terça-feira, 13 de dezembro de 2016

UM OUTRO MUNDO

A nossa viagem para Teerã passava por Abu Dhabi. Saímos de São Paulo e até lá foram quatorze horas de voo extremamente cansativas com o avião lotado. Ao meu lado estavam duas meninas brasileiras de 11 e 12 anos, cujas feições mostravam a descendência asiática e que rumavam para a China, impulsionadas por um acordo de intercâmbio esportivo para desenvolver o tênis de mesa brasileiro. A delegação brasileira era de cerca de dez jovens. Companhia agradável, pois elas, inteligentes e alegres, brincavam o tempo todo uma com a outra, com poucos momentos de sono. Isto serviu para animar a cansativa viagem.
Chegamos às 20:30 horas, horário local e às três da manhã decolamos pra Teerã, onde chegamos as seis da manhã. Saímos dia 2 de dezembro do Brasil e chegamos ao nosso primeiro destino no dia 4, dormindo pouco e mal, em duas noites.
Ao meio dia começamos a agenda programada com reunião no Ministério do Petróleo, reunião que durou algumas horas ,com toda a cúpula que comanda a maior riqueza daquele país. O que posso dizer é que a reunião foi excelente, produtiva e até mesmo amigável, coroando meses de trabalho duro de troca de informações, inclusive aqui no Brasil.
Nossa delegação foi chefiada pelo ministro de Minas e Energia, Fernando Bezerra, do meu partido e deputado federal como eu, que exerceu a liderança do partido na Câmara por dois mandatos antes do ministério. Acompanhavam o ministro algumas autoridades do ministério e ainda o novo Diretor Geral da Agência Nacional do Petróleo, o maranhense de Barão de Grajaú, Aurélio Cesar Nogueira Amaral.
Eles vieram um dia antes e já haviam estado duas vezes com o ministro do Petróleo do Irã, tendo colocado o assunto da cooperação entre os dois países nos devidos termos.
O jovem, mas, experiente ministro, já com vários mandatos de deputado federal, preparado e inteligente, faz parte de uma das mais tradicionais e influentes famílias pernambucanas e tem se mostrado um excelente ministro, muito eficiente e objetivo.
Nessa manhã, no desjejum em Teerã, nos encontramos no restaurante e ele, cercado por membros da delegação, foi logo falando: “ Zé Reinaldo, estou aqui por sua causa”. Ele se referia aos vários encontros que tivemos para montar a viagem, e cuja primeira oportunidade em que tratamos da refinaria no Maranhão com empresários e autoridades do Irã, o convidamos para chefiar a delegação que faria a visita oficial. Depois disso continuei mantendo o estímulo muito para que ele viesse, o que se mostrou muito importante.
O ministro abraçou para valer a nossa causa e trabalhou muito para demonstrar a importância da refinaria e do polo petroquímico na agenda bilateral entre os dois países. Carlos Brandão, vice-governador do Maranhão, foi quem chefiou a delegação do nosso estado, da qual também fazia parte o Secretário de Assuntos Especiais, Pierre Januário, entre outros. Na ocasião formulou-se o convite ao ministro para que venha ao Maranhão em janeiro e, ainda, aventou-se, com absoluta justiça, uma proposição à Assembleia Legislativa, a fim de que seja concedido título de cidadão maranhense ao ministro.
Aqui cabe um parêntese: O Brasil, nesses últimos anos, tentou fazer simultaneamente quatro refinarias com capacidade de produzir, no total, 1,2 milhão de barris dia, mas, com as dificuldades da Petrobras, acabou cancelando-as e só ficou pronto (em Pernambuco) um trem de refino com capacidade de produzir 112 mil barris dia de derivados de petróleo. Aqui no Maranhão, o governador Flávio Dino, em encontro com os empresários, destinou à nova refinaria o terreno já terraplenado e com grande parte da drenagem realizada.
Hoje o Brasil é altamente deficitário e importa grande parte dos derivados de petróleo e também da cadeia de petroquímicos que consumimos. Se isso ocorre agora, imaginem quando o país voltar a crescer.
Terminados os assuntos em Teerã, seguimos para Nova Delhi, sempre com escala em Abu Dhabi. Lá, sempre com grande apoio do Ministério das Relações Exteriores, tivemos reunião com uma das maiores empresas de engenharia do mundo, a Engineers India Limited, que detém as mais avançadas tecnologias do mundo em refino de petróleo e em petroquímica. Essa empresa apresentou um estudo preliminar muito detalhado de nossa refinaria, que deverá ser uma das mais avançadas do mundo. Dali fomos ao Eximbank Índia, onde estivemos reunidos com o presidente e o diretor executivo. Tudo correu muito bem.
Vejam que a partir de agora o projeto entra em outro estágio, uma etapa mais empresarial e por isso não entraremos mais em detalhes. Estabelecemos uma cláusula de confidencialidade sobre o assunto. Tudo o que falarmos poderá atrapalhar. É um mundo muito competitivo e disputado. O que posso dizer é que o projeto hoje é uma prioridade entre os envolvidos.
Voltei muito feliz e com a sensação dever cumprido, pois acredito que estamos dando uma contribuição vigorosa para o desenvolvimento do país e do Brasil. Esse projeto, quando realizado, vai mudar o nosso sofrido Maranhão, tendo uma repercussão econômica e social gigantesca.
Valeu todo o sacrifício e dezenas de reuniões de convencimento na escala federal.
Para concluir, estava na Índia quando soube dos resultados do Pisa, índice que mede a qualidade da educação entre os países. Com os resultados que obtivemos, poderemos caminhar para sermos uma Índia, que tem uma elite altamente educada e que convive com 400 milhões de analfabetos que vivem em extrema pobreza.
Vem em boa hora o desejo do governo federal de mudar o ensino médio, aproximando-o do que se faz nos países mais avançados em educação no mundo.

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