terça-feira, 11 de abril de 2017

CONVERSA COM A FIEMA - CONCLUSÃO



No artigo da semana passa descrevi o encontro que tive com a FIEMA, porém não terminei o relato, já que foram muitos os temas debatidos. Hoje farei um resumo dos demais assuntos, como prometi.

Começarei pela Cidade Digital. Todos sabem a importância cada vez maior da tecnologia e da inovação para o futuro. Dentro de quatro meses entrará em operação um satélite de propriedade do governo brasileiro com tecnologia francesa, mas com a participação de mais de cinquenta técnicos e engenheiros brasileiros em sua concepção e produção. Será uma operação associada entre a Aeronáutica, a EMBRAER, e a Embratel. O êxito nessa empreitada possibilitará o advento da tecnologia de banda larga para todo o território brasileiro. Isso faz parte do cenário que estamos construindo.

Pois bem, como todos sabem, São Luís possui seu centro histórico tombado pelos organismos que cuidam do Patrimônio Histórico. É preciso garantir a preservação e a valorização dessa belíssima área, hoje abandonada. Para isso, é fundamental viabilizar ali  uma atividade econômica permanente e útil para a cidade e para o estado. Vejam que no Centro Histórico, possui muito espaço disponível – se adaptado – para conceber um projeto de Cidade Digital. 

Com um bom projeto, se juntarmos os interessados, teríamos grandes probabilidades de criar uma coisa única, grandiosa e formadora de mão de obra em um setor que cada vez vai precisar de mais gente qualificada. Isso seria possível pela existência de cabos de fibra ótica que passam ali. 

Falei com Kátia Bogea, Superintendente nacional do IPHAN (Instituto de Patrimônio Histórico), que preliminarmente deu sinal verde para conversarmos, quando tivermos esses projetos.

Um outro assunto comentado na Fiema foi o tema da energia renovável de baixo carbono. O Maranhão é um dos poucos locais no Brasil que apresenta ampla possibilidade de produzir em grande escala energia de baixo carbono, utilizando diversas fontes renováveis. Temos ótimas condições para produzirmos energia eólica, solar, gás, biomassa e até de correntes de marés. O primeiro grande projeto de energia eólica no Maranhão será inaugurado em julho em Paulino Neves. As torres estão sendo montadas rapidamente, a linha de alta tensão que vai integrar essa energia ao sistema nacional já está pronta e o que se nota é uma revitalização econômica sem precedentes em toda a região que compreende territórios dos municípios de Barreirinhas e de Tutoia. Ficamos para trás no aproveitamento da energia dos ventos, porque não tínhamos linhas de alta tensão - os linhões - para escoar a energia que fosse produzida. Durante anos isso travou todo o investimento. 

Hoje a energia solar também já é uma realidade no estado. A ex-secretária estadual de Minas e Energia, Crisálida Rodrigues, com os projetos que colocou em funcionamento, já demonstrou como isso pode proporcionar aos pequenos produtores, que precisam irrigar suas plantações, uma maior compensação financeira pelo seu trabalho. A Universidade Federal  do Maranhão e a Cemar já tiraram da escuridão áreas remotas em que a energia elétrica não chegava. Mas as possibilidades são muito maiores e estruturas como os lagos de barragem, e até as lagoas do Bacanga e a Lagoa da Jansen poderiam ficar mais bonitas e úteis, se recebessem projetos de energia solar em sua superfície.

O gás natural é bastante abundante no Maranhão, na Bacia do Parnaíba. Está sendo explorado em grande escala, mas infelizmente se recusam a contribuir com o estado, vendendo uma parte desse gás para a Gasmar construir o gasoduto que traria o gás até os polos industriais do estado. Só o usam para produzir energia térmica, o que é importante, mas nada deixa de impostos no Maranhão. A biomassa já é usada em grande escala por empresas ligadas ao agronegócio instaladas no interior do estado. 

Não bastasse isso, a UFMA tem projetos muito interessantes no aproveitamento das correntes de marés para gerar energia.

Os outros projetos a que me referi na reunião com a FIEMA foram todos na área rural. São eles: a regularização fundiária, o zoneamento agrícola e a pesquisa voltada para o aumento da produtividade rural. Os bancos têm se recusado a aceitar os títulos de propriedade da terra como garantia de empréstimos devido a sua precariedade. E, como se sabe, sem financiamento não se faz agricultura de ponta. Pessoas experientes sugeriram resolver o problema por meio do SPU, em um entendimento que exigiria primeiramente fazer as discriminatórias, regularizando a situação, o que permitiria aos bancos voltar a operar com força no estado.

Urgente também é o Zoneamento Agrícola, que permitiria aumentar em muitas vezes o financiamento para a produção rural. Hoje o financiamento é limitado legalmente em apenas vinte por cento da área das fazendas, em algumas regiões, o que torna ineficiente o investimento. Com o zoneamento, o estado pode mudar isso e aumentar muito a área a ser utilizada na produção, majorando o investimento, a produtividade e empregos.

Por último destaquei a necessidade premente para que nos tornemos um produtor de grãos muito maior do que já somos. Isso se dará por meio da pesquisa de novas variedades adaptadas ao nosso clima e ao nosso ambiente. Existem variedades de grãos que são muito consumidos em países como a Índia e que nós aqui não produzimos. Esses grãos teriam que ser adaptados, como, aliás, aconteceu com a soja. Teríamos, porém, que financiar a Embrapa, para conseguirmos dirigir as pesquisas para nossas necessidades. Mato Grosso faz isso mediante a aplicação de uma taxa acertada entre os produtores. Taxam o saco de semente em dois por cento de seu valor e com isso contratam a Embrapa para fazer as pesquisas que acham mais rentáveis para o estado. 

Para finalizar, comunico que o Centro de Lançamento de Alcântara ganhou uma denominação nova. Agora se chama Centro Espacial de Alcântara. É o programa espacial brasileiro tomando forma e com o Maranhão em destaque.

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