orçamento com despesas que chegam a 92 por cento – fazendo sobrar pouca margem de manobra para investimento - não é nem sequer mencionado. O excesso de gastança com 39 ministérios e 22 mil cargos em comissão que só servem para abrigar gente muitas vezes sem as qualificações necessárias para fazer concursos públicos e ser admitidas pelo mérito funcionam apenas para criar instâncias burocráticas desnecessárias e que acabam por aumentar a infernal burocracia de um governo que se revela ineficiente, gastador e que dificulta a ação da iniciativa privada. 

O governo gasta muito e gasta mal, despende sem freios, pois não está limitado pela Lei de Responsabilidade Fiscal, que hoje só limita gastos de estados e municípios.

Em outras palavras, não existem limites para o crescimento da despesa com pessoal e nem de endividamento do estado, que muitas vezes avança sobre recursos estaduais e municipais e repassa encargos sem previsão orçamentária a esses entes federados. Com isso, não existe um estado federado de forma plena no país, mas sim uma concentração de poderes e recursos no governo federal, sem que isso resulte em melhorias para a população. Tampouco existe uma aferição de resultados de programas de governo que são lançados com o anúncio de boas intenções, mas que são mal executados e mal concebidos, sem metas quantificadas que justifiquem a gastança.

Dentro desse quadro, o governo ensaiou relançar a CPMF e, debaixo da indignação causada e da certeza de que não seria aprovada, recuou, principalmente depois que os governadores se negaram a dar apoio a essa aventura. Com isso a presidente perdeu o que lhe restava de apoio na classe empresarial e na classe média, uma verdadeira atitude kamikaze que só fez aumentar o desejo do povo de vê-la pelas costas. Enfim, Dilma age como se tivesse desorientada, muito longe da realidade problemática do país.

Para encerrar, conto um fato ocorrido na última vez em que estive no programa Avesso, da TV Guará. Programa, aliás, muito bem conduzido por Américo de Azevedo Neto. Este mesmo que, na ocasião, me perguntou o que eu achava de uma afirmação do senador Roberto Rocha de que iria, sozinho, escolher o candidato a prefeito pelo PSB em São Luís. Respondi-lhe então que o senador não conhecia a cultura do partido, um partido de base em sindicatos rurais, em que ninguém mandava e tudo era resolvido coletivamente por votação das instâncias partidárias. E que dessa forma seria feito novamente na escolha do candidato do partido em São Luís. Não o agredi e nem o insultei, apenas alertei que o partido era diferente de outros por onde andou o senador.
Para minha surpresa, este reagiu com muita agressividade, tentando me insultar, como se isso fosse mudar alguma coisa dentro do partido. Pois bem, o senador que, em discurso, chama a si mesmo de “senador Roberto Rocha”, no último sábado, durante a reunião estadual, que contou com a presença do presidente nacional, sentiu de perto o efeito de desconhecer a realidade do partido. 

Depois que uma entusiasmada plateia lançou o nome de Bira do Pindaré para concorrer ao cargo de prefeito da capital, e do discurso de aceitação do próprio Bira, o senador, ao fazer o uso da palavra, e sem levar em consideração o desejo dos militantes, resolve - como se fizesse uma concessão - repetir que quem escolhia o candidato, como presidente do Diretório Municipal, era ele. E que assim se lançava candidato a prefeito da capital. 

Não sei o que Roberto Rocha pensou, talvez contasse com o delírio da plateia, já que ele, senador, descia das alturas para se lançar candidato. Não sei mesmo o que pensava, mas o resultado da falta de conhecimento da cultura partidária só lhe valeu uma sonora vaia por desafiar o desejo das bases partidárias. Não bastasse isso, teve que ouvir do presidente estadual e do presidente nacional que essa decisão pertencia não a uma pessoa, mas às instâncias partidárias como um todo.

Se me tivesse ouvido...        

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